CAMPANHA PUBLICITÁRIA PINGO DOCE – DUDA PROPAGANDA
A empresa de publicidade banha da cobra brasileira chamada Duda Propaganda decidiu expandir-se para o mercado europeu. Conseguiu um bom contrato – uma conta – junto da Jerónimo Martins/Pingo Doce supermercados para ser o organizador da campanha de publicidade deles.
Desde o dia 7 de Outubro de 2009 que uma campanha publicitária arrancou nas televisões, com um “filme institucional” de 90 segundos.
Tudo no filme é péssimo.
O Pingo Doce/Jerónimo Martins (a gestão) está desesperada por aumentar as vendas e aceitou uma solução proposta pela Duda propaganda em que esta se torna “sócia” do Pingo Doce e receberá as suas comissões em função do sucesso da campanha.
Só isso explica que aceitem que a sua marca dê a cara por uma campanha muito, mas muito má.
Ou isso, ou um desejo de suicídio comercial.
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O filme está cheio de clichés e estereótipos de como um brasileiro “vê” Portugal. Retratando um país imaginado que nada tem a ver com a realidade.
E mesmo que tivesse a ver, não se percebe em que é que isso diz respeito ou chamará a atenção das pessoas para o Pingo doce e para comprar lá.
A música é horrível.
O tempo de duração é demasiado longo.
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A empresa não sai nada bem tratada deste filme. Os sorrisos de plástico das pessoas retratadas como sendo empregados da empresa contrastam com a realidade quando se vai a qualquer loja Pingo Doce: pessoas que rangem os dentes (1) esmagadas pelos baixos salários que auferem e (2) pelo ritmo de trabalho intenso muitas vezes trabalhando em duas secções ao mesmo tempo; uma só pessoa; ou (3) trabalhando mais horas do que o horário normal.
Os sorrisos de plástico das pessoas que fazem de clientes são também uma raridade quando se vai a uma loja do Pingo Doce.
Quem fez este anúncio nunca fez compras em lojas do Pingo Doce.
O tom estupidamente feliz de todo o conjunto é absurdo, especialmente quando se mostram muitos empregados a atender clientes; coisa que quem vai ao Pingo Doce sabe não ser verdade, durante a maior parte do tempo em que lá está.
Não adequar a mensagem publicitária (mostrando) à realidade danifica a imagem da empresa.
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O tom nacionalista, mostrando a bandeira portuguesa num anuncio de uma empresa que pretende apenas aumentar as vendas e que tem accionistas estrangeiros é de mau tom e um gozo; uma forma de aproveitamento do patriotismo e de “encostar” a empresa a um nacionalismo, que não consta a empresa ter, nem consta ter tido.
Visa dizer-nos, enquanto consumidores, que deveremos comprar no Pingo Doce porque eles são portugueses; enquanto que parte da gestão e 80% dos produtos, provavelmente, são de origem estrangeira.
Ninguém autorizou o Pingo Doce a ser mais patriota que os outros. Ou a julgar ser.
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É ainda mais incompreensível que a gestão do Pingo doce tenha aceite esta coisa, quando a empresa, antes disto, fazia (1) bons anúncios e que tinham uma (2) lógica coerente por detrás.
Obviamente decidiram que a técnica “quanto pior, melhor” é o futuro e a solução.
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Quanto ao “lema” do Pingo Doce:
“Sabe bem pagar tão pouco”
apenas reflecte aquilo que se pagará aos funcionários do Pingo Doce: pouco, muito pouco.
A gestão do Pingo Doce, provavelmente, tem “orgulho” em pagar pouco aos seus funcionários – chamarão a isso “racionalização dos custos de gestão corrente”.
Mas concerteza virá a pagar muito à Duda Propaganda por esta “coisa” estrambólica que os “Dudas” fizeram.
Disclaimer: não trabalho na área, não elogio campanhas dos adversários.
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