Archive for Dezembro 2008
CRISE FINANCEIRA AMERICANA – A IMPRESSÃO DE MOEDA.
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A lista completa de artigos relacionados com este assunto pode ser encontrada na página da barra lateral ” Z – Crise financeira norte americana”
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Uma pergunta interessante (que nunca aparece escrita nos manuais de economia) é a seguinte.
Quanto custa imprimir uma moeda?
Quantos cêntimos custa o acto de aplicar tinta num papel pequeno; fazê-lo em milhares de milhões à quantidade e após fazê-lo, afirmar que, legalmente, cada um desses papeis tem, suponhamos, o valor de 100 dólares (ou qualquer outra moeda) lá estampado.
E depois é transaccionado por 100 dólares, isto é, é dito que vale 100 dólares.
Há um lucro que é retirado desta actividade económica – a impressão e cunhagem de papel moeda. Suponhamos que o lucro se situa nos 99 dólares por custo de impressão de uma nota. Consequentemente cada nota de 100 dólares tem como lucro unitário 99 dólares.
É correcto assumir que o lucro ( vamos supor 99 dólares sobre uma nota que sai marcada como sendo “100”) irá para algum lugar – alguém auferirá esse lucro.
Será a entidade, neste caso, o banco central, que emitiu as notas, isto é, que as mandou imprimir numa qualquer gráfica de impressão.
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O lucro.
Nos EUA, esta percentagem de lucro fica no FED – aquilo que é conhecido por “Reserva Federal”.
O FED – A reserva Federal norte americana é privado. É privado porque a estrutura accionista – os donos do FED – são bancos privados. Esta “entidade” trabalha para o Estado americano, mas não é de propriedade pública.
A consequência disto é que imprimir moeda torna-se, também, um “negócio” lucrativo, com características de “mercado”.
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O Barão Rothschild pronunciou uma frase famosa, aqui “interpretada em tradução livre” da minha parte: “se eu for dono de quem faz a moeda não me importo com quem governa o país”.
Em inglês – Fonte AQUI:
I care not what puppet is placed on the throne of England to rule the Empire, …The man that controls Britain’s money supply controls the British Empire. And I control the money supply.
Retraduzida: não me importo com quem é a marioneta colocada no trono da Inglaterra para governar o Império; o homem que controla a oferta de moeda controla o Império Britãnico. E eu controlo a oferta de moeda.
O Barão Rothschild podia afirmar isso, com toda a segurança uma vez que… ele (e a casa bancária + descendentes ) é um dos donos do FED……
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Apesar de ser um segredo relativamente bem guardado é comum afirmar-se sem grande margem de erro, que pelo menos estes 10 abaixo designados são accionistas (donos) do FED:
1. Rothschild Bank of London
2. Warburg Bank of Hamburg
3. Rothschild Bank of Berlin
4. Lehman Brothers of New York
5. Lazard Brothers of Paris
6. Kuhn Loeb Bank of New York
7. Israel Moses Seif Banks of Italy
8. Goldman, Sachs of New York
9. Warburg Bank of Amsterdam
10. Chase Manhattan Bank of New York.
(Imagem da página da Warburg de Hamburgo – inscrições minhas)
Três destes (Chase, Goldman Sachs, Lehman Brothers) estão muito inseridos na recente crise financeira.
O facto de as casas bancárias terem nomes de cidades europeias ou americanas não significa que “os países” e os cidadãos desses países percebam bem as “actividades” destes bancos e casas financeiras, ou sequer – caso o percebessem, as viessem a apoiar…
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Definição do lucro:
Temos aqui, (1) uma parte do lucro. Aquela que é “obtida” através do lucro retirado da actividade “industrial” de imprimir notas – papel moeda.
Como tal, e tendo em conta que esta é uma “economia de escala” – é necessário para dar algum lucro que sejam produzidos muitos exemplares e de forma sistemática e regular e com durabilidade de produção virtualmente ilimitada no tempo.
