DISSIDENTE-X

PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DE TURISMO. 3

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Na parte 1, que pode ser encontrada AQUI, tínhamos as impressões iniciais do PLANO.

  • O turismo como uma área decisiva…

Na parte 2 que pode ser encontrada AQUI tínhamos a lógica por detrás do plano estratégico nacional de turismo relacionada com as 2 primeiras partes do mesmo, subdividida a análise.

A parte 4 (e última) pode ser encontrada AQUI

e Hoje temos as linhas orientadoras para as regiões… e restante desde o ponto 3 até ao ponto 7 deste grandioso plano de golfe nacional de turismo

PLANO ESTRATÉGICO DE TURISMO- AS REGIÕES

Estão a ver? É um portfolio… cheio de adjectivos e objectivos, um “vasto programa” encharcado de imensas coisas a fazer… depois essas imensas coisas são segmentadas em “partes e aspectos” que são mesmo para realizar e para os quais há campanhas e dinheiro, e outras partes e aspectos que apenas estão dentro do plano para “encher” e fazer tamanho e dar a ideia que isto é um plano integrado para todo o pais.

O que é engraçado nesta resolução é que o “Algarve” aparece sempre em primeiro lugar… em todas as definições; é a região que aparece sempre à cabeça deste plano… Porque será?

No Algarve, e como somos todos estúpidos incluindo os turistas estrangeiros, verificamos pela resolução, que existe uma definição e uma tendência para apresentar o Algarve e o seu produto “sol e mar” como sendo algo de especial em Portugal.

E como só em Portugal o “Sol e Mar” são especiais, e diria mesmo mais; só aqui é que existe “Sol e Mar”os turistas estrangeiros verão isso ( não verão nada de especial nos outros sítios onde existe “Sol e Mar”, só aqui…) e virão para cá porque o plano nacional estratégico de turismo assim o diz, assim o determina.

Por lei decreta-se que o produto “Sol e Mar” é melhor do que o produto “Sol e Mar” de outros lados.

Se eu fosse dado a grandes filosofias diria que é um imperativo categórico…

Como já se vê e se retira da imagem acima no Algarve temos:

  1. sol
  2. mar
  3. golfe
  4. turismo de negócios.

Tudo coisas que não existem no Algarve actualmente… Foi preciso chegar o PS 2005 ao poder para nos abençoar com a boa nova e estas coisas passarem a existir.

Passemos a Lisboa.

Alínea B) Aqui temos:

… produtos circuitos turísticos (touring) cultural e paisagístico, estadias de curta duração em cidade (city break) e, em menor grau, pelo turismo de negócios. O golfe deve contribuir para a redução da sazonalidade. Lisboa possui ainda boas condições para o sol e mar, o turismo náutico, o turismo de natureza, a saúde e bem-estar e a gastronomia e vinhos.

  • Existe Deus que para os crentes está em todo o lado.
  • Existe o Google que no mundo digital parece que está em todo o lado.

E no plano nacional estratégico de Turismo nacional existe um Deus próprio e particular chamado Golfe uma entidade omnisciente que aparece em todos os lados…

Alínea C)

Esta alínea é dedicada à Madeira, o país independente que temos a cargo.

e … mas que grande surpresa ….

“… Os produtos turismo de negócios e turismo náutico (cruzeiros) devem contribuir para a redução da sazonalidade. É também alargado o conjunto (portfolio) de produtos, apostando na saúde e bem-estar, conjuntos turísticos (resorts) integrados e turismo residencial (Porto Santo) e golfe.

Confesso que não estava à espera do Golfe… (ironia) nem dos resorts…

Alínea D)

A cidade do porto.

…são as estadias de curto prazo em cidade (city break), o circuito turístico (touring) cultural e paisagístico e o turismo de natureza.

Tradução: não há nada para oferecer no Porto, ( ou seja Golfe e resorts) é uma cidade abandonada turistícamente, então avança-se para a conversa redonda: paisagem, natureza, etc, complementada com vinhos e gastronomia ( não copiei tudo senão ficava longo). Ou seja: está aqui para encher… o Porto foi deixado morrer à sua sorte…

Alínea E)

Dedicada à parte Centro do País.

