DISSIDENTE-X

PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DE TURISMO. 2

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Plano estratégico nacional de Turismo. Resolução 57/2007 (continuação)

Pode ser encontrada AQUI a primeira entrada.

A terceira parte deste post pode sempre ser encontrada AQUI

A quarta parte (e última) desta magnifica série encadernada pode ser encontrada AQUI

Parte 1 do Plano.

É dito na resolução que “o turismo representa 11% do Pib nacional”. Em seguida passa-se para o wishfull thinking. Seguido da traição, da mentira e da decepção. O objectivo é passar para 15% do Pib nacional.

Parte 2 do Plano.

Na parte dois afirma-se que “Portugal deve ser um dos maiores destinos na Europa”

A expressão deve ser é cientifica. Deve ser porque sim. Afirma-se que deve constituir um dos destinos de maior crescimento da Europa baseado em “crescimento de valor” (oferecido ao turista) e mais uma série de mistificações do mesmo estilo.

Cita-se uma parte deste programa totalitário/de humor

” O desenvolvimento do turismo deve estar baseado na qualificação e competitividade da oferta, alavancado na excelência ambiental e urbanística, na formação dos recursos humanos e na dinâmica e modernização empresarial.”

” A proposta de valor de Portugal aposta nos factores que mais nos diferenciam de outros destinos concorrentes—«clima e luz», «história, cultura e tradição», «hospitalidade» e «diversidade concentrada»—e em elementos que qualificam Portugal para o leque de opções dos turistas—«autenticidade moderna», «segurança» e «qualidade competitiva».”

A azul carregado estão os verdadeiros objectivos: a formação de uma força de trabalho de serviçais nativos + betão e construção civil.

Agora vem a PARTE EXTREMAMENTE GRAVE DESTE PLANO.

Portugal ambiciona crescer anualmente o número de turistas em 5% — ultrapassando os 20 milhões de turistas estrangeiros em 201 5— e as receitas em cerca de 9%—superando os 15 mil milhões de euros. Desta forma, o turismo contribui positivamente para o desenvolvimento económico do País, representando, em 2015, mais de 15% do PIB e 15% do emprego nacional.

A nível mundial o turismo é dominado por 4 grandes cadeias internacionais de hotéis, todas elas multinacionais.

15% do PIB nacional estará – tendencialmente – nas mãos de 4 cadeias de hotéis internacionais.

15% do emprego de portugueses (ou outros), será no sector turístico. A maior percentagem de emprego será em empregos de qualificação menor.

Estão pessoas, cidadãos portugueses, neste momento, a estudar para tirarem cursos superiores.

Depois 15% do emprego disponível (do pouco emprego disponível) será na área do turismo.

Observe-se que:

  • empregados de hotel e ajudantes de manutenção de campos de golfe são profissões de pouco valor acrescentado;
  • a pressão sobre as reservas de agua e no meio ambiente será imensa com estes desejos de Pib´s de 15% e 15% do emprego;

Não me alistei neste país para que ele fosse desenvolvido para criar uma economia de turismo e serviços.

As poucas pessoas que lerem isto alistaram-se para serem membros de um país que tem como objectivo formar em exclusivo empregados de mesa sofisticados que acrescentem valor?

Parte 3 do Plano.

Na parte 3 deste plano existe ” uma estratégia ambiciosa e inovadora”.

Portugal irá apostar na captação de mercados…

Vejamos quais:

a) Mercados estratégicos—Portugal, Reino Unido, Espanha, Alemanha e França;
b) Mercados a desenvolver—países escandinavos, tália, Estados Unidos da América, Japão, Brasil, Holanda, Irlanda e Bélgica;
c) Mercados de diversificação—Áustria, Suíça, Rússia, Canadá, Polónia, República Checa, Hungria e China.

Portugal é um mercado estratégico para Portugal. Serão os empregados de mesa portugueses sofisticados que irão gastar os 500 euros de ordenado em férias turísticas? Dentro do país?

