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Archive for the ‘BOLSA DE VALORES’ Category

CARIDADE NEO LIBERAL? NÃO OBRIGADO…

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No sítio de análise bolsista “FINBOLSA” existe vida, existem cotações de bolsa e análise técnica e também existem pessoas que sabendo pensar, e sendo adeptos da economia de mercado, sabem perceber o perigo, o enorme perigo que existe no discurso neo liberal e de como nós todos somos levados por ele.

Por vezes instintivamente e inconscientemente.

Transcreve-se um texto crítico, que desconstrói de forma brilhante o discurso neoliberal da direita mais profunda e com raízes na extrema direita e na Igreja católica, relacionado com a conversa que se sente e escuta na sociedade acerca da caridade e de como isso serve um propósito político para implementar uma determinada ideologia e atacar a democracia como sistema.

É também um texto que mostra como os neo liberais se infiltraram nos mais variados locais da sociedade e como a vêem. Como acham que esta deve ser, e como desprezam intensamente as pessoas.

Os pobres não só devem ser pobres e “abraçarem essa condição” como devem sentir-se imensamente agradecidos por o serem, serem amados por tal e amarem esse “Estado civil”, especialmente quando recebem esmolas de ricos, que dão a esmola em nome do amor que sentem pelos pobres….

Afixe-se e espero que algumas pessoas que lerem isto percebam bem a dimensão do que estamos a enfrentar e de como esta praga de gafanhotos neo liberais se inseriu por todo o lado: Fonte: FinbOLSA – Draga Minas.

Caridade é amor,solidariedade é serviço
Draga-Minas , 17/06/2008

A economista Isabel Jonet foi considerada pelo jornal “Expresso” a Figura Nacional do ano de 2007. Independentemente da sua obra à frente do Banco Alimentar Contra a Fome, ela foi mediaticamente consagrada por uma frase que proferiu na ocasião: “Caridade é amor, solidariedade é serviço”.

É uma frase que se bate por uma visão do mundo, pressupondo que o “amor” é bom e o “serviço” é mau (ambas as asserções mais do que duvidosas) e concluindo que a “caridade” é boa e a “solidariedade” é má (mais duas conclusões duvidosas). É uma frase que, agressivamente, tenta simplificar as coisas. E atira à cara da esquerda esta provocação: “Vocês dizem que são bonzinhos, mas não são, nós é que somos”.

É uma frase manipuladora. Em vez dela, podemos dizer, sem errar: “Caridade é humilhação, solidariedade é respeito.” Explicaremos melhor. Para já, exploremos as contradições da máxima de Isabel, começando por enaltecer a ideia de “serviço”. Vamos então a isso, anti-portuguesmente.

Sim, é bom servir. Sim, as sociedades mais desenvolvidas são aquelas em que as pessoas sentem que prestam serviços umas às outras e que é graças a isso que as coisas funcionam bem. Durkheim chamou-lhe “solidariedade orgânica”. Sim, o serviço pode ser um acto de amor. Quando servimos os nossos filhos e pais, por exemplo. Quando trabalhamos, servimos, todos os dias, muitas pessoas. E isso é bom. Enfim… E você, não serve? Se não, isso é grave. Devia servir. E há um substantivo que designa o acto de servir: chama-se Serviço, por muito que isso custe à Figura do Ano.

A solidariedade é, de facto, serviço, como ela diz. E é excelente por isso.

Já a frase “caridade é amor”, se bem que verdadeira, traz água no bico. Um mar, diríamos. Amor a quem? E é o quê o amor?

À primeira pergunta, respondemos: amor aos ricos e à hierarquia económica e social. Não é só os pobres que os caridosos ricos amam: eles amam também o facto de eles serem ricos e os outros pobres. E não dizem que estes dois amores são as duas faces da moeda Caridade.

À segunda pergunta (O que é o amor?), respondemos: Amor é fogo que arde sem se ver / É ferida que dói e não se sente / É um contentamento descontente / É dor que desatina sem doer. Ou então, melhor assim, deitamos mão àqueles livrinhos e autocolantes da nossa puberdade da série “O amor é”. E, nessa essência paradoxal cantada por milhões de poetas, amor e caridade ligam bem. A caridade também encerra contradições. Como dizia uma freira com quem falámos em tempos, “a esmola humilha quem dá e quem recebe”. Porque o sentido da esmola e da caridade é a afirmação e a consolidação duma relação de forças. Porque quem dá esmola está a dizer ao outro: “Eu sou rico e tu és pobre”, e está a dizer a si próprio: “Estou a tentar provar que sou uma pessoa boa, mas não consigo”.

