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Archive for the ‘DESAGREGAÇÃO SOCIAL’ Category

O DESEMPREGO EM PORTUGAL PROMOVIDO PELO PSD E POR PEDRO PASSOS COELHO – OS GRANDES ÊXITOS DESTE GOVERNO…

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Especialistas dizem que novo código vai agravar o desemprego

Porque sobe tanto o desemprego em Portugal? As empresas estão a querer despedir mais? Diogo Leote Nobre considera que há uma necessidade de sobrevivência que obriga a reduzir custos. Já Fausto Leite admite aproveitamento, por parte das empresas, para se livrarem de trabalhadores. Ambos concordam que as alterações previstas ao Código do Trabalho podem agravar o desemprego.
Diogo Leote Nobre, partner da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira

“As empresas têm de reduzir custos e são obrigadas a despedir”

O que motiva este aumento da taxa de desemprego? As empresas estão a querer despedir mais?
Este aumento não tem rigorosamente nada a ver com qualquer mudança na legislação do trabalho, porque as alterações ainda não estão em vigor. Ainda terão que ser promulgadas. O que me parece é simples: as empresas têm de reduzir custos, sob pena de entrarem até em processo de insolvência. Como não se pode reduzir ordenados, sem reduzir o horário de trabalho, as empresas estão a ser obrigadas a despedir. Quer seja por necessidade de reduzir a sua actividade, quer tenha a ver com a necessidade de reduzir despesas, as empresas não têm alternativa se não negociar. Na minha carreira nunca assisti a tantos acordos para a cessação de contrato de trabalho.

Os trabalhadores estão mais resignados com a perda do emprego?
Os trabalhadores têm a percepção de que as empresas não têm alternativa e sentem que a situação vai piorar ainda mais. Antevêem mais mudanças. Há uma percepção psicológica que vai ser cada vez pior e não é de descartar outros pacotes legislativos que possam limitar ainda mais esta situação. Por exemplo, se Portugal precisar de um segundo pacote de ajuda, esse novo apoio pode vir acompanhado de novas medidas de âmbito laboral.

As alterações ao subsídio de desemprego são encorajadoras da procura de trabalho?
É quase ofensivo o Governo dizer que servirá de incentivo. Não há quem esteja a contratar, isso é um argumento demagógico. A questão é que também não há incentivos à contratação. Não vejo, nas alterações legislativas, nenhuma medida que promova a contratação. Não me parece que as alterações previstas do Código de Trabalho fomentem a criação de emprego.

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Notícia da comunicação social, dia 18 de maio de 2012, relacionada com os “êxitos do actual governo”em matéria de desemprego.

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Mais de metade dos jovens desempregados não aparecem nas estatísticas oficiais de emprego porque já desistiram de procurar trabalho, declarou hoje a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O desemprego entre jovens de 15 a 24 anos está nos 22,6% para a média dos 30 países da OCDE – sete pontos mais que em 2007. Em alguns países, contudo, a situação é muito mais grave: em Espanha e na Grécia a taxa ultrapassa os 50%, em Portugal está nos 36,1%, mas mesmo assim a taxa de desemprego “não reflete toda a realidade”, alerta a OCDE.

“Muitos jovens que abandonaram o sistema de ensino deixaram de aparecer nas estatísticas de emprego”, lê-se num comunicado da organização, estimando em 23 milhões o número de jovens sem trabalho. “Mais de metade desistiu de procurar por emprego”, afirma o documento.

Para a OCDE, há “uma preocupação crescente de que uma proporção significativa e cada vez maior da população esteja em risco de um desemprego ou inatividade prolongados”.

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Notícia da comunicação social, dia 18 de maio de 2012, sobre a juventude hedonista e ambiciosa que acha que deve ter um emprego, que é , como se sabe, um luxo próprio de países.

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Contratados a prazo pagam fatia de leão do desemprego recorde

Valem só 20% dos trabalhadores por conta de outrem, mas são os que mais contribuem para a subida do desemprego

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Os trabalhadores contratados a prazo são apenas um quinto do total de trabalhadores por conta de outrem, mas é desta esfera menos protegida pela lei laboral que estão a sair mais pessoas para o desemprego, segundo dados a que o iteve acesso.

Nos primeiros três meses do ano saíram cerca de 60 mil contratados a prazo para o desemprego, mais 12 mil que o registado pela esfera de trabalhadores com contratos sem termo. O regresso ao emprego é também feito sobretudo com recurso a contratos a prazo (mais do dobro dos permanentes).

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Notícia da comunicação social, dia 18 de Maio de 2012, sobre os luxos  que os portugueses querem ter, especialmente os contratados a prazo, (” a tal técnica jurídica de empregabilidade que ia reduzir o desemprego…)

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” A CLASSE DOMINANTE NUNCA SERÁ CAPAZ DE RESOLVER A CRISE.ELA É A CRISE!” – ROB RIEMEN

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O filósofo holandês esteve em Lisboa à conversa com o i sobre o espírito de resistência e o “eterno retorno do fascismo”
Thomas Mann e Franklin Roosevelt são dois dos homens que mais inspiram Rob Riemen, que esteve em Lisboa na semana passada a convite de Mário Soares para falar sobre o direito à resistência e para apresentar o seu último livro, “Eterno Retorno do Fascismo”. A chegada da fotojornalista ao lobby do Ritz acabou por dar o mote à conversa com o i.

