Archive for Fevereiro 2009
PORNOCRACIA- OU COMO A CENSURA EM PORTUGAL ESTÁ DE VOLTA
Por causa desta imagem de Courbet colocada na capa de um livro, que estava a ser promovido numa feira do livro na cidade de Braga, Portugal, no dia 25 de Fevereiro de 2009, alguém chamou a policia e esta apreendeu todos os exemplares do livro que se chama Pornocracia, da autora francesa Catherine Breillat.
O novo Portugal democrático agora é isto…
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Cite-se o blog Obvious:
Estávamos em 1866 e Courbet era já um pintor conhecido em França pela sua destreza técnica mas sobretudo pela sua atitude crítica e corrosiva em relação à sociedade e moral burguesas, que não perdia ocasião de afrontar. Courbet era um socialista convicto, arrogante e autoconfiante, é preciso dizer. No entanto talvez isso não baste para justificar a obra que realizou nesse ano e que havia de o celebrizar mais do que todas as outras. Ao representar frontalmente as coxas e o sexo de uma mulher, A Origem do Mundo abalou profundamente o meio artístico da época. E não só!
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O quadro é profundamente perturbador ou mesmo chocante. O incómodo sentido pelo observador ao olhar de modo tão directo para o sexo que ali se exibe ostensivamente é enorme. Há uma espécie de pudor, de vergonha quase instintiva que se revela em nós ao observá-lo. Mais do que violentar a intimidade do objecto retratado, o artista violenta o público. De resto, Courbet adorava fazê-lo embora nunca tivesse ousado ir tão longe. Porque se atreveu desta vez?
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Esta tela surge assim como um manifesto contra o academismo mas também contra a falsidade vigente na Arte e na Sociedade oitocentista. Representa a libertação definitiva do artista de todos os estereótipos! Significativo é o facto da polémica se ficar a dever ao tema e à forma como foi abordado e não às qualidades pictóricas do quadro – se estava bem pintado ou não. A Origem do Mundo foi uma obra inspirada, visionária talvez, um acto estético da maior importância e uma obra de arte de primeira grandeza. A Pintura Moderna talvez tenha começado aqui, com origem no sexo de uma mulher.
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A apreensão pela PSP, anteontem, de cinco exemplares de um livro com uma capa considerada pornográfica” – “Pornocracia”, de Catherine Breillat – era assunto obrigatório entre os visitantes, a maior parte dos quais contra a intervenção policial.
…É o caso de Bruno Mendes, para quem o incidente reflecte o estado actual do país: “Há cada vez mais descontentamento das pessoas, o que leva a mais acções de controlo por parte das forças policiais”. O jovem, que fez questão de se dizer de “direita”, estranha a acção da Polícia face ao livro em questão, pois “já vi que há outros com conteúdos e capas piores expostos por aí”.
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…É assim que se sente o livreiro António Lopes…“Sei que a PSP não recebeu ordens do Ministério da Cultura, mas a verdade é que se sentem, actualmente, à-vontade para adoptar medidas deste género”, critica.
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Importa perguntar:
e porquê – exactamente agora – se sentem à vontade para adoptar medidas deste genero?
A PIRÂMIDE – ISMAIL KADARÉ
Autor: Ismail kadaré.
Editora: Dom Quixote.
Na wikipedia:
O livro foi escrito em Paris e Tirana (kadaré é albanês); entre 1988 e 1992. Reflecte a visão do autor, em relação ao que viveu, antes dessa época e ao que estava a viver nessa época.
Para todos os que o leram ou o lerem agora, podemos, se fizermos um esforço comparativo ver como aquela realidade descrita por Kadaré há 20 anos não está tão distante.
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Kadaré desejava, acima de tudo, contar uma história acerca do totalitarismo.
Contudo é mais (muito mais) do que só sobre totalitarismo.
É, também sobre o poder; e toda a simbologia associada a esse mesmo poder. E de como isso influencia o próprio totalitarismo e as formas que este reveste, de país para país.
kadaré, ao escrever, para se proteger da rigidez totalitária estúpida da Albânia comunista situou a acção do livro no antigo Egipto. (3000 anos antes portanto).
