DISSIDENTE-X

GUERRA DO IRAQUE.CUSTOS FINANCEIROS. (2)

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No primeiro artigo intitulado “Guerra do Iraque. Custos financeiros. (1)”

– falou-se do custo do petróleo antes da guerra começar;

– do custo directo da guerra, ao mês, para o governo americano – 12 biliões de dólares

– da privatização de sectores da guerra e de como isso encareceu e aumentou o orçamento de guerra dos EUA.

Continuação:

Os custos directos actuais da guerra do Iraque: 12 biliões de dólares por mês.

Acresce a isso os custos indirectos derivados de varias causas. Os custos indirectos calcula stiglitz e a sua equipa devem ascender por mês a 25 biliões de dólares.

São os “downstream costs” – “os custos ao longo da corrente” – aqueles que aparecem, já não derivados directamente dos primeiros custos pagos logo á cabeça.

  • custos com os veteranos da guerra;
  • custos com as baixas/pensões dadas a desmobilizados que tenham sido feridos;
  • Reparação e substituição de equipamentos que tenham sido danificados ou desgastados pelo uso.

Este tipo de custos, provavelmente, duplicam o valor por, mês de 12, para 24 biliões de dólares (Só no Iraque).

O valor de 12 biliões de dólares , em estimativas por alto, feitas pela equipa de Stiglitz, triplicou desde o inicio da guerra.

No inicio, há 5 anos, por mês, directamente, custaria a guerra, 3/4 biliões de dólares por mês.

Razões:

Stiglitz aponta uma das razões: a manutenção diferida.

Ou seja, manutenção de material programada para certas datas e que não é/foi cumprida, fazendo com que o equipamento se desgastasse ainda mais depressa do que seria normal. E aumentando ainda mais exponencialmente os custos, precisamente, quando mais atrasada é a manutenção de coisas mecânicas, mais defeitos, exponencialmente, começam a surgir.

Ou equipamento ao qual não foi, de todo, feita a sua manutenção.

É todo um encadeamento de peças e equipamentos que se desgasta e já não só apenas aquela especifica peça que se deveria reparar, e que evitaria o desgaste de – vamos supor ” 10 peças.

O equipamento é usado, mais depressa, do que é substituido.

O mais estranho, aponta Stiglitz, é o facto de o departamento responsável pelo orçamento do Pentágono, ter aumentado os seus custos/ o orçamento, nuns 4/5 biliões de dólares, mas sem incluir nessas contas o gasto directo no Iraque e no Afeganistão. Isto tem claramente a ver, com uma tentativa de “fazer percepcionar” aos olhos do público americano que os gastos não aumentaram tanto quanto, de facto, aumentaram.

Stiglitz aponta para certas razões para que esses gastos considerados “normais” ocorram.

  • O facto de se ter que pagar mais para recutratr soldados, agora, do que se estava a fazer no inicio da guerra,
  • o facto de ter que se pagar bónus mais altos.
  • o facto de a guerra não ser popular e o tratamento péssimo que foi dado a veteranos, dificultando os novos recrutamentos,
  • o equipamento de protecção que não foi fornecido aos soldados( coletes anti bala, etc)

Quanto aos políticos democratas, que querem sair do Iraque, Stiglitz aponta o facto de ainda não terem bem percebido que 3/4 do gasto de 16 biliões de dólares apens e só, vai para o Iraque.

Outras razões:

Esta guerra custa ainda mais porque, como Stiglitz o explica, o rácio de baixas/ mortes é de 15 para 1.

Ou seja, existem 15 feridos, para cada uma morte. Em guerras anteriores do EUA, o rácio era de 2/1 ou 3/!, sendo que os números 2 e 3 são os feridos e o 1, as mortes.

Isto aumenta tremendamente os custos sob todos os aspectos. Que se manifestam num rácio de gastos por país, em 90% Iraque, 10% Afeganistão.

Quando se passam às baixas militares, é Stiglitz questionado se é fácil obter os números de baixas militares?

Este responde que não, não é fácil:

Tal como em outras áreas, a administração Bush pôs todos os obstáculos.

Não se consegue saber em termos de baixas quais é que são as reais.

Porquê?

O que fazem é publicar o numero total de mortes; mas quando se chega àos ferimentos aí só são publicados os feridos hostis(inimigos), e é a administração que define o que é acção hostil e quem nela foi ferido.

Exemplo:

um comboio militar que vai contra uma mina. O primeiro veiculo explode e existem vitimas norte americanas, por exemplo. Contam como vitimas.