Os níveis de consumo de agua irão explodir. Uma possível solução será “privatizar a agua”. Para “racionalizar a gestão”. Mas o que interessa perceber é porque é que os níveis de consumo irão explodir… Observe-se o que é dito a seguir:

Os mercados estratégicos são alvo de um elevado esforço de promoção, assegurando uma contribuição absoluta significativa para o turismo e estimulando um crescimento relativo na época baixa (Outubro a Maio) superior ao da época alta.

Tradução: “venham para cá jogar Golfe que não está a chover”. A agua ( futuramente) a privatizar é paga pelos ótarios portugueses. Depois de pagarem a agua irão servir os golfistas à mesa…algumas mulheres portuguesas irão servir os Golfistas na cama…

Nos mercados a desenvolver também se ambiciona um crescimento absoluto relevante, sendo dada prioridade de promoção ao destino Portugal (em todos os mercados) e às regiões/produtos de maior contribuição para o turismo (em todos os mercados europeus), a par da redução da sazonalidade em mercados onde esta seja mais acentuada.

Tradução: coisas como esta baixo embora aqui alterada…

PORTUGALWESTCOAST2

Nos mercados de diversificação (o 3ºda lista) não há grande investimento.

Ponto seguinte. Nome de código:

“Estratégia de produtos”

Consolidar e desenvolver 10 produtos turísticos estratégicos

Aqui vemos a razão transformar-se em traição em pleno esplendor.

* a) O produto sol e mar deve ser requalificado, com prioridade no Algarve, e deve haver uma aposta no desenvolvimento de actividades que reforcem a proposta de valor para o turista;

Tradução 1: mais construção civil, hotéis, resorts, investimento público massivo para fazer favores a privados, desregulamentação na concessão de licenças e alvarás… Depois estes irão pagar impostos em off-shores…

Tradução 2: não há pagamento de portagens; uma vez que isso é uma proposta de valor para o turista…

b) Para desenvolver o circuito turístico (touring) cultural e paisagístico é necessário, entre outros, criar rotas temáticas (como por exemplo: património mundial, monumentos, sítios e paisagens culturais, rotas religiosas desenvolvidas em torno de Fátima …”

Tradução 1: dinheiro despejado sobre certas zonas-autarquias…assim calam-se e não contestam…

Tradução 2: Continuar a sustentar a Igreja católica – com endosso de apoio a Fátima; em troca esta cala-se e prega o conformismo como forma de vida.

As alíneas C) e D) são a área casino/casa de meninas para aviar/negócios/eventos

c) No que diz respeito a estadias de curta duração em cidade (city break), é necessário melhorar a acessibilidade a Lisboa e ao Porto, assim como a experiência dos turistas, …

“…sendo ainda importante implementar calendários de animação local e de eventos;”

Efeitos disto no emprego:

Eventos de curta duração = recibos verdes = trabalhadores sem quaisquer direitos e só deveres = a pessoas mal pagas e sem qualquer segurança = semi -escravos…

Melhorar acessibilidades:

Gastar dinheiro a construir mais estradas e autoestradas para satisfazer o lobby da construção civil.

d) O produto turismo de negócios assume especial importância pelo volume de viagens que representa…

Tradução: volume de viagens = a mais estradas e auto estradas = fellatio feito à construção civil… o que irá originar o aumento da atractividade de “certas profissões” como prostituição…

e) No turismo de natureza, Portugal deve intervir para reduzir os défices a nível infra-estrutural, de serviços, de experiência, de conhecimentos (know-how) e da capacidade competitiva das empresas que operam neste domínio….