O que justifica a nossa contra-provocação: “Caridade é humilhação, solidariedade é respeito.” Teoricamente, aquele que se solidariza está a respeitar quem se encontra numa posição mais débil e eventualmente a prescindir de benefícios a favor dela.

Mas para Isabel Jonet, os pobrezinhos deste mundo não devem dar-se apenas por agradecidos, eles devem dar-se por *amados* ao receberem a esmola.

Enfim, apreciaríamos a caridade se ela fosse obrigatória, o que é um contra-senso. Todos os ricos terem que dar uma esmolinha bem grande aos mais pobres, por lei, isso sim – impostos, Estado social. Assim, todos praticam o bem, com amor ou sem ele. Mas isto de fazer depender o pão da miséria moral a que chamam caridade só tem um nome: farsa.

Os “prémios do ano” instituídos pelos jornais e revistas estão ligados a visões do mundo e a ideologias, consagram ritualmente essas ideologias. É o caso. A frase de Isabel Jonet é a face grosseira e hiperbólica da ideologia pseudo-liberal na qual vivemos mergulhados. Recapitulemos só alguns dos seus traços, porque quando vivemos mergulhados numa coisa não a vemos bem:

“O privado vale muito; o público vale pouco; o amor vale muito porque é privado; o serviço vale pouco porque é público; cada um tem o que merece; os ricos chegaram a ricos por mérito; os pobres chegaram a pobres por demérito; enquanto sociedade, não temos obrigação de ajudar os pobres; ajudamos se quisermos e se ajudarmos estamos a fazer caridade; se estivermos a fazer caridade, então amamos os pobres; se amamos os pobres, então somos bons e não temos que nos sentir culpados de viver no luxo e ficamos com a certeza de que luxo não é lixo; somos todos homens livres; salve-se quem puder; enganar o parceiro não é uma coisa tão má como isso, faz parte da competição; o Estado social contraria estas premissas todas pelo que não deve existir; os impostos não fazem sentido a não ser para financiarem a polícia e afins, de modo a garantir a segurança de quem precisa (sendo que quem não tem nada também não precisa de segurança); está bem, pronto, construam-se também umas estradas com os impostos.”

Morra a caridade, morra; Pim!

Não sei quem é esta pessoa, mas queria agradecer por ter escrito este texto.

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A PRIVATIZAÇÃO DOS 7% DA GALP – RAZÕES

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Com o partido socialista português as coisas são realmente “diferentes”

Primeiro:

espera-se que os mercados financeiros estejam numa enorme crise, como é o caso da recente crise financeira americana e as razões para ela ter acontecido.

Segundo:

Depois faz-se o que é descrito aqui no blog “O país do Burro/Filipe Tourais”

“…O Governo de José Sócrates ressente-se do incómodo de que o Estado tenha em carteira acções de uma empresa que gera lucros chorudos e, depois de ter feito de Américo Amorim o homem mais rico de Portugal (ver gráfico), prepara-se para, novamente, distribuir felicidade com a privatização de mais 7% da mesma empresa. E esses 7% da Galp serão “socializados” por ajuste directo, permitindo a escolha do comprador e favorecimentos no preço, numa altura em que as bolsas estão em forte baixa.”

De facto governar tendo em carteira acções de uma empresa que gera lucros brutais é muito desagradável. Como é desagradável vamos vender a um privado, por ajuste directo.

Terceiro:

O privado compra ao Estado Português por um preço substancialmente inferior, as acções da empresa Galp que ainda restam na posse do Estado. As acções são avaliadas ao preço de mercado e o preço de mercado está baixo. O privado embolsa 400 milhões de euros, isto é, deixa de pagar 400 milhões de euros, isto é paga a menos.

Citando de novo Filipe Tourais:

“…E quanto nos vai custar o negócio? São um pouco mais de 58 milhões de acções. À cotação actual, 12,03 euros, valem cerca de 698,69 milhões de euros. À cotação do máximo de há uns meses, que não é um máximo potencial porque nessa altura as bolsas estavam já em queda acentuada, 19,3 euros, as mesmas acções valiam mais de 1105,25 euros. A diferença é de 406,55 milhões. Uma perda que deverá ser somada aos lucros que o Estado deixa de arrecadar e tem que compensar com mais impostos sobre os contribuintes.”

