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CAMPANHAS DE PUBLICIDADE DESPREZÍVEIS. PORNOGRAFIA PUBLICITÁRIA.
No artigo intitulado ” sistema queixa electrónica. Os antecedentes”, era escrito no fim do mesmo o abaixo transcrito:
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Nota final 3.
Fico a aguardar que a FCCN patrocine um sítio Internet que insista na necessidade de se proibir publicidade especificamente destinada à crianças e que proíba o uso de crianças na publicidade.
Já que o problema primordial parece ser a “preocupação com as crianças”, então convém preocupar mo-nos com todas as dimensões do problema e não só com algumas.
Convenientemente escolhidas a dedo.
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O Banco espírito Santo lançou ( faz isto todos os anos) por alturas de Outubro/ Novembro de 2007 uma campanha publicitária, visando incentivar as crianças a pouparem.
Este é o tipo de publicidade, ofensiva, de mau gosto, anti social, anti mercado, desprezível, manipuladora, destrutiva das relações de confiança entre os clientes e as empresas.
É uma campanha assente na mais completa mistificação e tentativa de manipular e enganar os pais, e a sociedade no seu conjunto. É algo abjecto e que está para além da mera publicidade enganosa.
O Banco Espírito Santo é um banco comercial. O comércio, pressupõe ( senão não seria comércio) a compra e venda de produtos ou serviços.
Sendo um banco, a sua actividade principal é, mesmo historicamente, a venda de dinheiro, cobrando juros por isso.
Um banco comercial empresta dinheiro a particulares ou empresas para que estas o invistam nas mais variadas coisas e cobra uma percentagem em juros por isso.
Um banco comercial também aceita depósitos em dinheiro de particulares ou empresas e remunera esses depósitos.
O que está em baixo, embora pareça isso, vai completamente para além disso.

Leia-se em cima uma parte das declarações absolutamente inacreditáveis da responsável de Marketing do banco.
Tradução concreta: banco com o braço esquerdo faz campanhas incentivando ao consumo, e com o braço direito faz campanhas incentivando à poupança.
Mesmo considerando isto legítimo, o que não é legitimo é “atacar” o tipo de consumidor que não se pode defender. A criança.
E usando os pais da criança como arma de ataque para isso.
O mais hipócrita e desonesto ali é a parte em que a responsável de marketing, afirma: ” o BES acredita na importância da poupança para a construção de uma sociedade equilibrada”.
Cinismo, falta de valores ( comerciais), hipocrisia. Ninguém outorgou ao BES a missão de educar crianças; isso pertence aos pais.
Isto dito, com a maior desfaçatez, no lançamento de uma campanha de poupança juvenil.
Mais espantoso ainda é que se diga que o acto de poupar está cada vez mais arredado dos hábitos dos adultos e da agenda dos adultos.
( Bom… para isso tem contribuído o BES e todas as outras entidades com as massivas campanhas de incentivo ao consumo, os constantes créditos ao consumo, a oferta de variados produtos de crédito para se consumir).
Para “incentivar à poupança” e para fazer chantagem emocional com a psicologia dos pais que são depois pressionados emocionalmente pelos filhos que lhes dirão que não gostam deles porque eles não lhes compram “X”, o BES oferece às crianças um livro de histórias escrito por Rosa Lobato Faria, e ilustrado através da marca Agatha Ruiz de la Prada.
(Visando estabelecer o conflito entre dar e não dar ao “filho”por parte do pai pressionado pelo filho a fazer isto para receber o livro de histórias ilustrado… )
Que, como todas as pessoas sabem é uma marca “barata”, que tem produtos baratos, e que é sinónimo de austeridade e de sobriedade ( isto é, de poupança…) na compra de roupa ou outros produtos do mesmo estilo.
Subverte-se tudo o que são conceitos de publicidade, de economia de mercado, de psicologia afectiva e familiar, mais a mais, até vindo de um banco que tem a pretensão ( é só mesmo isso:pretensão) a ser um banco conservador e austero.
O conservadorismo é arrumado de lado dando lugar à chantagem de progenitores apelando à criação artificial de disputas entre filhos e pais para através desta disputa lucrar.
Também é outra forma de enganar deliberadamente consumidores ( o mercado) com esta conversa acerca do incentivo à poupança juvenil por parte de crianças/adolescentes, porque os adultos não o fazem.
Há razões para não o fazerem e o BES lucrou com essas razões.
Também se deve salientar que o BES , tão amoroso que é quis “conhecer a perspectiva das crianças”…
O facto de essa perspectiva permitir definir perfis de consumo e comportamentos e poder agilizar e tornar mais fáceis as estratégias para melhor vender não teve nada a ver com este desejo intenso de “conhecer a perspectiva das crianças…”
A FCCN perante este caso de notória pornografia vai fazer alguma coisa?
Concerteza que não vai. Aí a “bola” é mandada para o código da publicidade e pseudo autoridades competentes que, concluirão, que tudo está de acordo com a lei.
E assim, se continua a usar a lei para subverter o sentido da lei…
Ninguém parece muito incomodado com isso.
Em termos de dados pessoais e privacidade o facto de crianças pequenas e a sua família terem perfis de consumo definidos por uma entidade privada, perfis esses obtidos através da permissão do uso destes métodos totalitários não incomoda ninguém?
Nem o óbvio totalitarismo destes métodos?
Aqui o “Estado” como recolector de informação é substituído por uma entidade privada.
Isso é tão perigoso como se fosse o Estado a fazê-lo.