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O ESCUDO ANTI MISSIL E OS DESTROYERS DE CLASSE AEGIS

A administração Obama tomou uma decisão positiva, provavelmente a única  desde que iniciou o seu mandato.

Numa decisão arrojada, (resta saber se motivada por ter sido forçada a isso, por questões éticas, ou apenas geopolítica…) decidiu suspender a colocação do escudo de defesa anti míssil a ser colocado na Polónia (o sistema de intercepção) e na Republica checa (os radares).

(1) A “teoria oficial” com a qual se procurou “vender a ideia” da aceitação deste sistema de defesa na Europa afirmava que o sistema seria colocado para proteger os EUA e acessoriamente a Europa, de ataques com misseis balísticos intercontinentais, vindos do irão.

(2) A “teoria real” faz perceber que a colocação do sistema visava condicionar e eventualmente atacar um primeiro adversário: a Rússia. (e só acessoriamente o Irão, como segundo adversário…)

ESCUDO ANTI MÍSSIL - ESQUEMA

(3) Também visava condicionar a Europa, e continuar a fazê-la depender dos sistemas de defesa norte americanos. Acaso a Europa decidisse gastar dinheiro a implementar um sistema próprio de defesa e a tornar-se “musculada” com o Irão ( Por Europa entenda-se a França e a Alemanha), esta manobra de suposta altruísta generosidade, desmobilizaria dentro da União Europeia quaisquer veleidades de impor um sistema de defesa próprio europeu. (Os polacos, à cabeça a apoiarem as posições americanas…)

Quanto ao Irão, apesar de representar um perigo, é apenas o primeiro bode expiatório oferecido à opinião publica Ocidental (e do resto do mundo), para tentar ocultar aquele que é considerado o verdadeiro adversário estratégico dos EUA ( o que volta novamente a ser designado por tal).

Se o Irão cair será um agradável beneficio e se se tornar um estado na órbita dos EUA, será mais um bónus dadas as riquezas petrolíferas do país e a posição estratégica do mesmo.

ESQUEMA DE DESTROYER DA CLASSE AEGIS - NROL21_04A não ser assim, e se o perigo fosse mesmo o iraniano, teriam sido colocados misseis defensivos em Destroyers da classe Aegis, a serem colocados respectivamente, no médio oriente (mediterrâneo) e no mar báltico.

Acaso fosse o Irão o “alvo inicial” da política externa norte americana, teria sido desde logo uma solução baseada em Destroyers da classe Aegis a adoptada pela administração Bush.

Até porque sai mais barata, uma vez que o sistema já existe e os EUA tem mais de 50 destroyers desta classe em funcionamento.

Após pressões russas, para não ser implementado um sistema destes e após anuncio pelo russos que iriam colocar um “contra” sistema de misseis no enclave russo de Kaliningrado, localizado entre a Polónia e a Lituânia, estes decidiram imediatamente fazer marcha atrás na implementação do sistema de misseis entre a Polónia e a Lituânia.

Apesar dos russos não serem flor que se cheire, ninguém gosta de sair de casa e ter armas (imediatamente) apontadas…especialmente por alguém que é “aliado” como os EUA afirmam ser…

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05/10/2009 at 9:24

AFRICOM – O NOVO COMANDO MILITAR NORTE AMERICANO

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África é o segundo maior continente da Terra, ocupando 20% da sua área.

África é também o maior depósito de minerais do mundo.

Africa’s share of the world’s major mineral reserves is estimated as follows: 8% petroleum, 27% bauxite, 29% uranium, 20% copper, 67% phosphorites, and substantial reserves of iron ore, manganese, chromium, cobalt, platinum, and titanium. Algeria, Egypt, Libya, and Nigeria are the major petroleum and natural gas producing countries in Africa. Botswana, Congo (D. R.), and South Africa together produce 50% of the world’s diamonds. Ghana, South Africa, and Zimbabwe together produce nearly 50% of the world’s gold.

Temos um território imenso, com uma população e respectivos estados; frágeis e temos as maiores reservas de minerais – de quaisquer tipos de minerais – lá localizados.

Um sitio “grande”, pouco defendido, com imensas riquezas naturais.

Ø

No dia 6 de Fevereiro de 2007, o malvado George Bush, anunciou que os EUA iriam criar um comando militar destinado a resolver os assuntos de África, (quais assuntos?) chamado Africom. Este novo comando militar teria as responsabilidades que antes eram partilhadas pelos comandos militares Central Command, Pacific Command e European Command.

Este novo comando africano teria que estar operacional o mais tardar a 1 de Outubro de 2008.

O novo comando militar ficou destacado na Alemanha, na base de Rammstein, devido à impossibilidade de se conseguir encontrar um país africano que quisesse lá ter bases militares, representando o “Africom”.