A Patrícia foi uma das fotojornalistas em trabalho agredida pela polícia na greve geral de há um mês em Portugal.
Pela polícia?!

Sim. O episódio parece remeter para o “Eterno Retorno do Fascismo”…
Sim, falo disso neste livro. Estamos a lidar com o pânico da classe dominante, que se habitua ao poder para controlar a sociedade. Isso que me contas é um acto de pânico. E o interessante é que a classe dominante só entra em pânico quando perde a autoridade moral. Sem a autoridade moral, só lhe resta o poder que se transforma em violência.

O fascismo continua latente?
A minha geração cresceu convencida de que o que os nossos pais viveram nunca voltaria a acontecer na Europa. Quando vocês se livraram do fascismo nos anos 70, nos anos 90 devem ter pensado que não mais o viveriam. Mas uma geração depois, já estamos a assistir a uma espécie de regime fascista na Hungria, na Holanda o meu governo foi sequestrado pelos fascistas, pelo sr. [Geert] Wilders [do Partido da Liberdade]… Com uma nota comum a todos que é o ódio à Europa. Para Wilders, o grande inimigo era o Islão e agora são os países de alho.

Países de alho?
É o que ele chama a países como o vosso, Espanha, Polónia… A Europa tornou–se uma ameaça. Com a II Guerra Mundial aprendemos a lição de que a única saída, depois de séculos de sangue derramado, era ter uma Europa unida e agora as forças contra [essa união] estão a ganhar controlo. É o primeiro ponto.

E o segundo?
A actual classe dominante nunca será capaz de resolver a crise, porque ela é a crise! E não falo apenas da classe política, mas da educacional, da que controla os media, da financeira, etc. Não vão resolver a crise porque a sua mentalidade é extremamente limitada e controlada por uma única coisa: os seus interesses. Os políticos existem para servir os seus interesses, não o país. Na educação, a mesma coisa: quem controla as universidades está ali para favorecer empresas e o Estado. Se algo não é bom para a economia, porquê investir dinheiro?

Nos media o mesmo.
Sim. No geral, os media já não são o espelho da sociedade nem informam de facto as pessoas do que se está a passar, existem sim para vender e vender e vender.

E as consequências estão à vista.
Pois, estamos a assistir à desintegração da sociedade. Tudo é baseado na premissa de que as pessoas devem ficar mais ricas e é daqui que vem a crise financeira, daqui e deste comportamento totalmente imoral e irresponsável de um pequeno grupo de pessoas que não podia importar-se menos [com a sociedade] e sem interesse em ser responsável. Quando uma sociedade está focada na economia, na economia, na economia e na economia, perde-se a noção do que nos dá qualidade de vida. E quando somos privados dessa noção, surge um vazio.

A sociedade kitsch que refere no livro?
Sim, em que a identidade das pessoas não depende do que elas são, mas do que têm. Quando se torna tão importante ter coisas, serves um mundo comercial, porque pensas que a tua identidade está relacionada com isso. Estamos a criar seres humanos vazios que querem consumir e ter coisas e que acabam por se vestir e falar todos da mesma forma e pensar as mesmas coisas. E a classe dominante está muito mais interessada em que as pessoas liguem a isso do que ao que importa.

A classe dominante teme que as pessoas comecem a questionar tudo?
Claro que sim! Frederico Fellini, o realizador italiano, disse um dia: “Eu sei o que é o fascismo, eu vivi-o, e posso dizer- -vos que a raiz do fascismo é a estupidez. Todos temos um lado estúpido, frustrado, provinciano. Para alterar o rumo político, temos de encontrar a estupidez em nós”. Mas se as pessoas fossem um bocadinho mais espertas, não iriam para universidades estúpidas, nem veriam programas estúpidos na TV. Existe uma elite comercial e política interessada em manter as pessoas estúpidas. E isso é vendido como democracia, porque as pessoas são livres de escolher e blá blá.

Quando não é assim.
Não, não, não, não! [Bento de] Espinoza – muito obrigado a Portugal por o terem mandado para a Holanda – explicou que a essência da democracia é a liberdade, mas que a essência da liberdade não é teres o que queres; é usares o cérebro para te tornares num ser humano bem pensante. Se não for assim, se não fores crítico perante a sociedade mas também perante ti próprio, nunca serás livre, serás sempre escravo. Daí que o que estamos a viver não tenha nada a ver com democracia.

Tem a ver com quê?
Vivemos numa democracia de massa, uma mentira que abre os portões a mentirosos, demagogos, charlatães e pessoas más, como vimos no séc.XX e como vemos agora.

O retorno do fascismo é inevitável?
Vamos fazer uma pausa (risos). Acho que não podemos entregar-nos ao pessimismo. Se acharmos que estamos condenados, que não há saída, que é inevitável, mais vale bebermos champanhe (risos). A razão pela qual publiquei esta dissertação e o meu outro livro, “Nobreza de Espírito”, e pela qual dou estas palestras e entrevistas é porque a primeira coisa de que precisamos é de pôr a verdade em cima da mesa.

