Archive for the ‘INDUSTRIA PETROLÍFERA’ Category
PICOS DE PETRÓLEO: OS MELHORES SECTORES APÓS 6 MESES
Na Europa.
Após os primeiros 6 meses.
De notar os sectores haelthcare (cuidados de saúde e derivados), a banca e os indicadores bolsistas “con stat” (um indicador do mercado de “equitys”) isto é, do mercado que consiste nas acções de empresas que vendem ou produzem produtos como comida, produtos de cuidado pessoal, ou para a casa.
O dinheiro circulou para estes lugares.
O PETRÓLEO TEM QUE SUBIR
Uma interessante entrevista, pelo que é dito e pelo que não é dito, por parte de um consultor português que trabalha na área dos petróleos e derivados.
Jornal I, dia 24 de Novembro de 2009.
Para ser rentável procurar novos poços de petróleo é necessário fazer com que este suba até aos 100 dólares por barril.
Consequentemente, o combustível à venda terá que subir.
Consequentemente, qualquer hipótese de retoma económica não acontecerá, uma vez que a economia actual está organizada sob o paradigma dos preços dos combustíveis tendencialmente baixos.
Consequentemente, as pessoas, a maior parte delas, não poderá consumir “normalmente” e isso parará uma retoma económica “normal”.( o “normal português” são miseráveis crescimentos económicos de 1% ao ano, glorificados como “grandes feitos”…
Consequentemente isto irá acontecer, quer sejam em Portugal, os membros do PS a governar, quer sejam os do PSD ou outros.
Consequentemente a política foi derrotada pela economia, e pelas más opções tomadas no passado relativamente recente.
Ø
Este consultor é um bom consultor.
Defende bem os interesses dos seus clientes e defende bem as políticas que potenciam os sítios de onde vem mais possibilidades de negócio e dinheiro a ganhar, para si e para a sua consultora.
Coisa diferente, são as políticas defendidas nesta entrevista visarem defender a generalidade da população e dos seus interesses.
São feitas criticas às energias renováveis (uma tecnologia obsoleta) e são feitos elogios ao Nuclear (uma energia “limpa”), isto segundo o consultor.
Os EUA são “elogiados” ??? por fazerem “regulação do mercado”, segundo o consultor. (Os últimos 10 anos e a crise financeira americana e as suas ramificações também, com a industria do petróleo americana, e as complicações e falcatruas que daí advieram, são convenientemente ignoradas….)
Ø
Como o consultor até é presidente de duas associações de protecção do ambiente,(qual será a real e verdadeira credibilidade das mesmas?) isso fá-lo dizer que deve ser olhado o nuclear como opção e os mitos devem ser desmistificados.
Ø
Existem as habituais criticas ao poder político ( é considerado cobarde por não assumir a opção nuclear) e são referidos como se fossem apenas “pequenos amendoins”, os custos do nuclear.
“”
O nuclear pode não ser caro?
Sim. O investimento primitivo é volumoso, mas os custos operacionais são relativamente baixos.
Mas uma central tem de ser fortemente controlada. Isso não é caro?
Há várias questões. Temos mais de 30 mil barragens construídas em todo o mundo que produzem apenas 7% da energia primária. As menos de 500 centrais nucleares existentes produzem a mesma percentagem de energia. Estou convencido de que os danos causados à Humanidade pela exploração da energia hídrica, o impacto tremendo que as barragens têm tido nos ecossistemas e na biodiversidade é, de longe, superior, ao impacto do nuclear, designadamente em termos de acidentes, perdas de vidas humanas e danos ambientais. “”
Ø
Tradução: as barragens são perigosas, mas o nuclear não é.
E o problema das radiações do nuclear é apenas uma questão de oportunidade e de azar.
““Todos estamos sujeitos à radiação, uns mais do que outros. Obviamente que quem está mais próximo de uma central nuclear pode estar sujeito a mais radiação.””
Tradução: os pobres e a população em geral que se lixem. Levam com centrais onde for necessário colocá-las…
LUTA PELO CONTROLO DAS FONTES DE PRODUÇÃO
Em Setembro de 1999, (altura em que o discurso foi feito) a convicção fabricada relativamente ao aumento da procura de fontes de energia – certas fontes de energia – era a seguinte.
– Que existiriam aumentos na procura dessa mesma energia (especificamente petróleo) com taxas de subida anuais de 2%.
– Que existiria uma descida de 3% na produção mundial de petróleo e de descoberta de novas fontes de produção do mesmo.
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By some estimates there will be an average of two per cent annual growth in global oil demand over the years ahead along with conservatively a three per cent natural decline in production from existing reserves.
That means by 2010 we will need on the order of an additional fifty million barrels a day. So where is the oil going to come from?
Governments and the national oil companies are obviously controlling about ninety per cent of the assets. Oil remains fundamentally a government business. While many regions of the world offer great oil opportunities, the Middle East with two thirds of the world’s oil and the lowest cost, is still where the prize ultimately lies,
It is true that technology, privatisation and the opening up of a number of countries have created many new opportunities in areas around the world for various oil companies, but looking back to the early 1990’s, expectations were that significant amounts of the world’s new resources would come from such areas as the former Soviet Union and from China. Of course that didn’t turn out quite as expected.
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Relativamente a Portugal uma pequena achega.
Se o vice presidente dos EUA até 2008, um senhor chamado Dick Cheney, afirma num discurso de 2004 ( colocado online desde essa data,após ter sido removido do site original…) que
Oil remains fundamentally a government business.
então porque é que a companhia portuguesa de petróleo chamada Galp começou a ser privatizada desde 2005 em diante?
Os interesses do Estado português neste grande jogo de conquista de fontes de energia não foram defendidos nem a autonomia estratégica do próprio Estado. Mas os interesses de estruturas de poder privadas, materializadas através do controlo accionista foram defendidas.