Podemos pois concluir, que “existe um incentivo” para a impressão de papel moeda, muito para além dos normais requisitos de existência da mesma. Que são a (1) necessidade de existência da moeda – um determinado numero definido sob parâmetros económicos e de estabilidade económica do sistema, e a (2) necessidade de se fazer regularmente nova moeda para substituir fisicamente moedas e notas que se estragam ou se deterioram, etc…
E logo aqui temos um enorme problema: “a existência” de um enorme incentivo “internacional” (isto é, americano…) para a existência de uma economia que gera uma espécie de incentivo deste tipo…
Porque, quando existe “moeda” à mais numa economia, isso gera inflação (a subida continuada e regular dos preços…) porque existe mais “moeda” a ser distribuída na economia…do que aquela que deveria ser racionalmente distribuída na economia…
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Uma das maneiras de “pôr moeda a ser distribuída na economia” é utilizada pelo FED – como banco privado que faz as vezes de Banco Central norte americano; o maior banco mundial, ou pelo menos, o que tem mais poder.
E como o FED tem o enorme poder de autorizar empréstimos a bancos enormes (dos maiores do mundo), que por sua vez, os emprestam a “consumidores finais” (dos com mais poder de compra do mundo) – particulares ou empresas – para “animar a economia”; isso significa que o FED detém dois poderes últimos: (1) o poder de “imprimir moeda” a seu bel-prazer” e (2) o poder de a “distribuir pela economia através do mecanismo dos empréstimos a “consumidores finais” – mais moeda ou menos moeda, conforme “as necessidades”… mas tudo isto em estado “amplificado” – “gigantesco” – “monstruoso”.
Mas o FED, não obedece a “interesses públicos”, mas sim a interesses privados. Este pormenor faz “toda a diferença”.
(2) E aqui temos outra parte do lucro: o poder de imprimir moeda e distribui-la -sem qualquer tipo de controlo exterior ou responsabilidade perante qualquer outra entidade.
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O FED foi originalmente criado em 1913. Tem servido como arma estratégica ao serviço de uma recente micro guerra de quase 100 anos, que tem a moeda como munição privilegiada.
Uma data especialmente importante desta guerra aconteceu no dia 15 de agosto de 1971. Nesse dia os EUA, assumiram-se como um Império. Nesse dia, os credores do dólar americano (especialmente franceses, dai a animosidade…) exigiram o pagamento das dividas que os EUA deviam aos mais variados países e entidades mundiais, mas em ouro e não em dolares.
E os norte americanos recusaram-se a pagar em ouro – tornando-se dessa maneira e a partir dessa data um império ( financeiro) mundial.
Tal aconteceu porque o dólar estava indexado ao valor do ouro. Um valor pré fixado em 1945, após 2ª Guerra Mundial (Acordos de Bretton Woods) que dizia que uma onça de ouro valia 35 dólares.
E, caso o valor do dólar se desvalorizasse, o credor, caso “não acreditasse” no papel moeda chamado dólar com o qual lhe queriam pagar, poderia exigir que o pagamento fosse feito em ouro – o ouro neste contexto funcionava como “garantia real” de que o credor obteria o seu direito.
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Nota: de 1945, até ao dia 15 de Agosto de 1971, o Império americano, era baseado no “debito – a economia americana emprestava primordialmente dinheiro. De 1971 em diante, a economia americana passou a viver de crédito, do mundo inteiro, que lhe empresta dinheiro (uma das formas é através da compra de obrigações do Tesouro norte americanas…), sem ter garantias que esta economia o venha (alguma vez) a pagar.
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Em 1971, quanto tal acto fizeram, os responsáveis políticos americanos geraram, primeiro nos EUA, um país cheio de dólares. E depois no resto do mundo, e com o resto do mundo, que as transações passassem a ser feitas em dolares.
Ou seja; (1) o dólar como moeda de troca internacional; (2) o dolar usado por todos como reserva bancária.
Nota lateral: os “lucros” derivados da impressão de mais e mais dólares aumentaram – o FED e os seus accionistas agradeceram… e enriqueceram um pouco mais…
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E foi um longo acumular de “saltos em frente” feitos pela elite política e económica dos EUA – uma elite completamente fora da lei – que gerou o que se está a passar (e que afecta todos) e que não ficará por aqui.
As “iniciais restrições” (bom senso e prudência, por exemplo) ao aumento da moeda em circulação, quando começaram a incomodar foram “ultrapassadas”.