Esta é outra zona que foi deixada morrer em termos industriais-agrícolas. Temos a conversa da treta do costume – paisagem, gastronomia, resorts, turismo residencial, etc, e:

...conjuntos turísticos (resorts) integrados e turismo residencial, golfe, saúde e bem-estar e gastronomia e vinhos. De destacar ainda a importância de oportunidades de vendas cruzadas (cross-selling) com as regiões de Lisboa e Porto e Norte para aumentar o número de turistas estrangeiros.

E temos o novo Deus omnipotente e omnipresente: o Golfe.

A fantástica quantidade de campos de golfe e de agua necessária para eles não é mencionada, isto num país que tem problemas de seca no verão…por exemplo…

Note-se também a questão da “saúde e bem estar”. Isto é uma conversa camuflada destinada à promover lares de terceira idade para portugueses pobres ou indigentes ou para cidadãos de classe média alta, consoante os tipos de lares e o poder de compra. É uma zona que servirá de depósito de lixo humano – assim considerado.

Ou seja, em termos de análise de subdivisão de trabalho aplicada a este país, a zona centro é o depósito de unidades de saúde de rectaguarda- de criação de uma zona de “velhos”, de uma zona pobre, com bolsas de riqueza nela contidas, mais o respectivo caciquismo autárquico e político local…

A alínea F)

é dedicada aos Açores. Citemos:

“…Nos Açores, a aposta prioritária para o crescimento de curto prazo são os produtos turismo de natureza e circuito turístico (touring) cultural e paisagístico, apoiados pelos produtos turismo náutico e saúde e bem-estar.

O golfe, enquanto produto complementar, reforça a proposta de valor global do destino.”

Nesta altura importa voltar a fazer uma pequena lição de teologia:

DEUSES

Ou seja, são as três entidades que parece estarem em todo o lado…

Na alínea G)

dedicada ao Alentejo temos que:

“…entre um ambiente tranquilo e uma região de animação turística, com diversas actividades ao ar livre. Assim, o produto chave da região é o circuito turístico (touring) cultural e paisagístico, secundado pelo sol e mar. O golfe, o turismo náutico, a saúde e bem-estar…

Mais palavras para quê?

Passemos à parte 4 desta resolução:

Na parte 4 desta resolução parece que temos pólos e são 6 ao contrário das lições de Geografia que dizem que são dois:

POLOS - 6

A) Douro

Devem ser desenvolvidos “…três produtos turísticos—circuito turístico (touring) cultural e paisagístico (inclui os cruzeiros fluviais), gastronomia e vinhos e turismo de natureza.”

Nota: Estão a ver: diz-se três produtos e escrevem-se 5 produtos…

O “Porto” aqui passa a chamar-se “Douro”

e ainda:

“…Ao nível da oferta, deve ser promovida a instalação de hotéis de referência adequados a uma procura com elevado poder de compra, bem como a oferta de serviços de apoio ao turista;”

Sempre hotéis de luxo, sempre industrias não produtivas de nada, e que apenas geram empregos que parecem qualificados e não o são…

B) Serra da estrela: aqui quer-se fazer um mercado de neve com “resorts…( suponho que a neve portuguesa seja especial comparada com as outras neves de outros sítios…)

C) um circuito turístico do Oeste deve desenvolver-se.

O Oeste era uma zona agrícola e industrial. Agora é uma zona turística. E cite-se:

“…O pólo turístico do Oeste deve tornar-se a prazo num interessante destino de turismo residencial na Europa, dotado de uma oferta hoteleira e de serviços de qualidade assente no potencial da região, mas sem massificação. Devem ser estabelecidas prioridades em relação ao desenvolvimento de três produtos turísticos: complexos turísticos resorts) integrados e turismo residencial, golfe e circuito turístico (touring) cultural e paisagístico.”