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Se o médio oriente disse Dick Cheney”
is still where the prize ultimately lies,
então, tendo em conta que o conteúdo do discurso foi feito em 1999, estranhamos a existência da segunda guerra do Iraque porquê?
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Citando a partir do Inbetween:
O valor económico e estratégico destas províncias é óbvio no sentido em que Al-Basrah…
representa cerca de 60% da produção de crude do país e 70% das reservas, Maysan quase 8% e apesar de tradicionalmente a província de Dhi Qar ser apenas encarada como um parque arqueológico gigante há rumores que recentes prospecções possam indicar que possua cerca de 5% das reservas do país.
Aliás a própria implantação dos vários interesses anglo-saxónicos (em termos de objectivos económicos e políticos estão cada vez mais complicados de distinguir… a
unidade de opiniões e interesses leva-nos a questionar se vale a pena continuar a referir o Reino Unido como um país europeu) mostra uma clara concentração nas províncias a sul. Daí a necessidade de investimentos numa marinha, da fomentação de uma federação no sul do país.
A disposição tática norte americana é também importante.
As tropas estão colocadas onde
is still where the prize ultimately lies,
Não estão colocadas para defender direitos humanos.
Quem afirmar o contrário, ou mente em interesse próprio, ou apenas mente.
ENRICO MATEI, A ENI E O APARENTE NACIONALISMO ECONÓMICO
Após a segunda Guerra mundial a Itália estava destruída. A maior parte dos bens e serviços eram importados a partir das potências que controlavam a Itália, ou tinham que passar por empresas anglo -saxónicas, que dominavam a maior parte do mercados mundiais – com os EUA à cabeça dos comandos de controlo.
E surgiu Enrico Matei, a quem os italianos (e o resto do mundo) devem muito embora não o saibam.
Matei era politicamente de direita, adepto da democracia cristã. Tinha sido um combatente do fascismo italiano durante a segunda Guerra mundial, liderando o maior grupo de combatentes anti fascistas de influência não comunista da resistência italiana no norte de Itália.
Após a Guerra foi nomeado para ser o chefe da região norte italiana da empresa de petróleos italiana, a “AGIP” – Alianza generalli italiana petroli, (mais tarde conhecida por ENI), mas com uma missão especial – desmanchar e terminar com a empresa; entidade moribunda esta que tinha sido criada duas décadas antes (fundada em 1926) por Mussolini.
Matei, nacionalísticamente e tendo em conta os interesses da Itália, fez exactamente o contrário. Também porque e apesar da Itália ter mudado de lado, na guerra, em 1943, o país estava destruído, o PIB tinha recuado para níveis de 30 anos antes e a fome ameaçava a população.
Perante a situação Matei definiu a estratégia da ENI (a AGIP era a marca comercial…) a seguir: (1) criar ou aproveitar fontes indígenas de produção de energia (especialmente gás natural) que (2) gerassem a auto suficiência do país na produção energética e (3) impedissem que a Itália gastasse quantidades colossais de dinheiro a importar energia (petróleo e gás) e ao mesmo tempo (4) isso criasse empregos e (5) criação de riqueza no país (por exemplo, através da construção de refinarias próprias de petróleo e de redes nacionais de abastecimento de combustíveis).
Alguém de bom senso acha isto fora do razoável, em 1946? Ou mesmo actualmente?
Ø
Existia ainda outra razão de peso para estas ideias de Mattei: para comprar petróleo em mercados internacionais era necessário pagá-lo em dólares.
As reservas em dólares italianas teriam a tendência a serem “dizimadas”, ou em alternativa, a empobrecer mais ainda o país a médio prazo, porque era necessário fazer muito dinheiro para depois o converter em divisas; dinheiro esse que era difícil de arranjar, numa Itália destruída e pobre e com reduzidas e desorganizadas capacidades industriais no pós guerra.
Ø
Existiam ainda “sub razões” para estas ideias de Mattei: estava em “vigor” um monopólio de comercialização, prospecção, transporte e refinação a cargo das “sete irmãs” ou Seven Sisters/Sette Sorelle, as maiores sete companhias petrolíferas dos anos 50 que cartelizavam o mercado, definindo preços e negócios. (Foi Mattei que criou a expressão “Sette sorelle”…)
Ø
Voltando um pouco atrás: após a guerra, em 1946, Mattei tinha sido mandatado para privatizar rapidamente a AGIP/ENI.
Em vez disso lançou, com os poucos fundos disponíveis, uma operação ambiciosa de prospecção de petróleo e gás natural no norte da Itália. Após algumas promissoras descobertas de petróleo, mas especialmente de Gás, e devido a isso, plena autorização para fazer a exploração e continuar a desenvolver a ENI.
As grandes companhias petroliferas internacionais tentaram boicotar as ideias de Mattei, e a expansão da ENI, utilizando a “primeira táctica clássica”.
Abordaram Mattei e a Eni, propondo-lhe que se pudessem fazer empresas conjuntas/negócios conjuntos com a ENI/AGIP de Mattei, para comercializarem na Itália. Era uma forma de dar um “abraço de urso” a um concorrente e amortecê-lo. Mattei, recusou sempre.
Ø
Nota: este sistema nos tempos actuais, sofisticou-se.
Um pequeno exemplo hipotético:
(1) Actualmente propõe-se a compra de uma empresa que esteja em (2) dificuldades económicas num dado país (vamos supor um hipotético país chamado Portugal) ao (3) governo desse mesmo país ( Vamos supor a Sorefame/ A.K.A asea Brown Boveri…A.K.A Bombardier), cujos (4) responsáveis políticos tem nas anteriores décadas assinado (5) acordos comerciais, que (6) retiram ou (7) limitam fortemente qualquer hipótese de a dada empresa (8) sobreviver no mercado internacional, de (9) forma autónoma.
