Archive for the ‘BLOGOSFERA PORTUGUESA’ Category
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Por vezes tem-se surpresas muito agradáveis. A minha querida amiga Fátima Cordeiro ( também conhecida por Sabine) que eu, aliás não conheço pessoalmente, (sorte a dela…) decidiu voltar a fazer um excelente blog. Isso que dizer imediatamente que a qualidade da blogosfera irá aumentar.
Normalmente não recomendo blogs, mas aqui vou abrir uma excepção.
Uma vez que a Sabine faz blogs muito bons e agora após um ano e meio de inactividade concluo que ainda estará melhor a fazer blogs.
Não conseguindo eu ter palavras capazes para explicar o que é o blog da Sabine de uma forma satisfatória, decidi pedir a opinião de dois especialistas, dois grandes amigos meus com os quais já tive enormes debates intelectuais.
Estando os dois actualmente com um tempo livre no meio dos seus inúmeros afazeres, decidi contactá-los e pedir-lhes para darem uma espreitadela no blog novo da Sabine e dizerem da sua estimada e douta opinião, o que acham do conteúdo e do blog.
Falei como o meu querido amigo e estimado mentor o Professor Doutor Javali de Sousa, pedindo-lhe a sua opinião.
O Javali ( Jav para os amigos) estava no Nepal, num congresso sobre “Fúria Budista e a sua simbologia externa”, mas acedeu a consultar o blog da Sabine e a passar-me as suas primeiras impressões.
E enviou-me o seguinte:
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De: Javali De Sousa e Silva.
Olá, ped…Dissidente-x. Que raio de nome gastronómico fostes arranjar, rapaz. Lembra-me os alemães de leste que atravessavam o muro de Berlim a salto com a polícia política a persegui-los… cheios de fome sem poderem comer Strudlles e Borchst … Olha, lá, então aquelas gueishas no Japão, no bar “Okinawa”, em frente á Sony Tokyo, que eu te deixei da última vez que nos encontramos? Como é que te deste com o assunto?
E os requeijões com suhsi que comemos? Ahh, aquilo é que foi. Divinal. Pantagruélico! Mas voltando ao blog da tua amiga (ahhh, grande agaranhao…não perdes uma…) vislumbrei-o, e tenho que dizer que a decoração é algo triste. Lembra-me aquele restaurante Gótico quando fomos à Conferência sobre o Vlad, o impalador na Roménia em que insistiam em servir-nos morcego em oleo de amendoim, o raio dos romenos….
E por acaso isso recorda-me aquelas louras de litro e meio na feira de artesanato de Beirute patrocinada por aquela milícia … já não me lembro o nome… e das tuas dificuldades de estomago? Que grande feira foi essa… Mal posso esperar para lá voltar com bombardeamentos e tudo…
Mas o blog pareceu-me muito bom. Existe uma alusão à carta 77 no nome o que indica que temos um blog de intervenção. E como detectei isso? Pelo nome do blog, onde existe a expressão Sabine 77. Existe Jornalismo e do bom ali, especialmente com o roteiro gastronómico.
O que aliás me lembra um restaurante muito interessante em Oudagodou. no Burkina Faso que se chamava “choco 77”, onde me serviram umas entremeadas regadas com cerveja Laurentina muito boas. Até tive prisão de ventre nesse dia, eu que tenho um estômago de aço.
Hás-de perguntar, ò Ped…ehhh Dissidente, se a tua amiga é conhecida do dono do “Choco 77” de Oudagoudou, no Burkina Faso. É que se era, deixo já de gostar dela.
O dono do Choco 77 de Oudagoudou era um cefalópode do pior… então não é que Insistia em abandonar o serviço, porque causa das tropas rebeldes que estavam a dois Km de distãncia durante o Golpe de Estado que derrubou o Presidente, e dos disparos de morteiros e não me queria servir mais cerveja fresquinha… que bárbaros este Burkinas…
Mas continuando a minha análise, ao conteúdo do blog, pareceu-me, que a decoração deixa algo a desejar. Uns pratos de frango frito na barra lateral e umas imagens de pernil de porco alentejano iam mesmo a calhar para dar um ar comestível ao estabelecimento.
Dizes-me meu caro amigo, que a caixa de Alvarinho com 24 garrafas de litro e meio ainda não seguiu no voo charter? Confirma-me por favor, para eu tomar providências e mandar comprar três caixas de Vodka… Voltando ao blog da tua amiga (ahh, garanhão) pareceu-me ser um blog de jornalismo e sociedade muito bom, onde falta somente um toque de gastronomia. E uma caixa de herdade do esporão talvez.