E como podemos fazer isso?
Primeiro, admitindo que as coisas estão a correr mal e não apenas no nível económico. Relembremos uma grande verdade do poeta Octávio Paz: “Uma crise política é sempre uma crise moral.” Quando reconhecemos a verdade nisto, percebemos que a crise financeira é também ela uma crise moral. E aí devemos questionar de que tipo de valores universais estamos a precisar e o que é que devemos ter na sociedade para confrontar isto. Aí percebemos que há coisas erradas no sistema de educação.

Por causa de quem o controla?
Porque não está interessado na pessoa que tu és, mas no tipo de profissões de que a economia precisa. Se o preço é falta de qualidade, se o preço é falta de dignidade humana, é haver tanta gente jovem sem instrumentos para lidar com a vida e para descobrir por si própria o sentido da vida ou que significado pode dar à sua vida, então criamos o “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. Aqui surge a sociedade kitsch. E a dada altura já é segunda-feira, a festa acabou, chegou a crise financeira e as pessoas já não conseguem pagar esta sociedade e surgem políticas de ressentimento, que é o que fazem os fascistas e é o que o sr. Wilders está a fazer de forma brilhante.

Que políticas são essas?
Em vez de tentar fazer algo positivo com as preocupações das pessoas e com os problemas que existem, explora-os.

De que forma?
Usando a velha técnica do bode expiatório. “Isto é por causa do Islão, por causa dos países de alho, por causa dos polacos. Nós somos as vítimas, vocês são o inimigo.” Ou “Isto é por causa da esquerda e das artes e da cultura, os hobbies da esquerda.” Este fulano [Wilders] é contra tudo o que pode alertar as pessoas para o facto de ele ser um dos maiores mentirosos de sempre.

 

Como as artes e a cultura que referiu?
Sim. O que temos de enfrentar é: se toda a gente vai à escola, se toda a gente sabe ler, se tanta gente tem educação superior, como é que continuam a acreditar nestas porcarias sem as questionar? E porque é que tanta gente continua a achar que quando X ou Y está na televisão é importante, ou quando X ou Y é uma estrela de cinema é importante, ou quando X ou Y é banqueiro e tem dinheiro é importante? A insanidade disto… [suspiro] Se tirarmos as posições e o dinheiro a estas pessoas, o que resta? Pessoas tacanhas e mesquinhas, totalmente desinteressantes. Mas mesmo assim vivemos encantados com a ideia de que X ou Y é importante porque tem poder. É a mesma lengalenga de sempre: é pelo que têm e não pelo que são, porque eles são nada. E a educação também é sobre o que podes vir a ter e não sobre quem podes vir a ser.

Reformar o ensino seria uma solução?

Eu não sou pedagogo e quero mesmo acreditar que existe uma variedade de formas de chegar ao que penso que é essencial: que as pessoas possam viver com dignidade, que aceitem responsabilidade pelas suas vidas e que reconheçam que o que têm em comum – quer sejam da China, Índia, África ou esquimós – é que somos todos seres humanos. Sim, há homens e mulheres, homossexuais e heterossexuais, pessoas de várias cores, mas somos todos seres humanos. Não podemos aceitar fundamentalismos e ideologias e sistemas económicos como o capitalismo, mais interessados em dividir as pessoas do que em uni-las.

 

E de onde pode vir a união?
Só pode ser baseada na aceitação de que existem valores universais. A Europa é um exemplo maravilhoso disso: há esta enorme riqueza de tradições e línguas e histórias, mas continuamos a conseguir estar abertos a novas culturas e é onde pessoas vindas de qualquer parte podem tornar-se europeias. Mas isto só acontece se valorizarmos e protegermos o espírito democrático. A democracia é o único modelo aberto e o seu espírito exige que percebamos que Espinoza estava certo, que o difícil é mais interessante que o fácil, que não devemos temer coisas difíceis porque só podemos evoluir se estivermos abertos ao difícil, porque a vida é difícil. Que para lá das habilidades de que precisamos para a profissão em que somos bons, todos precisamos de filosofia, todos precisamos da arte e da literatura para nos tornarmos seres humanos maduros, para perceber o que as nossas experiências internas encerram. É para isto que existem as artes, é por isso que vais ver um bom filme e ouves boa música e lês um poema.

É por isso que a cultura está sob ataque? Aqui em Portugal o actual governo eliminou o Ministério da Cultura.
E é isso que o partido fascista está a fazer na Holanda e é o que outros estão a fazer em todo o lado. Óbvio! Quem quer matar a cultura são as pessoas mais estúpidas e vazias do mundo. Claro que é horrível para eles olharem-se ao espelho e verem “Sou apenas um anão estúpido”.

Por isso querem livrar-se da cultura?
Por isso e porque ela ajuda as pessoas a entender o que realmente importa. O medo da elite comercial é que as pessoas comecem a pensar. Porque é que os regimes fascistas querem controlar o mundo da cultura ou livrar-se dele por completo? Porque o poeta é a pessoa mais perigosa que existe para eles. Provavelmente mais perigoso que o filósofo. Quando usam o argumento de que a cultura não é importante e de que a economia não precisa da cultura, é mentira! Isso são as tais políticas de ressentimento, um grande instrumento precisamente porque eles nos querem estúpidos.

