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PORTUGAL PERIFÉRICO

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Um das coisas mais comuns que se aponta à construção europeia é a necessidade que esta ideia  gerou, de definir que a (1) “harmonia territorial” e a (2) “coesão do território” seriam alguns dos valores essenciais para o desenvolvimento europeu, a par de conceitos mais conhecidos como a  democracia, os direitos humanos,etc.

Para tal há que pensar em termos estratégico a nível da Europa, ou até de Portugal.

Como tal é necessário que os decisores políticos pensem nas forças de mudança futuras, que irão influir no espaço e na organização do espaço.

Isto porque as características de um dado território apenas mudam, de forma lenta e continuada, quando bastante tempo passou.

É pois fundamental acelerar ou planear em antecipação. Caso se consiga fazê-lo.

Uma das formas de o fazer é pensar na área de comunicação, encarando como tal nessa área, os transportes – a capacidade de mobilidade de uma dada população num dado sitio ou zona.

Ø

A luta que existe entre decisores divide-se em duas partes:

(A) os que apoiam uma mais forte competitividade global da economia (orientação para a competitividade)

(B) os que apoiam a promoção de equidade e justiça, especialmente num nível local e regional  e  dentro da união europeia isto é ainda mais urgente para países como Portugal que são “periferia”. (orientação para a coesão)

Ø

Para Portugal, é fundamental que seja a ideia da coesão a vingar.(Embora não resolva tudo)

O nosso interesse nacional depende disso. O nosso interesse nacional depende da aplicação de uma lógica orientada para a coesão, sem a qual não conseguiremos sobreviver.

Não temos tamanho, nem escala, para enfrentar uma lógica modelar orientada para uma extrema competitividade europeia.

Não podemos fazer isto que se mostra abaixo:

SARKOZY - GRANDE PARIS

Não temos tamanho nem poder económico para fazer isto. É uma realidade concreta, que discursos bonitos e voluntaristas não conseguem apagar.

Estamos na periferia, afastados do centro europeu.

Num mundo em que se sabe que o numero de empregos a criar – no futuro – será menor, é da natureza das coisas que uma área que faz parte do centro da Europa, os consiga atrair mais facilmente do que uma área que não faz.

É da natureza das coisas que uma área do centro da Europa – melhorada – ainda atrairá mais facilmente mais empregos do que uma periferia.

A “escala” das divergência entre regiões europeias ( o centro e as periferias) terá assim tendência em alargar-se enormemente – mais ainda do que já está.

Um país como Portugal fica “exaurido” de recursos só para pagar um TGV, um aeroporto, uma ponte, que são pequenos empreendimentos, quando comparados com este em França, mas também com outros como os jogos olímpicos de Londres de 2012 ou as constantes requalificações feitas pela Alemanha no seu território.

PRODUTO INTERNO BRUTO EUROPEU ACTUAL

Este é um mapa (não vou indicar a fonte) do produto interno bruto europeu no ano 2000. Quanto mais carregada for a cor, mais alto é o produto interno bruto da área.

Observe-se a “força” (o poder bruto) do centro da Europa (e a correspondente capacidade de atracção de empregos e recursos…)

Repare-se na periferia que dá pelo nome de Portugal.

Embora o produto interno bruto seja apenas um dos critérios de análise em relação a uma sociedade, isto prova, no entanto, como estamos a jogar um jogo, o qual nunca iremos ter hipótese de vencer.

Partimos em larga desvantagem. Nunca a recuperaremos se jogarmos o jogo pelas regras de outros.

É por isso que a França de Sarkozy pode lançar obras gigantes. Tem o seu próprio orçamento de Estado e a sua “enorme escala” e tem países mais pequenos (como Portugal) a ajudarem com contratos para construção de infraestruturas que – após terem sido feitas – continuarão a colocar Portugal numa periferia, onde já está e da qual nunca sairá.

E cito uma parte do post inaugural deste blog:

Como povo, somos vitimas de uma mistificação nacional.

Foi “decidido” internacionalmente; com a ajuda do sentimento de inferioridade, desejo de agradar, recompensas em bens materiais e prestígio, e temor reverencial dos políticos portugueses – da actual classe política – que deveria Portugal aceitar ser pobre, ser um país de “serviços”, um país de turismo, um país de mão de obra apenas qualificada para esses sectores.

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