Archive for the ‘POLÍTICA’ Category
O BLOCO DE ESQUERDA JÁ ENCONTROU O SEU NEVILLE CHAMBERLAIN…
(1) Entre apresentar um programa eleitoral de esquerda, sem lunaticismos, sem derivações metafisicas, sem estar colado ao PS e sem abdicar de certos princípios ou (2) capitular perante o oportunismo da situação, algumas pessoas do BE, dirigentes com responsabilidade,embora apenas oportunistas e arrivistas já decidiram: o appeseament( com recompensas futuras) é a solução.
O exemplo disso mesmo é o post do Arrastão
sobre a análise aos resultados eleitorais de Lisboa e do Bloco.
Tudo no post é uma mentalização feita aos eleitores/militantes do Bloco que pairam pelo blog arrastão para que aceitem (mentalmente)” ir” para uma coligação com o PS.
A lógica que está por detrás disto é semelhante à lógica do futebol chamada “benefício ao infractor”.
Um jogador faz uma falta que interrompe a progressão de um adversário em direcção à baliza. Mesmo sofrendo uma falta, quem dela é alvo consegue manter-se a correr e a ir para o golo. Então o arbitro, interrompe a partida marcando a falta e parando a jogada que daria o eventual golo.
O infractor (quem fez a falta) é beneficiado porque não sofre um golo na sua baliza.
O Bloco é o adversário que vai em direcção à baliza. Quem faz a falta é o PS, e o arbitro são os oportunistas e arrivistas que defendem a coligação do BE com o PS, o infractor desta história,.
Que, após 4 anos e meio de péssima governação, e sem ter qualquer ideia concreta de como há-e sair do buraco para onde nos enfiou, vem agora pedir “ajuda” e isenção através de coligações com quem apareça para os safar.
A argumentação do arrastão é a de que pelo facto de o Bloco ter recusado “participar e viabilizar soluções de governo”, isso (ajudou) os prejudicou em Lisboa (autárquicas) e constituiu uma perda de oportunidade para futuros acordos governativos.
Existem pessoas no BE que tem pressa de chegar a secretários de estado ou ministro para depois telefonarem ao pai a dizerem que já são secretários de estado ou ministros.
Cita-se:
Ao contrário do que pensam alguns camaradas meus, o eleitorado do Bloco não é sectário nem exige que o BE se mantenha puro e virgem. Quer ver o partido a assumir responsabilidades e a mostrar o que vale. Não acha impensável que o Bloco se oponha ao PS no parlamento nacional e consiga fazer entendimentos a nível local (como o PCP já fez em Lisboa). Distingue as duas dimensões. E não lhe basta que o Bloco se apresente a votos para lhe entregar o seu.
Ø
Camaradas do Daniel Oliveira.
Tenham cuidado com aquilo que desejam.
Quando e se chegarem ao Governo, terão problemas concretos e reais para resolverem que extravasam as cercanias do Príncipe Real em Lisboa.
Se mostrarem o que actualmente valem toda a gente verá que valem pouco.
E depois é que a ilusão fica perdida para sempre…
Ø
Cita-se:
Agora, passado este ciclo eleitoral, o Bloco tem de reflectir. Reflectir sobre o que querem os homens e mulheres que têm feito crescer o BE. O que espera o eleitorado do partido onde habitualmente vota. Se quer um partido apenas de contra-poder ou espera que se assumam responsabilidades. Se aceita estratégias que apenas têm a afirmação do partido como meta ou se deseja que a energia que o Bloco acrescentou à política portuguesa e à esquerda tenha efeitos práticos na vida concreta das pessoas. A começar pelo poder local, onde o BE pode provar que sabe fazer as coisas de forma diferente.
Aqui temos a parte mais assumidamente Neville Chamberlain. (Sair do armário?…)
Implicitamente este senhor está a dizer que o BE chegou aos seus limites naturais de crescimento, e que deve optar por “vender-se” enquanto ainda tem algo para vender.
A terceira opção: crescer organicamente “comendo espaço político” ao PS não passa pela cabeça deste senhor, uma vez que isso não é a opção de inúmeras pessoas dentro do bloco (nem nunca lá estiveram para isso…).
É desta forma que pessoas que se reclamam de “pertencer a um partido diferente” no fundo fazem a mesma política pequenina idêntica à dos outros partidos “normais” e apenas apresentam argumentos baseados nas contas de mercearia…
Ø
Para o PS (E também para o PSD…) ter uma oposição de esquerda como esta é “sopa com mel…”
Verifica-se que não fazem “hold the lines” e à primeira oportunidade concreta e real de venda eles apresentam a proposta de venda…
Pior: ficam altamente confusos com o que lhes acontece…
E assim o PS nunca será verdadeiramente incomodado…
Mas dentro do BE existiu sempre muita gente que nunca quis incomodar verdadeiramente o PS. Foi por isso que foram alcunhados de “Esquerda Caviar”…
AS PESSOAS QUE VIVEM NAS SOMBRAS
Na política, um dos maiores problemas que existem em Portugal, especificamente ligado aos actos de (1) pensar política e (2) fazer política tem a ver com uma certa classe de pessoas que existem dentro do sistema político e social, quer este seja considerado “institucional” ou informal.
