CONCENTRAÇÃO DE BANCOS EM PORTUGAL
Um dos problemas de Portugal e dos portugueses é o facto de – dizem-nos os adeptos do liberalismo na economia – existir “pouca concorrência” nos mercados. Notícia Público – Economia, dia 28 – 05 – 2009.
Isto é, existirem poucos concorrentes nos mercados. E o responsável do Deustche Bank, o banco que despoletou juridicamente a crise financeira norte americana, vem dizer-nos que é bom existir pouca concorrência no mercado. E importa perceber porquê…
(1) É inevitável. Porquê? O responsável do Deustche Bank não diz. E aponta o caminho: absorção ou fusão das instituições mais pequenas.
São aquelas instituições que ocupam os mesmos pedaços “pequenos” de mercado que o Deustche Bank também ocupa.
Fazer publicidade em causa própria é a nova medida de ética.
(2) Fusão das instituições mais pequenas. Entre si, ou com o Deutsche Bank? E por que preço? E por qual quota de mercado a atingir? E quem assume as dividas das instituições mais pequenas? São as instituições que faliram, ou são as outras instituições mais pequenas que não faliram?
(3) Um modelo de negócio mais tradicional é que é necessário ter “mais escala” ou seja, mais tamanho”. Porquê, mais tamanho? Para ocupar que mercados?
Se os bancos portugueses – mais pequenos – estão “entalados” entre os bancos portugueses maiores (estes tem uma quota de mercado à volta dos 85%) então para quê ganhar “escala”?
Para expandir para o estrangeiro? Bom, mas se o bancos portugueses normais não conseguem sair de Portugal, porque seriam os pequenos a fazer isso? E como se ganha quota de mercado, mesmo fundindo-se bancos pequenos com bancos pequenos?
Para expandir em Portugal? Há a questão das sinergias, mas isso não explica ( nem de perto nem de longe) tudo…
Então quem pode beneficiar com isto? O Deutsche Bank, que poderá eventualmente, num determinado futuro comprar um banco eventualmente fusionado (e com um tamanho ajustado aquilo que o Deutsche Bank pretende (adquirir) do mercado português) resultante destas propostas que o seu responsável apresenta….
(4) No ponto 4 que escolhi, o responsável do banco alemão em Portugal tem um leve acesso de marxismo económico. Manifesta-se perguntando qual é o numero de bancos necessário para que as “coisas funcionem”. Julgava eu, que era o “mercado” que determinava isso.
É o mercado que determina isso, excepto quando o Deutsche Bank, não tem quota de mercado que lhe permita crescer (A) organicamente, ou (B) por aquisições e fusões de concorrentes.
Aí o mercado afasta-se para a barra lateral. E entra o intervencionismo retórico, em conferencias do Finantial Times – interesses estrangeiros a fazerem pressão sobre o mercado português…
(5) É claro que são os bancos mais pequenos que sofrem com as condições do mercado, porquê? TBTF (To big to fail – demasiado grandes para falharem) era o mantra que rebentou recentemente com alguns bancos grandes – todos eles maiores que o Deutsche Bank.
Portanto é “claro” porquê? Porque um director regional do Deutsche Bank o diz?
E acreditamos nele porquê?
(6) E diz-nos o ex-director do impostos que voltou para o BCP, que será visível a redução do crédito destinado a particulares e sobretudo, no sector imobiliário.
Os bancos cortam a torneira, não porque seja “visível” a crise do crédito, mas pura e simplesmente porque já estão cheios de perdas nos balanços e não querem mais.
Mas estão a indicar-nos que “acabaram de abortar” contra a vontade de qualquer governo eleito futuramente, qualquer ” ideia leve” de recuperação económica.
Indicam que estão completamente contra a corrente propagandística do actual governo que fala de recuperações económicas que estão a vir.
E indicam que os mais de 2 biliões de euros injectados nos bancos portugueses por causa da crise (de um pacote total disponível à volta dos 20 biliões de euros) afinal não serviram para aliviar a torneira da concessão de crédito.
Os bancos querem as coisas como estão. O seu poder aumenta com as coisas assim, e mais condiciona qualquer governo eleito.
(7) Crescimentos de crédito na área dos dois dígitos ao ano não são desejáveis. Resta dizer, que quem quis ter crescimentos de crédito na área dos dois dígitos foram …… todos os bancos?!?!? ……que se lançaram na concessão louca de crédito por todos os lados.
Ø
De um ponto de vista da “concorrência” o que o responsável do Deutsche Bank esta a postular, dizendo isso ao estado Português; é que o numero de concorrentes no sector bancário ainda deve ser mais reduzido do que aquilo que é.
São as ideias de uma certa “elite financeira e capitalista mundial” que estão aqui plasmadas. Redução dos números dos concorrentes locais, para que os grandes bancos mundiais, possam “ocupar espaço” e salvar as mais recentes perdas que tiveram.
Logo, é necessário “expandir à força” e o Deutsche Bank necssita disso devido às perdas que ainda tem devido à crise financeira norte americana.
“Expandir à força”= persuadir através de órgãos de persuasão (o Finantial Times) veiculando a mensagem que “há crise no sistema, reduzam, os actores…
Ø
Qual é o interesse nacional que é defendido, pela redução do numero de bancos comerciais a operar no mercado?
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