Depois a empresa é (10) comprada por um (11) forte concorrente internacional, que pertence a um (12) dado país ou área económica, (13) cujos responsáveis políticos tem (14) em discursos amplamente repetidos, nos meios de comunicação social, repetido a necessidade de (15) reduzir o número de empresas no mercado devido aos (16) elevados custos e para se criarem (17) “economias de escala” que mais tarde virão a proporcionar (18) reduções de preços no produto.
Mais tarde verificamos que: (A) o numero de concorrentes desceu, (B) os lucros dos que ficaram aumentaram; o (C) preço do produto encareceu; (D) a dependência dos países que tem que comprar este produto (deixaram de ser eles próprios produtores) aumentou, e (E) o desemprego na sua própria população aumentou e ainda, ( F) uma base industrial/de serviços existente num qualquer país, foi assim destruída – “de forma não natural”.
O bónus – designado por “cereja no topo do bolo desta estratégia”- consiste em meter as culpas para o partido comunista lá do sítio, ou qualquer outra força do mesmo estilo, que é sempre apelidado de radical, anti comércio, etc, e assim arca com as culpas disto, nunca se permitindo que a situação mude. *
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Qual era o problema definido por Enrico Mattei?
Simples. Uma drenagem de divisas italianas em dólares, era aplicada sobre a Itália, que consistia no pagamento das importações de petróleo inglesas e americanas e isso gerava um enorme problema de deficit comercial da balança de pagamentos italiana do pós – guerra.
Mattei pensou de forma estratégica para contornar o problema.
E quis produzir para a ENI um bem inestimável: autonomia comercial e estratégica.
Atacou o problema do transporte da matéria prima da fonte até aos locais que dela precisavam mandando construir um oleoduto que ia do local das jazidas encontradas, no norte de Italia até Milão e Turim, duas enormes zonas populacionais e industriais, que se tentavam reerguer.
Os lucros daí retirados serviriam (serviram) para financiar a posterior expansão da ENI/Agip no norte de Itália (isto é, mais prospecção e refinarias…sistemas de logística e postos de abastecimento…)
Reestruturou a empresa, e organizou-a para se expandir. A lógica de Matei era simples do ponto de vista estratégico:
– Atacar o poder das “sete irmãs”, não permitindo que estas comandassem a distribuição e comercialização de petróleo em Itália.
Estas, deliberadamente, faziam uma política de preços altos, através da limitação da produção de petróleo para que assim as suas holdings mantivessem lucros altos (devido à relativa escassez do produto) , sendo que os preços eram nivelados pelos níveis de preços (mais altos) dos Estados Unidos, enquanto que, e ao mesmo tempo, esses mesmos produtos eram vendidos a países pobres da Europa mas o preço na Europa era feito pelos mesmos paralelos dos preços altos dos EUA.
Como o alto custo de produção de extracção de petroleo nos EUA era elevado, tornava-se necessário compensar isso – “indo buscar o dinheiro” aos países pobres e destruidos da Europa, após a segunda guerra Mundial.
Ø
Analogia especulativa: devido ao elevado custo de extracção de petróleo actualmente nos EUA, é necessário criar “factores” que elevem esse mesmo preço. Uma guerra pelo controlo de matéria prima nos territórios onde é mais baixo o preço de extracção ( o médio Oriente) parece ser algo interessante, por duas razões
A) controla-se a matéria prima e obtém-se o que se pretende;
B) Não se controla a matéria prima, mas gera-se aumentos brutais do preço do petróleo, que, dessa forma, já justificam que se inicie a produção em zonas “caras” para os preços anteriores ( Ex: Alasca).
Ø
A partir de 1953, Mattei, após ter feito pressões sobre o poder político criou finalmente a ENI, como holding autonoma estatal, com subsidiarias divididas por areas de negócios.
O êxito foi tal, que possibilitou outras expansão: uma frota de tanques de transporte de combustível e o lançamento de estações de serviço “modernas” com restaurantes e outros serviços que não somente combustível a serem nela vendidos” – ultrapassando a norte americana Esso e a Shell, em qualidade e serviço ao consumidor.
Nota: não deixa de ser irónico que uma companhia estatal fosse mais dinâmica comercialmente que companhias provadas…
Construiu ainda centrais de refinação, uma empresa de refinação e fabrico de borracha, e uma companhia marítima própria com frota de petroleiros, para fugir ao monopólio de navegação e transporte, que as “sete irmãs” possuíam.
Ø
Toda esta actividade de Mattei e da Eni começou a irritar os norte americanos.
Especialmente depois de saberem que Mattei estava a procurar diversificar as fontes de produção de petroleo; isto é, a procurar firmar acordos, com países produtores, para importar petróleo, mas com condições muito mais vantajosas para esses mesmos países produtores.
Em abril de 1954, Mattei procurou negociar com as 7 irmãs, uma pequena fatia, no Irão. Foi rejeitado.
Um ano depois Mattei estava a fazer um generoso acordo com o Egipto de Nasser, para extrair a partir de lá, e enviar o petróleo para as refinarias italianas. Tudo feito sem ser necessário “pagar” em divisas (isto é, dólares) por se fazer o mesmo, no mercado internacional.
Em 1957 Mattei iniciou negociações, de novo, com o Irão, oferecendo um negócio muito mais vantajoso. Propôs que a companhia iraniana de petroleos, recebesse 75% e a ENI 25%, através duma”joint-venture”.
Antes de Mattei, os negócios eram feitos, na base dos 50%/50%, o que possibilitava uma lucro colossal para as companhias e pouco rendimento para os países produtores( devido à natureza do negócio…).
Mattei veio destruir este desiquilibrio.