A forma de o fazer tem sido através da especulação financeira e da impressão de moeda, e da geração de “não existência de restrições à concessão de crédito”. (Também conhecida pela expressão “desregulamentação dos mercados financeiros”…)
O que aumentou a concessão de crédito a particulares e empresas para números muito sequer para lá do razoável.
Em todo o mundo.
Daí os emprestimos bancários quase sem garantias, para compra de habitação incentivados nos últimos 8 anos nos EUA. Um dos (muitos) resultados visíveis do que se passa e derivado de uma longa história de saltos económicos (loucos), em frente.
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Devido a estas estranhas situações ocorrerem ninguém vê a análise do custo da moeda (impressão de moeda + mais o aumento da massa monetária em circulação…) a ser amplamente explicado em nenhum livro de economia, mesmo os de moedas e bancos… ou em “debates” feitos por “especialistas…”
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Existem 4 medidas da moeda em circulação: a que nos interessa é a M3.
A M0
A M1
A M2
A M3
M0 – o total da moeda física em circulação + as contas bancárias no banco central que podem ser trocadas por moeda física.
M1 consiste na M0 + o montante colocado em contas correntes (contas à ordem)
M2 consiste na M1 + as contas e depósitos a prazo com altas taxas de juro e depósitos a prazo com durabilidade temporal limitada ou de valor abaixo dos 100 mil dólares.
M3 consiste na M2 + os outros depósitos de grande duração + grandes depósitos de dinheiro institucionais + depósitos de eurodólares + repos (depósitos financeiros organizados como se fossem um contrato financeiro de futuros.
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Dá para perceber que a massa Monetária M3 é a maior de todas em circulação e que basta uma ou duas grandes entidades institucionais internacionais decidir aumentar a moeda( isto é, imprimir moeda) para que a massa monetária M3 aumente enormemente e gere imediatamente possibilidades de inflação (no mundo inteiro).
Este mecanismo é “manipulado” (tem sido) para subir ou descer ao sabor dos interesses de alguns.
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No ano de 2005, a Reserva Federal norte americana,anunciou que a partir de Março de 2006 deixaria de publicar a quantidade de M3 em circulação.
Tradução: o FED anunciou que deixaria de publicar quais eram os aumentos de impressão de moeda feitos pelo FED. O FED deixou de publicar o número de novas impressões de moeda feitas pelo FED.
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Nota curiosa: Em Junho de 2004, o Irão anunciou que iria criar uma bolsa de valores mas para compra e venda de petróleo. Denominada em EUROS.
A ser efectivada no ano de 2006, no mês de Março. Curiosamente o mês em que o FED decidiu descontinuar a publicação do índice M3.
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Neste mapa em baixo podemos ver a moeda americana em circulação desde 1959 até ao dias de hoje, e podemos calcular assim por alto, quanto tem trabalhado as maquinas de impressão…
Quem leu o artigo chamado “de onde vem as reformas da educação”, percebe imediatamente (basta somar dois + dois e correlacionar as datas deste mapa com as datas do artigo) – a relação que existe entre a recessão norte americana de 1957/58 e o que ela gerou de “modelos financeiros” a serem implementados e a relação disso com o progressivo aumento de moeda em circulação. (Dólares)
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E onde estamos agora?
Neste momento estamos na fase ulterior da crise financeira e da emissão de moeda; em finais de 2008.
O sinal lançado para o mercado é um sinal duplo.
A) faremos tudo que o pudermos fazer contra quem seja, criando novas notas de dólar nas nossas gráficas, para inundar o sistema financeiro de dinheiro (novas notas impressas) para o “tentar reanimar”. Dia 16 de Dezembro pelo FED.
B) Faremos isso, mesmo que isso acarrete hiperinflação semelhante ao que aconteceu na republica de Weimar.
A hiper inflação acontece quando existe “excesso de moeda” ou de papel moeda em circulação” fazendo com que os preços subam brutalmente.
Um dos caminhos para a hiper inflação consiste no abaixamento das taxas de juro para níveis em que o custo do dinheiro quase não existe.
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O recente anuncio do corte das taxas de juro para mínimos históricos, quase próximos do zero, significa que se está a fazer duas coisas
(1) lançar dinheiro (mais dólares) no mercado, para o “estimular;
(2) lançar expectativas sobre as pessoas dizendo-lhes que devem “adquirir crédito” para ajudarem a estimular a economia.
