DISSIDENTE-X

ALBÂNIA, KOSOVO, EUA, UE.

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Uma metáfora dividida em três partes e um epílogo. A propósito de uma certa conversa…

PARTE 1.

Uma empresa enorme, a maior do mundo na sua área quer-se expandir para outro continente.
Inicialmente tenta expandir-se para uma zona desse outro continente e não consegue. Os nativos reagem contra isso.

O board of directors/a gestão toma posição perante o revés e perante a humilhação. Declara que, doravante, a existirem expansões, terá que existir uma parceria local.

Surgem outras oportunidades e expandem-se para outra parte do continente – uma relativamente mais acessível, menos defensiva.

Nessa outra parte do continente existem vários candidatos para parceiros locais.

Os candidatos são escolhidos e analisados em função do “pedigree” que tinham… não só comercial…

Inicialmente escolhe-se um candidato “X” e compra-se 20% das acções do candidato “X”. O candidato “X” aceita, mas dá a entender não desejar que a empresa enorme, quando alguma vez vender, o faça ao vizinho do candidato “X”; o candidato “Z”.

Depois ocorre algo.

Devido a problemas financeiros inesperados do candidato “X”, este decide vender a totalidade do capital, à empresa grande, com a condição implícita, de que não seja vendido ao seu concorrente local, o candidato “Z”, e convencido o candidato “X”, que a empresa grande apenas o quer todo para si própria.

A empresa grande diz que sim.

Após a empresa grande comprar 100% vende imediatamente, 50% ao concorrente local “Z”, o tal que o candidato “X” não queria que nada lhe fosse vendido. O candidato “X” percebe/apreende, que a empresa grande teve sempre, desde o início do negócio essa intenção.

Na pratica é o concorrente local “Z”, o tal que queria (pela calada) abocanhar o seu próprio rival local, mas não o podia fazer, “dando nas vistas” que beneficia da empresa grande multinacional servir de intermediário para esta transferência de propriedade…

A empresa grande desta história verdadeira é americana, e os candidatos “X” e “Z” desta história são italianos e o sitio onde não se conseguiram expandir (a empresa grande) é a França.

PARTE 2

Em Portugal existiu algo de semelhante em várias zonas do país, mas especialmente em Abrantes – a que conheço melhor. A Jerónimo Martins ( Feira Nova/Pingo Doce), querendo, na realidade, dar uma facada na sua concorrência fez uma jogada a esta acima descrita, em tudo semelhante.

Podendo construir um local de raiz e com especificações próprias adequadas à sua maneira de trabalhar, em Abrantes( e noutros locais…), preferiu não o fazer; antes “traçou” a concorrência analisando-a. Quando viu a possibilidade de uma brecha, comprou o franchising de um concorrente ( Intermarché), pagou ao franchisado, salvo erro, uns 200 mil contos na altura para este sair do negócio e ainda pagou a penalidade que este tinha que sofrer da marca Intermarché por a abandonar e adquiriu o local (não só ali, mas noutros sítios do país..). O local era (é) muito apetecível à época – Encosta da Barata, a 500 metros de entrada para a auto estrada, e acima de tudo, para quem entrava em Abrantes de um dos lados da cidade estava esta instalação – o que faz com que quem venha às compras se sinta impelido a parar logo ali.

Deu um soco no estômago de um concorrente, pagando um preço mais caro por isso, mas conseguiu o ponto de venda que lhe interessava. E espetou um atraso de 2 anose um ter que recomeçar de novo (a tal facada) num perigoso concorrente.

Isto não é nenhum segredo militar, veio nos jornais e quem contava esta história da “facada” era uma pessoa do Intermarché, ao Jornal Público, creio que isto há uns 8 a 10 anos…

As ” autoridades da concorrência ” que fiscalizam estes atropelos não viram nada, não descobriram nada, não ouviram nada…

mas continua(ara) m a receber ordenados pagos regularmente todos os meses, e a terem contratos de trabalho permanentes…

PARTE 3

Temos uma província de um país, após várias guerras, que é constituida por uma maioria étnica de um outro país e outra nacionalidade. Embora seja globalmente nesse país, uma minoria, só naquela província é a maioria da população.

Uma empresa multinacional que dá pelo nome de EUA decide forçar a entrada neste mercado, para dar uma facada em dois dos seus concorrentes, a UE e a Rússia. Para tal promove activamente o secessionismo desta província (com razões válidas para isso ou não, não é esse o objectivo do post), e usa um produtor local, a Albânia, (a UE não esteve inicialmente disponível e fez o papel da França do exemplo das empresas acima…) para mandar a facada na Sérvia, o outro produtor local recalcitrante e nos outros dois competidores exteriores, um dos quais também faz (UE) ( às vezes) o papel de produtor local dos EUA.

Por enquanto estamos na situação

“…escolhe-se um candidato “X” e compra-se 20% das acções do candidato “X”.

Resta saber se o rival regional/local da Sérvia ( a Albânia) daqui a 5 ou 10 anos não será alvo de uma generosa oferta comercial por parte da multinacional e lhe será ofertado a posição de parceiro comercial estratégico local e passará a ter 50% do negócio, sendo que, metaforicamente, os 50% aqui devem-se entender e traduzir pela palavra “Kosovo”. Ou seja, a unidade comercial “Kosovo” ser fusionada com a unidade comercial Albânia.

Veremos no futuro se não será tudo isto apenas e só, uma simpática forma de transmitir um pedaço de território ao nosso parceiro comercial local, dando uma dentada nos nossos concorrentes. Que sorriem, (uns- UE), e abanam a cabeça ( outros- Sérvia/Rússia) com esta incursão comercial da empresa multinacional…

Resta saber se nunca terá sido esta, desde sempre, a ideia original da empresa comercial EUA.

EPÍLOGO

Quem pagará as contas deste negócio será a “comunidade internacional”. (Quem pagou as contas do negócio de Abrantes acima descrito foram os consumidores locais que viram os preços serem mais altos durante um ano e meio…) Como o território geográfico a que pertencem estes simpáticos personagens é a Europa, a “comunidade Internacional” que pagará será a “Europa”.

Isto é obviamente ficcionado e a similitude de posições em ambas as histórias não é idêntica, mas como criação de cenário muito se poderá extrair daqui, e debater, quer criticamente, quer não.

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Written by dissidentex

21/02/2008 às 7:12

Publicado em ALBÂNIA, KOSOVO, UNIÃO EUROPEIA

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