Um grupo de intelectuais africanos criou um movimento destinado a alertar as populações e as opiniões publicas sobre a militarização do continente que este gesto norte americano implicava.

AFRICOM—which becomes operational on October 1, 2008—will oversee the growing array of U.S. military programs already being implemented in Africa. These range from military training, to the delivery of millions of dollars worth of weaponry and other military equipment, to the establishment of a new U.S. military base on the continent, to the deployment of aircraft carrier battle groups to patrol the waters of the oil-rich Gulf of Guinea, to the deployment of U.S. troops on battlefields in Somalia, Chad, and Mali. In fact, it would surprise most people to know that American soldiers are already fighting in Africa.

In January and June 2007, U.S. troops based in Djibouti mounted air and naval strikes aimed at alleged al-Qaeda members—killing dozens of Somali civilians instead—and in September 2007, a U.S. cargo plane flying supplies to Malian counter-insurgency troops was hit by ground fire from Tuareg insurgents, although no Americans were injured and the plane returned safely to its base.

Razões principais (oficiais) para a criação do AFRICOM:

(1) Proteger o acesso dos EUA aos fornecimentos de petróleo oriundos de África.

(2) Expandir a “guerra ao terrorismo” em África.

(3) Contrariar a crescente influência chinesa e envolvimento económico da China em África.

Ø

Ver à propósito uma acção de propaganda num jornal de um dos países  aliados, destinada a dizer o contrário, para salvar a face, através destas notícia do jornal Publico, de 27 de Março de 2009:

A verdadeira razão deve-se ao facto de todos os países africanos terem recusado  -a té à data –  a instalação de uma base militar semelhante à de Rammstein, na Alemanha que é só a maior base militar americana, fora dos EUA.

E não como a notícia nos diz que é.

Ø

Após estas movimentações e a criação do “Africom” seria de esperar que a situação em África ainda se acalmasse mais.

Uma ideia destas – dissuasora – teria tendência a inibir o aparecimento de problemas.

Surpreendentemente …… não.

Imediatamente surgiram as “crises de pirataria” no golfo de Aden,ao largo da Somália.

Na província de Kivu, no norte do Congo problemas também surgiram com crises e rebeldes.

No Djibuti, em 2007 (Janeiro e Junho), tropas americanas montaram operações de combate à membros da Al kaida, quer aqueles que existiam,quer aqueles que não existiam, atingindo civis somalianos,em vez disso.

Na Somália,no Chade e no Mali, existiram “deployments” – tropas americanas ocuparam posições nestes países.

No Mali, os norte americanas estão a apoiar as forças que lutam contra os rebeldes insurgentes, entre os quais estão tuaregs. Um avião americano foi em Setembro de 2007, atacado por Tuaregs.

Fonte: New york Times.

REUTERS - SETEMBRO 2007 MALI - TUAREGUES

É favor reparar no pormenor delicioso da notícia do New York Times segundo a qual, o avião apenas levava “comida”.

Ø

No dia 27 de Outubro em washington, o general  William E. Ward, comandante do Africom, fez um discurso onde designava quais eram os objectivos do comando Africom.

‘in concert with other US government agencies and international partners, (to conduct-levar a cabo) sustained security engagements through military-to-military programs, military-sponsored activities, and other military operations as directed to promote a stable and secure African environment in support of US foreign policy.’

As ‘military operations as directed to promote a stable and secure African environment in support of US foreign policy,’ são claramente operações militares desenhadas para bloquearem a presença económica chinesa na região.

Isto na pratica significa que, a criação deste comando Africano que dá pelo nome de Africom, foi feito precisamente para isto.

Se até aqui não existia comando, porque não existia forte presença comercial e económica da China, então uma coisa ajusta-se à outra.

E assim se avança para a militarização de um continente.

E assim se cria na mente dos chineses uma ideia de que serão hostilizados – justamente ou injustamente, e que importa – pelos EUA, onde quer que seja e usando quaisquer métodos.

E assim isso criará uma reacção.

Ø


Quando se avança para uma situação destas – abertamente militarizada ou forçando a militarização de uma área é porque se julga querer proteger algo.

Algo não é a população destes países ou o poder político neles instalado, independentemente da sua raiz democrática ou não democrática.

Algo pode ser o “acesso livre” a esses bens – os minerais e as reservas de hidrocarbonetos, do primeiro texto em inglês que transcrevi em cima.

Mas teremos que traduzir o que significa “acesso livre” do ponto de vista dos americanos. E acesso livre significa duas coisas:

(1) que, por exemplo, grupos de cidadãos armados de um determinado país, que não contentes com a distribuição do rendimento nacional dentro do seu próprio país, se revoltem, invocando uma qualquer ideologia ou religião por detrás da revolta, sejam “contidos”, isto é, impedidos de alterar a ordem vigente.