Criou o enredo da narrativa centrado num problema político/de regime: a construção de uma pirâmide – dedicada ao Faraó Keops – que seria, simultaneamente, o túmulo deste, após morte, e uma obra simbólica feita em vida do Faraó, cujo objectivo seria o de servir para demonstrar todo o seu poder sobre o povo egípcio e por extensão, do próprio império egípcio, para os vizinhos.
Do ponto de vista da leitura, o livro não é nada simples; a tradução não ajuda, e está cheio de metáforas e alusões subliminares ao regime comunista albanês (isto é, a uma forma peculiar de totalitarismo), mas não só. Podemos reconhecer os “tiques” de poder de qualquer regime ali explicados.
E também reflecte a influência a algum do ambiente pré queda do muro de Berlim (1989), de que o autor se apercebeu estando ainda a viver na Albânia (Kadaré saiu algum tempo antes da queda e pediu asilo político em França); mas o que é interessante verificar, por análise comparativa, da leitura do livro, é como todos os mecanismos de poder totalitários de uma ditadura obtusa, também podem, pelo menos alguns, ser replicados e encontrados numa qualquer simpática democracia ocidental.
Como Portugal. Caso se preste atenção, bem entendido. Caso se queira prestar atenção, bem entendido. E independentemente dos partidos ou forças políticas que estejam no poder.
É um “estado das coisas” que Kadaré mostra e nos convida a pensar sobre.
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A história começa com o Faraó Keops a anunciar, poucos meses depois de tomar posse, que não deseja mandar construir nenhuma pirâmide, tal como os seus antecessores tinham feito.
Esta declaração política perturba o equilíbrio.
Os vassalos, servidores, cortesãos, funcionários públicos, enfim toda a fauna social, fica intensamente perturbada com a notícia.
Para sublimarem a preocupação há que encontrar uma explicação. E a explicação é passar-se a julgar essa atitude do Faraó como sendo uma manobra politica do Faraó, mas apenas feita, para testar a lealdade de todos a si, o recém nomeado Faraó.
Paralelamente a este hipotético teste que a sociedade julga ver, o anuncio da “não construção” cria um terrível problema filosófico e metafísico: como iria o Faraó subir até ao céu depois de morto, e levar a sua alma e as bagagens correspondentes, se não existiria pirâmide, como veiculo sagrado de transporte, para o fazer?
E é a partir destes dois pontos que kadaré demonstra como a perturbação entre a fauna cortesã de uma sociedade pode ser lançada – pelo “poder”.
Tal estado das coisas leva a que o Sumo-sacerdote, o Magico-astrólogo e algumas outras figuras da burocracia do Estado se afadiguem a convencer o Faraó de que deve ser construída a pirâmide.
Em baixo uma pequena transcrição de como o Magico-astrólogo tenta criar as bases do convencimento e da influência no Faraó. O Mágico astrólogo, primeiro, identifica o problema, quando em acto de pensamento e reflexão para si próprio:
“…o bem-estar, ao mesmo tempo que tornava as pessoas mais independentes, mais livres de espírito …as tornava, de igual modo mais reticentes à autoridade em geral e nomeadamente ao poder do Faraó….”
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Percebendo que o seu poder poderia ser posto em causa por não querer mandar construir a Pirâmide e depois de ser persuadido pela fauna de cortesãos (pelos interesses), o Faraó procura criar uma solução em que sinta ter sido ele próprio a encontra-la, (para fazer assim uma auto demonstração de poder) e para tal envia o Mágico-astrólogo para o Sahara para que este encontre uma solução que satisfaça os desígnios do Faraó.
40 dias depois este retorna e afirma ao Faraó que: “era preciso eliminar o bem-estar”
Kadaré demonstra que, no exercício de poder, muitas vezes, não é o soberano/ o ditador/ o líder que de facto comanda, mas sim, julga que comanda, apenas influenciado por “sombras” de interesses que pairam à volta.
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Para eliminar o bem estar, surge a ideia de que é necessário fazer algo:
Mas o quê?
“Algo de fatigante, de destruidor para o corpo e o espírito e absolutamente inútil. Ou mais exactamente, uma obra de tal forma inútil para as pessoas que se tornasse indispensável ao Estado…!
