FASCISMO MODERNO.
Uma das tácticas do fascismo moderno é muito interessante. Por várias razões.
Afirma essa táctica que os conflitos dentro de uma sociedade devem ser obrigatoriamente resolvidos dentro das instituições.
Que é isso que confere liberdade e legitimidade democrática a uma sociedade e faz com que todos vivam dentro do Império da Lei. Que a lei resolva os conflitos entre os membros de uma sociedade.
É uma ideia nobre e democrática que está na origem da democracia e de estados democráticos.
Ao pensar-se dessa forma evita-se que se “vá para a rua” querendo resolver os conflitos na rua.
E em Portugal( e porque não dizê-lo no mundo) temos aqui o problema.
Estamos todos a ser empurrados para uma lógica em que nos é exigido – para não sermos chamados de radicais, ou comunistas, ou ” membros de extrema direita, ou qualquer outro nome semelhante – é-nos exigido que não façamos agitação de rua.
A subversão reside precisamente em dois muito simples pontos.
(1) Esta ideia foi subvertida e foi posta ao serviço do combate,( no caso português), ao partido comunista e à sua política de agitação de rua e de agitação de massas à boa maneira da luta de classes Marxista Leninista do século 19.
O objectivo era claro, Atacar a maior força do PCP após uma revolução que tudo mudou para tudo deixar na mesma, e atacá-lo no ponto/força que mais doía ao PCP.
O problema reside precisamente na dúvida que instala.
Somos legitimamente autorizados a pensar se se acreditaria na ideia de que os conflitos sociais seriam resolvidas usando a lei como arma para fazer justiça; ou se, numa primeira fase, foi apenas um “truque” para, o regime se livrar do PCP e do perigo que este constituia e numa segunda fase, para enganar as pessoas?
34 anos após o 25 de Abril de 1974, já não restam dúvidas, que apenas interessou “vender” a ideia de lei aplicada à sociedade por razões tácticas e não porque quem a vendia estivesse genuinamente interessado nela como forma de implementar a democracia.
(2) A segunda ideia visaria “domesticar” a população. Condicionar toda uma população a não protestar nas ruas. Se os conflitos fossem resolvidos por lei, e a população os resolvesse “legalmente” e aceitasse isso, deixaria de ser necessário resolvê-los por confronto nas ruas.
O resultado é que estamos a ficar todos colocados numa situação em que só se resolvem certos conflitos usando a a “Rua” para os resolver, uma vez que as institues todas estão – sistematicamente – a recusarem-se a resolver os problemas que estão a surgir e que estão cada vez mais latentes.
Por um lado o sistema nega a solução “Rua” para se resolver os problemas, afirmando que ele os resolverá, excluindo a necessidade de “Rua” para os resolver.
Por outro quando colocados em posição de exigir respostas e resoluções de questões, os cidadãos estão – crescentemente – a ser confrontados confrontados com a não resolução de problemas por parte das instituições.
O resultado é esta insatisfação difusa que se sente por todo o lado.
O resultado é que depois sucede a corrupção constante e os favores aos amigos.
O resultado é que isto deve ser encarado como sendo “o fascismo moderno”.
Promete-se lei e ordem para resolver problemas e evitar a confrontação de rua, por um lado, para dessa forma apaziguar os cidadãos e os satisfazer;
e , por outro lado, as instituições falham miseravelmente, por omissão, apatia, feitio, ou lógica interna própria criando uma situação de completo e total vazio.
É óbvio que este sistema está a ficar como uma panela de vapor com tampa fechada.
É isto que é o fascismo moderno.
A promessa de efectivação de ideais democráticos, mas que depois, instituições que os deveriam aplicar, se recusam a fazê-lo criando um completo bloqueio do sistema sobre os cidadãos.
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É necessário, antes que sejamos definitivamente forçados a ir para a “Rua” incomodar o “poder” ( e por poder não se entenda, de forma estrita, o actual Governo…)
(1) É necessário compreender o seguinte.
Nunca foi tão fácil como agora, atacar o poder.
Está fraco, débil e apenas mantém o poder criando a ilusão de superioridade total.
O problema ou a questão é que a generalidade das pessoas julga que não está fraco.
Julgam, além disso que, por apoiarem, por exemplo, um partido político ( não interessa qual) isso significa, automaticamente, que estão a chegar a algum lado na sua contestação.
Em Portugal isso significa, ao contrário, que estão a apoiar o actual estado de coisas, não a contribuirem para mudanças democráticas. Em Portugal, e isso é claro, todos os partidos são detestáveis e não servem os interesses dos eleitores.
(2) Aqui levanta-se questão de saber se isto significa que se deseje uma situação é que não existam partidos políticos?
Não. Certamente que não.
É o actual sistema de partidos que necessita de ser confrontado.
É um dos pontos possíveis de se partir para inflectir o rumo dos acontecimentos. (Outros também o serão).
Hostilizar e confrontar os partidos políticos criticando-os a todos.
Divulgar informações acerca de assuntos de governação e não governação que digam respeito a pessoas e interesses corruptos ou ineficientes ligados a partidos. Atacar ideias de imposição de censura,etc.
(3) Quem julgar que isso não tem efeito, mesmo que só influencie uma pessoa, estará enganado. Será menos uma pessoa a estar completamente fora de jogo.
Isso tem efeito.
Isso incomoda extraordinariamente as estruturas de poder.
Incomoda o “poder” não só porque isso significa dissensão em relação à bela e harmoniosa sociedade que se tenta vender, como, além disso, o poder difuso está convencido que toda a gente no país está extraordinariamente satisfeita por se viver no regime em que actualmente se vive em Portugal; coisa que não é verdade.
(4 ) O objectivo é muito simples.
Não ir atrás dos esquerdismo marxista Leninista idiota de luta de classe à la PCP;
Não ir atrás do neo liberalismo económico estilo USA;
Ao recusar estas duas tretas começar a descair para a anarquia.
Esta é a tarefa mais difícil de todas, mas devemos ousar pensar para fora das lógicas que nos querem impingir.
Somos reféns das duas ideias ideológica acima; foi aquilo que nos impingiram após o 25 de Abril de 1974.
Nenhuma das duas funciona.
Os seus herdeiros,legatários e administradores persistem é todos os dias em nos convencer que isto é o que funcionam e que a respectiva solução é que é a melhor.
É preciso pensar para fora disto.
Até para manter a sanidade mental.
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