(2) Que grupos de “interesses estrangeiros” – sejam eles a Rússia,a China, o Japão, a Índia, ou alguma das potências europeias que nisso esteja interessada (ex: França) possam realizar negócios em termos de (A) monopólio que lhes seja atribuído, ou em termos de (B) “tratamento preferencial”.

Ø

É por estas razões, como se viu acima,que no post “Darfur e o petróleo” se escreve a dada altura o seguinte:

” Os mapas são divididos em dois, por razões de espaço. O original é um simples mapa feito pela Usaid em 2006 – uma NGO norte americana que serve, também de guarda avançada exploratória dos interesses dos EUA (do governo dos EUA), no que toca a influenciar países; “através da ajuda humanitária” que mostra quem são os donos dos campos de exploração petrolífera no Sudão. Em 8 dos campos marcados, não existem companhias norte americanas a trabalhar e 3 deles são explorados pela CNPC – China National Petroleum Corporation.”

usaid-darfur-exploracaode-petroleo-mapa-12

Quando não se consegue por meios legítimos recorre-se à força militar.

E o benigno Obama apenas continua a seguir a mesma política externa que o seu antecessor George Bush.

O que prova que o que os EUA designam como sendo “o seu interesse nacional” nada tem a ver com “Direitos humanos”, com “democracia e a sua implementação” ou com quaisquer outras considerações do mesmo teor, mas sim com a imposição de força bruta no terreno e controlo,  através da intimidação derivada do estabelecimento de um comando militar.

E que irá – mais tarde ou mais cedo – começar a ter uma contra reacção dos chineses ou de outros – os próprios povos de África – que começarão a perceber que estão de novo a ser colonizados, mas agora de outra forma – o estado de serem protectorados de facto, submetidos ao interesse de várias potências em disputa.

Ø

É por todo este acumulado de razões que iremos ver assistir nas próximas duas décadas a cada vez mais conflitos em África, mas só na região do Congo, Sudão, Somália, Nigéria, Mali,etc, todas as zonas que não estejam ao alcance dos EUA.

Assim como veremos imensas notícias na imprensa mundial falando de rebeldes, insurgentes, terroristas da al-kaida etc, que tentam derrubar governos, sendo que uma parte deles tentará derrubar governos pró ocidentais e outra parte será patrocinada pelos EUA para derrubar governos anti EUA.

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10/05/2009 at 20:24

FULL SPECTRUM DOMINANCE 3

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serie-24

Começou no dia 29 de Janeiro de 2009, a ser transmitida em Portugal, a nova série de 24 – salvo erro, a sétima temporada sobre as aventuras e desventuras do agente secreto Jack Bauer.

Bauer está na lista negra, foi ostracizado devido ao que tinha feito nas séries anteriores; as suas acções como agente.

E surge uma nova situação – terrorismo electrónico – que motiva a que o FBI chame Bauer. Pelo meio existe uma situação num país africano fictício chamado Kangala ou lá o que é, onde um ditador sanguinário está a realizar massacres com base em valores tribais.

As analogias com o Zimbábue e com os massacres no Ruanda são óbvias, assim como é óbvia a mensagem: os EUA deverão (irão) intervir em África para pararem massacres…

(Nota: não se diz, nunca se dirá, na realidade, ou num argumento de cinema, que o interesse real em intervir em África é o de assegurar o acesso  e o controlo às fontes de petróleo…por exemplo…)

Este é o “pretexto” argumentativo que dá corpo ao inicio da série. Onde isto se observava era numa reunião do Presidente norte americano com os chefes do Estado maior das forças armadas.

O presidente na série, é uma mulher; uma “aposta” sobre a forma de uma metáfora dos argumentistas em como Hillary Clinton seria eleita (aquilo que parecia mais provável quando a série foi feita).

E a dada altura desta situação, na boca da actriz que faz de presidente dos Estado Unidos surge a expressão: Can we achieve Full Spectrum Dominance”?

A pergunta é feita a um militar que está a explicar os pormenores da operação militar de desembarque das forças americanas destinadas a impedirem as acções do ditador sanguinário.

Também é a incorporação de um “vocábulo” e de um “conceito” numa série  popular, vista em todo o mundo, e que está a transmitir “valores americanos” ou a transmitir uma ideia do que serão  os valores americanos (ao resto do mundo).

Como se estivesse de forma publicitária e propagandística a efectuar uma acção de propaganda subliminar sobre o mundo inteiro: Can we achieve Full Spectrum Dominance/ Podemos nós conseguir domínio total e completo?