O resultado:
“…o soberano e os seus ministros chegaram …. À ideia de um grande monumento funerário. De um grande túmulo.”
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Esta ideia fascinou sobremaneira o Faraó.
E dessa forma, o “novo” edifício principal do Egipto já não seria um templo, nem um palácio real, mas um túmulo. Progressivamente, o Egipto identificar-se-ia com este, e este com o Egipto. (o nacionalismo de mãos dadas com o poder…)
O Faraó fala – para simbolizar o facto de ter decidido tal – e diz:
“A pirâmide será construída. Será a mais alta de todas. A mais majestosa.”
É o “poder” simbólico do Faraó a manifestar-se.
E após o Faraó falar – uma metáfora do poder e do totalitarismo, aplicada de forma prática – surgem os éditos reais a notificar o povo da construção.
O povo alegre ?!?! por o dia finalmente ter chegado – o início da construção da pirâmide – tem esta manifestação:
– “As pessoas saem dos templos, aliviadas. Como somos felizes, diziam, por termos a nossa pirâmide.”
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No livro decorrem acções paralelas. São explicadas as descrições das decisões técnicas dos arquitectos, a inveja dos embaixadores estrangeiros, a abertura e construção de estradas, necessárias para transportar os enormes blocos de pedra, vindos de barco Nilo acima, a escolha das pedras, o deslocamento dos funcionários públicos para sítios remotos para supervisionarem os trabalhos…tudo se descreve, para mostrar um grande elefante totalitário em movimento.
Assim é-nos dado a observar o simbolismo de toda uma burocracia a movimentar-se ao serviço de uma fachada de poder totalitário.
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Também existem os pormenores cómicos e irónicos: os boatos e as conspirações que dão origem a afastamento sucessivos de responsáveis pela construção, as manobras da policia secreta…
Ou quando se passa à construção propriamente dita, onde todas as pedras são numeradas e tem um nome atribuído.
A meio da construção keops exige ser colocado mais acima (o seu túmulo) no interior da pirâmide:
“Mais alto – disse ele com voz abafada – ainda estou muito abaixo.”
“Compreendo, majestade – respondeu o arquitecto – chefe”.
“- Quero ficar no centro – declarou keops”
“-Compreendo, Majestade.”
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Kadaré ironiza profundamente sobre o “aspecto humano” dos ditadores, por intermédio de interposta personagem – o Faraó Keops. Este, a determinada altura sente melancolia e tristeza por saber aproximar-se o fim da construção e reflecte “humanamente” sobre isso:
“As vezes arrependia-se de ter martirizado o Egipto daquela maneira!…
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Tudo isto também misturado com os problemas com os linguistas do reino e com os filhos de Keops, bem como uma, de várias conversas alucinantes, de Keops com o Magico-Supremo:
“o seu corpo conhecerá um fim, a sua alma nunca! ”
Mais uma metáfora para o poder e para o facto de os líderes políticos, passado algum tempo de estarem rodeados de pessoas que lhes dizem apenas sub-verdades agradáveis, se tornam completamente autistas para com a realidade, e são sempre bajulados com promessas de intemporalidade da sua obra…
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Também existem crónicas, brilhantemente macabras, acerca da construção usando as pedras numeradas:
“Centésima nonagésima segunda pedra. Da pedreira de Abousir. Nada de especial”.
Ou:
Antepenúltimo degrau, da nona à quinta pedra, segundo o relatório do gabinete de controlo.
“…a sétima pedra …a pedra negra, a má…as causas do deslize permanecem misteriosas …mas ao nível do nono degrau, a queda acelerou. Foi para lá do décimo segundo que começou a esborrachar as pessoas…ao todo 90 mortos, sem contar com os feridos.
Ou:
“Sexta pedra…ainda que tivesse feito vitimas, parecia um anjo comparada com a anterior. Por isso chamaram-na de pedra boa.”
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Também existe a descrição “vista de fora”. Frustrado pelo facto de ter siso enviado para um local que não queria, e devidamente pressionado incentivado pela sua sexualmente activa mulher, o Embaixador da Suméria consola-se através de um devaneio sexual analítico:
“Ela acariciou-lhe a barriga, depois o sexo. Reparava que, cada vez que enviava para a sua capital um relatório no seguimento do qual aumentava a esperança de ser nomeado ministro dos negócios estrangeiros, o sexo dela se molhava”.