Através desta “magia” tenta-se transformar a louca divida “financeira” em moeda a circular.
(A) Baixas taxas de juro + (B) dinheiro fácil, (= ) para animar a economia.
Curiosamente, foram estas tácticas que, no inicio da história das hipotecas bancárias criaram as actuais confusões.
Então porquê repeti-las?
Espera-se que a causa dos problemas actuais seja a cura dos problemas actuais?
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É isso que se vende. Embora na realidade o que interesse seja pôr o dólar a circular e a moeda a ser impressa, porque são esses os padrões que fazem com que quem comanda o sistema o continue a comandar
NATAL EM PORTUGAL 2008
Este ano o Natal será bom.
Basta conseguirmos encontrar alguém que suborne alguém – não é difícil em Portugal – para fazer isso acontecer.
Com subornos e corrupção este país será uma democracia avançada do século 21, criando novos clusters de mercado inovadores e proporcionando um novo bem estar á sua população.
Ressentimento este post?
E muito.
Observar um país absurdamente corrupto e subvertido, com toques de esquizofrenia, na altura do Natal só provoca ressentimento e outros “sentimentos negativos”.
Espero não ser o único, a estar farto “disto”, desta coisa.
E que importa se for o único…
Pelo menos fico mentalmente alerta ao ver a realidade como ela é.
Já “são” é que talvez não…
ENRICO MATEI, A ENI E O APARENTE NACIONALISMO ECONÓMICO
Após a segunda Guerra mundial a Itália estava destruída. A maior parte dos bens e serviços eram importados a partir das potências que controlavam a Itália, ou tinham que passar por empresas anglo -saxónicas, que dominavam a maior parte do mercados mundiais – com os EUA à cabeça dos comandos de controlo.
E surgiu Enrico Matei, a quem os italianos (e o resto do mundo) devem muito embora não o saibam.
Matei era politicamente de direita, adepto da democracia cristã. Tinha sido um combatente do fascismo italiano durante a segunda Guerra mundial, liderando o maior grupo de combatentes anti fascistas de influência não comunista da resistência italiana no norte de Itália.
Após a Guerra foi nomeado para ser o chefe da região norte italiana da empresa de petróleos italiana, a “AGIP” – Alianza generalli italiana petroli, (mais tarde conhecida por ENI), mas com uma missão especial – desmanchar e terminar com a empresa; entidade moribunda esta que tinha sido criada duas décadas antes (fundada em 1926) por Mussolini.
Matei, nacionalísticamente e tendo em conta os interesses da Itália, fez exactamente o contrário. Também porque e apesar da Itália ter mudado de lado, na guerra, em 1943, o país estava destruído, o PIB tinha recuado para níveis de 30 anos antes e a fome ameaçava a população.
Perante a situação Matei definiu a estratégia da ENI (a AGIP era a marca comercial…) a seguir: (1) criar ou aproveitar fontes indígenas de produção de energia (especialmente gás natural) que (2) gerassem a auto suficiência do país na produção energética e (3) impedissem que a Itália gastasse quantidades colossais de dinheiro a importar energia (petróleo e gás) e ao mesmo tempo (4) isso criasse empregos e (5) criação de riqueza no país (por exemplo, através da construção de refinarias próprias de petróleo e de redes nacionais de abastecimento de combustíveis).
Alguém de bom senso acha isto fora do razoável, em 1946? Ou mesmo actualmente?
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Existia ainda outra razão de peso para estas ideias de Mattei: para comprar petróleo em mercados internacionais era necessário pagá-lo em dólares.
As reservas em dólares italianas teriam a tendência a serem “dizimadas”, ou em alternativa, a empobrecer mais ainda o país a médio prazo, porque era necessário fazer muito dinheiro para depois o converter em divisas; dinheiro esse que era difícil de arranjar, numa Itália destruída e pobre e com reduzidas e desorganizadas capacidades industriais no pós guerra.