Tal significa na realidade o acto de se estar a dizer que “nós somos capazes de conseguir Full Spectrum Dominance; não se metam connosco, não tentem impedir-nos…

O acto subliminar está aqui…

Mesmo que colocados no argumento como sendo apenas “cenários”; hipóteses de trabalho teórico destinadas a fortalecer o argumento e a tentar mostrar como seria uma hipotética situação verificada quando o Presidente dos EUA decide algo….

mas existindo uma componente de “propaganda ideológica” e de “persuasão” pelo convencimento de outros , usando “certas lógicas” e certas frases.

Ø

A pergunta era: “Can we achieve Full Spectrum Dominance/podemos atingir controlo completo e total do terreno”?

O militar no filme diz que sim, podemos controlar a situação.

Se especularmos que isto é apenas um jogo metafórico, então esta frase pode ser considerada como sendo, pela boca de uma personagem  de ficção de uma série popular – que faz de presidente dos EUA (daí o simbolismo)  uma forma sofisticada de o dizer, mas dentro de um veículo de cultura popular.

Em “sentido figurado” dizendo ao  resto do mundo ( as pessoas que por todo o lado vêem a série ) que os EUA podem e irão atingir Full Spectrum Dominance…

e dizem-no, directamente… quer através de (1) “documentos “oficiais” , quer através de séries de (2) “cultura popular”.

Ambos os “canais de marketing” são assim ocupados?

Ø

borgNo mundo do Borg já existe “Full Spectrum Dominance” como conceito.

No mundo dos Borg, existe uma frase que eles utilizam quando encontram outras raças: ” a resistência é fútil”. “Preparem-se para ser assimilados”.

Todos em todos os espectros deverão ser assimilados.

Os Borg são uma raça ficcional que existe no mundo da ficção cientifica, descrito na série Star Trek.

O objectivo é o de assimilarem características distintas de uma qualquer outra espécie e juntarem essas características a si próprios – procurando alcançar a “perfeição”.

Os Borg são uma entidade colectiva. Que funcionam apenas alimentados pelo combustível do imperativo. (não o ético, nem o categórico, mas sim o imperativo entendido como uma ordem a obedecer sem discussão.)

A “ordem” é em si mesma “Full Spectrum dominance”. “Preparem-se para ser assimilados, a resistência é fútil”.

Especulativamente e metafóricamente “Can we achieve” Full Spectrum Dominance dita em 2009, poderá corresponder a um qualquer hipotético futuro em que uma qualquer raça (suponhamos que um qualquer híbrido como os Borg se desenvolve na Galáxia) dirá ” a Resistência é fútil, preparem-se para ser assimilados?

O que importa reter é que ambas as frases mas acima de tudo; ambos os conceitos que estão por trás – mesmo que sendo usados em séries de ficção televisivas – emanam dos argumentistas e produtores que nasceram e cresceram numa cultura: a cultura norte americana.

E se existe criatividade, espírito artístico,  etc, nestes conceitos inerentes e próprios das duas séries  e na criação das  duas séries – uma de ficção cientifica e outra de história de agentes secretos, também existe uma lógica cultural de agressividade – de como se vê os outros –  que importa perceber.

O acto de se ver “outros” como sendo passíveis de serem alvo de “Full Spectrum Dominance” ou (invertendo demagogicamente a lógica)  de se dizer que “não permitiremos que os outros nos digam “qualquer resistência é fútil, preparem-se para ser assimilados.

Nota: Existe aqui uma curiosa inversão, no aspecto em que; em Star Trek, existe a “Federação”.

A “Federação” é uma metáfora simbólica para designar o povo da terra e posteriores espécies de planetas que se aliaram numa federação. Presumivelmente liderados pelos antigos países, com os EUA à cabeça, nesse desígnio.

(A inversão está em que, os EUA actuais adoptaram comportamentos idênticos aos dos Borg, mas vêem-se como sendo não os Borg, mas sim a Federação. Que outra coisa não é a doutrina do Full Spectrum dominance, que não possa ser catalogado como “A resistência é inútil , preparem-se para ser assimilados” que é a frase dos Borg? Mas na “cultura popular” (isto é ,televisão e cinema), não se auto retratam assim…)

Os Borg obedeceram a uma necessidade dos argumentistas de Star Trek. Criar um novo e regular inimigo da Federação  para substituir as antigas raças alienígenas que eram as inimigas “oficiais: os Klingon (uma metáfora da URSS) e os Romulans ( uma metáfora simbolizando a China); uma vez que, nas ultimas séries, onde os Borg são mais activos, ambas as espécies eram ausentes (Romulans) e aliados (Klingon).

Logo surge um novo inimigo. O Borg, uma entidade colectiva, semelhante à Internet, sem controlo. (Mais tarde os argumentistas criaram um controlo geral, e uma rainha que controlava os Borg – fazendo com isso uma alusão a planeamento central isto é, ao Estado e ao comunismo, mas sem a URSS, mas sim, já mais recentemente, a alusão é a Rússia actual, com a “Borg Queen” a ser Putin, suponho…)

Seguindo este mesmo tipo de raciocínio, dos argumentistas e que – parece ser – é o mesmo tipo de raciocino dos norte americanos em geral; da cultura norte americana em geral, não espantará que os militares americanos tenham criado o conceito de “Full Spectrum Dominance,” porque também obedece à criação de um novo Borg (inimigo) , que é tudo que esteja dentro do espaço que pretende vir a ser controlado pelos EUA.