Gostei bastante do artigo sobre a China – o arroz de cantão com o pato à pequinês, regado com um Chardonnay 77, é uma excelente escolha desse blog. Digno do Guia MIchelin…
Portanto caro Dissidente, deste Javali que muito te estima, digo-te meu caro amigo que o restaurante blog da tua amiga parece ser um sitio muito interessante para tomar uns cocktails e comer uns rojões de porco preto.
Como prova da minha estima, deste Javali que te adora, desde que te peguei ao colo quando tinhas 2 anos e deixaste um presente nas fraldas, já te enviei a Tsingtao especial de dois litros, com 15% de álcool e uma ligeira mistura de acido clorídrico oriental.
E adeus até ao nosso banquete anual de 7 dias, do teu querido Professor Javali de Sousa, aqui no Nepal. Dá cumprimentos à tua mãe e ao senhor Zé do restaurante “o Carrapato Azul” de Abrantes. Comi lá uns lombinhos de porco regados com tinto da casa que nunca mais esqueci.
Do teu querido ex-professor Javali de Sousa. Um abraço fraternal e gastronómico!
Nepal, cozinha do “Nepalese Rhinocerus”, um local divinal onde se serve rinoceronte no prato, recheado com marmota frita e assado em lamparinas de fogo lento, 2008.
♣
Bom… confesso que o meu ex-professor é um senhor muito bem disposto e que tem um peculiar apetite gastronómico e que não era bem esta a apreciação que eu lhe pedi, mas existirão outras alturas em que falarei com ele…
O outro meu grande amigo que convidei para prestar depoimento é o Engenheiro Hieroglífico dos Santos, um especialista em engenharia que conheci e que se tornou meu grande amigo.
Pedi uma análise ao Engenheiro Hieroglífico dos Santos,que estava a supervisionar os trabalhos de reparação de uma ponte sobre uma falha tectónica, que persistia em cair, mas nos intervalos das quedas dos tabuleiros, enviou-me a seguinte mensagem escrita:
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Dissidente:
Sabes que comigo tudo é claro. Sou simples, concreto e preciso. A engenharia a isso obriga1
Afirmo que a miríade rubicunda ejectável que emana é palmípede. No blog, nota-se uma contracção libertária cuneiforme simbólica e visual de influências de leste, possivelmente Checoslováquia ou Marrocos. A influência das estruturas estéticas é definitivamente Le Corbusier período tardio.
Contraindo a memória, questiono-te flechando como um relâmpago alado. Tens vislumbrado nos teus arredores a figura obliqua losangular do poltrão do Javali de Sousa? Esse imberbe canavial sociológico que me demandou um quadro do Alvar Aalto e nunca me o retornou, no intervalo da duas cervejas aerodinâmicas que tomamos no bar do hotel “O Cangalho sociológico” em Aveiro?
Deste lado da vida onde flutuo a pairar como uma insuflação divina, o Alvar de manhã, injecta-me de faculdade criadora e sinto os bancos de jardim com um ar náutico.
Subtiliza perante a donzela a necessidade de mais vida ortográfica textual, que junte a harmonia da cor e luz ao núcleo contrastando assim perante o fundo baço espelhado do décor visual retro pastoso.
Do teu querido engenheiro Hieroglífico dos Santos, um homem simples com palavras simples e concretas, bem haja e um grande abraço, Dissidente-x.
Dá cumprimentos à senhora tua mãe e regurgita palavras ao senhor daquele restaurante em Abrantes, o “Carrapato triangular azul”, porque a esquadria da parede leste está desviada 2 milímetros da base do pilar central. Ele que rectifique isso!
Um abraço rectilíneo deste Hieroglífico que tanto te estima.
Linda a Velha, Agosto de 2008
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Bom, e perante estes magníficos textos dos meus dois grandes amigos, O professor Doutor Javali de Sousa e o Engenheiro Hieroglífico dos Santos, sinto-me esmagado e nada mais posso acrescentar a não ser que visitem o
http://www.sabine77.wordpress.com,
um muito bom blog sobre jornalismo e sociedade e que decerto ainda ficará melhor com as sugestões/conselhos do Javali e do Hieroglífico.
Agora vou comer qualquer coisa que fiquei com fome.
LIVRO BLOGUES PROÍBIDOS – O CONTEÚDO.
Ontem escrevi sobre o Livro “Blogs Proibidos”, do jornalista Pedro Fonseca e sobre a capa.
Hoje, é sobre o conteúdo propriamente dito do livro.
O livro é escrito em 2007, e versa, principalmente, sobre 6 casos de liberdade de expressão vs difamação.
Dois dos casos na minha opinião, não são sobre isso. Um desses dois é um caso que, manifestamente, não tem o mesmo grau de importância dos outros discutidos no livro.
O livro está dividido em 6 partes e apresenta 6 casos principais, embora um dos capítulos dê mais exemplos de mais blogs regionais alvo de perseguições e forçados a fechar.
