DISSIDENTE-X

CRISE FINANCEIRA AMERICANA – AS TEORIAS “MAINSTREAM”QUE A EXPLICAM?!

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A lista completa de artigos relacionados com este assunto pode ser encontrada na página da barra lateral ” Z – Crise financeira norte americana”

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As teorias que explicam a actual crise são muito definidas e são apresentadas como sendo muito definitivas.

Tem como características principais (1) a ocultação do caminho a seguir e o (2) propósito de desviar as pessoas do caminho a seguir, caso não se caia, previamente, na armadilha da ocultação.

(1) A ocultação deriva do facto de não se questionar – com a aplicação destas teorias explicativas – a análise e a escolha de quais os modelos económicos (mas dentro do capitalismo, como sistema…) que se podem e devem escolher ou ter a possibilidade de o conseguir fazer.

Um exemplo de “ocultação” será sempre aquele em que se colocam “as coisas” de quem faz criticas, como sendo uma escolha que se quererá implementar, (a existirem eventuais  mudanças) entre capitalismo e marxismo.

(2) o desvio do caminho a seguir significa que se defende que não deverão existir nenhumas mudanças em relação ao que está: que será apenas uma questão de “expurgar” de dentro do sistema os maus elementos e criar novas práticas de funcionamento, mais reguladas e assentes na lei.

Um exemplo de “desvio do caminho a seguir” será aquele em que se colocam as coisas como sendo apenas um problema de regulação dos mercados, regulação essa que falhou, sendo portanto, de novo necessário, regular…ainda mais e melhor…

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Como tal, o discurso médio (falso e mainstream)  que está a ser criado e desenvolvido pelos principais agentes da propaganda (orientados para a manutenção do statuos quo) e que visa explicar as causas da actual crise baseia-se no facto de tudo isto ter acontecido porque existiu um “acidente” dos mercados.

E as razões para esse “acidente” dos mercados foi o facto de  (1) existirem maus pilotos a a comandar a nau “mercado” ou (2) existirem pessoas corruptas e gananciosas que produziram inúmeras decisões irresponsáveis  – uns quantos intervenientes dentro do mesmo, que “perderam o norte” e se desviaram das boas práticas do mercado, levando ao “acidente”.

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Por este tipo de “razões explicativas”, os problemas de mercado actuais – de economia, apenas são explicados, (quando se fala da América) derivados somente das acções de Alan Greenspan, da Reserva federal americana, da falta de regulação feita pelos reguladores, e das agências de rating, dos bancos comerciais,etc.

Nota: em Portugal a teoria é mais deliciosa: a crise é “internacional” e nós (isto é, os governantes portugueses) nada tem a ver com isto. Os defeitos são internacionais e por via disso, quem governa cá, pode produzir o seu próprio discurso mainstream explicando que nada pode fazer para resolver problemas cá, porque a crise é internacional…

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Todas estas razões (Greenspan, agências de rating,etc…) são verdadeiras e concorrem para os problemas mas são também um sub produto de outros questões que ninguém quer  mencionar, quando observamos os actores do  discurso “mainstream”.

Os outros problemas são a proposição e a posterior efectivação de uma alteração do capitalismo – do seu modelo e das definições de como este passou a operar e a ser praticado especialmente à partir dos anos 90.

E foi esse constante “evoluir” deste novo mecanismo de organização do capitalismo mundial que gerou os resultados que temos agora.

E o que temos agora é um “mecanismo” novo de modelo de mercado.

Baseado num numa organização da sociedade destinada a obter o engrandecimento total do poder financeiro, e numa constante (no caso dos EUA) ajuda e apoio mutuo entre as entidades reguladoras americanas e o poder financeiro.

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Uma das técnicas que possibilitaram que este “novo mecanismo” se afirmasse e implantasse foi  a “afirmação da legitimidade” .

Os principais intervenientes basearam as suas ideias e aplicaram-nas pela força, apoiados no facto de afirmarem que quando falavam e o seu discurso fluía para “as massas” o estarem a fazer  armados com um conceito totalmente abstracto que é o facto de “estarem a propor e a falar dotados da “legitimidade do mercado”. (Sendo que era a ideologia do livre mercado ou do laissez faire era o que estava por detrás como legitimação…)

Esta ideologia pressupõe como conceito e ideia que o “mercado” será uma entidade abstracto onde  compradores e vendedores se reúnem acertando um preço pelos produtos que vendem e compram. E que são muitos vendodores e muitos compradores, regulando-se lá a si mesmos.

Na realidade, os principais interesses financeiros norte americanos, que depois se estenderam a outros países, nunca o praticaram.

A tendência para cartelização e para “acordos” e fusões entre bancos começou a ser cada vez maior, reduzindo-se o numero de actores no mercado.

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(1) Nos círculos demo- liberais – social democratas (em Portugal o Partido Socialista, aparentemente, está nesta área…) uma sub teoria alternativa para explicar isto surge, e argumenta que os centros de poder – um qualquer governo ou uma qualquer zona económica financeira de um dado país (os EUA, por exemplo) foram “corrompidos” ao nível das mais altas esferas, por uma avassaladora teoria económica que seria uma deturpada ideologia baseada no  mercado livre selvagem ou no laissez faire.

(2) Uma outra sub teoria alternativa que se apoia nesta anterior – nos EUA, surge e deriva da extrema direita como ideia intelectual; afirma que o problema era a ideologia por detrás do conceito laissez faire (tradução: não existiria regulação) enquanto que o que era necessário era “pensamento de mercado livre” (tradução: deve existir alguma regulação nos mercados).

Nota: é espantoso como, em Portugal,  o discurso do PS, relativamente a este assunto está próximo do que será o discurso médio da direita mais à direita nos EUA, que defende “alguma regulação”…

Postas a coisas nestes termos, imediatamente somos levados a pensar que o problema é apenas um de:

– Que tipo de regulação aplicar;

– Quanta regulação aplicar;

– Como aplicar e em que áreas;

E depois partimos contentes com estas pseudo soluções encontradas, para mais problemas…

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O problema não está nos (1) métodos a usar nem nos (2) modos de regulação.

A questão está em saber se se quer um sistema económico em que (A) existe um sistema de concessão de crédito que o concede visando aumentar capacidade do sector produtivo e dos particulares para investirem e produzirem ou se se quer um sistema económico em que (B) existe um sistema bancário – financeiro organizado para subordinar e fazer depender todos os outros sistemas dele, visando criar uma expansão total do capital através do capital.

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