É como se, cinematograficamente, o conceito Borg, seja a resposta ou o espelho da estratégia e doutrina militar do conceito Full Spectrum Dominance.

Consideradas só estas duas dimensões, quase que um é o espelho do outro em termos de conceito, só que um é um documento oficial, e o outro é a materialização através de imagens de ficção cientifica do conceito existente no documento oficial.

Só uma cultura, cujos membros estão de algum modo homogeneizados no que pensam acerca de si próprios e do resto do mundo reage em várias dimensões desta forma…

Ø

Nota final: o conceito Full Spectrum Dominance” é amplamente divulgado; até em séries de cultura popular.

Pode ser que ninguém repare e se entranhe nas cabeças das pessoas a aceitação deste tipo de conceitos. É assim que se consegue quebrar a vontade dos (potenciais) inimigos ou potenciais ameaças...através do “convencimento”…

Written by dissidentex

29/01/2009 at 21:13

FULL SPECTRUM DOMINANCE – DOIS

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No post “Full Spectrum Dominance” falava-se a dada altura do senhor George Friedman, director (CEO) da agência privada americana de produção de conteúdos na área da inteligência económica e da análise geoestratégica chamada “Stratfor”( desde 1996).

Fredman, um bom patriota americano, através da fascinante exploração da história e dos padrões geoestratégicos, afirmava, quer no livro, citado no post, quer no vídeo lá colocado várias coisas, e transcreve-se uma parte:

1. Que a guerra EUA – Jihadismo muçulmano terminará. Sendo substituída por uma segunda guerra fria com a Rússia.

Comentário:

É uma necessidade para a América (e para certas partes do mundo ocidental) que a guerra Jihadista termine. Nada melhor do que tentar ajudar a fazê-lo, moldando os que praticam a guerra jihadista; afirmando que num futuro próximo, a guerra jihadista terminará. Dessa forma “corta-se” e anula-se o ímpeto para a guerra.

Pergunta do advogado do diabo: mas e se os Jihadistas não lerem o livro de George Friedman?

Então também o livro e as ideias nele veiculadas tem a sua utilidade. (Um novo argumento de marketing irrompe…) Desde logo para Friedman, e para a Stratfor, quer através dos honorários recebidos, quer através do prestigio e polémica derivadas que acarreta um livro desta natureza com teses tão controversas.

E também, para aqueles que, dentro do campo de Friedman, ou seja, habitantes do mundo Ocidental, estejam “hesitantes” em reconhecer méritos à guerra ao terrorismo actualmente empreendida pelos EUA, (devido ao facto de a “Guerra contra o terrorismo” estar a servir para limitar liberdades civis por exemplo…) por não verem qualquer “lógica concreta” e racionalidade nessa guerra.

Antes, verifica-se que é apenas, parcialmente, a defesa estrita dos interesses dos EUA, nomeadamente no controlo de fontes de produção de energia.

A nova Guerra fria com a Rússia é apenas uma necessidade desesperada dos EUA. É necessário encontrar um novo inimigo “visível” que replique as condições existentes pré 1989, e dessa forma, a existência desse novo inimigo – real ou imaginário – possa fazer os EUA voltarem a  ser ( de um ponto de vista simbólico e legitimador) necessários ao resto do mundo.

2. Que a China irá ter uma importante crise interna, e que o México irá emergir como um importante Poder Mundial.

Comentário:

É absolutamente desejável que a China (do ponto de vista dos EUA) tenha uma crise interna (ou 2 ou 3 crises…). Se a China tiver uma crise interna, o desenvolvimento galopante da China, não acontecerá, e como tal, deixará de poder colocar-se numa posição geoestratégica de contestação ao poder dos EUA.

Não interessa pois, definir qual será o tipo de convulsão interna que a China tenha; apenas interessa que o tenha para que o desenvolvimento chinês seja atrasado. (Seja qual for a definição de desenvolvimento que se queira ter…)

Não existe aqui qualquer altruísmo, mas sim e apenas o desejo de que o “potencial adversário rebente”, mesmo que por exemplo, tal aconteça sendo uma democracia consolidada e estável.

Pergunta do advogado do diabo: Se a China for ou tornar-se uma democracia pacifica, e suplante os EUA, isso também não interessa, mas os desejos de que a china tenha uma grave crise interna serão mantidos à mesma ou não? (Suspeito que sim…)

Quanto ao México, tornar-se uma grande potência, é apenas uma lógica argumentativa baseada na persuasão, pretendendo convencer, antes de mais, os mexicanos que será melhor para eles “juntarem-se” aos EUA, para ambos, se tornarem “uma grande potência” – amiga e unida na fraternidade.