De um deles, o último não irei alongar-me.
Os seis casos referem-se aos Blogs
- Freedom to copy (desactivado)
- Abrupto (activado, mas é como se não esteja)
- Diário de um jornalista (Desactivado)
- Do Portugal Profundo (Felizmente activado)
- Chicken Charles – o anti herói( Fechado)
- Muito mentiroso. (Fechado e ainda bem)
1.Freedom to Copy.
Este blog produziu posts onde afirmava que o senhor Miguel Sousa Tavares tinha plagiado um livro de 1976, escrito por Dominique Lapierre e Larry Collins, chamado Cette nuit la Liberté. O blog surgiu a 20 de Dezembro de 2006.
O blog citava várias partes que teriam sido supostamente plagiadas e fazia comparações. Três dias depois do blog estar aberto o Correio da manhã descobriu o blog, veiculou o assunto e fez a defesa de Sousa Tavares. Sousa Tavares (MST) por pura estupidez ou aproveitando-se da situação começou a fazer uma campanha contra o anonimato em blogs e a prestar declarações públicas sobre o assunto em entrevistas a jornais.
O assunto extravasou e desenvolveu-se.
MST fez uma queixa crime contra anónimos e afirmou que suspeitava de duas pessoas; uma um escritor falhado e outra um militante do bloco de esquerda. Pelo meio atacou a blogosfera em peso.
Página 13 do livro do Pedro Fonseca:
” Por seu lado MST indignou-se novamente afirmando que” um blog não pode ser uma manifestação de liberdade se não houver liberdade.Assim é “mera libertinagem”, defendendo que “não devia ser possível abrir um blog sem o autor estar devidamente identificado.”
A blogosfera reagiu criticando MST especialmente porque nessa altura na China policiava-se blogs e bloggers activamente duramente.
A coisa arrastou-se para outros blogs e para os jornais desembocando numa polémica quer na blogosfera, quer nos jornais, criando também uma guerra entre o Provedor do leitor do Público, e duas jornalistas do mesmo jornal.
Dos seis casos este é dos mais interessantes pelos contornos do mesmo e também porque dá para perceber como certas pessoas estão mal habituadas a que se questionem os seus pedestais honoríficos – mesmo que os métodos utilizados para o fazer sejam péssimos.
2. Abrupto.
Este é – de longe – o menos interessante caso.
Devido uma falha de serviço, do Blogger, conjugada com as mexidas no template do mesmo feitas pelo amador Pacheco Pereira, conjugadas com um hacker que se aproveitou do tráfego do blog para realizar dinheiro com os cliques nos anúncios que instalou, tudo se falou. O que se passou foi que o blog de Pacheco Pereira era substituído a dadas hora do dia por um falso blog Abrupto.
O capítulo todo são apenas as citações cronológicas das mensagens/posts pelo senhor Pereira a queixar-se de que a pátria estava em perigo por o Abrupto estar a ser atacado, num discurso de completa vitimização e falando em invejosos ( todos são invejosos dele, na cabeça do senhor Pereira).
É evidente que não é agradável que alguém veja o seu blog a ser ocupado, mas as reacções de Pacheco ali transcritas são algo de incrível…
Pacheco “pagou” aos inúmeros bloggers que deram sugestões e ajudaram a resolver o problema ou a minorá-lo escrevendo posteriormente artigos nos jornais e no blog criticando bloggers, o anonimato na blogosfera, e a qualidade do que se fazia, muito do qual feito por alguns dos bloggers que o ajudaram com sugestões. Aprendam.
Nunca se soube exactamente o que se passou, porque P.Pereira não forneceu informações, relativamente ao deslindar do caso.
Página 51 do livro Blogs proibidos
“a confidencialidade garantida pelo autor do Abrupto não permite qualquer resposta credível”
Penso que este “assunto” foi também inserido porque o nome Pacheco Pereira é o que é, mas é claramente dos 6 casos o de menor importância.
3. Diário de um Jornalista.
Este era um blog de jornalistas do jornal “o Primeiro de Janeiro” e visava contar o que se passava dentro do Jornal.
Era feito a várias mãos e originou o despedimento dos jornalistas que nele escreviam.
Como cita na Página 56 o Pedro Fonseca:
“Pode a liberdade de expressão num blogue servir para despedir pessoas? A inquietante pergunta teve uma resposta cabal em 2004”.
Este capítulo é bastante interessante porque faz uma viagem histórica. Descreve vários despedimentos nos EUA, não só de jornalistas, mas também de funcionários de empresas, que, por escreverem em blogs, quer durante as horas de expediente, quer não; quer não mencionando a própria empresa, quer mencionando foram despedidos.