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Existiam ainda “sub razões” para estas ideias de Mattei: estava em “vigor” um monopólio de comercialização, prospecção, transporte e refinação a cargo das “sete irmãs” ou Seven Sisters/Sette Sorelle, as maiores sete companhias petrolíferas dos anos 50 que cartelizavam o mercado, definindo preços e negócios. (Foi Mattei que criou a expressão “Sette sorelle”…)
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Voltando um pouco atrás: após a guerra, em 1946, Mattei tinha sido mandatado para privatizar rapidamente a AGIP/ENI.
Em vez disso lançou, com os poucos fundos disponíveis, uma operação ambiciosa de prospecção de petróleo e gás natural no norte da Itália. Após algumas promissoras descobertas de petróleo, mas especialmente de Gás, e devido a isso, plena autorização para fazer a exploração e continuar a desenvolver a ENI.
As grandes companhias petroliferas internacionais tentaram boicotar as ideias de Mattei, e a expansão da ENI, utilizando a “primeira táctica clássica”.
Abordaram Mattei e a Eni, propondo-lhe que se pudessem fazer empresas conjuntas/negócios conjuntos com a ENI/AGIP de Mattei, para comercializarem na Itália. Era uma forma de dar um “abraço de urso” a um concorrente e amortecê-lo. Mattei, recusou sempre.
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Nota: este sistema nos tempos actuais, sofisticou-se.
Um pequeno exemplo hipotético:
(1) Actualmente propõe-se a compra de uma empresa que esteja em (2) dificuldades económicas num dado país (vamos supor um hipotético país chamado Portugal) ao (3) governo desse mesmo país ( Vamos supor a Sorefame/ A.K.A asea Brown Boveri…A.K.A Bombardier), cujos (4) responsáveis políticos tem nas anteriores décadas assinado (5) acordos comerciais, que (6) retiram ou (7) limitam fortemente qualquer hipótese de a dada empresa (8) sobreviver no mercado internacional, de (9) forma autónoma.
Depois a empresa é (10) comprada por um (11) forte concorrente internacional, que pertence a um (12) dado país ou área económica, (13) cujos responsáveis políticos tem (14) em discursos amplamente repetidos, nos meios de comunicação social, repetido a necessidade de (15) reduzir o número de empresas no mercado devido aos (16) elevados custos e para se criarem (17) “economias de escala” que mais tarde virão a proporcionar (18) reduções de preços no produto.
Mais tarde verificamos que: (A) o numero de concorrentes desceu, (B) os lucros dos que ficaram aumentaram; o (C) preço do produto encareceu; (D) a dependência dos países que tem que comprar este produto (deixaram de ser eles próprios produtores) aumentou, e (E) o desemprego na sua própria população aumentou e ainda, ( F) uma base industrial/de serviços existente num qualquer país, foi assim destruída – “de forma não natural”.
O bónus – designado por “cereja no topo do bolo desta estratégia”- consiste em meter as culpas para o partido comunista lá do sítio, ou qualquer outra força do mesmo estilo, que é sempre apelidado de radical, anti comércio, etc, e assim arca com as culpas disto, nunca se permitindo que a situação mude. *
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Qual era o problema definido por Enrico Mattei?
Simples. Uma drenagem de divisas italianas em dólares, era aplicada sobre a Itália, que consistia no pagamento das importações de petróleo inglesas e americanas e isso gerava um enorme problema de deficit comercial da balança de pagamentos italiana do pós – guerra.
Mattei pensou de forma estratégica para contornar o problema.
E quis produzir para a ENI um bem inestimável: autonomia comercial e estratégica.
Atacou o problema do transporte da matéria prima da fonte até aos locais que dela precisavam mandando construir um oleoduto que ia do local das jazidas encontradas, no norte de Italia até Milão e Turim, duas enormes zonas populacionais e industriais, que se tentavam reerguer.
Os lucros daí retirados serviriam (serviram) para financiar a posterior expansão da ENI/Agip no norte de Itália (isto é, mais prospecção e refinarias…sistemas de logística e postos de abastecimento…)
Reestruturou a empresa, e organizou-a para se expandir. A lógica de Matei era simples do ponto de vista estratégico:
– Atacar o poder das “sete irmãs”, não permitindo que estas comandassem a distribuição e comercialização de petróleo em Itália.