São os predadores em política e sociedade.
São as pessoas que se apelidam como sendo de “esquerda”, apenas porque se reclamam ser contra a extrema esquerda.
Definem-se, não pelo facto de conseguirem propor um discurso positivo alternativo ao discurso político proposto pela extrema esquerda, mas sim pelo facto de proporem apenas como discurso político o acto de serem contra a extrema esquerda.
A existência destas pessoas como grupo cria uma situação em que uma pequena minoria da sociedade toda, um grupo perfeitamente insignificante, consegue fazer carreira, flutuando dentro das margens de um sistema político e social, e tendo o seu nicho de mercado perfeitamente definido.
O cidadão “comum e normal”, aquele que aprecia a tranquilidade de um quotidiano perfeitamente calmo e repetido, percebe que existe alguém a dizer-lhe que existem umas pessoas extremistas colocadas num dado extremo político, e imediatamente rejeita isso; e passa rapidamente a aceitar o discurso redondo anti extrema esquerda (o tal que passa por ser um discurso político sério) que este conjunto de “pessoas que vivem nas sombras”, faz.
É uma táctica politica e comportamental que apela ao pior dos cidadãos e das pessoas: tenta empurrar ainda mais para um gueto, mesmo mentalmente, o pensamento que não se adequa à norma, mas que é democrático.
É claro que este “método” leva a que pessoas ou grupos que sejam ou estejam fora da norma, mas sejam politicamente criativos e democráticos, sejam também colocados no mesmo saco da verdadeira extrema esquerda (ou extrema direita, o que houver a jeito…).
Assim, o suposto efeito positivo derivado da existência deste conjunto de pessoas que “vivem nas sombras” gera na verdade, um sub efeito negativo: (1) o ataque à criatividade política das pessoas, que são todas, em todos os grupos, democráticas ou não, rotuladas como sendo de “extrema esquerda”.
Também gera outro efeito perverso: (2) o efeito segundo o qual, certos cidadãos, ao ouvirem dizer que existe uma qualquer extrema lá ao fundo da rua, imediatamente aderem a essa força ou ideia antes irrelevante, mas que agora foi assim legitimizada pelas criticas do “bem pensar” oriundas das pessoas que vivem nas trevas.
E assim passamos a ter dois problemas.
(A) O numero de radicais que foram arregimentados/chamados para aderirem ao inicial grupo radical de extrema esquerda – um grupo de lunático residuais – aumenta e (B) uma mole enorme de cidadãos – o centro político, que se torna extremamente conservador e passa a rejeitar criatividade na política, e “risco”. Preferindo votar de forma conservadora. (sempre nos mesmos) Ou votando de forma disparatada (julgando estar a ser revolucionário e a “arriscar”) em projectos absurdos. Ou votando mesmo nas ultra franjas do sistema político; as de esquerda e as de direita (para chatear).
O que gera uma imagem da sociedade totalmente distorcida com uma suposta pluralidade abrangente que verdadeiramente não existe – antes, uma completa distorção.
Ø
Quem ganha com isto?
Um grupo de pessoas diletantes que se posiciona numa certa área do espectro político, académico, social, económico, que não contribui para rigorosamente nada; apenas teve que apelar aos piores instintos dos outros cidadãos e deixar esses piores instintos florescer e depois usá-los em benefício próprio.
Ø
As “pessoas que vivem nas sombras” que se apelidam ser de esquerda, apenas porque são contra a extrema esquerda, são inicialmente, anjos morais.
Definem-se como combatentes pela liberdade e pela sociedade aberta.
Depois, como o discurso é apenas um discurso político baseado no acto de serem contra a extrema esquerda; como é da sua própria natureza, começam a corromper-se porque o poder corrompe, e o poder corrupto corrompe absolutamente – lá diria Lord Acton.
E a forma de corrupção praticada e preferida destes anjos morais caídos consiste em apontarem tudo o que está fora da norma política que eles próprios definem como sendo “desvios à norma”.
Para “as pessoas que vivem na sombra” tudo o que não seja o que eles dizem, é extrema esquerda ou extrema direita ou qualquer outro extremo.
É necessário que o digam porque a sua própria sobrevivência e influência depende disso.
Preferem “matar” a discussão política centrando-a no combate à uma extrema esquerda, real ou imaginária, do que mostrarem propostas políticas concretas, que sejam totalmente diferentes da extrema.
Não as tem para mostrar; como poderiam fazê-lo?
QUAL É A CULTURA POLÍTICA DO ESTADO PORTUGUÊS?
O actual regime democrático não apresenta uma cultura política marcadamente própria.
E tal acontece porquê?
Porque a cultura política do Estado português e do actual regime foram desenhadas para não terem traços marcadamente próprios.
