PEQUIM 2008. TIBETE. BOICOTE.
Através do Daniel Marques.Net chego a este relato na primeira pessoa directamente do Tibete.
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Devem saber o que se passa no Tibete… O que vos posso dizer eh que tudo eh muito mais violento do que mostram na televisao. Foi muito muito violento. Para os tibetanos vai ser um massacre. Nunca vamos saber quantos morreram ou morrerao. Para nos, alem de violento psicologicamente, foi mais perigoso porque acabou por se saber que fomos os dois (eu e o Miguel) as unicas testemunhas do principio de tudo (no mosteiro de Drepung, onde estavamos no dia 10 de Marco, por acaso).
Ficamos imediatamente controlados pela policia ao ponto de, a caminho para o Nepal, nos dizerem que estavamos presos no hotel. Nunca tinha sentido o que era estar “presa” nao porque tivesse feito alguma coisa mas porque nao queriam que falassemos. O nosso mail e telefone ficaram, tambem, imediatamente controlados e as nossas maquinas fotograficas bem inspeccionadas.
Vimos a maior violencia policial que podem maginar, sobre pessoas desarmadas. Nao vimos ninguem morrer, mas sabemos que muitos dos monges com quem estivemos durante todo o dia 10, morreram depois, nesse mesmo dia. Vai ser um massacre em Lassa. Tudo o que disserem nas noticias de contrario podem acreditar que eh mentira. Ha lugares no mundo onde pessoas morrem por terem opiniao. Nao se passa apenas na distancia da televisao, ou em filmes com actores conhecidos, passa-se na realidade e muito perto de nos.
Clara Faria Piçarra no Minisciente
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Um dos falsos argumentos utilizados para se dizer que não se deve boicotar os Jogos Olímpicos de Pequim consiste na afirmação de que “não se devem misturar duas coisas diferentes – a ditadura Chinesa e uma manifestação desportiva. E que isto (a insurreição no Tibete ) é tudo muito complexo.
Em 1979 e 1980 os países Ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, abriram um precedente. Misturaram duas coisas diferentes – a invasão do Afeganistão pela então USSR e os jogos Olímpicos de Moscovo.
Era, também, à época, uma situação muito complexa.
E no entanto…abriu-se um precedente…
É espantoso o que 28 anos de diferença podem fazer, alterando a percepção de coisas misturadas.
E alterando a percepção do que é complexo e do que não é complexo.
Talvez este mapa em baixo possa ajudar a perceber estas complexas mudanças de percepção.
Este é um quadro que mostra a percentagem de empresas multinacionais oriundas de mercados ( países) emergentes e qual é o peso relativo dos países na percentagem considerados. A “unidade de medida a que corresponde o quadro é 100”. ( 46 empresas chinesas, 21 indianas, 12 brasileiras…etc…)
Estas empresas, estão presentes não só nos mercados de origem (Ásia) mas também na Europa, África e Estados Unidos. Uma delas é só a número dois a nível mundial no fabrico e venda de computadores portáteis.
É uma situação muito complexa, esta…
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