Pelo meio disto, em Itália, continuou – comercialmente – a exercer pressão sobre as sete irmãs, promovendo sistematicamente reduções de preços e melhorias no serviço ao cliente, procurando não só reduzir o que os italianos pagavam de combustíveis, mas também, procurando aumentar a “base de clientes”.
Uma das formas usada, foi através de “lobbying” contra o alto imposto sobre petróleos aplicado pelo governo italiano e do agrado das “sete irmãs”.
Em resultado disso, entre 1959 e 1961, o preço dos combustíveis em Itália caiu 25%.
Nota: compare-se com Portugal…actualmente…
Em 1958, Mattei realizou negócios com a Rússia, promovendo a construção de um oleoduto que atravessava a Italia, a Hungria, a Checoslováquia e a Polónia. O preço era de um dólar por barril, por oposição a comprar em preços à epoca normalmente e aproximadamente de 2.75 por barril.
A partir daí, Mattei foi alcunhado de “amigo de Moscovo”. *
Um mês após o oleoduto ter começado a bombear petroleo, Mattei morreu num muito pouco esclarecido acidente de avião. Suspeita-se de atentado.
DARFUR E O PETRÓLEO
Em 1991 o New York Times noticiava que a companhia petrolífera Exxon tinha caído nos rankings classificativos das maiores companhias petrolíferas do mundo. Para número 4.
Nessa data a companhia americana Chevron, era a número 7 do ranking, (a 6º era a Mobil, a 8º era a BP). A número 13 era a Texaco. Mais tarde viria a fundir-se com a Chevron, tornando-se na Chevron-Texaco.
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E qual é o interesse disto?
A Chevron foi a companhia petrolífera, que, nos anos 70, lançou um ambicioso programa de prospecção de jazidas de petróleo no Sudão.
O Darfur fica no sul do Sudão. 500 mil quilómetros quadrados, no sul do país, foram testados pela Chevron. E descobriu-se que, efectivamente, existiam enormes reservas de petróleo. A partir daí, o Sudão nunca mais teve sossego e passou a ter guerras sistemáticas, por causa do petróleo.
A Chevron, acabou por desistir da exploração do petróleo, porque as suas instalações eram sistematicamente atacadas por rebeldes patrocinados por qualquer interesse religioso, político ou financeiro do momento ou Super potência.
Em 1992 vendeu as suas concessões. Em 1984 já tinha suspenso o projecto de prospecção. Em 1999 a China “pegou” nas concessões e começou a desenvolve-las.
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A partir de meados do século 21, a China, tentando projectar-se como grande potência e tentando – acima de tudo, corresponder aos problemas que a sua economia tinha – uma voraz necessidade de petróleo – para continuar a crescer acima da média, lançou-se numa política agressiva de obtenção de fontes fiáveis ( na origem) de fornecimento de petróleo.
A solução lógica apontava para África. A ideia era “assegurar” através de acordos comerciais generosos; fornecimentos de longo prazo de petróleo, que não pudessem ser perturbados.
Tinha a China o dinheiro para isto?
Tinha, precisamente pelo facto de “exportar massivamente” quantidades de produtos fabricados na China, e através do lucro brutal daí derivado; tal gerar um superavit orçamental chinês, parte do qual era constituído por moeda estrangeira (dólares e euros ) em reservas no banco central chinês – um poderoso músculo financeiro à disposição.
Com as costas aquecidas por muitos milhões de dólares das suas reservas, a China programou a sua estratégia geopolítica-económica e começou a investir parte desse dinheiro (uma outra parte vai para compras e fabrico de armas…) em aquisição de matérias primas. África era o objectivo, e dentro de África especialmente a região que vai do Sudão até ao Chade – rica em hidrocarbonetos.
E uma nova guerra fria entre os EUA e a China começou – localizada aqui neste local.
Clicando nos 2 primeiros mapas abaixo da galeria, pode-se perceber porquê:
Os mapas são divididos em dois, por razões de espaço. O original é um simples mapa feito pela Usaid em 2006 – uma NGO norte americana que serve, também de guarda avançada exploratória dos interesses dos EUA (do governo dos EUA), no que toca a influenciar países; “através da ajuda humanitária” que mostra quem são os donos dos campos de exploração petrolífera no Sudão. Em 8 dos campos marcados, não existem companhias norte americanas a trabalhar e 3 deles são explorados pela CNPC – China National Petroleum Corporation.
Ø
O cinismo Chinês assente no pragmatismo sem princípios.
Os chineses optaram por uma ” técnica” bastante cínica, mas mais verdadeira (passe o estranho paradoxo desta afirmação) para conseguírem convencer os chefes (democratas ou ditadores, neste campeonato geoestratégico que importa…) destes países a concederem à CNPC, concessões de campos petrolíferos.
Propuseram contratos “suaves” e com imensos benefícios, sem quaisquer clausulas obrigatórias (políticas ou económicas) anexas a esses contratos.
E que tipos de clausulas?
Por exemplo, obrigar esses países a (A) “fazerem reformas democráticas” ou a (B) “criarem condições para a existência de imprensa livre” ou (c) “esses países terem que abrir mercados à investidores estrangeiros” ou (D) “liberalizar a economia”, nomeadamente feitas tais clausulas para beneficiar as empresas multinacionais ocidentais (isto é, americanas) para (E) “impulsionar o comércio livre”.
Os Chineses não só concederam generosas linhas de crédito sem estas clausulas anexadas, como, de caminho, construíram escolas e caminhos de ferro nestes países onde investem, sem se preocuparem com o tipo de regime político que lá existe.
É uma falta de princípios total, mas é “mais séria”, por paradoxal que pareça, do que as “técnicas” dos países ocidentais – à cabeça e por grande distância os EUA.
Ø
O cinismo Ocidental assente numa técnica de engano dos outros com pseudo princípios.