Este simpático gráfico acima é das cotações da Galp por volta das 13.45 do dia 30 de Setembro de 2008, ao vivo, e ainda tem um preço mais baixo do que aquele indicado pelo Filipe Tourais.
Quando o “negócio” da venda dos 7% for finalmente efectuado, ainda o será numa altura mais estrategicamente escolhida para ser ainda mais baixo e fazer o privado que vai adquirir as acções embolsar, isto é, deixar de gastar na aquisição das mesmas uma valor mais para os 500 milhões de euros do que para os 400 milhões de euros.

E mostra também que no inicio de Janeiro se esta “transacção fosse feita o dinheiro que o Estado português embolsaria, seria substancialmente maior.

De facto o partido socialista é mesmo diferente e outra coisa.

Quarto:

o privado que tem acesso a este generoso negócio é o Sr Américo Amorim, accionista da Galp, (conjuntamente com a empresa italiana, Eni e com a CGD)

e ira ser beneficiado com isto, ficando a gerir um monopólio.

Quinto:

E cito de novo Filipe Tourais:

…quem, mais uma vez, se insurgiu contra mais esta negociata foi Francisco Louçã. O seu partido, o Bloco de Esquerda, segue com cerca de 10,9% nas sondagens. Quem, mais uma vez, está a conduzir um negócio ruinoso para o Estado e muito proveitoso para um particular – que até vai ter o privilégio de poder escolher – é José Sócrates. O seu partido, o PS, segue destacado na dianteira das intenções de voto dos portugueses com 36,1%.”

Sexto:

São estes os “negócios” da esquerda moderna:

Aviso: este artigo não significa apoio ou desapoio ao BE. Que diga-se de passagem, fez um pedido na assembleia e protestou com uma coisa com a qual eu concordo que se devesse protestar. Estas negociatas do partido socialista e do primeiro ministro.

CRISE FINANCEIRA AMERICANA – AS RAZÕES.

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Ø

A lista completa de artigos relacionados com este assunto pode ser encontrada na página da barra lateral ” Z – Crise financeira norte americana”

Ø

O inicio.

– A bolha especulativa – como surgiu a bolha do imobiliário nos EUA e como ela rebentou nos mercados accionistas.

No inicio dos anos 90 o mercado bolsista americano entrou em ebulição. Começou a subir e isso, por sua vez, originou um aumento dos negócios (e novas subidas), devido às novas empresas de tecnologia e novos tipos de empresa potencialmente muito lucrativos que passaram a estar cotadas em Bolsa.

Novas empresas de computadores, e empresas da área Internet (as chamadas Dot.com) eram as “novas estrelas”. Tal originou uma subida explosiva nas cotações das acções, misturada com especulação, novos investimentos, geração de novos negócios, expectativas altas…etc.

Especialmente desde 1996 (pelo meio com o crash de 1997, para voltar a ganhar balanço…) até ao ano 2000 o mercado de acções subiu imenso. Em Março/Abril 2000 rebentou a bolha, e o mercado teve uma queda enorme.

A queda do mercado bolsista gerou o medo dos agentes económicos americanos e na parte política; da possibilidade do surgimento de uma enorme recessão ou crise económica.

Querendo evitar a recessão e “ajudar” os interesses financeiros/políticos americanos, Alan Greenspan, o então Presidente da Reserva Federal (o banco central), de acordo com o poder político (Bush), decidiu reduzir as taxas de juro (baixou o preço do dinheiro). Fê-lo simultaneamente de duas maneiras: (1) descendo-as rapidamente e (2) descendo-as muito.

  • Foi a mais rápida descida de taxas de juro nos EUA desde sempre.

Quando se descem taxas de juro está-se a indicar que o preço do dinheiro é mais baixo. Está-se a indicar aos consumidores que é possível pedir dinheiro a bancos ou instituições de crédito em maiores quantidades ou, não o podendo fazer antes da descida, passa a ser possível – agora – fazê-lo.

E, subitamente, nos EUA, foi tornado possível que quase toda a gente pudesse pedir empréstimos pagando pelos mesmos, taxas ridiculamente baixas.

O efeito desejado foi obtido e vendo a oportunidade milhões de pessoas foram pedir dinheiro aos bancos para investir.

Estes novos consumidores, dotados de capital, olharam ao redor em busca de investimentos. Verificaram que não podiam investir na Bolsa de valores – esta tinha caído. Então começaram a investir na compra de casas. O produto substituto.

