GUERRA DO IRAQUE. CUSTOS FINANCEIROS.(1)
GUERRA DO IRAQUE. CUSTOS FINANCEIROS.(2)
GUERRA DO IRAQUE. CUSTOS FINANCEIROS.(3)
GUERRA DO IRAQUE. CUSTOS FINANCEIROS.(4)
INTRODUÇÃO
Joseph Stiglitz, em conjunção com outros autores e pesquisadores, prémio Nobel de economia, decidiu escrever e publicar um livro, onde analisa a Guerra do Iraque.
Especificamente os custos da mesma, quer os custos indirectos, quero os directos. Menciona, também, os “custos colaterais” que a Guerra terá, bem como os custos que as gerações futuras irão pagar por esta guerra. Não só as gerações americanas.
NOTA PRÉVIA: Antes da Guerra começar, a actual administração americana estimou o custo da guerra em 50 a 60 biliões de dólares.
Actualmente, a administração já menciona o número de 600 biliões de dólares – uma ordem de grandeza 10 vezes maior.
Stiglitz afirma que custará 3 triliões de dólares; isto apenas numa estimativa conservadora e não contando com um conjunto de custos “exteriores” à guerra.
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Nos dias de hoje, ( hoje, por exemplo, dia 18 de Maio de 2008 ) o custo mensal da Guerra do Iraque aos norte americanos é de 12 BILIÕES de dólares.
Fazendo, por hipótese uma retirada militar agora, ela duraria sempre dois anos. Multiplique-se 12 biliões x 12 meses x 2 anos…
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(1) Começa-se pelo petróleo.
Antes da guerra começar o preço do petróleo era de 25 dólares o barril. Nos dados a que tive acesso para fazer este artigo é dado o preço (em Março) de 100 dólares o barril. Actualmente, o preço está perto dos 120 dólares, o barril.
Stiglitz não defende a opinião de inúmeros peritos que dizem que a subida do preço só se deve contabilizar como tendo relação directa coma guerra nos valores de 5 a 10 dólares. Stiglitz acha que isso é falso e que a relação de uma coisa com a outra é muito maior; isto é, muito do actual preço é, realmente alto, devido à guerra.
Faz as contas a uma subida de 25 dólares para 100 dólares e critica ideia dos apenas 5 a 10 dólares de aumento nisto devido à guerra. Não por exemplo de 25 dólares para 120 dólares. Em qualquer dos casos é uma cenário irrealista, e Stiglitz aponta e bem isso.
Outras razões:
- aspectos peculiares do mercado de petróleo.
- agitação no médio oriente que fez subir os preços por causa da guerra.
- quando existe aumento da procura, os países produtores reduzirem os seus stocks de petróleo.
(2) Custo directo da Guerra para o governo americano:
– Como estão os livros de contabilidade do Pentágono?
Stiglitz e o resto da sua equipa optaram por fazer uma estimativa conservadora. Um das razões prende-se com o seguinte.
As contas do Pentágono estão completamente nas lonas. O próprio diz que se as contas fossem as de uma empresa, o “CFO” – o chefe financeiro da mesma seria preso ou responsabilizado e as contas nunca seriam autorizadas pela SEC, a entidade reguladora dos mercados e das empresas. Portanto optou-se, na análise às mesmas, por extrapolar e sempre para menos gastos e não para mais.
Os responsáveis pelas contas, falharam as auditorias anuais desde que a Guerra começou – há 5 anos, estamos a entrar no sexto ano de Guerra.
Como se começou por financiar a Guerra?
Através de uma medida chamada “Emergency appropriations”- que é, se bem percebi, a existência de pedidos por parte do Presidente dos EUA ao senado para que este votem aquilo que em Portugal, seria um “orçamento extraordinário”. Extraordinário, no sentido em que se irá gastar mais dinheiro do que aquele que é orçamentado, digamos, para um ano fiscal.
A técnica usada foi ir pedindo ou fazendo às pinguinhas “orçamentos extraordinários e pedidos extraordinários ao ponto em que nem os membros do Congresso americano fazem bem ideia de quanto custa (estava a custar) a guerra.
Stiglitz aponta a existência de 24 “contas” separadas e diferentes nos últimos 5 anos. Ou seja 24 orçamentos.