Estas, deliberadamente, faziam uma política de preços altos, através da limitação da produção de petróleo para que assim as suas holdings mantivessem lucros altos (devido à relativa escassez do produto) , sendo que os preços eram nivelados pelos níveis de preços (mais altos) dos Estados Unidos, enquanto que, e ao mesmo tempo, esses mesmos produtos eram vendidos a países pobres da Europa mas o preço na Europa era feito pelos mesmos paralelos dos preços altos dos EUA.
Como o alto custo de produção de extracção de petroleo nos EUA era elevado, tornava-se necessário compensar isso – “indo buscar o dinheiro” aos países pobres e destruidos da Europa, após a segunda guerra Mundial.
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Analogia especulativa: devido ao elevado custo de extracção de petróleo actualmente nos EUA, é necessário criar “factores” que elevem esse mesmo preço. Uma guerra pelo controlo de matéria prima nos territórios onde é mais baixo o preço de extracção ( o médio Oriente) parece ser algo interessante, por duas razões
A) controla-se a matéria prima e obtém-se o que se pretende;
B) Não se controla a matéria prima, mas gera-se aumentos brutais do preço do petróleo, que, dessa forma, já justificam que se inicie a produção em zonas “caras” para os preços anteriores ( Ex: Alasca).
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A partir de 1953, Mattei, após ter feito pressões sobre o poder político criou finalmente a ENI, como holding autonoma estatal, com subsidiarias divididas por areas de negócios.
O êxito foi tal, que possibilitou outras expansão: uma frota de tanques de transporte de combustível e o lançamento de estações de serviço “modernas” com restaurantes e outros serviços que não somente combustível a serem nela vendidos” – ultrapassando a norte americana Esso e a Shell, em qualidade e serviço ao consumidor.
Nota: não deixa de ser irónico que uma companhia estatal fosse mais dinâmica comercialmente que companhias provadas…
Construiu ainda centrais de refinação, uma empresa de refinação e fabrico de borracha, e uma companhia marítima própria com frota de petroleiros, para fugir ao monopólio de navegação e transporte, que as “sete irmãs” possuíam.
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Toda esta actividade de Mattei e da Eni começou a irritar os norte americanos.
Especialmente depois de saberem que Mattei estava a procurar diversificar as fontes de produção de petroleo; isto é, a procurar firmar acordos, com países produtores, para importar petróleo, mas com condições muito mais vantajosas para esses mesmos países produtores.
Em abril de 1954, Mattei procurou negociar com as 7 irmãs, uma pequena fatia, no Irão. Foi rejeitado.
Um ano depois Mattei estava a fazer um generoso acordo com o Egipto de Nasser, para extrair a partir de lá, e enviar o petróleo para as refinarias italianas. Tudo feito sem ser necessário “pagar” em divisas (isto é, dólares) por se fazer o mesmo, no mercado internacional.
Em 1957 Mattei iniciou negociações, de novo, com o Irão, oferecendo um negócio muito mais vantajoso. Propôs que a companhia iraniana de petroleos, recebesse 75% e a ENI 25%, através duma”joint-venture”.
Antes de Mattei, os negócios eram feitos, na base dos 50%/50%, o que possibilitava uma lucro colossal para as companhias e pouco rendimento para os países produtores( devido à natureza do negócio…).
Mattei veio destruir este desiquilibrio.
Pelo meio disto, em Itália, continuou – comercialmente – a exercer pressão sobre as sete irmãs, promovendo sistematicamente reduções de preços e melhorias no serviço ao cliente, procurando não só reduzir o que os italianos pagavam de combustíveis, mas também, procurando aumentar a “base de clientes”.
Uma das formas usada, foi através de “lobbying” contra o alto imposto sobre petróleos aplicado pelo governo italiano e do agrado das “sete irmãs”.
Em resultado disso, entre 1959 e 1961, o preço dos combustíveis em Itália caiu 25%.
Nota: compare-se com Portugal…actualmente…
Em 1958, Mattei realizou negócios com a Rússia, promovendo a construção de um oleoduto que atravessava a Italia, a Hungria, a Checoslováquia e a Polónia. O preço era de um dólar por barril, por oposição a comprar em preços à epoca normalmente e aproximadamente de 2.75 por barril.