E alimentam essa estupidez.
Claro. A geração mais jovem tem de questionar as elites de poder. Sim, vocês precisam de emprego, mas, acima de tudo, precisam de qualidade de vida. E essa qualidade está relacionada com várias coisas: com a qualidade da pessoa que amas e com a qualidade dos teus amigos, com o que podes fazer que é importante e significativo para ti. Quando vês que te estão a tirar isso, percebes que não estão no poder para te servir, querem é que a sociedade os sirva.

A democracia parece estar limitada a ir às urnas de x em x anos. O que é afinal uma verdadeira democracia?
Quando Sócrates foi levado a julgamento disse “Vocês já não estão interessados na verdade” e isso continua a ser assim. É por isso que chamei ao meu primeiro livro “Nobreza de Espírito”, porque para a teres não precisas de dinheiro, nem de graus académicos. Nobreza de espírito é a dignidade de vida a que todos podem ter acesso e é a essência da democracia. O espírito democrático é mais do que ir às urnas e se eles [políticos eleitos] não se baseiam nessa nobreza, os sistemas colapsam, como estão a colapsar. Foi Platão que disse que “a democracia pode cometer suicídio” e é assim que começo o “Eterno Retorno do Fascismo”. A grande surpresa para Ortega y Gasset foi que, livres do poder da Igreja e da tirania e aristocracia, finalmente havia democracia e o que fazemos? Estamos a matá-la! Isso aconteceu em Espanha, em Portugal, em Itália, na Alemanha, esteve perto de acontecer em França… Há um livro lindíssimo que Sinclair Lewis escreveu, “Não pode acontecer aqui”, mas a verdade é que pode facilmente acontecer nos EUA. O livro de Philip Roth, “A Conspiração contra a América”, prova-o.

Em 2009 escreveu uma carta a Obama, então presidente eleito. Quatro anos depois, que avaliação faz do mandato?
Na altura era a favor de Hillary Clinton.

Porquê?
Porque acho que ela tem instintos políticos muito melhores e mais experiência política que Obama. Estava na América no dia em que ele foi eleito, a 4 de Novembro de 2008, e foi um momento histórico, mas teria sido igualmente histórico se a América tivesse escolhido uma mulher. O problema com Obama é que não é um grande presidente. [risos]

Em que sentido?
Tornou-se demasiado vulnerável aos interesses infestados. Teve uma equipa económica com pessoas que vieram todas de Wall Street, como Larry Summers e Timothy Geithner. O poder do dinheiro no sistema político americano é assustador! E ele não conseguiu escapar a isso. E depois a política é uma arte e demasiados intelectuais pensam que, por terem lido sobre política, sabem de política. Não é verdade. A política tem a ver com pequenos passos, grandes passos são impossíveis numa democracia. Mas vamos esperar e rezar para que Obama seja reeleito. Senão vamos ter um problema, todos nós. E já agora, que no segundo mandato ele consiga fazer mais, tem esse dever.

Obama legalizou em Janeiro a detenção por tempo indefinido e sem julgamento de qualquer suspeito de ligação a redes terroristas. O que pensa disso?
Se lhe perguntasse sobre isso, ele dir-lhe–ia: “Aqui que ninguém nos ouve, não tive alternativa”. O problema sério com que estamos a lidar tem a ver com o poder dos media. Eles querem vender e só podem vender se tiverem notícias de última hora constantes. Têm de alimentar este monstro chamado público. Tudo tem de ser a curto prazo. Na política é o mesmo, é sobre o dia seguinte. Onde está a elite política que quer pensar à frente, a um ou dois anos? Onde estão os media que expliquem às pessoas a importância do longo prazo? Na economia é o mesmo. Tudo tem de ser agora. Perdemos a noção de tempo. No mundo político, as pessoas deviam poder dizer: “Não sei a resposta a essa questão. Dê-me uma semana e falarei consigo.” Mas se um político disser “Não sei”, é morto. Vivemos a política do instante, onde as questões estruturais são esquecidas. Veja, estou cá [em Lisboa] a convite de Mário Soares. O que quer que se pense sobre ele ou sobre Mitterrand, etc, essa geração viveu a guerra, experienciou a vida, leu livros. Cometeram erros? Claro que sim, mas é uma classe completamente diferente de tantos actuais políticos, jovens, sem experiência, que não sabem nada. Nada! Se lhes perguntarmos que livros leram, eles quase têm orgulho de não ler!

O que pensa dos movimentos como os Occupy ou o 15M de Espanha?
É extremamente esperançoso que estejamos a livrar-nos da passividade. Finalmente temos uma nesga de ar, mas precisamos de um próximo passo, protestar não basta. A História mostra-nos que as mudanças vêm sempre de um de três grupos: mulheres, jovens ou minorias. Acho que agora vai ter de vir dos jovens. Se isto continuar por mais três ou cinco anos, o seu futuro estará arruinado, não haverá emprego, casas, segurança social, nada. É tempo de reconhecer isto, de o dizer publicamente, de parar e depois avançar. Se os jovens pararem os jornais, os jornais acabam. Se os jovens decidirem que não vão à universidade, ela fecha.