Explica a origem do termo “Dooced”- uma senhora chamada Heather Hamilton que foi despedida da empresa onde trabalhava como web designer por escrever num blog chamado DOOCE.
No Diário de um Jornalista o que causou celeuma, mesmo entre jornalistas, era o facto de terem sido escritos artigos – explicado pelas pessoas que escreviam neste blog à troco de publicidade a empresas. Ou seja, publicidade metida dentro de artigos. Em troca as empresas que faziam estas práticas metiam publicidade no jornal.
As limitações à independência jornalística são óbvias.
O debate depois passou para os blogs de jornalismo e para os jornais. Tudo explicado cronologicamente no livro.
Tudo isto também relacionado com o facto de existirem pessoas com o curso de jornalismo, carteira profissional, etc mas que faziam (fazem) trabalho que nada tem a ver com jornalismo.
Página 62
“os delegados comerciais contactam as empresas ou as instituições ou entidades a estarem presentes num determinado trabalho e , em troca de um valor pago em publicidade, o jornal oferece-lhe um espaço redactorial, no qual os responsáveis dessas empresas podem falar do trabalho que fazem e dos projectos que tem.”
Acho que se percebe…
4. Do Portugal Profundo.
Este é um caso de um blog em que existiu uma clara ameaça á liberdade sendo usadas as forças policiais e o aparelho de justiça estatal para o fazer.
Página 69.
“Sete horas, ainda de noite. Bateram à porta. Sem medo, ainda meio estremunhado, abro. Três vultos. O primeiro diz:
– polícia judiciária de Leiria. Temos um mandato de busca da sua residência.”
António Balbino Caldeira (ABC), o autor do blog tinha escrito posts sobre o caso Casa Pia, denunciando existir um conluio entre diversas e determinadas forças na sociedade relativas à pedofilia.
Determinadas a provar que ele não tinha razão nenhuma, tinham duas opções: (1) ignorá-lo ou (2) persegui-lo.
Mesmo que ABC, não tivesse razão nenhuma a forma como foi esclarecido o assunto foi esclarecedora.
E foi constituído arguído pelo crime de desobediência – pelo crime de ter reproduzido as peças processuais do processo Casa Pia no blog.
A tese de defesa de ABC foi a de que não tinha sido notificado (verdade) para não reproduzir as peças processuais.
Daí a levarem-lhe computadores pessoas, e utilizarem 3 mandatos de busca e apreensão em 3 casas, uma das quais a da sua mãe, vai uma grande distância.
Após ter sido absolvido, o Ministério público – uma entidade que funciona paga pelos nossos impostos – decidiu recorrer da absolvição.
Foi de novo absolvido. Uma parte do texto dos seus advogados de defesa é publicada neste livro de Pedro Fonseca. Onde se pergunta porque “é que vários jornais que também fizeram o mesmo que ABC – publicar excertos do processo, não foram alvo de buscas”.
5. Chicken Charles -o anti herói.
Este é também um dos casos mais interessantes e que revela o que é o poder dos presidentes de camara deste país.
Existiu um blog na Covilhã chamado “Chicken Charles- o anti-herói”. O personagem principal do blog era um galo – uma metáfora supostamente aplicável ao Presidente da Covilhã, um senhor chamado Carlos Pinto. A Covilhã era retratada como um galinheiro nesse blog. O autor ironizava com o senhor Carlos Pinto sem nunca o referir directamente.
Depois verificou-se que em 2006, após queixa, a polícia judiciária – paga pelos nossos impostos – andou a alocar recursos para verificar quem era o autor do blogue que incomodava de forma tão cruel o senhor Carlos Pinto.
Entretanto, o senhor Carlos PInto conseguiu receber uma chamada anónima que dizia que o autor do blog era uma determinada pessoa.
O senhor Carlos Pinto, não aceitava criticas “anónimas” feitas num blog, mas aceitou recorrer a uma denúncia anónima para identificar uma pessoa nomeando-a, sabendo perfeitamente que ao fazê-lo estaria a criar problemas à pessoa e a divulgá-la publicamente.
Mais a mais quando depois veio a saber-se que não era esta a pessoa que escrevia o blog Chicken Charles.
Também é interessante verificar – O Pedro Fonseca fez isso – que o autarca simples humilde e honesto; um verdadeiro homem rústico e campestre foi defendido pela PLMJ – uma das duas sociedades mais poderosas de advogados deste país e que não saem nada baratas.,..
Este capítulo é um dos mais interessantes porque fala de muitos outros casos de blogs quer cá, quer lá fora, que foram forçados a encerrar por divulgarem situações relativas a autarquias e empresas.
