REVISTA VOGUE.

Nos Estados Unidos surgiu uma polémica recente sobre a capa da revista Vogue relativa à edição de Março 2008.
A polémica foi a escolha de capa feita pela revista e de como isso foi visto como um aproveitamento de uma situação.
A revista foi acusada de se aproveitar para incitar ao racismo e por tentar capitalizar isso mesmo em vendas, e notoriedade e a situação foi amplificada devido ao ambiente social/político norte americano, em plenas eleições.
Nessa capa apareciam duas pessoas. O basquetebolista Lebron James, um preto de mais de 2 metros de altura, e a modelo loura brasileira Gisele Bundchen.
Lebron segura Gisele com o braço esquerdo dando a impressão que a está a agarrar ao estilo de Fay wray.
E quem foi Fay Wray?
Foi a primeira actriz a interpretar no cinema a heroína que era apanhada por King Kong no filme de 1932. A capa da Vogue suscitou clamores nos EUA pelo facto da pose escolhida ser a que é e, supostamente, copiar a pose de 1932.
Esta pseudo controvérsia apenas surge devido às eleições americanas e ao tema do racismo estar presente e ser sempre tema de aproveitamento. Ao lado, temos a imagem original da capa do filme…para estabelecer o contraponto.
Mas as semelhanças entre uma capa e outra são só isso mesmo: semelhanças…e vagas.
Contudo repare-se noutra situação algo diferente e que não suscitou o mesmo tipo de indignação, embora tenha suscitado alguma…
Uma situação em que uma revista, neste caso a GQ, também usou a capa como elemento promocional e de valor e pretendeu ganhar dinheiro com isso.
Mas que fez pior, muito pior.
Cedeu a pressões políticas de uma das candidaturas “democratas”às presidenciais, a de Hillary Clinton.
Cito uma parte da notícia do Diário de Notícias de 03- 10-2007
“ Bill Clinton vai mesmo ser capa da edição de Dezembro da revista norte- -americana GQ. Mas a história sobre as causas humanitárias a que se dedica o ex-presidente esteve em risco de não ver a luz do dia. Porquê? Para ter acesso a esse trabalho, a revista masculina teria de deixar de fora um outro, sobre as tensões que se vivem no interior da estrutura da campanha de Hillary Clinton à presidência norte- -americana. De acordo com o jornal The Politico, foi isso que a candidata propôs, e aquilo que a revista aceitou.”
A Revista GQ vendeu-se politicamente. A revista Vogue foi bastante criticada por algo, em termos de importância, bastante menor.
São interessantes retratos dos EUA, em pequenos pormenores, que revelam que o tal país da liberdade e da democracia, apenas o é, com bastantes excepções em certas coisas e na avaliação de certas questões.
O que é interessante é reparar nas excepções, para dessa forma, não comermos a papa que nos dão a comer.
É necessário sermos nós próprios a escolher a papa a comer.
Written by dissidentex
05/04/2008 às 12:35
Publicado em COMUNICAÇÃO SOCIAL, ELEIÇÕES AMERICANAS 2008, EUA, MAU JORNALISMO, PAÍSES, REVISTA VOGUE
Tagged with COMUNICAÇÃO SOCIAL, ELEIÇÕES AMERICANAS 2008, EUA, MAU JORNALISMO, PAÍSES, REVISTA VOGUE
Deixe uma Resposta