4.5 vezes mais ou menos, por ano, nos EUA, é corrigido o orçamento.
Stiglitz aponta ainda o facto de “estes orçamentos extraordinários ” não serem alvo de escrutínio, nem sequer dentro da administração , nem de órgão fora dela, por exemplo auditores independentes.
( 3) Stiglitz aponta imediatamente 3 resultados ou danos colaterais disto:
- corrupção
- excesso de preços cobrados por fornecedores ao estado americano
- Más praticas negociais a fazer contratos.
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(4) Antes da guerra começar foi vendida a ideia de que, para lhe reduzir os custos e criar eficiência na mesma (seja lá o que for que eficiência numa guerra queira dizer…) , seria necessário “privatizar” sectores da guerra antes feitos pelo exército norte americano.
E sub contratar esses serviços a empresas privadas norte americanas. Para obter eficiência e ganhos de produtividade, reduzindo no geral os custos. Esta é a teoria que se vendeu.
O que leva a questão lateral de se saber quem afinal está em guerra:; se o EUA, ou algumas empresas…mas adiante…
Stiglitz diz que o que aconteceu foi o oposto, não existiram reduções de preços nem de custos.
Dá dois exemplos disso mesmo
1.
(A) guardas privados exercendo funções de segurança em zonas perigosas, receberão 400 mil dólares.
(B) Um guarda “estatal” , isto é, pertencente ao exercito receberá, no máximo, nas mesmas condições, 60 mil dólares.
2.
O governo norte americano requere às empresas sub contratadas para fazer as mais variadas tarefas que estas se responsabilizem pelas pensões que se receberão por se ter participado na guerra, bem como pelas pensões a eventualmente receber por ferimentos ou morte de trabalhadores ou membros de forças militares privadas a trabalhar no Iraque. Ou seguros de vida beneficiando terceiros.
As empresas privadas que fariam isso, por exemplo, companhias de seguros, recusam isto a estas pessoas em face do óbvio risco de terem que pagar prémios de seguro altíssimos. Consequentemente estas pessoas não tem seguro nem prémios pagos.
Quem se irá – isto é, foi – responsabilizar por estes seguros e pensões? O governo norte americano que acaba por se responsabilizar pelos gastos- por estes gastos.
(5) O gasto é assim duplicado, não só na questão destes mercenários privados ganharem 3 ou 4 vezes mais que os seus colegas equivalentes no exército como, a uma outra escala ainda maior, todos estes seguros e prémios tem que ser assumidos pelo governo dos EUA, isto é pelos contribuintes americanos, isto é, indrectamente, por quem empresta dinheiro aos EUA.
É o governo americano que acaba a pagar os seguros privados destas pessoas através de companhias de seguros privadas e de contratos feitos pelas mesmas só nestas condições.
Isto obviamente, porque se uma pessoa for ferida ou morta em combate, a companhia de seguros não paga, porque existe uma clausula de exclusão disso mesmo. (Então, para que serve o seguro logo desde o início, se vem com esta clausula de exclusão?)
Conclusão:
Não só o governo americano através do orçamento de Estado acaba a pagar o prémio de seguro logo à partida do mesmo ser celebrado – a pronto pagamento, como depois tem que pagar os benefícios do segurado que este tem direito a receber.
Tirando o facto de as companhias de seguros estarem no meio disto como intermediários a receber, não se vê qual é a lógica disto, a não ser que se veja que isto nada mais é do que negócio e corrupção.
Em Portugal quem defende a guerra do Iraque defende isto.
Como é óbvio a maior parte das pessoas no Iraque acaba por se magoar derivado à “acção hostil do inimigo”que é o nome da tal “clausula de exclusão” que as companhias meteram nas apólices para não pagar…
Ou seja, o governo americano não só paga o contrato mais caro, a estas empresas privadas,para que estas forneçam serviços, como paga, os custos dos prémios de seguros destas empresas privadas e dos seus funcionários, que antes, tinham sido, na pratica, recusados, através de clausulas de exclusão, para cobrir esses mesmos custos. Ou seja não só pagam algo mais caro, como o pagam duplamente.
CONTINUA.
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