A técnica “ocidental” ( EUA + Banco Mundial + FMI – especialmente estes) é apresentada como sendo mais limpa e legitima do que a chinesa, embora sejam ambas muito más, e a ocidental seja péssima pela lógica de logro e decepção que encerra.
O método usado especialmente desenhado e feito pelos EUA (um jogo de controlo) é feito através do Banco Mundial e do FMI – fundo monetário internacional.
Tal como os chineses fazem, são oferecidas “linhas de crédito” a estes países, MAS com taxas de juro “difíceis” (isto é, injecções de dinheiro que se fazem bem pagar) e em troca, estes países tem que “democratizar, abrir mercados, privatizar a economia, reduzir o peso do Estado (isto em países onde o Estado e as suas estruturas são completamente incipientes…) e permitirem que as empresas ocidentais (no caso que interessa, as petrolíferas) possam obter concessões de exploração.
Esta “cura” económica aplicada a estes países gera uma dolorosa adaptação (que muitas vezes não chega a acontecer) das populações destes países e dos regimes que as suportam, o que, por sua vez, gera pobreza e problemas de toda a espécie, nomeadamente a incapacidade de muitos destes países alguma vez se transformarem em democracias.
É precisamente por isso, que daí derivam guerras civis e regimes despóticos, golpes de estado, regimes musculados, matanças em guerras tribais, delapidação de recursos, pobreza geral, vagas de emigração para a Europa, etc
Ø
Como, apesar de tudo, já estamos numa nova era, a pergunta que muitos líderes africanos (tiranetes ou não) puseram a si mesmos foi: quem precisa das dores económicas propostas pelo FMI e pelo Banco Mundial, se podemos ter o mesmo (e mais) oferecido pela China, sem termos que fazer nenhumas mudanças (políticas ou outras) e sem sofrermos consequências políticas ou económicas?
– A china dá condições suaves e ainda constrói escolas e estradas.
– O FMI e o Banco Mundial( os EUA, por detrás) oferecem condições duras, e fazem-se pagar caro pela construção de 5 escolas…
Nota: os países africanos estão ao mesmo tempo a criar “concorrência” entre os EUA (Ocidente) e a China, tentando obter “o melhor negócio possível”. Um mecanismo típico da economia de mercado.
O que leva à pergunta retórica: os EUA não gostam de economia de mercado quando funciona contra?
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Perante tão difícil escolha, (entre o FMI e a China), os líderes cleptocratas e demais espécimes africanos de todos os tipos demoraram 5 segundos a escolher um lado.
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Até agora a China (infelizmente) tem jogado muito melhor este jogo geopolítico. Com as consequências (parciais) que se tem visto no preço do petróleo durante o ano de 2008.
Em Novembro de 2006 a China convocou uma cimeira em Pequim, com 40 chefes de estado africanos. A ideia era fazer uma operação de charme – e arranjar contratos de concessão e exploração de petróleo em África.
E o “comércio” com África, aumentou, como se pode ver nesta parte de uma notícia transcrita do People´s Daily.
Um exemplo das condições suaves que a China oferece é:
“…China has given zero-tariff treatment to 190 export items from the 28 least developed countries in Africa that have diplomatic ties with China, he said.
By the end of 2005, China’s investment in Africa totaled 6.27 billion U.S. dollars. So far, China has signed investment protection agreements with 28 African countries, and agreements on avoiding double taxation with eight African countries, he said.
Under the framework of the FOCAC, China undertook 176 whole-set projects concerning roads, schools, hospitals and stadium in 42 African countries, offering timely humanitarian aid to some African regions hit by natural disasters, he said.
China has canceled debt totaling 10.9 billion yuan (1.4 billion U.S. dollars) owed by the heavily indebted poor countries and the least developed countries in Africa that have diplomatic relations with China, signed 27 framework agreements on preferential loan, and trained about 10,000 professionals for African countries, he said.
Basicamente a China fez o seguinte:
1. Tarifas a pagar por 28 países que exportam para a China são zero. Os produtos não sofrem taxas alfandegárias exportados desses países para a China.
2. Acordos para evitar a dupla taxação com oito países africanos.
3. Lançamento de 176 projectos de construção de infraestruturas em países africanos.
4. Perdão da divida externa no montante de 1,4 biliões de dólares aos países mais pobres do continente com os quais a China tem relações diplomáticas.
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Em 2006, a China despejou só 8 biliões sobre a Nigéria, Angola e moçambique. O Banco Mundial despejou 2.3 biliões para toda a África subsariana.
E conforme se pode ver clicando nos 2 primeiros mapas lá em cima existe uma linha vermelha – que representa um pipeline/oleoduto, construído pelos chineses, que leva o petróleo extraído do sul do Sudão até ao Norte do Sudão – até Port Sudan, onde os petroleiros chineses o levam de volta para a China para ser refinado; o petróleo das suas 3 explorações.
Um dos blocos que a China detém está situado junto à fronteira com o Chade. É o bloco 6.
E este problema geoestratégico foi amplificado (o que quer dizer que a guerra nunca terminará ali) porque em 16 de Abril de 2005, o governo do Sudão anunciou que tinha sido descoberto uma nova reserva de petróleo no Darfur, capaz de produzir 500 mil barris por dia.
Entre riquezas em petróleo enormes, outros assuntos misturadas aparecem. O norte do Sudão é predominantemente muçulmano, com um regime feudal e déspota. O sul é cristão animista (penso que com um regime feudal, mais anárquico e também déspota…).
No Sul existem as maiores reservas de petróleo do país e foi onde foram descobertas estas novas.
E curiosamente, no Sul do Sudão, existe uma longa guerra civil (que é parcialmente financiada pelos EUA), com o objectivo de “partir” e separar o norte predominantemente islâmico, mas com poucas riquezas, do sul cristão animista e mais francófono (perto do Chade).