Mas parece não haver união para isso.
É preciso solidariedade! Será que é preciso ir ver o Batman outra vez? Qual é o papel do Joker? É dividir as pessoas!

Os actuais políticos são Jokers?
No mínimo não estão a fazer o que deviam. Não estão a dizer a verdade. O perfeito disparate de que todas as nações europeias não podem ter um défice superior a 3% é pura estupidez económica. Temos de investir no futuro. Como? Investindo numa educação como deve ser, que garanta seres humanos bem pensantes e não apenas os interesses da economia. Investindo na qualidade dos media… O dinheiro que demos aos bancos é milhões de vezes superior ao que é preciso para as artes, a cultura, a educação…

A WikiLeaks revelou que a CIA espiou o 15M e que divulgou um documento onde diz ser preciso evitar que destes movimentos “surjam novas ideologias e líderes”.
Uau! Isso prova o que defendo! Não sabia disso mas é muito interessante. Veja, porque é que temos democracias? Porque percebemos que o poder é um animal estranho para todos os que o detêm e que ninguém é imune a ele. Se dermos poder às pessoas elas começam a comportar-se como pessoas poderosas. Philip Zimbardo levou a cabo esta experiência, o Efeito Lucifer, na qual uns fingiam ser prisioneiros e outros guardas. A experiência teve de ser parada, porque os “prisioneiros” começaram a perder a sua individualidade e a portar-se como escravos e os “guardas” tornaram-se violentos e sádicos. De repente percebemos: “Uau, é isto a natureza humana, é disto que somos capazes.” Lição aprendida: há que controlar o poder, venha ele de onde vier.

A sociedade é que pode controlá-lo?
Sim, todos têm de aceitar uma certa responsabilidade. Os intelectuais têm de se manter afastados do poder, porque só assim podem dizer a verdade. Os media também, porque sem sabermos os factos a democracia não sobrevive. Se esses mundos de poder não tiverem total controlo, as pessoas têm tentações. Quem tem dinheiro quer mais dinheiro, quem tem poder quer mais poder. E há que garantir a distribuição equilibrada destas coisas na sociedade.

Só quando soube que vinha entrevistá-lo é que li sobre o Instituut Nexus.
Está perdoada, não somos famosos. (risos)

Porque é que decidiu criá-lo?
Quando estava na universidade percebi que já não é o sítio onde podemos adquirir conhecimento e onde há conversas intelectuais, essenciais à evolução. Na altura conheci um judeu que dedicou tudo – tempo, energia, dinheiro – a resgatar o que Hitler queria destruir: a cultura europeia. Abriu uma editora, uma biblioteca, uma livraria. Tornou-se meu professor e começámos um jornal, o Nexus, e depois da primeira edição percebemos que tínhamos de levar a ideia a outro nível e criar uma infraestrutura aberta onde intelectuais de todo o mundo pudessem discordar uns dos outros e falar de tópicos importantes. Qualquer pessoa pode participar pagando 10 euros. Estamos sempre esgotados e temos pessoas a vir de todo o mundo.

Qual será a próxima conferência?
É a 2 de Dezembro, sobre “Como mudar o mundo”. O Slavoj Zizek vai lá estar, um deputado britânico conservador também, [o escritor] Alessandro Baricco. E no próximo ano vamos abrir um café com uma livraria europeia e um salão cultural, num antigo teatro de Amesterdão. Se tivesse dinheiro gastava-o a abrir um assim em cada cidade, arranjava orquestras… Temos de reconstruir as infraestruturas culturais, precisamos disso com urgência. E temos de ser nós porque as elites no poder não o vão fazer.

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Rob Riemen, entrevista da comunicação social, dia 23 de Abril de 2012.

ÁLVARO SANTOS PEREIRA: “PORTUGAL ESTÁ MUITO MELHOR” OU A INCOMPETÊNCIA COMPLETA DE UM MINISTRO SEM QUALIDADE

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O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, garantiu hoje que Portugal está “em condições muito melhores” do que quando o Governo tomou posse, considerando que a “evolução da economia nacional vai depender” da evolução económica europeia.

Em declarações aos jornalistas à margem de um conjunto de visitas a empresas que hoje realiza no distrito de Aveiro, Álvaro Santos Pereira defendeu que a boa nota da ‘troika’ e “os elogios que têm sido feitos ao Governo e ao povo português somente” dão mais alento para continuar o caminho que está a ser feito.

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Declarações que já nem se estranham tendo em conta quem as faz, comunicação social, dia 28 de Fevereiro de 2012

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A taxa de desemprego em Portugal disparou para o recorde de 14,8% em janeiro, segundo os dados divulgados esta quinta-feira pelo Eurostat. Há 815 mil portugueses sem trabalho. Um em cada três jovens está desempregado, reflexo de uma taxa de 35,1%.

É um valor bem acima do registado na Zona Euro. Na média dos países que partilham a moeda única a taxa geral subiu uma décima em relação a dezembro, para os 10,7%, e sete décimas face a 2010. Durão Barroso fez as contas e concluiu que é a mais alta desde outubro de 1997.