6. Blog muito mentiroso.
Este foi um blog dedicado à contra informação e à desinformação sobre o caso Casa Pia. Não vou por isso – pelo assunto – explicar uma vez que o Blog veiculava coisas falsas em paralelo com coisas verdadeiras, criando a confusão em quem lia acerca da verdade e da mentira. Mais tarde comprovou-se através da judiciária que o computador de onde era feito pertencia à Cofina, entidade que é dona do Correio da manhã. Embora a Judiciária não tivesse aparecido Às 7 horas da manhã na Cofina com o mandato de busca e apreensão como aconteceu com o senhor António Balbino Caldeira—
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O livro Blogues proibidos é uma compilação/cronologia versando 6 casos, embora um dos capítulos- o do Chicken Charles mencione inúmeros outros casos “mais pequenos”. É interessante como análise e documento histórico do fenómeno. Também é interessante do ponto de vista de quem nada saiba de blogs e do que se tem passado nos últimos 6 anos – é uma boa introdução ao assunto.
LIVRO BLOGS PROÍBIDOS – o bom Marketing da capa.
SEGUNDA PARTE pode-se encontrar – blogs Proibidos – o conteúdo.
Como cheguei ao conhecimento de um livro; agora republicado e reescrito após texto por mim feito num outro blog há perto de um ano atrás.
Este artigo (Uma parte hoje, outra amanhã) é dividido em duas partes.
A primeira parte do texto é sobre publicidade. A segunda parte é sobre o livro e o seu conteudo propriamente dito.
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Uma imagem bem produzida pode ajudar imenso a vender um produto. Neste caso um livro. Compare-se algo bem feito em termos de conceito, e de design, perfeitamente adaptado ao produto e compare-se com a generalidade do que se vê por aí.
Esta imagem ao lado foi retirada, do blog “Marketing de Busca – o senhor SEO.
(Publicidade Lateral: à vontade, mas à vontade, um dos 10 melhores blogs portugueses em termos de conteúdo )
Há perto de um ano atrás ( 16/17 Julho 2007) entrei no Marketing de Busca. Posteriormente estava com este aspecto. Inicialmente (imagem em baixo) onde estava o logotipo verde “Especial presidência europeia” estava a imagem “blogs proibidos”.
Quando entrei com este formato que se vê ao lado – a imagem do livro colocada no lado direito do blog; chamou-me imediatamente à atenção. Porque a imagem é (era) extremamente forte – esta imagem vale pelo menos 500 exemplares vendidos mesmo que o conteúdo do livro não valha nada.
Quem desenhou isto pensou muito bem na concepção de capa. Existem duas referencias poderosas nesta capa: o adesivo vermelho e a palavra blogs escrita a branco, bem como a conjugação das cores, destas duas cores, que é extremamente poderosa.
O adesivo vermelho simboliza censura e está colocado em forma de “x” para simbolizar impedimento de falar, liberdade ameaçada… É um vermelho suficientemente carregado para chamar à atenção e suficientemente discreto para não ser berrante e cortar o efeito.
A palavra a branco ( blogues) é a segunda mais poderosa imagem na capa/logotipo. Precisamente porque, como está colocada em contraste num fundo castanho/bordeaux sobressai mais.
A expressão “proibidos” consegue-se perceber também. Devido a quem escolheu a “Fonte” das letras ter escolhido algo de muito miudinho, mas suficientemente visível e que não colide em contraste (suponho que a ideia era essa) com os outros aspectos da capa.
O colarinho branco tem várias funções: associar o blogger ( proibido, censurado, perseguido), a alguém “novo”, “profissional das novas tecnologias”, dinâmico, etc, indicando, na realidade, qual o alvo demográfico/de público, da edição do livro, (embora obviamente existam bloggers muito mais velhos, note-se). Tem ainda outra função adicional: também serve de contraste; colocar uma segunda parte de branco, que assim não torna toda a capa aos olhos de quem vê demasiado escura, logo mais invisível e “cinzenta”.
Esta capa é muito boa porque é muito, mas muito poderosa como imagem. Eu, que sou uma das pessoas mais adversas à publicidade e à imagem e normalmente vejo o que se quer e rejeito, em relação a perceber o que quer ser-me vendido ou não, confesso que cai imediatamente nesta.
Ao entrar no blog Marketing de busca, disparei imediatamente, para a caixa de comentários ao lado da anterior colocação desta imagem.
E inseri um comentário perguntando ao António Dias, qual era a razão de ser da imagem, alguma campanha a favor da liberdade de bloggers, etc.
Nem sequer carreguei em cima da imagem. O enorme poder de atracção da imagem levou-me directo à caixa de comentários pensando que era algo novo lançado pelo blog Marketing de Busca ou alguma campanha a que o blog tinha aderido.
Era algo de novo, só não aquilo que eu pensava. Mas o efeito estava atingido. A imagem captou a minha atenção.