Isto aconteceu entre 2002 a 2006. Originou que, de repente, o mercado de construção e arrendamento norte americano tivesse uma súbita explosão de procura – uma bolha de consumo de casas (foi a forma como o governo americano e os interesses económicos tentaram resolver as perdas que tinham acontecido no mercado de acções em 2000 ).

Como o volume de dinheiro disponível estava estava noutro mercado diferente do accionista, os bancos e casas de credito “entraram” em força e começaram a emprestar dinheiro para compra de casas em grandes quantidades.

Quando acontece uma explosão descontrolada de pedidos de empréstimo isso faz com que o valor daquilo que se compra tenha tendência a aumentar. O que significa que, também, se pode rapidamente vender esta propriedade que se comprou por preço superior. Origina também uma apetência do consumidor por comprar mais coisas e mais rapidamente em busca do lucro imediato.

O preço de subida torna-se o seu próprio mecanismo de subida – até parar brutalmente.

Dois tipos de corrupção motivaram o rebentamento desta bolha especulativa no mercado imobiliário.

  • A primeira forma de corrupção foi a seguinte.

Um banco ( ou entidade financeira que concedeu o empréstimo) faz uma hipoteca de uma casa a um cliente. Empresta-lhe dinheiro para que este compre. Até aqui, tudo normal.

Uma qualquer entidade financeira que fez isto, viu aqui uma hipótese.

Concluiu que podia vender o “papel” que garante que aquele que pede o empréstimo o irá pagar. Concluiu que poderia vender o seu direito de cobrar às pessoas a quem emprestou (a garantia real que o banco detém para depois forçar o cumprimento da obrigação) a uma outra entidade financeira que estivesse disposta a comprar.

O cheiro a ganancia espalhou a ideia e bancos e correctores de acções por toda a América viram nisto uma enorme possibilidade de fazer …… muito mais dinheiro. Começaram a comprar estes direitos/estas hipotecas e após comprarem, juntaram-nas em “maços”/bundles de hipotecas.

A partir desses “maços emitiram “acções de bolsa”. Sendo o valor ou o activo financeiro destas acções, o direito a receber uma parte em dinheiro daquelas hipotecas/pedidos de empréstimo.

As pessoas ou empresas que comprassem estas “acções”, tinham comprado o direito a receberem uma parte dos pagamentos que seriam feitos – no futuro – pelas pessoas que tinham comprado a casa e estariam durante 10/20 /30 anos a pagar a casa.

Para tornar isto ainda mais doido, louco, confuso e irresponsável os bancos mais pequenos/locais venderam os seus “maços” pelo valor “100” a bancos regionais. Estes, por sua vez, venderam a bancos nacionais. pelo valor “200”. E os bancos nacionais venderam entre si por “300” ou por “1000” (o que fosse) e também venderam ao estrangeiro.

Para este sistema funcionar sem problemas era necessário convencer os investidores – primeiro os americanos, depois os mundiais – que este sistema tinha garantia e era seguro.

Se os investidores exteriores a este processo pensassem ou percebessem, por um breve momento, que isto não era seguro, nunca esses investidores comprariam e a credibilidade deste negócio terminaria antes de começar.

Para “credibilizar” este negócio foi preciso arranjar “Credit Rating Agencies”. Agências de crédito “idóneas” que classificariam (positivamente) o grau de segurança deste negócio. (Classificariam o risco de se emprestar dinheiro…como sendo …… positivo)

Foram 3 as agências: A Moody´s, a fitch´s , a Standard and Poor.

Sistematicamente, estas três consultoras/empresas de contabilidade atribuíram ratings/classificações positivas a estes negócios.

Estas classificações não tiveram em conta a capacidade das pessoas que pediram os empréstimos de os poderem, efectivamente pagar ou terem capacidade para pagar o empréstimo.

Com todo este “movimento em acção” todos os jogadores deste jogo estavam a fazer dinheiro. Todos tinham interesse em deitar a mão ao dinheiro expectável que ai viria.

O resultado:

O que agora estamos a ver.

Por todo o mundo, os detentores destas garantias virtuais e dos papeis que certificam que o que compraram vale” X” descobrem afinal que o que compraram não vale “X” , mas sim “X” menos 1000 e que as garantias são inúteis.

O problema extravasou para o mundo inteiro, porque neste negócio, ao longo desta cadeia de vendedores e compradores, também bancos estrangeiros, e governos estrangeiros, empresas de seguros internacionais, empresas privadas compraram* acções sobre hipotecas de empréstimos de habitação

Agora são donos de garantias que nada valem.