Chama-se” amaciar o ego”. Chama-se “tentar passar o México ” para o nosso lado, continuando a pagar-nos a absurda divida financeira que o México tem para com o sistema financeiro dos EUA.

Se isto for assim, porque é que já antes ao se proporcionou ao México que pudesse tornar-se uma grande potência? (Ver Dissidente -x : como se fabricou a crise financeira mexicana de 1982)

E os mexicanos – após terem já sido várias vezes ao longo da sua história prejudicados pelos EUA, irão agora “acreditar” nesta declaração de fé dos analistas norte americanos, ou irão desconfiar?

3. Que em meados do século, uma nova guerra se desenhará entre os EUA, e uma inesperada coligação de forças, da Europa de leste , da Eurásia, e do Extremo oriente, mas os exércitos serão mais pequenos e a guerra “limitada”.

Toda a geo estratégia anglo-saxónica se baseia na origem e a origem chama-se Halford Mackinder.

mackinder-1904

No século 18, a política britânica preocupava-se com a expansão da Rússia pela Ásia Central e de como isso afectava o Império britânico (a Índia).

E depois, após gerações de preocupados políticos, surgiu o Messias  do império, Mackinder.

Este definiu que:

A) Existia um “mundo – ilha” – Ásia, África, Europa, o mais rico e vasto de  todos os territórios.

B) Existiam as “ilhas ao largo do mundo ilha” – ilhas britânicas e as ilhas que compõem o Japão.

C)  E existiam as  “ilhas ainda mais distantes ao largo do mundo ilha” – América do Norte, América do Sul e Austrália.

O “mundo-ilha” chama-se “heartland “/ coração da Terra, na figura  – que Mackinder (ou o Império britânico a falar pela voz de Mackinder)  considerava como sendo o centro do mundo.

E a partir daí definiu que:

A) quem comanda a Europa de Leste (isto é, a Rússia, principal preocupação dos geoestrategas britânicos no séculos18/19)  comanda a “Heartland”;

B) Quem comanda a “Heartland” comanda a Ilha -Mundo”;

C) Quem comanda a “Ilha Mundo”, controla o mundo.

Por causa dos temores infantis de uma teoria que está “algo ultrapassada” mas que é seguida pela geopolítica norte americana (e inglesa) até por necessidade psicológica de o fazer (senão, como iriam arranjar empregos e proveitos todos estes “analistas” pertencentes ao complexo militar industrial americano?), tal explica as afirmações de que uma “coligação” de forças “eurasiáticas” que irá romper a situação actual. (Tradução a um outro nível económico: a Rússia entrar para a União europeia…)

É uma “cópia” do “Mackendirismo” original, e é um “convite” quase provocatório no nariz dos europeus, dos asiáticos e dos que estiverem à mão de semear para que se sintam provocados e “criem de facto” esta “coligação”.

Será também só assim que a “profecia” poderá ser cumprida e o profeta ser canonizado.

Também é uma tentativa de criar “Full Spectrum Dominance” provocando uma guerra (mas uma guerra “prévia” quando quem a instiga está pronto para ela, enquanto que os adversários não o estão) . Existe uma dimensão – a dimensão do armamento nuclear dominada pela Rússia – que escapa aos conceitos de controlo total presentes na doutrina americana de “Full Spectrum Dominance””.

Penso que será por isso que se argumenta que “os exércitos serão mais pequenos e a guerra limitada”. (tradução: pequenos conflitos regionais ou semi regionais…)

Pois… não se pode brincar aos conceitos de “Full Spectrum Dominance” com armas nucleares.

Arriscamo-nos a que o terreno de jogo desapareça.

E também não se pode argumentar, num livro de prognósticos futuristas, outra coisa que não isto, criando uma solução argumentativa: que os exércitos (necessários para que esta aparentemente necessária confrontação exista) terão que ser mais pequenos… (Tradução:  conflitos localizados e regionais não precisam de exércitos grandes…mas sim de atrito constante…)

4. Que a tecnologia irá concentrar-se no espaço, quer para uso militar, quer para procura de fontes de energia.

Comentário:

Esta teoria “espacial” é bastante original uma vez que apenas foi declaradamente formulada no ano 2000, quando PNAC – o projecto americano para o novo século foi lançado ao vivo e em directo.