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Após conclusão da “obra do regime” , o Faraó procura “interrogar-se” e “saber” qual o “sentido” metafísico da construção. Kadaré ironiza com as tentativas de auto justificação que todos os protótipos totalitários demonstram após acções deste tipo.
Procurando “saber” interroga o Mágico acerca da pirâmide. E o Mágico responde:
— “Se construíste o maior túmulo do mundo é porque a tua vida é suposta ser a mais longa que se já se conheceu À face da terra. Nenhuma outra sepultura este poderia albergar.
– Eu sofro – disse Keops.
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Após a obra concluída, os ladrões de túmulos roubam a pirâmide; um dos filhos do faraó é morto pelo irmão, para no futuro reinar e poder ter também a nova grande honra de construir mais uma Pirâmide, e os historiadores querem exumar o corpo do irmão morto, mas tal não lhes é permitido.
(Metáfora do poder totalitário ou democrático que se auto preserva de “olhares estranhos”…)
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É um livro algo datado, sobre totalitarismo e poder, e visando acima de tudo cravar estacas e acertar contas no comunismo albanês.
Contudo, quem resistir à leitura verá que é apropriado para reflectir sobre os tempos que correm, os tempos do medo diferente, … e onde a subversão da democracia é uma constante, tentando-se, sub-repticíamente, impor regras aparentemente democráticas (mas que não o são…) com uma regularidade constante.
Nota final: O livro será, possivelmente, difícil de adquirir, dado que foi publicado pela dom Quixote em 1994.
Contudo está acessível em bilbiotecas públicas.
O COMPORTAMENTO DOS DEPUTADOS PORTUGUESES
Como se comportam os deputados portugueses?
Uma pergunta aparentemente disparatada. Somos induzidos a pensar – na nossa boa fé – que os deputados portugueses se comportam como gente decente e bem preparada, na sua generalidade.
Representam a República, o povo, a nação.
Pessoas de “maior qualidade” política e pessoal.
Depois aparece a realidade.
De facto e pelo que se percebe pela notícia do Diário de notícias de 05-05-2008, os deputados portugueses para legislarem sobre um qualquer tema precisam de recorrer a sites “abusivos”…
No que reflecte, aliás, o abuso de legislação que vemos surgir…
E será que o site em baixo também é um site abusivo?
Em circunstâncias normais sentir-me-ia lisonjeado e agradado por terem existido deputados, presumivelmente, que teriam feito buscas no blog.
No entanto, isto apenas demonstra a “bandalheira completa” daquela gente, que para perceberem questões relacionadas com o currículo de Sócrates e de Francisco Louça, necessitam de andar a fazer buscas pela Internet, em vez de verem internamente os currículos das pessoas.
Já para não falar na ideia andarem pelos blogs a ver o que se diz sobre Sócrates/Louçâ…
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Quanto ao site e ao servidor de correio electrónico é mesmo da Assembleia da Republica.
Transcreve-se em inglês a indicação na página dos servidores Colt.net acerca do assunto.
“…pt.colt.net is a domain controlled by two nameservers at pt.colt.net themselves. They are on different IP networks. Incoming mail for pt.colt.net is handled by one mailserver also at pt.colt.net. cegoc.pt, sybase.pt, ogilvy.pt, carris.pt, acnielsen.pt and at least eleven other hosts share nameservers with this domain. presidencia.pt and presidenciarepublica.pt share mailservers with this domain. 7.pt.colt.net, 1.pt.colt.net, 59.pt.colt.net, 27.pt.colt.net, 24.pt.colt.net and at least nine other hosts are subdomains to this hostname. colt.net is a domain controlled by three nameservers at colt.net themselves. Some of them are on the same IP network. Incoming mail for colt.net is handled by four mailservers at colt-telecom.com. All of them are on the same IP network. colt.net has one IP record.”
Precisamos de 230 deputados para que alguns deles andem a vasculhar blogs em busca de informação que os próprios já deveriam saber?
Precisamos de 230 deputados para que alguns deles brinquem aos “sites abusivos”?
É isto que é “democracia”?