O que o post que eu cito acima deveria perguntar é o porquê de a cultura política do Estado português e do regime democrático português não apresentar uma cultura política marcadamente própria.
Acaso fosse feita essa pergunta e estivéssemos dispostos a ir até ao fundo da resposta provavelmente descobrir-se-ia que a “geração de democratas feitos a martelo” que emergiu após o 25 de Abril nunca quis que o Estado Português e o regime apresentasse uma cultura marcadamente própria.
As razões eram duas:
(1) Porque não sabiam como fazer.
(2) Porque não queriam fazer e sentiam-se confortáveis com a cultura que ainda deriva do Salazarismo.
É por essa razão que nunca existiram, por exemplo, nos currículos do ensino secundário disciplinas que ensinassem aos alunos o que era civismo e cidadania, mas praticados dentro de um regime democrático.
Porque formar cidadãos com ideias cívicas e de cidadania; foi algo que nunca interessou a este regime actual, nem aos políticos que dele emergiram especialmente os que se apelidam de ser em de esquerda.
E o resultado está à vista: sondagens que dão 34% de cidadãos a pensar votar em eleições (um fracasso da cidadania e do regime) e canonizações de guerreiros medievais, como sendo os tópicos da pátria e as grandes discussões a ter.
Deve-se perguntar “porque é que é esta a cultura política” que temos.
Perguntar qual ela é, já nós sabemos.
PORTUGAL: UMA LETARGIA MUITO BEM INCENTIVADA
À propósito de uma expressão usada pelo leitor Pedro fontela, nesta caixa de comentários; “uma letargia muito bem incentivada”; uma das formas comummente usadas para incentivar a letargia é por exemplo dizer uma frase como a seguinte:
” os contornos do debate político estão a mudar”.
Quantas vezes não ouvimos ou lemos este tipo de frase?
É-nos dito que existe um debate político que está em mudança. Quem afirma isto (O fazedor de opinião) aumenta a sua credibilidade e anuncia algo de novo a um público sempre ansioso por novidades.
Existe um público sempre ansioso de novidades porque foi “educado” para ser sempre “ansioso” por novidades, logo, mentalmente mais “desperto” a ser “adaptável”, a mais uma pseudo novidade…
Depois, normalmente o passo seguinte será dizer que
“como os contornos do debate político estão a mudar”
também as forças dentro dos contornos do debate político estão a mudar.
E avança-se para a caracterização da mudança.
E poderá dizer-se que:
a (nova) grande divisão é entre quem a favor da distribuição de poder e quem é a favor da centralização de poder.
Em vez da velha divisão “Esquerda Vs Direita” do antigamente….
E assim somos gentilmente levados para onde se quer que sejamos gentilmente levados…
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Esta é uma forma em Portugal especialmente bem cultivada de incentivo da letargia nas pessoas no que ao debate político e ao pensar política diz respeito.
É uma técnica de “despolitização da sociedade”, tentando evitar a existência de “lados”(opostos).
Como a nova divisão (oficialmente declarada) é entre
– quem é a favor da distribuição de poder;
VS
– quem é a favor da centralização de poder,
o resultado será o seguinte:
Assim nos enganam dizem, ser necessário afirmar que existem, na esquerda política centralizadores de poder que estão lá conjuntamente com “dispersadores de poder” que também lá estão.
E na direita política existem lá dispersadores de poder, assim como centralizadores de poder.
Isto é a tradução de – no caso português – da expressão “Bloco central”, mas agora recauchutada, revista e aumentada e com nova cara.
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Quando se aplica isto ao estado económico, a lógica argumentativa é a mesma.
É dito que (1) uns que querem que o Estado use mais músculo a debelar a crise económica; e
que existem (2) outros que querem que ao individuo seja dado mais poder.
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Esta é uma das formas subtis de letargia muito bem incentivada que é aplicada no país que dá pelo nome de Portugal.
Convencer-nos que isto é meramente um problema de centralização de poder vs distribuição de poder.
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Estas são as “novas teorias” e conceitos completamente importados do mundo político anglo saxónico visando dizer que a dispersão de poder é boa e a centralização de poder é má, e que esta lógica que daqui decorre é que é aquilo que se deve discutir em política.
Discutir “isto” é discutir nada.
E a “tradução” da discussão de nada, é conhecida, em termos práticos, na retórica comum, como sendo a situação em que é usada a palavra “regionalização”.
DEMOCRACIAS DISFUNCIONAIS NO OCIDENTE
Post do blog “o bico de gás” que aponta exactamente para o perigo que temos que enfrentar e para o qual ninguém parece estar interessado em querer ver: é “dentro” do Ocidente que os maiores perigos totalitários estão a ser cozinhados e não fora.
Tem dado “jeito” a muita gente no Ocidente e muitas carreiras académicas e jornalísticas se tem construído; o constante acto de afirmar-se que “só fora” do Ocidente é que há totalitarismo, enquanto que dentro do Ocidente, estamos no mar de rosas…