Sob o ponto de vista publicitário esta imagem passa com distinção. Num mundo de capas banais, cheias de Margaridas Rebelos Pintos na capa com ar sonhador de quem pensa em caixas registadoras; aqui optou-se por criar uma imagem poderosa, sóbria, extremamente apelativa, que, caso o conteúdo do livro valha menos que a imagem, mesmo assim garante que as pessoas, algumas, de certeza, comprarão e/ou abrirão o livro, ou falarão dele, etc.
É uma imagem – também – extremamente “aproveitadora” da situação actual – é o que se chama uma venda de oportunidade( à época) aproveitando a situação que se vivia em Portugal, na Blogosfera, com dois blogs e um jornal processados por delitos de opinião.
O mais espantoso desta imagem, é outro pormenor que aconteceu comigo. Normalmente são as imagens colocadas à esquerda de quem vê, especialmente num ecrã de computador, as mais “olhadas” em primeiro lugar e as mais vistas – as que chamam imediatamente a atenção.
Contudo esta imagem era tão poderosa que quando estava colocada no lado direito do Marketing de Busca (1º imagem em cima) conseguía ainda ser mais poderosa do que colocada no meio do Blog. Porque a imagem colocada sozinha – em qualquer ponto – é assassina. É um “assassino em série de marketing. Lembra aquelas arvores que secam tudo ao seu redor.( Tanto que o António Dias depois mudou-a naquela altura…e actualmente já não está lá obviamente…)
Já aqui nesta imagem da capa do livro, verifica-se que apesar da capa completa ser mostrada alguma da força da imagem lá em cima – naquele contexto específico – se perde. ( O que quer dizer que esta imagem de capa ainda é mais forte colocada entre quaisquer outras imagens)
Precisamente pela colocação de texto entre o titulo em branco/bordeaux “blogues proibidos”e a definição dos blogs em questão. Contudo ainda existe “poder” de atracção nesta capa. Quem a fez teve o extremo cuidado e rigor de seguir a linha de cores ou seja, repetir o branco, o vermelho e o bordeaux entrelaçados com uns sinais de “proibido”, mais um delicioso pormenor que faz logo perceber que a pessoa que fez esta capa, tem elevado sentido estético e faz associar estes sinais ao título/conteúdo do Livro.
Amanhã: Blogs Proibidos – o conteúdo.
PROPAGANDA E A ARTE DEGENERADA
Entartete Kunst – literalmente Arte Degenerada – foi a designação que o regime nazi da Alemanha deu genericamente à arte moderna, a toda aquela que não fosse figurativa, imitativa, realista ou tradicional. Nesta classificação incluíam-se sobretudo as obras vanguardistas da pintura e da escultura de carácter abstracto, surrealista ou expressionista. Os autores destas “aberrações” eram, segundo os nazis, alegadamente judeus bolcheviques – uma ameaça, portanto – e, consequentemente, sujeitos a sanções de vária ordem, como interdição de expor, de dar aulas, de vender as suas obras, etc. Estamos a falar de artistas como Wassily Kandinsky, Marc Chagall, Max Ernst, Paul Klee, para citar apenas alguns dos mais conhecidos. Mas a Arte Degenerada não foi só isso.
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A expressão Arte Degenerada foi habilmente difundida pelo ministro da propaganda de Hitler, Josef Goebbels, numa imensa campanha de descrédito da arte moderna. Em 1937, uma comissão por ele nomeada ficou incumbida de confiscar dos museus e colecções particulares todos as obras consideradas “subversivas” – ao todo mais de 5000. A maioria era de artistas alemães mas entre elas também se encontravam telas de Matisse, Picasso e até van Gogh. Com este imenso lote montou-se então uma exposição para ridicularizar a arte moderna e tentar incutir nos seus visitantes repulsa pelas expressões artísticas que, na óptica dos seus organizadores, maculavam a genuína cultura alemã. Como era de prever Entartete Kunst foi o nome dessa exposição.
TEXTO DO BLOG/SITE/SÍTIO FUTURISTA OBVIOUS
Aconselho a ver o artigo todo. Da importância do mesmo em mostrar como movimentos culturais legítimos são, por não obedecerem aos desejos de um regime e por conveniências políticas, catalogados como indesejáveis e banidos.
MAX WEBER (c)
Na blogosfera portuguesa toda a gente cita, por tudo e por nada, Max Weber, um ilustre sociólogo alemão que já está a fazer tijolo há 88 anos.
E você?
Já tomou o seu Max Weber de hoje?
Recomendado pelo médico tomar-se este artigo medicinal em conjunção com estas lições de poesia Vogon.