A partir daí, Mattei foi alcunhado de “amigo de Moscovo”. *
Um mês após o oleoduto ter começado a bombear petroleo, Mattei morreu num muito pouco esclarecido acidente de avião. Suspeita-se de atentado.
KEYNESIANISMO E NEOLIBERALISMO NOS JORNAIS
Uma pergunta privada que me foi feita era a seguinte:
Todos os jornais têm apresentado as coisas como neokeysianismo vs. neoliberalismo. E os comentadores evocam longamente Keynes, Reagan (Hayek passou de moda). Existem alternativas para além destes dois?
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À propósito de uma conversa privada importa esclarecer o seguinte:
A teoria geral de economia proposta pelos astrólogos curandeiros económicos como explicação, diz que, em economia de mercado – pela própria natureza do mesmo – não existem falhas no que se oferece ao consumidor, devido ao mecanismo inerente à dinâmica da “oferta- procura”.
Isto acontece assim, precisamente por ser uma economia de mercado (por oposição à economia marxista-comunista onde não há mercado) onde existe uma local virtual ( o “mercado”) onde quem quer comprar se encontra com quem quer vender, e dessa dinâmica surge o acerto de preço do produto entre ambos e dá origem à lógica da oferta e da procura”.
A “Teoria média normal” de economia, (o principal expoente disto foi originariamente o senhor Paul A. Samuelson – o dos manuais (mas não só o senhor Samuelson) diz que, (1) não existem falhas do mercado; este é auto regulável; mas (2) quando ocorrem falhas, se por acaso elas ocorram, por divina intervenção, ou por “um azar”qualquer, isso ( a ocorrência de falhas ) deve-se a “uma excepção momentânea” ou “especifica” do tipo de mercado de que estejamos a falar, e não a um defeito do sistema.
Ou seja, o sistema económico segundo esta ideia está organizado segundo o óptimo de Pareto, que diz que:
Um Óptimo de Pareto (também conhecido com Eficiência à Pareto) corresponde a uma situação de afectação de recursos e/ou factores de produção ( para resolver problemas ou satisfazer necessidades ) que fazem ser impossível uma nova reafectação de recursos. Que origine uma forma de melhorar a situação de alguns consumidores sem prejudicar simultaneamente qualquer outro.
“Isto” acima é a “teoria média” e depois existem mais uns milhares de sub teorias e sub explicações.
Os mercados (isto é, os consumidores e os produtores/vendedores ) ajustam-se uns aos outros e todos vivemos felizes e contentes.
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O problema é que isto não acontece sempre assim. Esta teoria do ajustamento mutuo origina de Adam Smith no século 19, e do seu livrinho “História da Riqueza das nações, que era um esforço de explicar economia e mercados, mas também era uma teoria económica ideológica destinada a criar uma forma de organização económica que favorecesse a potência económica dominante – o Império Britânico.
Se se “implementasse” esta teoria, o que se dizia era que, a uma crise corresponderia uma “abundância” e consequentemente, a uma alta taxa de desemprego, corresponderia uma situação de pleno emprego.
Dessa forma, e segundo esta lógica, o Estado, apenas afectaria recursos para as funções (na época) conferidas ao Estado, porque os empregos e a demais vida social-económica se “autoregulariam”.
Isto era a conversa há 150 anos.
Nos anos 20 e 30 do século 20, por causa da Guerra mundial – a primeira – e por causa de a Grâ Bretanha ESTAR FALIDA em 1914, no inicio da Guerra Mundial, e após 5 anos de Guerra Mundial que geraram ainda mais dividas, deixando a Grâ Bretanha no final da mesma a dever aos EUA, a estonteante quantia de 4.7 Biliões de Libras esterlinas (mesmo a valores actuais isto é alto…), na Inglaterra o que começou a acontecer, foi que, as teorias (na altura apenas liberais, actualmente conhecidas por neoliberais) chocavam com a realidade.
Mesmo após uma guerra, e necessidade de reconstruir, a economia não gerava investimento e sobretudo emprego, que possibilitasse “ajustar a economia” de acordo com o que os “clássicos” (Adam Smith e o resto da fauna…) diziam que aconteceria.
E nas Universidades inglesas e americanas, continuava-e a dizer que a economia ajustava, isto mesmo quando lá fora, milhões de pessoas estavam desempregadas e existia recessão económica.