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Notícia sobre as “melhorias” da taxa de desemprego em Portugal, comunicação social, dia 1 de Março de 2012

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O PSD E PEDRO PASSOS COELHO: 2012 SERÁ UM ANO DE VIRAGEM (andando 10 anos para trás, por enquanto…)

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2012 será de “viragem”, garante Passos Coelho
O primeiro-ministro, Passos Coelho, defendeu hoje que 2012 será “inequivocamente um tempo viragem”, em que o défice estrutural baixará “significativamente”, mantendo a previsão desse défice em 2,5 por cento do PIB.

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Declarações absurdas do capataz encarregado pelos mercados de destruir o que resta disto,  comunicação social, dia  20 de Janeiro de 2012

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Deve notar-se que este gráfico é citado a partir do The economist, que, como toda a gente sabe,  é um perigoso jornal comunista…

Fonte

DOS SUBORNOS E DA CORRUPÇÃO

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Mais um ano que começa, mais subornos (organizados e desorganizados).

Mais um ano, mais corrupção em Portugal.

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Actualmente vivemos sob a forma da corrupção intensificada e aumentada, moderna e austeritária.

Como podemos não estar felizes com isso?

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Como podemos não estar felizes com a elevação a um patamar superior de suborno e corrupção?

Somos mesmo uns ingratos por não apreciarmos devidamente este patamar superior…

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Finalmente começamos a chegar lá, dizem os adeptos desta forma de sociedade.

Finalmente atingimos o nirvana.

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QUEM SÃO OS DONOS DE PORTUGAL

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«(…) só apoiaram o regime aquelas forças que nunca apareceram na cena politica… mas estiveram sempre por trás dela?

Essas mesmas forças que beneficiaram com o chamado corporativismo, traduzido do italiano: aquelas forças que, no campo económico e financeiro, engordam enquanto o povo emagrece: o alto capital, a Finança internacional.

A Igreja e o exército foram os seus instrumentos. Mas só essas forças podiam ser o verdadeiro aliado de Salazar. Por isso, enquanto só o temor às retaliações tolhe ainda o exército e a Igreja parece ter-lhe tirado inteiramente o seu apoio, o regime continua “inexplicavelmente” de pé.

“Inexplicavelmente” para quem ainda não se deu ao trabalho de verificar quem são na realidade os donos de Portugal…»

Adolfo Casais Monteiro

Retirado de “O Peso e a leveza” – “Porque o Estado Novo durou quatro décadas


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O excerto foi escrito há mais de 50 anos.

Alguém nota alguma diferença “real e verdadeira” em termos de poder e distribuição do mesmo com a realidade actual?

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Porque se acha que o PS (e o PSD)  é tão fortemente a favor da Europa? (Para contrapor à atracção exercida pelos EUA…)

(1) Explicação oficial: pertencer ao ideal de união dos povos, solidariedade, e é o sitio de onde vem o dinheiro.
Com a qual se mistificou a população e se criou um mentalidade colectiva de apoio e adesão à Europa.

(2) Razões verdadeiras:as luminárias que tomaram conta disto após o 25-o4-1974, passado uma meia dúzia de anos, se tanto, perceberam que eram COMPLETAMENTE incompetentes para conseguir gerir Portugal.

Perceberam que não tinham CAPACIDADE para gerir um país do qual nada entendiam.

Perceberam que não entendiam NADA de economia e gestão.

Perceberam que NÃO ERAM CAPAZES de criar e manter de forma sustentável um país democrático.

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Era necessário vender “isto” à Europa, para – a partir de lá – “eles” gerirem isto.*

Essa foi a solução encontrada há 35 anos.

Outsourcing político antes do outsourcing económico ser utilizado generalizadamente.

Sobre o preço a pagar, ninguém disse nada.

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Antes, do surgimento dessa “solução”existiu uma luta entre duas (emergentes) elites rivais.

(1) A antiga elite conservadora e aristocrata – simbolizada quase a 100% pelo Salazarismo – foi “afastada”. Por inanição da própria e por exaustão da própria.

(2) Após esse afastamento, surgiu uma “nova elite democrática”. Que entrou em concorrência  com os membros de uma elite concorrente que estava “dentro” do regime – disfarçadamente. (uma “elite rival da actual” que tinha um modelo económico e social “diferente” baseado no comunismo soviético).

Após esta luta entre membros de duas elites concorrentes que queriam herdar o que o antigo regime conservador Salazarista deixava para trás e após a “elite actual” – democrática – ter ganho a batalha, esta ficou no “terreno”; para, dessa forma, nos demonstrarem  como era E NOS”GERIREM” EM DEMOCRACIA.

E a magnifica demonstração que fizeram foi……enviar isto por correio para a Europa.*

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E passamos lentamente do estado em que éramos um país gerido por uma ditadura retrograda que apostava em nos manter a todos pobres, para uma entidade mítica distante e próxima que nos gere: a Europa.

Que nos mantém pobres de uma outra maneira.

E o “truque” genial disto é fazer-nos pensar que somos nós – enquanto cidadãos – que  ainda que nos gerimos através dos governos eleitos, etc…

De um ponto de vista “europeu” são as normas comunitárias transpostas para a legislação nacional. (Que nos governam…)

De um ponto de vista “mundial-supranacional” são as políticas definidas em organizações internacionais.