DISSIDENTE-X E OS BLOGS MAINSTREAM
No blog InBetween, contra todas as expectativas, numa reviravolta surpreendente, indiciando uma mudança radical para as franjas do debate político, Pedro Fontela faz um devastador ataque a este Blog, embora sem o mencionar.
Cito e comento:
Há pouco tempo deu-me para filosofar sobre o que vou vivendo aqui neste mundo semi-virtual dos blogues e cheguei a uma conclusão. As pessoas que escrevem na net não gostam de incertezas. Detestam a possibilidade, a flexibilidade. No fundo a maioria faz disto campo de batalha ideológico para a causa de estimação sem dar grandes aberturas à discussão e às possibilidades. Basta ver que quem tem grandes audiências expressa regra geral aquele tipo de certeza bacoca que só pode vir de um catecismo (não necessariamente religioso) seguido à letra que não admite desvio ou contestação. São os vendedores de certezas. Certificados com diplomas universitários e currículos que contêm os melhores nomes das praças empresariais e mediáticas portuguesas querem propagar a fé.
Comentário:
Fiquei arrasado com isto. Nunca, mas nunca esperei que se cognominasse desta forma vil e obscura este blog campeão de audiências. Recuso totalmente a rotulagem de vendedor de certezas. E nunca reparei que na Blogosfera isso existisse. Tudo é democrático e debatido ao pormenor.
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Quase que sente o desconforto nesses sítios quando alguém levanta não uma oposição militante e renhida (pois isso apenas alimenta a o fogo da máquina de guerra e propaganda) mas antes aquelas questões básicas que pela sua simplicidade deixam as complexas teorias académicas completamente desarmadas face a uma realidade que não perdoa. Aí o há a fazer é remeter essas personagens estranhas e perigosas que se atrevem a pensar fora dos modelos que lhes são propostos ao isolamento. Não se comenta nada do que escrevem já que isso seria dar credibilidade às suas dúvidas e aumentaria a sua influência. Por isso continua o eterno debate preso a modelos irrelevantes que são correspondidos pelo seu simétrico igualmente fervoroso e igualmente irrelevante.
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Comentário:
Sinto-me profundamente ofendido pelo facto de se insinuar que aqui, existem profundas teorias académicas.
É fácil perceber que as pessoas queiram certezas. Todos queremos! Mas não devemos sacrificar a nossa sede de conhecimento , a nossa humanidade e a nossa honra apenas para ter alguma segurança intelectual. Devemos estar abertos a ouvir as dúvidas dos outros, a meditar o que sabemos sobre o assunto derivado da nossa vivência e em que medida os nossos próprios preconceitos nos podem cegar a certas alternativas ou interpretações. O debate público em Portugal tem muito que evoluir antes de poder começar a ser minimamente útil.
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Comentário:
Eu não quero certezas. Quero pesar menos 15 quilos.
BLOGOSFERA PORTUGUESA, A “NOVA”

O que designo por “nova Blogosfera” são blogs que junto aos anteriores dos outros dois posts ( AQUI ) – ( AQUI) mas quase todos eles não são tão novos quanto isso, cronologicamente.
O “Obvious” é um Blog – sítio- zona futurista, da mais alta qualidade. Mesmo internacionalmente comparado. É o melhor Blog português. É um peso pesado em termos de influência e rank/autoridade, dando um baile 5 vezes maior, em audiência, e influência, por exemplo, ao Blog do senhor Pacheco Pereira. É uma aposta de vanguarda que põe completamente obsoletos, por exemplo, os jornais online, apesar de não ser um jornal.
O de ” Rerum Natura” é um Blog relativamente recente, dedicado à ciência e à divulgação cientifica. Beneficia do facto de as pessoas que o fazem serem relativamente conhecidos e de fazer parte da rede de blogs convidados do Público. É muito interessante, apesar de tudo, devido aos assuntos de que trata, que tenha a influência que tem.
O “há vida em Markl” pertence a Nuno Markl, animador de rádio, e é um blog de crescimento rápido devido à notoriedade de quem o faz, motivada pela vivência pública do autor e pelas aparições na televisão-rádio.
Importa dizer que:
Estes tipo de blogs “diferentes” e não directamente políticos retiram público aos blogs “mainstream” políticos, tipo abrupto e companhia Lda. Restringem-lhes a área de influência e alargam públicos na blogosfera. Os Blogs mainstream com o senhor Pacheco Pereira, à cabeça tem-se sempre posicionado, pelo menos desde 2003, como estratégia tácita, apostados em retardar o aparecimento de blogs como estes. Em minimizar o mais que podem a influência destes. Precisamente pela democratização e alargamento de espaço a novos públicos que estes trazem e pelo “abanar” da lógica, segundo a qual, só “pessoas que escrevem nos jornais e aparecem na televisão é que são “boas”e sabem escrever e falar…
Dos outros blogs são dois deles relativamente já conhecidos : ppware e Remixtures. São blogs mais “de nicho de assuntos”. O “Ppware” dedica-se à divulgação de software (novos produtos, testes, base de dados de software, etc) e tem um tráfego/leitores 5 ou 6 vezes vezes mais elevado do que o comparativo com o Abrupto. Por exemplo.
