DISSIDENTE-X

25 DE ABRIL DE 1974. 34 anos de nada.

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A primeira virtude de um povo que quer modificar o seu destino deve ser conhecer-se, para ser capaz de se modificar, e poder modificar as condições de vida que lhe impedem a conquista da autonomia política.”

” Como se definiu Salazar desde o primeiro momento? Como um ser superior que se digna a descer ao nível dos míseros humanos para os fazer beneficiar das suas luzes. É assim que ele se vê, e de acordo com isso procede. E, desde que desceu à terra, ele foi o professor caracteristicamente coimbrão: indiscutível. A sua palavra é «revelação». Por isso ele nunca foi capaz de resolver qualquer problema limitando-se a eliminá-los.”

25 DE ABRIL 74 - 34 ANOS DE NADA

“Que lição podemos tirar daqui, senão esta:que só apoiam realmente o regime aquelas forças que nunca apareceriam na cena política…mas estiveram sempre por detrás dela? Essas forças que beneficiaram com o chamado corporativismo, traduzido do italiano: aquelas forças que, no campo económico e financeiro, engordam enquanto o povo emagrece: o alto capital, a finança internacional. A igreja e o exército foram os seus instrumentos.”

Adolfo Casais Monteiro. Anos 60.

34 anos anos passados sobre uma espécie de revolução que tudo mudou para quase tudo ficar na mesma, é arrepiante, frustrante e abismal ler o que uma pessoa lúcida escreveu sobre Portugal.

A experiência, a frio, à maneira do gelo que queima, de fazer um exercício comparativo, com a péssima e nojenta realidade actual; faz perceber que apenas fomos todos enganados.

Temos 34 anos de uma pseudo democracia totalmente falhada.

Uma farsa medíocre interpretada, por chantagistas de almas e vampiros cobradores da eterna divida de gratidão, apenas vocacionados para serem parasitas e proxenetas.

Incapazes de resolver problemas, tal qual Salazar, apenas os eliminam, utilizando a chantagem e a intimidação com os cidadãos, insinuando ou afirmando que quem não gosta do 25 de Abril não é democrata.

Os métodos do Salazarismo ainda são usados.

Todos tem a obrigação de serem felizes à força, de viverem satisfeitos com esta grandiosa porcaria criada; e, quem não o faça apenas será um herege e considerado como estando a defender o antigo regime.

Gostaria de explicar que não defendo o antigo regime, mas estou farto do actual.

Não aceito ser chantageado. Menos ainda por sucedâneos do Conde Andeiro.

Não comemoro este dia.

Não apoio incompetentes encharcados do mais puro sentimento maléfico que se possa conceber; que apenas trabalham para impedir a modificação das condições de vida que impedem a conquista da autonomia política, por parte dos cidadãos deste país, como diria Adolfo Casais Monteiro.

Apenas sinto um virulento e descontrolado sentimento de desprezo por estes canalhas.

Morram. Desapareçam. Extingam-se.

Passaram 34 anos de quê, afinal?

Comemora-se o quê?

Quais é que são as razões para comemorar?

Deverei comemorar os benefícios de alguns por contraponto às dificuldades de todos os outros?

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