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Archive for Maio 2010

CTT: UMA GESTÃO PERFEITAMENTE SEM RUMO

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Recentemente, a administração dos CTT decidiu fazer qualquer coisa que justifique o facto de serem a administração que foi colocada ( por sorteio?) a gerir a empresa.

Decidiu “inovar”, neste contexto entendido como o acto de fazer aquilo que se julga ser “inovação” no transporte e entrega de correio.

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Uma das formas de inovar é fazer uma gestão perfeitamente sem rumo.

Onde outros observam gestão sem rumo, a administração dos CTT vê um caminho a seguir e com vantagens.

Baralha e confunde as empresas concorrentes que ficam “perplexas” e “estupefactas” com aquilo que julgam ser alguma nova inovação de gestão dos CTT e … apressam-se a copiar.

Os  concorrentes caminham todos pela mesma bitola de mediocridade.

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A mais recente inovação da gestão perfeitamente sem rumo consiste na existência física de dois carteiros a distribuírem correio ao mesmo tempo, nas mesmas ruas, às mesmas horas.
Isto é  o novo “cânone” do que é a “inovação”.
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Existe uma razão “cientifica” para existirem dois carteiros a distribuir correio.

Um deles distribui o correio de casa das pessoas.

O outro distribui cartas de “empresas”.

O principio da especialização do trabalho de Adam Smith, no seu pior.

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O carteiro que explicou esta gestão perfeitamente sem rumo é de nacionalidade portuguesa e está há 14 anos na empresa.

Entrega as cartas ” de casa” das pessoas.

A carteira que entrega as cartas de empresas é de nacionalidade brasileira e está há 3 meses a fazer este serviço.

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A ideia da gestão perfeitamente sem rumo é a de tentar criar a existência de uma situação de conflito que possibilite despedir os carteiros “com anos de casa”.

Existe manifestamente menos correio de particulares a ser distribuído pelos correios  e pelos carteiros que o distribuem (e que são “efectivos).

Ao retirar-lhes, também, as cartas de empresas serão mais tarde ou mais cedo considerados “dispensáveis” por f”manifesta falta de  serviço para fazer.

Enquanto que a outra correspondência de empresas será distribuída por pessoas a contrato ou recibos verdes, ou até subcontratadas.

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Graças à gestão cientifica perfeitamente sem rumo feita por profissionais altamente especializados esta empresa está a caminho de desaparecer.

Ou de tornar-se pequena e irrelevante, diluída numa gestão perfeitamente sem rumo.

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Desta forma, assim se cria uma necessidade de mais eficiência, presume-se que “privada”.

É necessário gerir mal, primeiro, para fortalecer as condições de privatização, depois.

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Written by dissidentex

31/05/2010 at 16:13

O CORTESÃO PORTUGUÊS; essa sub espécie não reconhecida pelos biólogos…

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O cortesão é uma figura “histórica”. Nasceu nas sociedades de tipo monárquico ou feudal.

O cortesão era uma pessoa que frequentava as cortes ou os locais de reunião de figuras que eram consideradas poderosas ou que eram mesmo poderosas.

O cortesão cultivava o acesso sistemático aos que eram considerados poderosos. Em troca, estes esperavam que o cortesão passasse imenso tempo em redor deles, apaparicando-os.

Como retorno, o cortesão tinha “acesso a informação” e a prestígio.

Os cortesãos não eram todos nobres e existia “ascendência no mérito”; baseada em quem era melhor cortesão; melhor apaparicador.

O cortesão representava ou deveria representar uma hierarquização social própria de sociedades antigas e obsoletas no seu processo político, sociedades baseadas na legitimidade não democrática e num sistema de sociedade primitivo e primário.

Tendo entrado na Idade moderna, nada mais natural do que esperar-se que o cortesão desaparecesse como relíquia do passado que é; precisamente pelo desaparecimento dessas sociedades de relíquia.

A um sistema defunto e enterrado deveriam corresponder os seus excrementos em cemitérios de cortesãos mortos.

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No “antigamente”, a corte ocidental mais famosa era a francesa no seu auge e a oriente a corte de Pequim, maior que a corte francesa, mas ainda mais  isolada da população e com o seu exército mandarinato cortesão.

Nestes viveiros de continentes diferentes e épocas históricas assimétricas,  cultivavam-se  colheitas imensas de cortesãos especialmente seleccionados.

Cortesãos desprovidos de sinceridade, praticando a arte da adulação, a intriga ambígua e amoral, o apaparicamento como forma de vida e desprovidos de qualquer conceito de interesse nacional pululavam como ervas daninhas num qualquer jardim feudal ou monárquico da época.

Na época actual, existe um país que cultiva uma cópia ridícula do mandarinato chinês e do isolamento  da corte de Pequim.

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A cópia ridícula e incompetente das versões antigas originais é o actual ambiente fétido, corrupto e putrefacto que circula ao redor, por cima, e por dentro da classe dos jornalistas, dos políticos, dos assessores,  da maioria dos professores universitários, dos meios de comunicação social e as relações incestuosas e apaparicadoras de todos eles com o poder económico.

Written by dissidentex

30/05/2010 at 17:55

SOCIETÉ DU SALON

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A “Societé du salon” francesa do séc. XVIII é um processo de estabelecimento de um conceito de civilização.

Esse processo ocorreu no meio ambiente adequado; o “salão”, onde convivas  “elegantes” debatem e discutem.

Para  fazer usam uma nova e refinada moral, uma linguagem de onde se destaca o bom uso da mesma; e uma estética de galanteria e glamour.

No século 17, até se tornaram um paradigma da criação literária.

Contudo, à medida que estes “valores” surgiam sobre o comando de Richelieu (um lógica de contra poder) e mudavam para o de Luís XIV (uma lógica de poder dominante); iniciam um processo de rigidifícação.

A sociedade da discussão como prazer elegante, dá o lugar a sociedade ritualizada em todas a suas actividades.

O modelo do “homem galante” dá lugar ao modelo do “homem honesto”, que cultiva uma “arte da medida para se adequar a todas as situações”.

Um cortesão.

A progressiva “especialização” dos salões, transforma-se em “academias” .

Cujo objectivo é a preparação de um “gosto clássico”.

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A Societé du salon do século XXI em Portugal não é o processo de estabelecimento de um conceito de uma civilização.

Os salões não tem glamour, nem são frequentados por homens honestos ou elegantes.

São ecrãs de plástico ou de plasma os salões do século 21. E neles ocorrem as “discussões”.

São discussões entre auto nomeados aristocratas.

Essas discussões  não visam ter ramificações ou consequências reais fora dos plasmas do século XXI.

Nem é suposto que a plebe – a quem os plasmas debitam constantes diálogos de salão –  faça algo mais do que observar em pose bovina e concorde cheia de entusiasmo – que este é o seu fardo imutável para carregar.

Nem sequer existe a preparação de um conceito de “gosto clássico”.

Written by dissidentex

02/05/2010 at 18:07

Publicado em SOCIETÉ DU SALON

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