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ESPANHA, PORTUGAL E O TGV
No dia 24 de Setembro de 2008 inseri um artigo chamado “satélite espanhol vigia a costa portuguesa” onde era mostrada e comentada uma notícia do Diário de notícias segundo a qual Madrid estaria a montar um serviço de vigilância da costa portuguesa, com um comando central nas ilhas canárias e um comando secundário em Lisboa.
O governo português, poltrão e alheado de quaisquer valores pelo quais se deva reger, neste tipo de assuntos, assim como noutros, não comentou a questão na altura.
No artigo anteriormente mencionado mencionei vários exemplos de como o governo português (o Estado português) recusa ceder soberania (tropas portuguesas em missões internacionais, juntas com tropas italianas, por exemplo, mas não espanholas) e se comporta geralmente.
No entanto algo está a mudar e são ténues os sinais mas existem. O embaixador espanhol em Portugal fala como se fosse um regente nomeado. Notícia Diário de notícias de 22 de Janeiro de 2009.
Alguns excertos:
“vamos relançar ou acelerar os investimentos públicos em infra-estruturas, investimentos que são estratégicos: a ligação de alta velocidade ou do TGV entre Madrid e Lisboa, Porto e Vigo, para 2013 e 2015, no caso de Lisboa-Porto, e depois a ligação Aveiro-Salamanca e Sevilha-Huelva-Faro”.
Define a política naval de Espanha e de Portugal:
“O porto natural de Espanha devia ser Lisboa e não Valência.”
Define a política de transportes e de energia portuguesa:
“Vamos duplicar a interconexão eléctrica e vamos relançar o MIBEL. Neste momento Portugal está a comprar 20% da electricidade em Espanha.”
E explica que se para Espanha o TGV é sinónimo de coesão e territorialidade, com uma ligação do TGV feita e em funcionamento, essa coesão e territorialidade seria feita entre “Espanha e Portugal…
“Para muitos espanhóis, o TGV é sinónimo de coesão territorial e de prosperidade. Neste momento temos 13 cidades ligadas pelo TGV. Todas as capitais de província espanholas querem o TGV. É uma mudança histórica.”
Já quando se fala de regionalização em Portugal, o embaixador retira-se do assunto dizendo que:
“José Sócrates apresentou há dias a sua moção ao congresso do PS onde defende um referendo à regionalização. O que pensa da ideia, dada a experiência da Espanha como estado de autonomias?
Esta é uma decisão que compete aos portugueses.”
Percebe-se porquê.
Se se quer “juntar ” Espanha a Portugal não interessa que Portugal se divida em regiões, aumentando a confusão e a dificuldade do processo político de “anexação” económica-pacifica de Portugal – Espanha.
Nota: se o TGV é tão bom, segundo nos diz o embaixador espanhol, porque é que Madrid não recebe os fundos europeus para o construir, faz isso efectivamente, e depois fica a gerir a linha e o serviço?
Se calhar, mas só se calhar, é porque é bom o TGV, mas para Espanha e desde que exista linha até Portugal, mas que a linha portuguesa seja paga por Portugal, mas servindo estrategicamente Espanha.
Até por este simples pormenor se verifica que o TGV não interessa.
SATÉLITE ESPANHOL VIGIA A COSTA PORTUGUESA
Notícia Diário de Notícias de 27- 05 2008 onde nós é explicado que nada mandamos…
Mudando ligeiramente de assunto e falando de Olivença, aquela localidade que é portuguesa – existe um tratado internacional que estabelece que a localidade deve ser entregue a Portugal, há uns 150 anos – nada ainda aconteceu.
Mas há uns 5 anos atrás, o governo espanhol colocou “marcos” na zona que considera ser a fronteira – incluindo Olivença em território espanhol, aquando da construção de uma ponte numa área que ligava os dois países.
O governo português de Durão Barroso, (o fujão) reagiu não colocando nada, nenhum “marco” e ignorando o assunto.
O padrão deste “jogo” é sempre o mesmo.
Agressividade extrema do lado espanhol forçando situações e fingimento do lado português olhando-se para o lado. É a frase ali ao lado ” Madrid dá como certo – mas Lisboa não confirma.
(1) Lisboa não confirma por várias razões. Porque não quer confirmar, dado que ao fazê-lo está a dizer ao mundo que aceita a soberania espanhola, mesmo que tenha feito este acordo.
(2) Também não confirma porque o “acordo” prevê um centro em Lisboa, mas o comando central nas Ilhas Canárias. Uma posição de subalternidade e a política externa portuguesa, mesmo quando é subalterna nunca mostra ao povo português que é isso que se está a passar.
(3) As tropas portuguesas quando em missão internacional, no âmbito da Nato ou de outra qualquer organização nunca são colocadas numa situação em que estejam sob comando directo espanhol. É por isso que são colocadas normalmente com tropas italianas.
Aqui, neste pequeno pormenor, parece abrir-se um precedente, relacionado com satélites de vigilância ( que servirão para uso militar?), mas também demonstra a imensa pressão e o desejo da Espanha de garantir uma posição no território português e um poder de influência que nunca teve em 800 anos.
Como é óbvio, não estou a sugerir que invadamos Espanha, mas sim que tenhamos mais vergonha na cara enquanto país. Isto ainda é um país, não é?
Acresce a isto, o recente investimento em Sines, com direito a megalomania do senhor que é primeiro ministro.
Isto é por acaso, ou representa, de facto, a diminuição da pequena influência que Portugal tem – nem sequer conseguindo impor-se às portas de casa?
Isto é por acaso ou representa de facto “um abraço de urso” que Espanha nos está a dar, perante a complacência das elites? (Elites é uma ironia…)