* Compraram porque lhes foi dado a ver um negócio que oferecia uma (1) alta taxa de retorno e tinha (2)“credibilidade” certificada por prestigiadas empresas internacionais de classificação de risco.

Financeiramente, quando se tem “papeis virtuais” que não valem nada, ou valem menos 1000, fica-se engasgado.

É por isso que, penosamente, os bancos mundiais (e governos e empresas) estão a alterar a sua contabilidade. Reduzindo o valor dos seus activos…recalculando-o para baixo.

  • A segunda forma de corrupção foi a seguinte:

Esta ocorre no inicio do negócio.

Uma família americana, encharcada na ideia de querer obter o “sonho americano”, quer ter uma casa própria, sem ter que continuar a pagar uma renda ao senhorio. Ambos os membros do casal trabalham, mas o que ganham não chega para pagarem o empréstimo.

Subitamente, quando estão na sua casa arrendada a ver wrestling na televisão (algures em 2003,2004,2005), aparece um(a) jovem bem vestido (da companhia “XPTO”) e diz-lhes que tem noticias maravilhosas para lhes dar. Pergunta antes, quanto é que pagam de renda? E a resposta é: 800 dólares por mês.

E o(a) jovem bem vestido declara: posso pô-los na vossa casa própria mas por apenas 600 dólares por mês, menos 200 do que pagam agora.

Milhões de famílias agarraram esta oportunidade.

É claro que as clausulas posteriores em letras miudinhas foram depois explicadas. Só 600 dólares no primeiro ano, etc, mas depois torna-se diferente dependendo da subida ou descida das taxas de juro – taxa era variável.

Mas como a maior parte das famílias não entendia estas subtilezas ou não teve instrução e conhecimentos técnicos para entender claramente estes assuntos, assinou estes contratos…

Várias famílias, imediatamente, também aproveitaram para vender a hipoteca a um outro banco diferente/maior daquele que as contactou. Que por sua vez – dentro de todo este esquema – as juntou em “maços” de outras hipotecas que esteve sempre também a comprar para obter uma segurança negocial e creditícia maior e uma capacidade negocial maior caso pretendesse vender a um banco nacional, por exemplo.

O problema:

O (a) jovem bem vestido que faz a venda desta ideia maravilhosa, ao fim de 5 minutos de estar em casa dos potenciais adquirentes do empréstimo percebia imediatamente que estas pessoas não tinham hipóteses de pagar o empréstimo que lhes estava a oferecer.

Mesmo que não tivessem nenhuma doença ou não viessem a perder o emprego nunca poderiam, no longo prazo, pagar.

Mas o(a) jovem bem vestido tinha interesse em fazer imediatamente as pessoas assinarem os contratos, porque é dessa acção que as suas comissões e ordenado dependiam.

Isto sucedeu em larga escala nos EUA, também porque a administração Bush, sistematicamente, desregulamentou e retirou a fiscalização de todos os sectores ao longo dos anos.

Agora, as empresas que tem empréstimos para receber e acções para reembolsar, verificaram que não tinham dinheiro para pagar aos seus credores – bancos e companhias de seguros – que exigiam o dinheiro (ou garantias reais sobre o mesmo).

É por isso que a “Freddie Mac” e a “Fannie Mae”, as companhias americanas de empréstimos para aquisição de habitação foram à falência apesar de terem sensivelmente cada uma 40 biliões de dólares em activos, que mesmo assim não chegavam, mesmo que vendidos, para pagar as dívidas.

Os principais beneficiados financeiros da “guerra” entre tubarões financeiros são:

  • a empresa Bank Of America.
  • a empresa JPmorgan Chase.

Ambas pertencem ao grupo Rockfeller. O mesmo grupo que em finais do século 19, era dono da Standard Oil – empresa de petróleos.

Após Março de 2008, a seguradora Bear Stearns que estava em iminência de ir à falência, foi adquirida pelo JP Morgan Chase.

Os principais perdedores financeiros da “guerra” entre tubarões financeiros são:

  • Citigroup Inc – em Portugal conhecido por Citibank, com aqueles abutres que rondam nos hipermercados…
  • American Express – os cartões.
  • Goldman sachs – afinal ter lá o senhor António Borges, candidato a chefe do PSD não impediu isto…
  • Morgan Stanley

O maior banco norte americano é o Citigroup.