E é assim que o perigo do fundamentalismo islâmico “alastrar” (um problema verdadeiro, mas que aqui é usado como “camuflagem”…para resolver outros assuntos) é usado como uma causa pela qual combater, visando chegar-se a outros interesses: controlar a exploração e o acesso ao petróleo do Sudão, por parte dos EUA.
Temporalmente as datas dos acontecimentos coincidem com a estratégia que também foi seguida para com o Iraque, com excepção de que, aí, existiu uma invasão.
A lógica é simples: libertar o Iraque da tirania de Saddam Hussein.
A lógica é simples: libertar o sul do Sudão, do norte do Sudão, e libertar os poços de petróleo que ajudam um regime tirânico a manter-se no poder, para ser substituído por outro regime tirânico, mais amigável aos interesses geopolíticos dos EUA..
Uma dos grandes problemas aqui é que se afirma sempre – para influenciar opiniões públicas ocidentais – que “primeiro está o combate à tirania” e não que “primeiro está o combate para obter recursos – criando com isso uma guerra de obtenção de recursos, mas falando de “crise humanitária”, ou “genocídio”.
Ø
Pelo meio existe (existiu) a palavra genocídio. usada para tentar justificar outras coisas. Existiram evidentemente atrocidades cometidas pelos combatentes na guerra de guerrilha em luta pelo controlo da região, mas a palavra genocídio é muito forte e manifestamente exagerada. O único governo que através da sua diplomacia o usou foram os EUA.
É caso para se pensar porquê.
Quem quiser pensar porquê.
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O governo americano afirma isto desde o ano de 2003. Em 2004, um painel de observadores da ONU – “Notícia washington Post de 1 Fevereiro de 2005” – liderado por um juiz de direito italiano, chamado Antonio Cassese, analisou o Darfur e não encontrou provas de genocídio, deliberadamente planeado pelo governo muçulmano do Sudão, mas sim de graves violações das milícias Janjaweed patrocinadas pelo Governo, que podem constituir crimes contra a humanidade. Mas não genocídio. (como é óbvio que tal não significa que se apoie estas acções da milícias…)
Ø
Então porque é que o governo americano fala sistematicamente em genocídio?
Porque os EUA, treinaram o senhor Jonh Garang, antigo líder dos rebeldes.
Porque Garang era cristão (animista) tal como a maior parte da população do sul do Sudão.
(Indirectamente) Porque a ideia era fazer a Nato intervir no Sudão.
(Ver á propósito a magnifica intervenção da candidata derrotada às eleições 2008, a senadora Hillary Clinton, actual secretária de Estado (2008), incitando o Presidente Bush a “intervir no Sudão, para parar o genocídio…)
(Os motores de busca também indicavam que o Senador Joe Biden, actual vice Presidente, também tinha feito uma declaração idêntica; a ligação já estava no entanto indisponível…)
E existe uma resolução do Senado norte americano chamada Senate Resolution 383, introduzida pelos senadores, Biden (actual vice presidente do EUA), Brownback, Obama (actual presidente dos EUA), Lugar, Feingold, Dodd que defende que a Nato devia intervir no Sudão.
E eis como, questões humanitárias são misturadas com questões de petróleo, com o uso da Nato a intervir “fora de área”…usado como “solução”
É um pequeno exemplo que serve para demonstrar que em matéria de política externa, e de interesses dos EUA, o que vale são as ideias da política norte americana, e não o facto de os senadores serem democratas ou republicanos…
Ø
O ping pong geoestratégico norte americano continua, para contrabalançar as ofensivas em busca de recursos feitas pela China, através da CNPC.
Existe o interesse de criar uma base militar norte americana em São Tomé e Príncipe. Os radares já vieram primeiro.
Para controlar a zona do golfo da Guiné. Golfo da Guiné onde a actividade chinesa, económica e diplomática tem sido fervilhante.
Mas decerto que isto é apenas uma coincidência espantosa.
FRANKLIN D. ROOSEVELT,STANDARD OIL, VIAGRA, MANUEL PINHO.
The liberty of a democracy is not safe if the people tolerate the growth of private power to a point where it becomes stronger than their democratic State itself.
That in it’s essence, is Fascism – ownership of government by an individual, by a group or by any controlling private power.”
Franklin D. Roosevelt, Message proposing the “Standard Oil” Monopoly Investigation, 1938
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TRADUÇÃO A MARTELO.
“A liberdade de uma democracia não está a salvo se o povo tolerar o crescimento de poderes privados a um ponto em que eles se tornam mais fortes que a própria democracia.
Isso, na sua essência constitui o fascismo – o governo é propriedade de um individuo, de um grupo, ou de qualquer grupo privado que o controle”.
“Franklin D. Roosevelt (1882-1945), mensagem propondo a investigação da standard Oil”.
FONTE EM INGLÊS : AQUI:
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A Standard Oil era uma empresa de produção, extracção e comercialização de petróleo que se tornou monopolista nos EUA.
Após ter sido “partida” em várias partes, precisamente para impedir o monopólio, deu origem a 7 outras companhias americanas…
Em Portugal estamos a ter claramente um oligópolio de companhias petrolíferas (interesses privados que controlam o governo ) a dizer que fazem o que querem quando querem e como querem, da forma mais absurda e anti mercado livre (que dizem defender) possível.
Na notícia da RTP, de onde foi retirada a imagem existem umas declarações estranhas e inquietantes daquela Abelha Maia tropêga que dá pelo nome de Manuel Pinho e, supostamente, é o ministro da economia. Cita-se:
Manuel Pinho quer combustíveis mais baratos
O anúncio da alteração dos preços na BP surge poucos horas depois de o ministro da Economia, Manuel Pinho, ter apelado para que os preços dos combustíveis baixem o mais rapidamente possível.