Na página 66 e 67 do respectivo diz-se que:

“Unrestricted use of space has become a major strategic interest of the United States.” (p. 66) …”space is likely to become the new ‘international commons’, where commercial and security interests are intertwined and related.” (p. 67)

Tradução a martelo: O uso irrestrito do espaço tornou-se um interesse estratégico da maior importância ( página 66) …o espaço irá provavelmente tornar-se o novo standard comum” onde os interesses comerciais e de segurança estarão interligados e relacionados”…( página 67)

Em 2008, somos informados pelo senhor Friedman, de algo que já tinha sido definido em 2000, mas desta vez somos informados disso, como sendo uma novidade… absolutamente nova.

5. Que os EUA irão experimentar uma nova “Idade de Ouro” a partir de meados deste século.

Comentário:

A ideia da nova “Idade de Ouro” deriva de uma ideia original da Grécia antiga. Onde as pessoas viviam em prosperidade e harmonia,. Esta mitologia  carrega dentro de si a ideia de que, para a Humanidade, tudo se tornou pior e pior desde a “ideia original grega”.  E atrás da ideia de “Idade de ouro” vem as ideias de “Idade de prata” onde as coisas já não eram tão boas, da “Idade de bronze” – ainda pior, e a “Idade do Ferro” – a nossa idade actual, onde  a guerra e a violência existem.

Ao lançar a ideia de idade de Ouro, Friedman está a jogar com o imaginário e com  a mitologia.

No post Dissidente-x chamado o “Planeta americano”, a dada altura diz-se que:

” … No segundo capitulo – O amor a Deus – Verdu explica como em nenhum outro país a vida pública é tão imbuída de religiosidade como nos Estados Unidos. A bíblia é citada por tudo e por nada. Verdu explica que os “Pais Fundadores” criaram uma Nação em que, na ideia original, não concebiam a separação entre Estado e Igreja. Cita ( dentro do contexto temporal em que o livro foi escrito) Newt Gingrich, o ex chefe do senado e um trapaceiro da pior espécie que afirmou que a América é um “Estado Mental”. Este peculiar “Estado Mental” inclui:

  1. A fé em Deus;
  2. A predisposição para o sacrifício;
  3. A ânsia de sucesso;
  4. O respeito pelos outros;
  5. E a esperança na missão redentora da América. (Em relação ao resto do mundo)

Afirmar que daqui a 50 anos a América terá uma nova “Idade do Ouro” corresponde a três das cinco coisas que estão ali em cima:

1 – A fé em Deus;

2 – A predisposição para o sacrifício

5 – E a esperança na missão redentora da América. (Em relação ao resto do mundo).

Tradução da profecia de Friedman: Tenham fé em Deus, e predisponham-se ao sacrifício, porque a nossa missão redentora de salvar o mundo conduzir-nos-á a uma nova Idade de Ouro – onde tudo será puro, como a América original assim pensada pelos peregrinos, do Mayflower, livre da corrupção do Velho Mundo…( isto é, a Eurásia…)

Vamos mostrar agora a actual “Idade de Latão” em termos de produto interno bruto mundial,  dados de 2006.

produto-mundial-bruto-dados-2006

De notar também que a China, a nação que se espera e se deseja que venha a ter uma convulsão interna está a aproximar-se rapidamente do segundo lugar desta tabela, e que se espera que lá pelos idos de 2020 ultrapasse em produto interno bruto os EUA. Excepto se tiver uma convulsão interna…

Para deprimir mais as hostes, mostra-se a zona onde se situa esta magnífico país de sucesso que se chama Portugal:

produto-interno-bruto-portugal-2006

Repare-se na Grécia, na Bélgica, na Suécia e na Finlândia… e compare-se com o magnifico êxito que Portugal é.

De caminho compare-se também com o México, o tal país que vai rivalizar dentro de 50 anos com os EUA.

A China irá ter uma convulsão interna que a paralisará, mas o México não, só para  darmos um exemplo comparativo… uma vez que “isto” não paralisa o México…

Written by dissidentex

14/01/2009 at 16:25

FULL SPECTRUM DOMINANCE

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No dia 30 de Maio de 2000 foi publicado pelo departamento de defesa norte americano, um documento chamado “Joint Vision 2000”.

Este documento define um conceito chamado “Full Spectrum Dominance” – um novo conceito de poder e aplicação de poder militar.

O documento proclama a necessidade de se alcançar o domínio pleno, completo e total do campo de batalha, mas em que, o campo de batalha é visto em todas as suas vertentes – ar, terra, mar, espaço e os “bens físicos” ou de outro tipo, contidos dentro das vertentes.

O objectivo é alcançar “domínio completo do espectro”.

A forma de o fazer é investindo em “novas capacidades militares”.

Isso significa que os EUA terão que ter a habilidade de – operando sozinhos – ou em conjunto com aliados, de derrotar qualquer adversário e controlar qualquer situação de “forma total”.

Ø

O conceito de “Full Spectrum Dominance/ domínio completo do espectro” está ligado ao conceito de Network-Centric Warfare“.

