A UNIÃO NACIONAL DE CAVACO SILVA
Existem Estados socialistas.
Existem Estados comunistas.
Existem Estado democratas.
Existem Estados liberais.
Existem Estados Totalitários.
Existem Estados falhados.
Existem “não Estados.”
E existe Portugal, o Estado a que isto chegou.
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Quando um regime político está a dar as últimas, o que os seus principais responsáveis fazem é apelar ao “povo” para que este “resolva” os problemas que os seus principais responsáveis políticos criaram e que criaram conscientemente.
Há uns dias inseri um post sobre o patético e miserável pedido de apoio a imigrantes feitos pelo senhor Cavaco Silva, um dos grandes responsáveis pelo estado actual das coisas. Mas que espera que todos nos esqueçamos disso. Chamava-se, Portugal, Cavaco Silva, emigração e a mediocridade de um regime.
Estava este post relacionado com a patética tentativa de “enganar emigrantes” convencendo-os a virem investir e depositar dinheiro em Portugal.
Depois de anos seguidos a fio, se incentivar um discurso e uma prática política anti Portugal, de se dizer que “agora não existem fronteiras”, “estamos inseridos num vasto espaço europeu ou mundial” , “estamos integrados na economia mundial”; agora que as coisas estouraram, recorre-se a métodos do passado com apelos patetas aos imigrantes para que ajudem o país.
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A coisa é no entanto pior.
Em 2008 (Jornal Destak) dizia o senhor o seguinte e importa notar como é – esta linha de discurso – perversa.
Mas reveladora de muita coisa.
Deve-se “valorizar” os 5 milhões de pessoas que vivem fora (a questão de saber-se porque é que foram obrigados a viver fora, não é mencionada…) mas ao mesmo tempo deve apoiar-se a internacionalização das empresas portugueses (por internacionalização das empresas portuguesas entenda-se que estas devem sair de Portugal e venderem ou criarem empregos lá fora).
3 anos depois diz-se que (a partir do post já anteriormente ligado)
Um Portugal que se sente legitimado para pedir o apoio dos portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro tem de estar à altura de responder às necessidades desses mesmos portugueses e de tudo fazer para promover a sua ligação ao país”.
Juntando uma coisa a outra deve-se depreender que os imigrantes portugueses deverão mandar dinheiro para Portugal para continuarem a “sustentar” o actual estado de coisas.
Paralelamente, e em “troca” o país irá responder às necessidades destes mesmos portugueses (uma frase totalmente oca e sem significado verdadeiro nenhum), e ajudá-los a serem inseridos num esforço de promoção da sua ligação ao país.
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Mande dinheiro para Portugal.
Em troca oferecemos gratidão e dizemos-lhe que você está ligado a nós.
Fique muito feliz com isso.
Como se pode recusar uma oferta tão boa? (Estou a ser irónico…)
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Seria de esperar que o dinheiro solicitado fosse para “ajudar” a criar DIRECTAMENTE empregos em Portugal, mas verifica-se que não.
O pedido de dinheiro e de ajuda aos cinco milhões de Portugueses é – conclui-se isso – para que ajudem o “regime” – não o país, que regime e país são coisas diferentes, note-se – a manter-se à tona.
O objectivo: evitar motins e uma alteração do regime; ajudando a manter as pessoas “calmas ” e controladas, enquanto as empresas portuguesas alegremente se internacionalizam e criarão empregos “fora de Portugal”.
Isto é um excelente negócio, para as empresas portuguesas e para certos interesses financeiros cá dentro do país e aqui cita-se um excerto de Pedro Fontela:
” Há vinte e muitos anos que todos os sectores da elite empresarial/política tentam convencer a população portuguesa que o caminho a seguir era o da eliminação do Estado enquanto elemento económico e que qualquer plano que vise garantir qualquer autonomia local é mau a não ser que se entenda por economia local não a criação de riqueza e bens usando os nossos próprios recursos mas sim a preservação dos magnatas de origem nacional – que alegremente nos vendem a todos a vários governos e interesses de fora por menos de 30 moedas de prata…”
e nós todos – a população portuguesa – ainda pagamos impostos para termos um caixeiro viajante travestido de Presidente da República para falar e defender coisas que são completamente contrárias aos nossos interesses…
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E em 2008, relacionada com 2009 e o Orçamento de Estado, (Jornal Destak) o mesmo Cavaco Silva continuava a apelar à “União” (vamos safar as pessoas “ricas” que estão com problemas…) embora desta vez num discurso interno, virado para dentro do país. Parece que era necessário:
…“procurar mobilizar todos, responsabilizar todos” para que seja possível ganhar “confiança acrescida para enfrentar os obstáculos” que existem pela frente….”
De facto isto é fenomenal.
E cito CJT em directo do Fractura.net
... É necessário que as associações patronais desçam à terra e abracem a causa como iguais, a bem da sociedade. É necessário que os representantes sindicais estejam aptos a tomarem decisões em consciência, pelos e para os trabalhadores. É necessário que os trabalhadores sejam instruídos no que ao estado da empresa respeita. É necessário, por fim, que o governo fiscalize activamente as manobras das empresas e das instituições de crédito que, à boleia da crise, parecem ganhar oportunidades para lidarem com a sociedade do trabalho como muito bem lhes apetece.
É necessário, em suma, que aconteça tudo o que Cavaco teria impedido que acontecesse ao tempo em que era governo.
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Descontando a ironia óbvia (Cavaco Silva nunca impediu NADA quando era governo…) o mesmo CJT tem um lema no seu blog que se aplica com propriedade ao discurso de Cavaco silva de “União nacional”.
“If you can´t dazzle them with brilliance, baffle them with bullshit“.
Tradução a martelo: Se não consegues deslumbrá-los com brilhantismo, surpreende-os com tretas que parecem verdades.
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