Os números 2 e 3 são o Bank of America e o JP Morgan Chase.

PIMCO.

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No dia 4 de Setembro de 2008, o senhor Bill Gross, publicou na sua newsletter profissional, uma declaração extraordinária. Afirma que a única maneira de evitar uma queda de proporções dramáticas e gigantescas nos mercados financeiros, seria o governo americano, isto é, os contribuintes americanos, intervirem nos mercados, comprando activos financeiros de empresas em estado de falência.

Bill Gross não é uma pessoa qualquer.

Bill Gross é um empreendedor. O senhor Gross é um apóstolo do livre funcionamento dos mercados, um adepto da livre fluidez do mercado e gere só o maior fundo de obrigações do mundo, um fundo que dá pelo nome de PIMCO.

É conhecido também pelo facto de uma das suas companhias ter criado o motor de busca Snap/ Snap search engine . Consiste, para quem o tem activado nas plataformas de blogs WordPress, ou noutras, naquela situação em que quando, colocamos o cursor em cima de uma ligação se abrir uma janela mostrando-nos parte do blog ou sitio onde está essa ligação.

Outra das suas companhias é responsável por investimentos e estudos na área da produção de energia “ecológica” e pela colocação de painéis solares na sede do Google – o Googleplex.

E no entanto, este capitalista profundo e acima de qualquer suspeita quis que o governo norte americano “nacionalizasse” dividas…

Sim senhor…

No dia 5 de Setembro de 2008, o Wall Street Journal ( o jornal “Bíblia” do capitalismo norte americano) publicou a notícia de que o comunismo era a nova forma de organização económica dos EUA.

Informa, nesse dia, que o governo norte americano decidira tomar conta, quer da gestão das duas companhias de consessão de crédito imobiliário, a Freddie Mac e a Fanny Mae, que estavam perto da insolvência total, quer também da gestão das companhias num processo comunista de nacionalização de empresas.

Pelo meio desta história existiram fugas de informação (que permitiram que algumas pessoas ou bancos ganhassem muito dinheiro) e as bolsas de valores, ainda antes da notícia do Wall Street Journal ter saído começaram repentinamente a subir. Transparência de mercado, acima de tudo…

Depois, quando os números verdadeiros das perdas da Fannie Mae e da Freddie Mac começaram a ser conhecidos e os contornos desta “negociata”, o mercado desceu, para, depois, entre ontem, segunda feira dia 8 de Setembro e hoje, mas especialmente ontem, os bancos de investimento terem suportado novamente a enorme subida nas acções, animados pela notícia de que o comunismo financeiro seria a nova filosofia económica em vigor nos Estados Unidos da América.

É evidente que este artigo enquadra-se no anti americanismo primário, dado que critica os norte americanos apontando factos realizados pelas entidades dos Estados Unidos, relativamente a economia – que é considerada como livre e devendo funcionar sem interferências do Estado – mas, apenas quando isso acontece noutros países ou áreas do mundo ou quando existem interesses económicos-financeiros de empresas norte americanas nessas áreas.

Quando as questões surgem nos Estados Unidos, aí a situação é resolvida com a aplicação de comunismo de Estado sobre a economia, e com “empreendedores” privados que gerem fundos de obrigações ( e tem muito a perder se certas empresas estourarem) a solicitarem a intervenção do Estado ( dos contribuintes norte americanos…) na “economia livre”.

Já o senhor Kyung bok cho, jornalista e analista da Bloomberg informa-nos amavelmente que o banco suíço que dá pelo nome de “Credit Suisse” está convencido que apesar da implementação do comunismo de mercado pelo Governo dos Estados Unidos, na sua economia, e com os correspondentes reflexos no resto do mundo e da subida estonteante do mercado de acções norte americano no dia 8 de Setembro de 2008, tal não impedirá quedas futuras e problemas subsequentes na economia a continuarem.

Sobre este assunto – a aplicação de práticas de comunismo económico na economia que se vangloria de ser a mais “livre do mundo”, os defensores do “mercado livre” tem estado silenciosos.

Se este tipo de solução “idêntica” á solução agora “inventada”, for aplicada, por exemplo em Portugal, para salvar empresas que estejam nas mesmas condições, imediatamente sairão para os jornais, as pessoas que tem a tarefa de convencer a opinião pública que é mau ( que é o terror) o Estado intervir na economia.

Estranhamente, parece ser só mau intervir na economia, na Europa, ou em Portugal, mas ser considerado “bom” nos Estados Unidos.