A ideia é que seja possível traduzir em novas e melhoradas capacidades de combate as vantagens em termos de informação que uma estrutura de informações moderna (e quem a detém) possui, de forma a que isso possibilite ser transformado e traduzido numa capacidade mais competitiva de fazer a guerra.

1. Que as as forças militares melhorem a troca de informação;

2. Que a troca de informação melhore a qualidade da informação e a consciência da situação em que se está;

3. Que a consciência da  situação em que se está permita mais colaboração e sincronia entre as forças e permita o aumento da velocidade de reacção de quem comanda.

4. Que tudo isto aumente a eficácia das missões.

Ø

Para se chegar a uma situação em que seja possível conseguir fazer aplicar o conceito de “Full Spectrum Dominance”, será necessário, por exemplo, a aplicação da doutrina pressuposta na Network-Centric Warfare”.

Ø

Mas, observemos uma hipótese sinistra.

Se o conceito de “Full Spectrum Dominance” pressupõe o domínio completo de tudo o que há para dominar, então…… será lógico assumir que o conceito também deverá ser aplicado a outras coisas, que não apenas o aspecto militar ou a integração “melhorada” de forças militares diferentes e que se quer que – através da melhoria da informação entre si – que melhorem a sua operacionalidade e vençam o inimigo.

Se será lógico assumir que o conceito também deverá ser aplicado a outras coisas, então será necessário definir quais são as outras coisas.

Então as outras coisas, serão, por exclusão de partes, o resto da vida que não tem directamente a ver com aplicações militares.

O que equivale a dizer que será a vida em sociedade “civil”, a economia e a forma como esta está organizada, a maneira como vivemos, etc.

Se o conceito de “Full Spectrum Dominance é “pleno, e completo, e “totalizante (no sentido de Total) então todas as sociedades deverão “obedecer” aos critérios definidos por quem criou o conceito.

Ø

Quer essas sociedades gostem, quer não gostem, quer sejam democráticas, quer não sejam, quer sejam autocráticas, quer não sejam, quer sejam pobres, quer não sejam…

Ø

Se chamarmos ao conceito Full Spectrum Dominance a palavra “liberdade” , então, como o conceito é “total”, isso significa que apenas uma única liberdade existe; aquela que é definida pelos criadores do conceito.

Ø

Mas… existir uma única forma de liberdade, não é contra a própria essência da palavra liberdade que pressupõe a existência de mais do que uma liberdade, ou de uma visão de liberdade tida ou pensada  por outros que seja diferente da nossa?

Não está esta lógica completamente em contradição?

Ø

O conceito de “Full Spectrum Dominance” significa controlar o mar, a terra, o ar , o espaço e todos os recursos existentes “nesses locais”.

Ø

Um dos recursos existentes “nesses locais” são as ideias.

Não só (1) as ideias por si mesmas, pelo seu valor facial, mas também a forma como as (2) ideias se transmitem e como, (3) através da transmissão de ideias se poderá (4) influenciar quem está “dentro” da área que se pretende cobrir com ” Full Spectrum Dominance” em favor do EUA, o país que “definiu” o conceito.

Ø

george-friedman-forecastUm bom patriota americano chamado George Friedman está a cumprir o seu dever, ajudando a implantar ideias e os conceitos baseados no “Full Spectrum Dominance”, através da magia oracular da previsão especulativa, sob a forma de livro.

Nota: ressalvo que não li o livro, uma vez que este – hoje, dia 12 de Janeiro de 2008, ainda não está sequer à venda ao público.

Contudo, parece que o livro é uma fascinante exploração da história e dos padrões geoestratégicos, e mostra-nos que estamos, no inicio de um novo milénio, no dealbar de uma nova era.

E afirma várias coisas.

1. Que a guerra EUA – Jihadismo muçulmano terminará. Sendo substituída por uma segunda guerra fria com a Rússia.

2. Que a China irá ter uma importante crise interna, e que o México irá emergir como um importante Poder Mundial.

3. Que em meados do século, uma nova guerra se desenhará entre os EUA, e uma inesperada coligação de forças, da Europa de leste , da Eurásia, e do Extremo oriente, mas os exércitos serão mais pequenos e a guerra “limitada”.

4. Que a tecnologia irá concentrar-se no espaço, quer para uso militar, quer para procura de fontes de energia.

5. Que os EUA irão experimentar uma nova “Idade de Ouro” a partir de meados deste século.

Um vídeo de 4.29 minutos, pode ser visto:

E onde a Turquia também aparece, bem como a definição de mais uma série de coisas (curiosamente todas elas extremamente favoráveis aos interesses dos EUA), são também mencionados com um tom de “gravitas” na voz e uma certeza e uma assertividade que, por instantes, convencem.

Written by dissidentex

12/01/2009 at 23:32