BASE DE DADOS DE ARTRITE REUMATÓIDE.
No blog “Bases de dados.Net”, um blog feito, ao que julgo saber, por 3 juristas saiu um post no dia 12 de Fevereiro 2008.
Uma notícia péssima sobre uma base de dados para catalogar doentes com artrite reumatóide.
Quem escreveu o post exulta, sabe-se lá porquê.
Só quem nunca teve qualquer tipo de problema relacionado com artrite reumatóide escreve isto.
Existem ali 3 itens citados, de forma ligeira, sem qualquer “análise critica”.
- “visando garantir a segurança dos doentes”;
- “desenvolver a prática clínica”;
- “e a investigação cientifica”.
Gratuitamente explico porque são os 3 itens mistificações ofensivas da inteligência do mais plácido cidadão.
1. visando garantir a segurança dos doentes.
Desconhecia que doentes sofrendo de artrite reumatóide, estão em “estado de insegurança”. Situação essa que motiva o nosso querido Estado a elaborar bases de dados para “garantir a sua segurança”.
Todos nós conhecemos casos de assaltos feitos por ladrões de artrite reumatóide. É a terceira maior causa de crime em Portugal, apenas superada pelos árbitros de futebol e ladrões de carros.
Para erradicar este flagelo criminal o Estado Português recorreu à ajuda da Europa e já está a publicitar esta iniciativa de combate à insegurança dos doentes de artrite reumatóide.
2. Desenvolver a prática clínica.
Lamento, mas não é.
O objectivo aqui é mais simples: determinar se vale a pena gastar-se dinheiro (e que tipo de gastos) com tratamentos de fisioterapia e outros, em doentes com artrite.
Com uma base de dados, desde logo, são segmentados e separados os doentes com esta doença, que interessa tratar,( e como fingir tratar), dos que não interessa.
O Estado português presta-se, a servir os interesses, por detrás desta recolha de informação, criando legislação, ou favorecendo a criação de informação organizada sobre pormenores extremamente “apetecíveis”, para a medicina privada ou para gestores estatais de hospitais públicos, desejosos de “mostrar serviço” baixando os custos (o doente que se lixe)… o que conseguirão com esta nova “base de dados”…
Corrupção institucionalizada sob a forma de lei, voltada contra todos nós, utilizando a recolha de dados…
O objectivo final é reduzir custos e expulsar doentes clientes, parecendo não o estar a fazer, através do filtro do “desenvolver a pratica clínica”.
3. e a investigação cientifica.
Esta é a mais suja de todas as justificações.
Não há “investigação cientifica” em artrite reumatóide, pela simples razão que aquilo não tem cura.
Nem sequer se sabe bem o que é que a origina.
Este discurso da “investigação cientifica” refere-se ao seguinte.
A) investigação apenas terapêutica; criação de medicamentos que aliviam algo que não tem cura; criação de mercados do “alivio da dor”, comparticipados generosamente pelo Estado.
B) possibilitar analisar os “doentes” e treinar melhor os médicos. O treino será feito utilizando os serviços públicos de saúde ( onde fica o “custo” desse mesmo treino).
C) Para treinar é”necessário material” para treinar. As cobaias serão os doentes do serviço público de saúde que sofrerão as experiências necessárias à curva de aprendizagem da incompetência e da imperícia dos médicos aplicada em cidadãos de mais fracos recursos económicos.
Que não se podem defender em Tribunal ou não querem ir a Tribunal.
O método é o seguinte:
É oferecida, via legislação, uma base de dados, que possibilitará oferecer uma zona imensa de conforto aos magníficos médicos portugueses para estes “treinarem” sem receio de cometerem e serem apontados pelos erros que irão estar à vontade para fazer.
A justificação será a de que ” pouco mais haverá a fazer, o senhor (a) tem artrite reumatóide…isto até não tem cura…”
É aquilo que, na expressão pomposa dos economistas se chama “Curva de aprendizagem”.
Numa fase inicial, nas empresas e indivíduos existe baixo rendimento. E só com o tempo, com a experiência e com a criação de rotinas é que o profissional ou a empresa se tornarão medianamente competentes.
Para melhorar estas competências é necessário juntar o treino especifico.
E só através da especialização plena se tornará o profissional (supostamente) à prova de erro.
Para preparar profissionais “à prova de erro” é necessário cobaias “pobres”. (isto é, que aceitam porque não tem alternativa, ser cobaias…)
Após treinar nas cobaias pobres, o profissional, transferir-se-á para unidades de saúde privadas onde o risco de erros derivado da sua curva de aprendizagem será ínfimo. (Já cometeu a percentagem de erros noutro lado…já foram ( vieram) transferidos do serviço nacional de saúde.)
Cito a poupança e o totalitarismo.
———–
” Esse subtexto moralizador tem 3 funções:
FUNÇÃO 1. Pedir desculpa pelas desigualdades existentes na sociedade; não as questionando.
FUNÇÃO 2. Defender argumentativamente que os mais pobres e necessitados de uma sociedade são pródigos e incapazes de poupar, porque vivem apenas para o presente e, precisamente por isso, são crianças-adultos imaturas, incapazes de controlar os seus impulsos.
FUNÇÃO 3. O que leva à função 3: os “ricos” são virtuosos opositores ao estilo de vida descrito na função 2 e é por isso que são ricos. “
———–
FUNÇÃO 1. Pedimos desculpa pelo facto de existir incapacidade de resolver os problemas de artrite reumatóide; é uma fatalidade.
FUNÇÃO 2. Os mais pobres e necessitados de uma sociedade não deverão esperar bons serviços no tratamento de artrite reumatóide. Falta informação. Uma base de dados de doentes com artrite reumatóide visando garantir a segurança dos doentes, possibilitará desenvolver a pratica clínica e a investigação científica.
FUNÇÃO 3. Os ricos são opositores do estilo de saúde praticado no Serviço Nacional de Saúde porque este é mau e semi gratuito. As pessoas não pagam o custo do serviço. Só um serviço de saúde privado garante resultados. Olhem para nós. Não temos problemas desses porque pagamos a nossa saúde (excepto o treino e a criação de raiz de unidades de saúde, ou seja, excepto tudo…).
O discurso à nível simbólico é assim subvertido.
O condicionamento aos cidadãos é assim feito.
Nota1: na artrite reumatóide, e doenças derivadas, a plena especialização no seu tratamento é desencorajada em Portugal.
Nota 2: totalitarismo já não é um ditador mais um gang que o acompanha a criarem um estado policial, sem liberdades civis.
Agora totalitarismo é, arbitrariamente, usando meios tecnológicos, decidir segmentar, de facto, cidadãos, em pequenos pormenores como este.
Deixe uma Resposta