E não existia investimento público( obras, estradas barragens…) porque a teoria clássica dizia que não deveria existir investimento público porque o mercado auto regular-se-ia( vá-se lá saber porquê…)
E então o senhor Jonh Maynard Keynes, (e uma série de outras pessoas na altura), defendeu, num livrinho publicado em 1936, chamado” Teoria Geral do emprego, do Juro e do dinheiro” – uma obra fantástica que nem sequer está traduzida em português, creio…. – que o Estado Central deveria, para “gerar dinamismo na economia”, gastar dinheiro de impostos a mandar construir estradas e barragens, ruas e casas, para com isso criar emprego directo e indirecto e tirar a economia do fundo onde estava e combater o desemprego.
Também defendeu que o Estado, deveria garantir, horas de trabalho mínimas, benefícios sociais (salário mínimo, salário desemprego, assistência médica, férias obrigatórias, etc).
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E toda esta “lógica” gerava dois aspectos fundamentais na organização da economia.
Uma tendência para a descida das taxas de desemprego, que gerava quase sempre uma tendência para a subida das taxas de inflação.
(inflação: a subida continuada e regular dos preços dos bens ou das matérias primas ao dispor dos consumidores…)
(Deflação: a descida sistemática , regular , continuada, dos preços dos bens e produtos ao dispor dos consumidores, e uma descida dos salários dos produtores, a um ponto tal que provoca algo mais que somente uma recessão. Provoca uma deflação, com aumentos gigantescos de desemprego e de preços (numa primeira fase) para depois provocar aumentos massivos de preços (numa segunda fase)
Ou seja no Keynesianismo, normalmente há desemprego baixo, conjugado com inflação tendencialmente alta.
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Nota: o cenário “inflação” foi o que surgiu na Alemanha pós 1918, que rapidamente degenerou em deflação profunda, que rapidamente degenerou em golpes de estado, que rapidamente degenerou em Hitler.
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Nos anos 70 o século 20 (embora a coisa já venha mais de trás…) um conjunto de psicopatas liderado pelo senhor Milton Friedman, da escola de economia de Chicago, dedicaram-se à tarefa de explicar porque é é que o Keynesianismo falhava, e daí surgiu o monetarismo, ou seja, o neoliberalismo.
A partir daí o enfoque deveria ser nos Estados reduzirem o o seu peso( ou seja todas as tarefas a que o Estado se dedicava deveriam ser passadas para privados) e a prioridade da política económica dos Estados deveria ser a de garantir que a inflação ( subida continuada e regular dos preços) não se manifestasse.
Passou a ser, portanto, “aceitável”, que existissem quantidades enormes de desemprego numa economia. E o desempregado passou a ser o “culpado” de ser desempregado.
Não a organização da economia feita desta maneira.
Isto sucedeu, devido aos choques petrolíferos dos anos 70, em que – pela primeira vez- originaram uma situação em que a economia estava organizada sob moldes Keynesianos, mas coexistiam – simultaneamente – preços altos e altas taxas de desemprego (na América, mas não só).
E a economia americana estava completamente na sarjeta.
E daí surgiu toda uma nova teoria económica péssima, misturada com combate ao comunismo e com objectivos políticos, chamada neoliberalismo económico, que usa o discurso da “liberdade” para incentivar ao fim do salário mínimo, ao não investimento do Estado na economia, defendendo princípios de “Estado mínimo” e demais teoria conexas.
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Respondendo à pergunta lá em cima:
o que se está a passar , com donos de bancos, corretores, e demais fauna a roubarem descaradamente, tem alguma coisa a ver com Keynesianismo, ou até mesmo mesmo com liberalismo?
Conceder avais bancários estatais ao bancos privados é neoliberalismo?
Conceder avais bancários estatais são actos de investimento keynesianos?
Acho que não.
Dou um conselho: as pessoas que não percam tempo a escutarem as teorizações dos economistas e gestores que pululam pelas televisões. A remuneração que recebem para dizerem o que dizem foi paga por alguém.
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Este artigo foi escrito à pressa em meia hora. Reclamações não aceito.
Quem quiser Ópera, vá o São Carlos.