Tradução: O golfe sempre o golfe…. alguém reparou na quantidade de agua que vai ser precisa?
Alguém reparou que esta enorme quantidade de agua vai por uma tremenda pressão sobre o fornecimento de agua e que por via disso, a tendência será de aumentar preços e privatizar a agua para que depois ela exista primordialmente para sustentar o golfe?

Tradução 2: turismo residencial. Isso significa que se evoluirá para uma situação em que se procurará atrair reformados do norte da Europa para virem viver para cá. Daí a conversa de “mas sem massificação”.

Massificação lembra os kasbah´s , que horror… É preciso é criar uma área especial e reservada… uma zona neutra e semi despovoada para criar guetos culturais e habitacionais, uma versão do ” condomínio fechado “ urbano, mas aqui aplicada a toda uma região. Um pouco à semelhança do que acontece na região algarvia do Alvor…

Mais tarde ou mais cedo as assimetrias de rendimentos e o sentimento de humilhação dos naturais em relação a estrangeiros tenderão a aumentar.

Os portugueses sentir-se-ão como convidados na própria casa.
Esta política não augura nada de bom, no que toca ao despertar de movimentos nacionalistas…

Nessa altura os “democratas de esquerda” (e alguns de direita) proporão uma fronda de cidadãos contra os malandros de extrema direita( ou da extrema esquerda ou o que aparecer…), esquecendo-se, convenientemente, que tem sido a implementação de políticas destas, sistematicamente, que levam as coisas para o sítio onde elas estão…

É da natureza humana existirem conflitos quando se põem lado a lado pessoas muito ricas oriundas de um país “estrangeiro” e outras pessoas naturais de um país a serem na sua maioria pobres e ou vistas e tratadas como cidadãos de terceira categoria.

A inveja levanta sempre a sua feia cabeça e os sentimentos latentes e verdadeiros de discriminação surgem e disseminam-se.

D) o pólo turístico do alqueva.

O pólo agrícola do alqueva – aquilo para o qual a barragem foi construída não está, saiu de férias

fornecer agua à agricultura ao que parece não é uma prioridade.

Talvez porque na realidade a barragem nunca tivesse sido concluída para isso mesmo.

Mas esse foi o pretexto usado.

Passa-se a citar:

“…por exemplo, o maior espelho de água da Europa e a proximidade de Évora, cidade património mundial—que permitem um forte desenvolvimento económico e uma melhoria da imagem de Portugal como destino. O Alqueva, que deve ver o seu desenvolvimento turístico associado às potencialidades do rio Guadiana, tem condições para desenvolver uma oferta de qualidade de circuito turístico (touring) cultural e paisagístico, complexos turísticos (resorts)integrados e turismo residencial (incluindo golfe)…”

Deus do Golfe , eu te abençoo… pela tua constante omnipresença nesta resolução… salvé, Deus do Golfe…

E) alínea destinada ao litoral alentejano.

e para variar a refeição:

“…O Litoral Alentejano possui um conjunto de recursos que permitem apostar no sol e mar, circuitos turísticos (touring) cultural e paisagístico, golfe e complexos turísticos (resorts) integrados e turismo residencial,

É extraordinário a quantidade de campos de golfe e resorts turísticos previstos nesta resolução em todas as áreas do país… extraordinário. Não me canso de o citar…

F) Porto santo

“…Tendo em conta as potencialidades turísticas do pólo, devem ser estabelecidas prioridades em relação ao desenvolvimento de três produtos turísticos: sol e mar, circuito turístico (touring) cultural e paisagístico e golfe.

GOLFE 1- PORTUGALAMIGO

Após os pólos, passemos ao número 5 deste plano de golfe nacional de turismo

O numero 5 deste plano tem a ver com as acessibilidades aéreas.
Adequar aeroportos e as suas ligações, correlacionar isso com museus, apostar em museus do fado e do azulejo. (Mais tarde , suponho em museus do Golfe…)

Tudo “coisas” que dão origem a empregos altamente qualificados como já se vê…(ironia); é uma parte do plano que está aqui apenas para encher; não tem quaisquer medidas nela previstas e apenas consiste em generalidades e banalidades umas atrás das outras.