Onde Portugal nem sequer ocupa os cargos a que tem direito, internacionalmente. E mesmo que ocupe…

Isso, inviabiliza, por si só, qualquer real capacidade de negociar em termos de igualdade com os restantes países.

Isso inviabiliza qualquer forma de autonomia.

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Um país pequeno só pode contrariar isto, optando por uma de duas opções.

Ou (1) sai da embalagem onde está metido, ou (2) fica dentro mas não pode estar tão dentro do núcleo das potencias poderosas.

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– Portugal está a fazer dois erros colossais: está demasiado próximo dos interesses associados aos EUA e está demasiado próximo dos interesses associados à União Europeia.

– Portugal está a ser sugado e atraído para seguir as lógicas de funcionamento destes grandes blocos.

Como as dinâmicas de poder de ambos os blocos são conflituantes quem é pequeno e fica no meio de ambas procurando agradar aos dois lados; é invariavelmente dilacerado, quando existe uma crise de qualquer tipo.

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Como se sai?

(1) Primeiro que tudo é necessário definir um conceito de interesse nacional: quais são as coisas que são do nosso interesse nacional, enquanto país, defendermos?

(2) Depois é necessário, dentro do aparelho estatal, criar mecanismos que consigam criar sustentabilidade de políticas, independentemente de quem é eleito para um governo.

(3) Depois é necessário que esses mecanismos e as pessoas que os executam o pensem e o façam a “longo prazo”.

Objectivo: criar uma sustentabilidade das políticas (de defesa do interesse nacional) a executar.

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Mas, no concreto, como se pode contrariar a “lógica” e a situação decorrente das duas dinâmicas conflituantes em que nos deixamos embrenhar?

(1) Desde logo não podemos ser tão “abertos” economicamente. Tem mesmo que existir  “alguma dose de proteccionismo” disfarçado ou directamente aplicado na nossa economia. Só dessa forma se podem “afastar” alguns concorrentes estrangeiros.

E promover pequenas e médias empresas de origem nacional.

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(2) Mas isso significa proteger situações em que não produzimos. Para quê proteger áreas onde não existe sequer produção nossa?

E devolve-se a pergunta de outra forma: porque se acha que chegamos ao ponto de “não produzirmos” ?

Precisamente porque “nos abrimos demais” em relação ao que deveríamos ter feito.

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Nos meandros do “regime”  SABIA-SE e já desde há muito tempo, que se se adoptasse certas políticas, as coisas chegariam onde estão!

Ver Dissidente-x – Neo liberalismo económico e decadência programada.

SEGURANÇA NAS ESCOLAS: PASTAS REVISTADAS EM FRANÇA OU PROTO TOTALITARISMO?

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Uma das formas de criar uma sociedade totalitária onde as pessoas aceitam ser controladas está perfeitamente explicita nesta noticia do Jornal Expresso (não é por acaso que é dado este destaque, e neste jornal a este tipo de notícia…) em que o Presidente Francês, pretende aumentar controlos nas escolas francesas.

Para fazer tal recorre a um discurso completamente totalitário, demagógico, perverso, que “entala” a esquerda política.

Esta que nunca conseguiu resolver os seus próprios problemas e concepções acerca do que deve ser uma escola e o ensino, e consequentemente “abre” espaço” político e social para que “demagogos” destes produzam um discurso totalmente vazio demagógico e consigam ter êxito na propagação da sua mensagem.

E é o que Sarkozy faz e habilmente.

JORNAL EXPRESSO - SEGURANÇA NAS ESCOLAS 1

Factos: existe uma agressão á facada feita por um aluno de 13 anos  a um professor.

Factos: isso é um caso de polícia simples.

Motivados pelo facto de existir uma opinião pública que”exige” resultados imediatos (essa mesma opinião pública vive numa sociedade cuja economia lhes exige ao trabalharem, que “obtenham resultados imediatos”) e isso leva o Presidente Sarkozy “a fazer o anúncio das novas medidas.

O que deveria preocupar as pessoas aqui é o facto de este senhor ser um mau governante.

Porquê?

Porque só “reage” e não age. Parte-se do principio que este problema ou outros semelhantes já existiam antes do acontecimento. Sarkozy, não agiu. Agora aproveitou a oportunidade e reagiu.

É melhor agir do que reagir.

E aproveitou a oportunidade para quê?

Para lançar uma série de medidas demagógicas e completamente a puxar para o totalitarismo, sob o pretexto da “segurança”. (sempre este pretexto…)

(A) os pórticos para detecção de metais. (Estilo semelhante  ao que se passa nos EUA)

(B) Multas para os pais que deixem os filhos levar armas para a escola.

Os pórticos são uma maneira simbólica de equiparar os alunos a terroristas – o mesmo que se passa em aeroportos…(há uma associação de ideias imediata…)

As multas são uma “forma fiscal ” e de intimidação para com os cidadãos. Um “panóptico” fiscal que aqui está.