OS BLOGS SÃO ANALISADOS ( BBDO )
Uma imagem do meu stats counter que mostra que alguém enviou um mail da agência de publicidade BBDO para outro alguém, ou da mesma agência (presumivelmente) o para outro local, mas pessoas ligadas à publicidade.
E isto significa o quê?
Várias coisas, desde logo.
(1) Que, em busca desesperada de informação e de “feedback”, as agências de publicidade vasculham blogs e sites, em busca de opiniões acerca do que quem escreve em blogs e em sites tem para dizer.
Não só por questões profissionais, (estarem “atentos” ao mercado) mas também porque estão a começar a reconhecer a crescente importância dos blogs e dos sites, no que toca à “qualidade” dos mesmos e à “validade” das opiniões neles expressas, bem como ao medo de que os criadores de sites e blogs, possam “perturbar” o mundo idílico da má publicidade em que se vive e que é comummente aceite como sendo muito boa.
(2) Mas também demonstra o estado de estar completamente “fora de jogo” por parte das agências de publicidade. A necessidade de ir buscar feedback exteriormente, desta maneira, demonstra que se afastaram completamente do que o publico consumidor quer ou espera de produtos.
Não só a BBDO, mas qualquer outra agência de publicidade.
Há um “corte” entre o que é apresentado e aquilo que os consumidores querem.E são nestes pequenos pormenores que se percebe o “corte” entre duas realidades. (Valha a verdade que se diga, que parte desta culpa não é exclusiva das agências de publicidade, mas dos clientes delas, que devem exigir e fazer pressões absolutamente incríveis relativamente à forma como se deve publicitar ou lançar um produto…)
Não sei se a página que eu fiz a falar do lançamento do Phone-ix, que era uma critica altamente desfavorável, correspondia a uma campanha de publicidade que a BBDO tinha feito.
Daí terem reparado nisto.E estarem eventualmente chateados…
Mas o post não tinha a ver exclusivamente com a BBDO. O post foi publicado aqui, em Dezembro de 2007, embora até tivesse sido feito uns seis meses antes.
A dada altura do anterior post escrevi isto:
“…Na realidade e deixando as ironias de lado isto significa que os CTT estão colocados numa posição extremamente frágil no mercado.”
Escrevi isto em 2007.
Estamos em 2009.
O Phonix, telefone móvel dos CTT pegou no mercado?
(3) É apenas pela veiculação de opiniões desfavoráveis, quando o devem ser e favoráveis quando o devem ser, que isso permite várias coisas.
A) desde logo uma sociedade mais livre onde o consumidor pode livremente opinar desfavoravelmente sobre produtos de que não goste.
B) E permite às empresas, caso queiram aprender, poderem melhorar o que fazem.
C) E é melhor para a economia como um todo que estas coisas se saibam.
(4) Portanto que não se pense que a opinião de uma qualquer blog e site, por mais pequeno que ele seja, não conta para o campeonato.
Conta e conta sempre mais do que aquilo que o “fazedor do blog ou site” pensa que conta.
É a veiculação de uma ideia pública de oposição a algo, que combate a vaidade auto complacente de quem estrutura as coisas da maneira que são estruturadas.
Isto é válido também para outros aspectos da sociedade e naquilo que todos teremos que começar a fazer para combater a crescente totalitarização da sociedade – o crescente caminho para uma distopia totalitária com que nos querem enganar chamando-a de sociedade democrática.
EXPOSIÇÃO DARWIN – GULBENKIAN – 13 FEVEREIRO DE 2009
O que está em baixo são as imagens em exclusivo para este blog, dos convites da exposição Gulbenkian sobre Darwin. Frente e costas.
( Extraordinário! Após este marco fenomenal, já posso fechar o blog – nada mais resta a atingir…)
Obtive estes convites quando contactei um soldado de um exercito morto que conheço que mos facultou. Porque era uma exposição que “estava muito gira”.
E como estava muito “gira” fui até lá no dia designado.
E o estado do que é Portugal estava ali em todo o seu esplendor. Ou deverei escrever esterco?
Algumas das pessoas mais idiotas e superficiais que representam efectivamente o que é a sociedade portuguesa pavoneavam-se.
Das poucas pessoas que ali estavam para efectivamente, ver a exposição, eu era uma delas.