Ontem, em declarações aos jornalistas, o ministro da Economia considerou “positiva a descida dos preços do petróleo” mas defendeu que essa descida “deve ser reflectida nos preços dos combustíveis”.
Segundo Manuel Pinho, “há alguma carga especulativa feita pelas petrolíferas internacionais” que tem impedido a redução dos preços dos combustíveis, apesar da baixa dos preços do petróleo.
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É com imensa ternura e com enorme carinho que vemos um ministro a fazer apelos em vez de tomar medidas e actuar…
Tendo em conta este notório problema de impotência sugere-se:
GUERRA DO IRAQUE. CUSTOS FINANCEIROS. (4)
No primeiro artigo intitulado “Guerra do Iraque. Custos financeiros. (1)”
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– falou-se do custo do petróleo antes da guerra começar;
– do custo directo da guerra, ao mês, para o governo americano – 12 biliões de dólares
– da privatização de sectores da guerra e de como isso encareceu e aumentou o orçamento de guerra dos EUA.
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No segundo artigo intitulado “Guerra do Iraque. Custos financeiros (2)”
– falou-se dos downstram costs – os custos já não derivados directamente dos primeiros custos pagos logo á cabeça.
– falou-se da manutenção diferida do material de guerra – equipamento que não é substituido tão depressa quanto é “gasto”
– falou-se do elevado rácio de baixas/mortes, da ordem dos 15/1.
– falou-se dos empréstimos feitos pelos EUA para financiar a guerra, e de como a Guerra é financiada através exclusivamente, de empréstimos
– Falou-se da segurança social e dos custos futuros que virão a ser gastos com as pessoas que virão ou ficarão danificadas com a Guerra do Iraque.
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No terceiro artigo intitulado “A Guerra do Iraque. Custos financeiros. (3)”.
– Falou-se dos aspectos financeiros a ter conta numa eventual retirada do Iraque;
– O tempo que duraria a retirada;
– As muitas outras dimensões financeiras da ocupação do Iraque;
– vários outros tipos de custos indirectos
– Efeitos macroeconómicos na economia americana.
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Hoje – parte 4 e ultima: impacto da guerra no Iraque e noutras partes do mundo.
Especificamente, saber se se consegue apurar quanto custou ao Iraque em termos económicos e humanos o lançamento desta guerra.
Stiglitz diz que sim, que se consegue saber – e que os dados são péssimos:
- 4 Milhões de deslocados.
- 2 Milhões de Iraquianos que fugiram do país.
- 50% dos médicos ou foram mortos ou saíram do país.
- A taxa de desemprego é de 25%
- O fornecimento de electricidade não está ainda ao nível do que estava antes da Guerra começar – em 2003 – nível esse que, por sua vez não era extraordinariamente avançado…
Para Stiglitz a taxa de mortalidade ainda é o que mais define o estado lamentável do Iraque e desta Guerra.
Stiglitz afirma que existiram dois estudos feitos sobre este assunto, analisando o que era o Iraque antes e o que é agora. Apesar de ambos serem diferentes na sua metodologia e nas conclusões consegue-se perceber e ambos o demonstram que a taxa de mortalidade;
triplicou.
Mas mostram também outra coisa. Que o numero de mortes como resultado de toda a confusão – ausência de médicos em numero suficiente, ausência de electricidade em funcionamento e outro tipo de perturbações semelhantes – tudo isso – gerou só no período até Junho de 2006 – que é até onde os estudos chegam, é um total de 450 000 mortos no Iraque.
Não derivados exclusivamente da Guerra, note-se, mas das consequências da mesma.
Mas como nota Stiglitz, 2007 foi o ano mais violento de todos e que os estudos ainda não contemplam. Portanto o numero é mais para cima…
Penso que isto dá uma ideia da catástrofe que esta guerra representa.
Privatização.
Muitos sectores da administração: americana venderam a ideia de que a Guerra custaria menos, se após ocupação do Iraque, (o Aftermath) se privatizasse todo o tecido produtivo do Iraque. E impostos de taxa única e restante lengalenga neoliberal…
Em quase todas as áreas sucedeu isso. Stiglitz nota que tal também aconteceu, porque “a ideia de privatização foi enfiada pela garganta abaixo” do semi democrático governo iraquiano. Ou seja, porque o Iraque, não tem de facto um governo democrático (numa situação de quase guerra civil e combates nas ruas, ocupado por uma força estrangeira, como é que um governo pode ter sido eleito de forma democrática?)
Stiglitz acha que, liberalizaram mais rapidamente do que seria desejável…
Stiglitz nota também, por exemplo, que nos EUA, toda as pessoas estão preocupadas com os efeitos da globalização e dos acordos NAFTA relativamente ao que isto custa em empregos aos americanos.
Diz Stiglitz, fazendo o paralelo comparativo, que podemos imaginar o que seria isso, essa mesma situação aplicada ao iraquianos, após o fim da Guerra caso não tivessem continuado os combates…
Isto porque ao estar-se a dizer que se irá completamente abrir um mercado a quem consiga competir com quem está nesse mercado, já é difícil competir para quem está dentro do mercado; e tem uma economia em que a electricidade funciona e a população está em estado razoável.
Aqui falou-se em abrir o mercado, a uma população no estado em que está, sem electricidade, médicos,etc e diz-se – tomem lá o “mercado livre”.
É que isso iria mesmo minar os negócios iraquianos submetidos a concorrência de empresas estrangeiras muito mais fortes. (Do ponto de vista dos neo liberais EUA, o objectivo era mesmo esse;”arrendar gratuitamente”, passe a ironia, um mercado do tamanho geográfico da França com 35 milhões de consumidores…)
O Petróleo.
Curiosamente, o Petróleo não foi privatizado, precisamente porque existiram enormes pressões da comunidade internacional dizendo que em caso de guerras, certo tipo de recursos naturais como o petróleo não poderiam ser privatizados.