Não mete Golfe… daí ser curta a retórica da parte em questão…

Passemos à parte 6 do plano:

Os “eventos”

Esta é a ideia mais desastrosa que há.

Todos nós nos recordamos do estouro de dinheiro que aconteceu com os dois últimos eventos…

PLANO DE TURISMO -PARTE 6 -EVENTOS

Não só nos recordamos do estouro de dinheiro como temos a proposta extraordinária de “mais eventos”
Estão a ver como é fixe gastar o dinheiro de impostos?

A cada década fazer um a dois eventos.

Proponho que não fiquemos por aqui, sejamos mais ambiciosos: a cada dois meses organizar uma Expo e um europeu.

Não faço a coisa por menos.

Isto é a completa irresponsabilidade a governar e a definir objectivos.
É “isto” que temos que aturar do pessoal política corrupto que temos.

O dinheiro para sustentar este proxenetismo vem de onde?

  1. Isso não interessa.
  2. É preciso é organizar “Eventos”.
  3. Isto é a auto proclamada esquerda democrática no seu pior…
  4. e o seu pior é sempre mau.

Passemos à parte 7 do plano:

A parte 7 do plano é um conjunto de banalidades cheias de profunda estupidez, um discurso harmonioso cheio de lugares comuns acerca da literatura portuguesa e outras tretas.

Um exemplo de poesia jurídica dali retirado:

“…A história e cultura portuguesas, a literatura e a música devem ser plataformas de diálogo que enriquecem e incentivam a leitura do conteúdo de museus, monumentos, conjuntos e sítios das diferenciadas áreas rurais e aéreas urbanas.
É ainda necessário aumentar interesse dos turistas estrangeiros na história e cultura portuguesas, por exemplo, pela disponibilização dos monumentos para a fruição pública optimizada, como lugares de encontro e celebração dos eventos e acontecimentos de carácter histórico, artístico e cultural.”

Estão a ver?CARTAZ GOLFE-POVO-MFA
Plataformas de dialogo.
Estão a ver?
Fruição pública optimizada.

É também necessário aumentar o interesse dos turistas estrangeiros na pátria.

O facto de os estrangeiros terem tanto interesse por isto como se tem por bosta de cavalo é algo de somenos importância na grandiloquência deste grande plano quinquenal... nacional de turismo.

E é claro que o objectivo é outro ou seja, mexer nos horários de museus e companhia limitada e justificar com os “estrangeiros”turistas:

” A visita deve ser transformada numa experiência, tornando o turista num elemento activo, devendo-se para isso integrar a oferta—por exemplo, a criação e o reforço de rotas temáticas—e apostar nos museus que apresentem conteúdos distintivos—por exemplo, museus do fado e do azulejo.
Finalmente, é importante implementar, através dos bens culturais (museus e monumentos) e da paisagem disponíveis, âncoras de desenvolvimento regional, apostando na sua promoção integrada e sustentada através da criação de rotas, itinerários e circuitos.
O conceito da riqueza da gastronomia portuguesa deve ser reforçado, criando pratos de referência a nível nacional, utilizando nomeadamente os produtos de qualidade certificada, e fomentando e promovendo a qualidade dos estabelecimentos de restauração, preparando
os restaurantes para a recepção de turistas internacionais.”

É interessante verificar que existe um discurso sistemático na sociedade proveniente das empresas e de políticos destinado a incentivar-se a baixar salários.

Portanto não se vê como é que se pagarão salários decentes a profissionais qualificados para que estes transformem “o turista num elemento activo”, entre outras coisas…

Nada, mas nada se diz acerca de produção de produtos nacionais.
Só de serviços e turismo com diferenciação e “acrescento de valor”.

Ou seja, um país minúsculo vai apostar reservas de dinheiro e investimentos para formar lacaios com formação técnica e profissional para serem bons serviçais semi indiferenciados e prestarem serviços ao turista- essa nova quimera a alcançar.

Amanha: em princípio sairá o resto desta vigarice travestida de plano de turismo estratégico nacional, que me deu um asco enorme de analisar.

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