O resto eram os costumeiros mirones que aparecem nestas alturas e pedem convites que lhes são dados para fazerem isso mesmo: aparecerem.
Sendo a Gulbenkian um Estado dentro do Estado tal é normal. Também é normal, nas cerimónias de Estado, aparecer um alto dignitário da igreja (expressão irónica) para “benzer a coisa”.
Excepto em exposições sobre Darwin. Nota a recordar…
E como a Gulbenkian é verdadeiramente um Estado dentro do Estado, os cortesãos apareceram vindos de todos os lados.
Desde o ministro da cultura rodeado de gente, a “jornalistas da cultura”; “estilo fashion”, a meninas de escolas particulares ainda vestidas com a farda…
Mas deu para observar “clinicamente” a fauna e flora do local. Senhoria de 40 anos a quererem parecer ter 25, com vestidos de noite e colares de pérolas, gente altamente bem vestida que se notava que estava ali para “aparecer”;resplandecente, tipos que pareciam ser do Bloco de esquerda, que tinham o aspecto por contraste dos anteriores referidos (vi um com um cabelo à Marco Paulo, esse nacional cançonetista dos anos 80, e com o bónus de ter um bigode, uma das figuras mais ridículas e estranhas que já vi na minha vida) e tudo isto, misturado com o pessoal “queque” e cheio de pergaminhos que vem assistir a concertos de música clássica.
Uma salada russa incongruente…
Uma jovem “na moda” conseguia ter uma saia e um resto de corpo, cuja roupas tinham 6 tonalidades de cor diferentes, mala que levava excluída, e mala essa que ainda tinha mais duas cores diferentes.
Uma abacaxi-manga-maracujá com pernas…
Uma fauna heterogénea e heteroclítica, ortorómbica e triclínica…
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E como sempre em Portugal uma exposição que deveria começar a ser inaugurada às 7 horas da tarde começou perto das nove da noite.
Antes, pelas 4 horas da tarde, começou a existir um “beberete” , um lanche cocktail, um “get together” para que a fauna pseudo cultural pudesse aceder os faustos do império decadente.
Depois veio o rei mor deste espectáculo chacina.
O senhor Aníbal Cavaco silva, uma pessoa que de cultura nada tem, próximo da Opus dei, a organização anti Darwin por excelência, que conseguiu ocupar numa visita privada a exposição, conseguiu ocupar, escrevia, quase uma hora.
E o que era para começar à 7 da noite deu para eu percebesse, o porquê de não ter começado, quando sai do local as 8.15 da noite e vi a “comitiva a sair“. Iria começar quase perto das 9 da noite.
1500 pessoas aglomeravam-se como se fossem saldos, uma qualquer black friday do corte inglês, para entrar numa porta pequenina, à vez, para irem ver a exposição, que era vista em 5, talvez 10 minutos e saiam para a rua por uma outra porta da Gulbenkian.
E quando eram 9 e 5 minutos da noite perante o vislumbre de 200, talvez 300 pessoas ainda em espera para entrarem para a exposição, uma das pessoas que mais destoava daquele ambiente (isto é, eu) saiu nos seus ténis cinzentos e de casaco verde camuflado, para a rua, para ir apanhar o autocarro mais mais próximo (que horror, que proletário…) e ir para casa.
É verdade. Não vi exposição nenhuma e estive à espera dela…quase duas horas inteiras.
Ok, não me enganam mais.
Quando os exércitos de burocratas mortos se manifestam em viagens com séquito atrasado, verificamos que existem diferentes gradações na burocracia, e diferentes graus de competência na corrupção do sistema.
Mas deu para ver as peças de porcelana à venda do Amadeo de Sousa Cardoso – 5 chávenas, 60 euros, ou os pin´s sobre o darwinismo, 1.5 euros… e outras maravilhosas coisas mais, excepto o Elefante vindo da Índia, lá pelos idos de 500 e o livro de Darwin que deu origem a isto tudo…
Mas garantem-me que a exposição vale a pena.
De facto vale, mas a inaugurações em Portugal – de “cultura cultural”- não vou mais.
E como classificar as senhoras que se equilibravam em saltos de 20 centímetros e conseguiam andar com cara séria?