Tradução: alínea que apenas existe para encher. Não há nesta alínea qualquer medida prevista; apenas remissões para decretos lei e restantes banalidades retóricas…

f) Portugal deve desenvolver infra-estruturas de suporte para o turismo náutico, permitindo a «invernagem activa», investir nas condições de atracagem na construção de portos de abrigo ao longo da costa portuguesa;

Tradução: construir marinas para iates de luxo. Pagas pelos contribuintes portugueses (os mesmos que estão à espera de uma consulta no médico de família dois meses, quando tem médico de família atribuído…). Turismo para ricos e abastados que nada desenvolve realmente quer em emprego qualificado, quer em receitas para o país. Estas marinas provavelmente serão “privatizadas” para “melhorar a gestão”.

Portugal deve desenvolver infra estruturas portuárias que lhe permitam competir com portos de mar como Roterdão e ganhar quota de mercado no transporte de mercadorias que entram na Europa?

Claro que não….

g) Portugal pode ambicionar tornar-se um destino de saúde e bem-estar (wellness destination), devendo apostar prioritariamente nos Açores e na Madeira para o desenvolvimento de ofertas distintivas;

Tradução: reformados velhinhos da Europa, mas ricos, virem para cá. Os hospitais privados e residências privadas de luxo, com médicos treinados pelos serviço nacional de saúde já estão a começar a produzir os seus efeitos, bem como a privatização e redução de pontos de venda ( isto é, hospitais) a serem geridos por privados já está aí.

Benefícios para o comum cidadão português? Nenhum. Apenas pagou a conta…

* h) Portugal deve consolidar a forte projecção internacional como destino de golfe,sendo o destino de referência a nível europeu;

Se repararam no * ; só à terceira página da resolução 57/2007 aparece a alínea que fala de campos de golfe. Bem disfarçada. E na alínea “H”. Seria “normal e juridicamente lógico na construção do decreto lei, que o conteúdo da alínea “A” estivesse próximo do conteúdo da alínea “H”. Sei lá… assim de repente … que estivesse na alínea a seguir…

Mas… surpresa…não está…uma oportuna “deficiência da técnica legislativa…ocorre aqui…

Os campos de Golfe gastam muita agua. Por isso é que os contribuintes portugueses pagaram ISTO.

i) Os conjuntos turísticos (resorts) integrados e turismo residencial são importantes no desenvolvimento do turismo, principalmente nas regiões com menor expressão turística como o Alentejo e o Oeste;

Tradução: a alínea I aparece à seguir a alínea de Golfe (H) para baralhar. Que não se pense que o interesse é só Golfe no Algarve, mas sim desenvolvimento também nas regiões do Alentejo e do Oeste. Assim os tolos ficam enganados…e o plano parece uma coisa harmoniosa… e destinada ao país todo.

j) Portugal pode tornar-se um destino de excelência do produto gastronomia e vinhos, beneficiando das condições do Douro, património mundial, e do Alentejo património cultural e natural.

Repare-se na expressão “pode tornar-se”.

Proponho uma solução alternativa. “Um ovo pode ser um ovo”. Em vez de “um ovo é um ovo”. Estão a ver? Pode ser… é uma alínea com funções, a saber:

Retórica de chacha, criar confusão jurídica e palavrosa, e dar a ideia,dada a construção do tempo verbal que irá ser feita qualquer coisa. Só que, medidas concretas, não existem , definidas… na alínea…

Esta alínea tem também a mesma função da alínea I. Misturar-se no “conjunto” de alíneas retirando importância e visibilidade ao Golfe…como assunto a que se preste atenção…

Ou seja, o Golfe e “coisas associadas a ele é que são “o sumo” deste decreto lei. O resto está para encher…

Em baixo: wikcionário

Substantivo

con.lu.io masculino (plural: conluios)

  1. maquinação ou conspiração para prejudicar outrem;
  2. arranjo;
  3. combinação;
  4. combinação entre duas ou mais pessoas pela qual acordam enganar ou defraudar outra pessoa ou instituição com vista a obter bens ou serviços.

Amanhã: linhas orientadoras para as regiões

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