Os EUA recuaram e isto é interessante porque demonstra que os EUA estão de facto fracos e tiveram medo da intensa pressão internacional relativamente a este assunto e ela aconteceria efectivamente se tivessem privatizado o petróleo.
A situação nos EUA – há ou não recessão.
Existem duas doutrinas em Wall Street neste momento. A doutrina divide-se, sobre se será ou não mau para os EUA.
- Uma doutrina são só profetas da desgraça e dizem que vem aí o inferno (Gloom and Doom);
- Outra doutrina afirma que isto é só uma recessãozinha que passa já para a semana.
Stiglitz afirma ser mais da escola “Gloom-Doom e pensa que esta é a crise mais grave nos ultimo quarto de século.
Porque começa no sistema financeiro.
Mas claramente ele acha que o sistema financeiro não funciona bem.
Nota o problema da crise do “Sub Prime”, e nota os problemas existentes de inadequados sistemas de concessão empréstimos, de fechar os olhos a empréstimos que não deveriam ser feitos, de ocultar mais dados relativamente à solidez ou não do crédito (se há muito ou pouco crédito mal parado…), e que tudo isto acontece não só nos mercados de empréstimos mas noutros locais da economia.
Menciona que proximamente (a entrevista foi feita em Março de 2008) “2 million foreclousures” (ou seja, 2 milhões de hipotecas serão resgatadas relacionadas com compras de casas ou sítios comerciais…)
E pelo menos até Março de 2009 – também por causa das eleições americanas,não será possível existir um entendimento entre o novo Presidente, seja qual for, e todas estas instituições no que toca a definir como se pagarão dividas
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A assimetria da informação.
Stiglitz nota a ironia da situação. Os EUA orgulhavam-se de serem um país com “transparência ” na forma como construiam as suas empresas, os negócios e como o “mercado” funcionava.
Nas crises financeiras de 19997/98, em termos mundiais, aos governos asiáticos foram dados sermões arrogantes por parte da entidades americanas sobre a falta de transparência.
Mas actualmente nota-se que existem, nos EUA, produtos financeiros extraordinariamente complicados, que ninguém tem bem a noção do que são ou não são conjugados com más praticas de fazer negócio.
- Na assimetria de informação, em principio existem duas partes e uma delas tem muito maior informação que a outra podendo assim obter vantagens. (Assimetria de informação é a área de estudos no qual Stiglitz se especializou e pelo qual ganhou o prémio Nobel.9
Aqui ao que parece e se conclui, parece que existe actualmente no mercado americano uma assimetria de informação bizarra em que ninguém sabe nada ou dispõe da informação necessária para conseguir saber alguma coisa.
Stiglitz acha que o que o que aconteceu foi que os donos da hipotecas originárias sabiam um pouco mais do que as pessoas a quem venderam e essas pessoas sabiam que essas hipotecas eram maus produtos e que quem comprava viria no futuro a ter dificuldades em fazer os pagamentos mas – mesmo assim venderam.
Mas por debaixo deste conceito de securitização do produto tal situação, criou uma vantagem: dispersou o produto (as hipotecas) pelo mundo todo, baixando o risco do mesmo.
Mas criou uma outra nova desvantagem enorme: criou uma nova assimetria da informação.
Porque a pessoa /empresa que cobrou a hipoteca já não era a pessoa/empresa que a tinha originado.
Debaixo do termo de “securitização” esta multiplicidade de donos e vendedores criou um novo rasto de donos e novas informações assimétricas entre novos donos. (O problema existe, mas é “transferido” para dentro de múltiplas camadas de inúmeros donos e empresas…)
Problema a longo prazo.
A divida dos Estados Unidos é uma divida internacional- a erosão do dólar.
A América tem estado a pedir emprestado 800 biliões de dólares por ano – para sustentar a guerra, a crise habitacional, fazer injecções de dinheiro na economia (Pump the economy) etc.
E em poupanças que nos EUA não se estão a fazer – originando pedidos de empréstimos, bem como porque os EUA tem estado a viver acima do seus meios
Tudo isso – acumulado – está a dar cabo da confiança (Uma enorme falta de confiança) dos americanos enquanto consumidores.
Antes, o que sucedia.
No passado países ou empresas estavam na disposição de emprestar aos EUA a taxas de juros mais baixas do que aquelas que os EUA estavam dispostos a emprestar a esses mesmos países ou empresas. (Os EUA – país por si só – funcionavam como uma super garantia…mesmo que o dinheiro não existisse.)
Actualmente quase todos os países estão muito menos dispostos a emprestar aos EUA a taxas de juros baixas ou caso estejam exigem garantias mais fortes de pagamento da divida.
Dai as reservas monetárias estarem a fugir,saindo do dólar e a passarem para o euros e para o Yen.
Está a acontecer uma clara saída do dólar para outras moedas.
As principais consequência.
- O padrão de vida dos americanos terá que descer.
- Não se poderá, nos EUA, continuar a viver acima das possibilidades.
- Terão que se começar a pagar as dividas em vez de as pagar passando-as para gerações posteriores.
Stiglitz afirma que “poderemos continuar a jogar com o futuro dos nossos filhos”, passando-lhes as dividas para eles, mas que isto significará que a divida deles será ainda mais e mais difícil de pagar do que é a actual a ser paga pela geração actual.
(Qualquer semelhança – a escala portuguesa – com os TGV`s e com os aeroportos e demais planos tecnológicos é pura coincidencia…)
(Qualquer semelhança com a política idiota que tem vindo a ser feita nos últimos 20 anos em Portugal com obras faraónicas que levam a lugar nenhum é pura coincidência…)
ARTIGO DIVIDIDO EM QUATRO PARTES TERMINOU.