O “Remixtures” trata de temas relacionados com a indústria da música, P2P, direitos de autor, novos artistas, novas formas de divulgação e lançamento de novos formatos digitais ou outros, e assuntos conexos a este tema. É um bom blogue temático sobre uma área especifica.
O “Ladrões de Bicicletas” é um blog do Bloco de esquerda mas versão reloaded. Discussões sempre cheias de profundos significados ocultos ecoam pelas catacumbas daquele blog, sempre interpretadas por visões sociológicas sempre diferentes, multiculturais e iguais ou diferentes. É uma espécie de Barnabé, mas feito uns anos à frente, com parecenças com o Blog Aspirina B. Feito por jovens universitários em busca de uma dinamização da carreira, é um blog que promete. Especialmente para os próprios.
O “Corta fitas” é um blog de jornalistas. Que discute apaixonadamente a política, os spin político, a política, o spin político, etc. Basicamente tem grande influência porque quem o faz é jornalista e depois todos os blogs “grandes” (em influência, não em qualidade) mandam ligações repetidas uns para os outros e o “corta fitas” devolve a cortesia. Mas apesar de tudo, e talvez reflectindo os tempos actuais é um blog diferente – relativamente diferente, do que eram os do mesmo estilo há 2, 3, 4 anos atrás. É o jornalismo a fazer blogs para não perder o pé do jornalismo propriamente dito e tentar ( re) ocupar espaço que os Blogs roubaram aos jornais ditos “de referência”.
O Do Portugal Profundo é uma cruzada pessoal. Já antes do caso com o senhor Sócrates o Blog tinha bastante audiência. Apesar de não gostar por aí além do estilo do blog, nem da ideologia, embora não o acompanhe frequentemente este sítio tem méritos pelo seguinte: contrariamente aos chamados “blogs de esquerda de referencia, em que quase todos tem caixa de comentários fechada, este, que não me parece ser um blog de esquerda, tem as caixas abertas. E fala de assuntos incómodos. É claro que depois descamba para o chavascal, mas o senhor aguenta-se com o chavascal. Nos ditos “blogs de esquerda” não há capacidade para se aguentarem com o chavascal…
O “Kontratempos” é um péssimo blog, feito por um jovem apparatchick do partido socialista em transfuga do Bloco de esquerda. O autor engana muito bem porque escreve muito bem, uma escrita sempre em tom sociológico harmonioso, desenvolvendo teorias acerca da esquerda moderna, sempre muito modernas e sociológicas. Quando, apesar de tudo, isso falha, utiliza-se a táctica número 2. Saem uns posts contra o PCP, o inimigo convenientemente útil, ou em favor de causas humanitárias muito interessantes, mas que, pelo facto de serem feitos posts e campanhas não as virão a resolver. Mas fica bem, engana as pessoas e faz crescer pelos no peito. E o autor demonstra que é simultaneamente anti comunista, o que lhe garante uma alvará de legitimidade dentro do PS, e demonstra que é solidário, o que fica sempre bem num membro da esquerda moderna. Ser solidário é muito porreiro especialmente demonstrando solidariedade com problemas que, pelo facto de se demonstrar essa mesma solidariedade, apesar disso, esses problemas não virão a ser resolvidos.
Estes são diferentes tipos de Blogs que surgem a ofuscar cada vez mais a “blogosfera tradicional”. Não só pelo facto dos temas dos mesmos em alguns deles não serem estritamente políticos, ou nem sequer serem políticos, mas também nos blogs que o são, politicamente, existirem “diferenças” (para melhor) quer de conteúdo, quer de estilo estético/ capacidade de intervenção e de chamar a atenção para temas que não são normalmente falados.
Contribuem, apesar de tudo para a formação da opinião pública e para correntes da mesma, mesmo que situadas na Blogosfera. Outro exemplo disso mesmo que menciono embora não no mapa esteja é o Blog we have kaos in the garden” , onde a manipulação de imagens seguida de um texto explicativo são também formas de intervenção. Ou o Marketing de Busca que tenho citado, sobre SEO.
Todo este tipo de blogs cria espaço e ataca as “vedetas tradicionais”. Qualquer um destes blogs, é, globalmente melhor ( mesmo aqueles que eu não gosto) do que os tradicionais.
A questão é: porque é que os tradicionais ainda estão de pé?