O segundo veiculo que por hipótese, trave, mas não vá a tempo de parar e choque com o primeiro veiculo daí resultando ou feridos ou mortos, já não é considerado como tendo tido vitimas derivadas do conflito, mas sim é considerado como sendo um acidente de viação.

Isto, obviamente “baixa” as baixas de guerra directamente atribuíveis à mesma.

O rácio de não acções hostis é maior do que o numero de acções hostis, 7/1., mas o total é 15/1,

Empréstimos:

Para pagar os 16 biliões/mês (ou 25 consoante se faça as contas contando com o Afeganistão) ) os EUA tem que pedir emprestado. Isso é (irá ser)passado às posteriores gerações para carregar a divida e pagá-la.

Toda a guerra é financiada externamente.

Porquê?

– Stiglitz chega a conclusão que, em termos normais, uma guerra será paga com 1/3 dos impostos cobrados ou no máximo 2/3 dos impostos cobrados por um país, o que sempre sucedeu na história do EUA.

Aqui, nesta guerra, sucede o oposto.

Não só não é isso que se passa, como é a primeira vez, (e Stiglitz aponta o mundo também como exemplo), em que um país não só baixa os impostos para ir para uma guerra como na pratica toda a guerra – todos os 16 biliões de dólares mês( ou 24/5 conforme se quiser fazer as contas de acordo com os exemplos anteriores) é inteiramente pago pelo resto do mundo através de empréstimos feitos aos EUA.

Empréstimos esses, obviamente, que os EUA tem que pagar e estão a pagar juros e juros de juros dos mesmos.

Todo o custo desta guerra foi pedido emprestado.

Estranho, mas é assim.

40% desses pedidos de emprestimo tem origem fora dos EUA. ( China, e Japão, principalmente, mas também a Europa…)

Stiglitz afirma que é a primeira guerra desde a guerra da revolução americana, que os EUA se voltaram para países estrangeiros para financiarem a luta.

O mais estrambólico disto é que o que é cobrado em impostos actualmente nos Estados Unidos nem sequer cobre os juros a pagar, daí ter-se que pagar juros sobre juros.

Como tal a dívida acumula: Stigltiz estima que em 2017 a divida nacional americana será 2 triliões de dólares mais alta do que é hoje.

Confesso a minha dificuldade em apreender a vastidão destes números…

e chega Stiglitz a ideia que até ao infinito, os EUA pagarão de divida anual 100 biliões de dólares em pagamento dos empréstimos e correspondentes juros, isto até ao infinito. (Não tem data de termo de pagamento dados os astronómicos valores envolvidos…)

Stiglitzz diz que até mesmo um país rico “brinca com números destes” por sua conta e risco, e que o melhor a fazer é pensar-se no que teria sido possível fazer com uma outra aplicação do dinheiro.

A segurança social:

Stiglitz afirma que por !/6 do valor da guerra do Iraque, seria possível pagar os problemas americanos de segurança social e po-la em ordem durante os próximos 75 anos.

Os custos:

directamente custa 6.6 biliões de dólares + 5,6 biliões em custos com pagamentos de juros e juros de juros, pensões a veteranos, seguros etc- tudo custos “externos” ao envolvimento directo e ao pagamento primário.

Custos futuros com as pessoas que virão danificadas da guerra:mentalmente e fisicamente.

( Dá-se o exemplo da anterior guerra do Iraque em que quem pagou a conta do custo á frente” foram os “aliados do Estados Unidos (especialmente o Japão e a Arábia Saudita…”))

39% dos soldados são elegíveis para serem dispensados;

44% dos soldados candidataram-se a pensões;

39% dos soldados; do total de efectivos, receberam-na;

Com base na experiência da primeira guerra do Golfo, mesmo ainda nos dias de hoje, stão os EUA ainda a pagar em pensões (disability payments) a veteranos que nela participaram 4 biliões de dólares / ano.

Ora esta 2ª guerra não é uma guerra de 30 dias- isto dá uma ideia ainda maior dos custos.

Estimou-se em;

630 biliões de dólares o que se pagou em custos de pensões para os veteranos da guerra do golfo 1.

Continua.

NOTA: ESTE ARTIGO, O ANTERIOR E OS PRÓXIMOS SÃO FEITOS COM BASE NUMA ENTREVISTA DE JOSEPH STIGLITZ, ONDE ELE FALA SOBRE O LIVRO, CUJA CAPA É MOSTRADA EM CIMA , NÃO É FEITA DIRECTAMENTE SOBRE O LIVRO.

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