Mas alguém acredita que um pai que tem um filho que leva facas para a escola e dá facadas em professores consegue controlar esse mesmo filho de forma eficaz? Já perdeu o controlo há muito tempo…

Consequentemente a multa não VAI resolver nada, excepto para os cofres do estado francês…

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Sarkozy é também esperto e usa o discurso da vitimização e das “lágrimas de crocodilo”, nesta frase:

Claro que é lamentável ter-se chegado aqui, mas como agir de outro modo num tal contexto?

E porque é que é lamentável ter-se chegado aqui? Quais as causas? E só existem estas soluções ou apenas existem estas soluções porque são estas a soluções que Sarzozy e a direita conservadora proto totalitária que se esconde por detrás dele quer aplicar?

Em seguida Sarkozy quer “dar uma facada ideológica na esquerda”,um “beijo de morte” e diz o seguinte:

“A tranquilidade dos estabelecimentos escolares é uma condição absolutamente fundamental para a igualdade de oportunidades”,…”

Fala em “tranquilidade”, uma palavra cuidadosamente usada para ser a palavra substituta da palavra “ordem” uma palavra que sempre foi “associada” à direita política e depois usa a expressão “igualdade de oportunidades”, que é uma expressão sempre usada pela esquerda política em todos os lados quando critica a direita.

O “negócio” político e social que Sarkozy está a propor aos franceses, e por interposta condição, a direita política propõe a todos os cidadãos é muito simples.

Trocar “liberdade” (tranquilidade) por ordem coerciva muito dura para “depois” ser oferecida como recompensa pela “troca” a…… “igualdade de oportunidades”.

Mas… na realidade, ambas as condições não estão em causa aqui. Ainda existe liberdade e ainda existe o principio da igualdade de oportunidades.

Caso se aceite a lógica de Sarkozy/da direita conservadora, deixa-se de ter “duas  coisas” (liberdade e igualdade de oportunidades) e passa-se só a ter a “promessa “de ter uma coisa (a igualdade de oportunidades)

No fundo o que este homem propõe é uma troca cujo resultado é zero para os cidadãos.

Como é possível aceitar um negócio em que temos “duas coisas” e passamos apenas a ter a promessa de uma coisa? Qual é o ganho aqui?

Quando o caso que despoleta esta habilidade, é apenas um caso de polícia. O aluno comete um crime, deve ser processado por isso, e posteriormente preso.

Sarkozy usa a oportunidade para “alterar” todo um sistema e torná-lo menos democrático.

JORNAL EXPRESSO - SEGURANÇA NAS ESCOLAS 2

Para reforçar mais ainda esta tentativa de instaurar uma lógica de resolução de um problema adoptando medidas totalitárias, Sarkozy usa uma técnica “norte americana”que nos tem sido enfiada pelas goelas abaixo desde sempre.

A invocação de um”perigo externo”.

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Cita-se Planeta americano, um post do Dissidente-x, á propósito do capítulo 6 desse livro, analisado nesse post.

” No capitulo 6 – A paixão pelo medo – Verdu descreve a total tesão pelo medo que os americanos têm e que é potenciada até às extremas pela imprensa. A ideia psicológica subjacente a tudo isto é a de que os EUA estão colocados numa posição de perigo; em que forças humanas ou sobrenaturais ameaçam, atacam e espiam a população. Existe um conceito muito presente ” o disaster never sleeps/ o desastre nunca dorme. Medo, supra medo, injecções de medo umas atrás das outras. Ou seja, o medo e a sua exploração são as imagens de marca daquela sociedade.”

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A técnica de Sarkozy é muito parecida com o acima descrito. Especialmente quando “invoca” um desastre escolar na Alemanha – um recente tiroteio numa escola.

O mais famoso tiroteio das escolas conhecido mundialmente foi o do liceu de Columbine, nos EUA. Sarkozy prefere falar do tiroteio alemão, uma situação em que  “forças humanas ou sobrenaturais ameaçam, atacam e espiam a população.” (para citar a partir do excerto acima)

Isto é, “alemães” os tradicionais inimigos franceses… (Pode não ser nada, mas em Columbine morreram muito mais pessoas que na Alemanha…)

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E o representante dos sindicatos diz qual é realmente o problema:

” o que se vê diariamente não são as armas, mas a má criação, os insultos e a violência ligeira. O verdadeiro trabalho é educativo, com pessoal adequado.”

Também o que se vê diariamente é isto abaixo mostrado, retirado daqui:

30 ANOS DE EVOLUÇÃO DO ENSINO

Ou seja, uma completa inversão de valores que transforma necessariamente adolescentes em pessoas insuportáveis de aturar.

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Já em Portugal, não temos Sarkozy. Temos a “esquerda” “oficial”, ” normativa”, conservadora e reverente a fazer os mesmos papeis que Sarkozy faz em França. Exemplo retirado daqui:

E de repente … gente que apregoa a sua filiação na esquerda, que enche a boca com o PS – aqui entendido como Partido Socialista – gente que apregoa a superioridade do dito Partido na luta contra a ditadura, acha que sim, que deve passar a haver câmaras e gravadores nas salas de aula, que os bons professores não se importarão por certo de ser gravados e os que se importarem serão, por definição, maus professores, incompetentes, quiçá criminosos…

Written by dissidentex

01/06/2009 at 11:15