Posts Tagged ‘ELITES’
CONTROLO DE PORTUGAL PELA NÃO DISCUSSÃO.
Uma das formas de evitar que exista um verdadeiro debate entre os portugueses, acerca das estruturas do regime caduco e decadente que temos que aturar consiste em afirmar que todos os portugueses tem direito a dar a sua opinião sobre o estado do país.
Dessa forma procura-se diluir as (1) opiniões dos portugueses mais bem informados, dentro das opiniões dos (2) portugueses nada informados. As primeiras opiniões serão assim anuladas pelas segundas opiniões.
Ainda existirá aqui um bónus: quem criticar esta lógica será apelidado de “totalitário, ou de extrema qualquer coisa.
Quem beneficia: serão as forças que querem que o país continue assim como está.
O terreno está assim “preparado” para evitar um debate sério sobre as razões pelas quais continuamos alegremente a caminhar para o abismo – independentemente que qual seja o partido político a governar – perante a apatia geral.
Ø
E como não se “discute” nada não se discute, por exemplo, o porquê de se continuar a veicular uma “mensagem” alegremente optimista acerca das vantagens da União europeia e das vantagens de sermos um dos países que mais depressa segue regras comunitárias.
Que mais depressa e mais amplamente abre os seus mercados a interesses estrangeiros.
Que mais depressa abraça o que quer que seja que venha de fora.
Estas questões e outras passaram à categoria de dogma religioso. Não se discutem.
Mesmo que a realidade esteja a chocar de frente com o dogma religioso.
Pior: quem as tenta discutir é apelidado de “nacionalista perigoso” ou fascista.
Não realidade, não o é, mas é conveniente a quem quer o actual estado das coisas que o seja…
Ø
E como não se discutem dogmas religiosos de cariz político,não sse discute o facto de existir proteccionismo disfarçado ou mais às claras (como em Espanha) não só no comércio local, como no outro.
E nos restantes países europeus.
Ø
Acaso se fizesse isso teria que se discutir como o fazer, para defender a sociedade que dá pelo nome de Portugal.
E uma das formas de fazer isso, por exemplo, é criar legislação comercial que tem dois fins:
(A) impedir por exemplo, a proliferação de centros comerciais e hipermercados.
– Assim consegue-se preservar o comércio local e os empregos que daí derivam;
(B) criar subtil legislação que impeça certos interesses estrangeiros de comerem fatias de mercado nacional.
– Assim se consegue ganhar autonomia estratégica e promover novos mercados nascentes.
Ø
Contrariamente às mensagens dos vendedores de banha da cobra, normalmente académicos ou mediáticos, isto acima descrito não é proteccionismo, mas sim sobrevivência e jogo jogado de forma justa, que é aquilo – este tipo de “técnicas” que é usado por todos os países europeus.
Só nós, em Portugal, é que abrimos mercados da forma como os abrimos.
Ø
Nós cá deixamos que esse comércio fosse cilindrado, também por outras razões.
“Políticas, no sentido de “poder”.
Um poder exercido por uma “elite” que vive nas sombras e que quis afastar do jogo o comércio local.
Afastado este, essa elite pôde dominar e constituir-se como quase que a “única empregadora” do país.
O que a coloca em posição de monopólio, ou de “monopsónio” como se queira.
(Um monopsónio é quando apenas existe um único comprador…)
Só um “conjunto de empresas” ligadas a este elite compra força no mercado de trabalho….. e como tal “faz o preço” do mercado de trabalho…… e como tal baixa salários…..
Ou seja, um conjunto de pessoas e de empresas.
Que tem os mesmos interesses todas e que se reúnem regularmente ou até falam por sinais de fumo; foi-lhes dado o poder de “dizer” quais são os preços e os salários.
Isto ao mesmo tempo que estão resguardados da concorrência externa.
Tem o melhor de dois mundos: capitalismo pré industrial ao nível dos salários a pagar e monopolismo colonialista ao nível da concorrência comercial e de mercado.
Ø
Nós temos o melhor do inferno.
Apesar de podermos dar opinião sobre o estado do país.
A REFORMA RADICAL
Um destes dias fui até ao Hell´s Kitchen , um simpático restaurante logo à saída da estrada que dá para a entrada secundária do Inferno. Tinha combinado um almoço com os meus grandes amigos “Painkiller”, o que acaba com todas as dores com um golpe rápido, e “Hellion”, o demónio alado que aparece vindo de lado nenhum. Propunha-mo-nos dissertar sobre a vida e a política, regados com cerveja fumegante de morcego, e membros decepados assados em sangue de vampiro.
Um pitéu, vos garanto…
Estávamos nós ainda a dissertar movidos a cerveja fumegante de morcego, enquanto as sobremesas de doce de almas não chegavam e a conversa sobre quadris generosos de fêmeas humanas estava acesa, quando apareceu o chato do Nightcrawler, o demónio que é conhecido pelo acrónimo ” A coisa”.
O NightC estava muito chateado. Além de ser um enorme chato também. Queixou-se que não só as vitimas passavam a vida a pedir santuário, como rezavam insuportavelmente antes de ele as comer, como fugiam e escondiam-se dentro de casas obrigando-o a coçar as unhas nas portas e janelas, gritando até ficar rouco, “Venham a mim”….
Que se fartava de gastar dinheiro em manicuras e pedicures…
Que um monstro – “A Coisa”, da sua categoria, um Ser único” não deveria ter que ser obrigado a isto e que quando chamava pelas suas vitimas “venham para mim, venham”, os humanos ainda tinham o desplante de fugir e gritar, chamando-lhe ” A besta em negro vem aí…”
Estava deprimido…
O NightCrawler exigia a intervenção do Governo para se criar uma lei que resolvesse estes problemas e um subsídio para os tratamentos de Manicura. Senão – ameaçava – parava de retalhar vitimas aos bocados e parava toda a indústria…
Nós, os restantes, vendo o estado lastimoso do Night C decidimos convidá-lo para mais umas cervejas fumegantes de morcego e uns tremoços à base de vampiro regional (uma delícia) para ver se o animávamos…
O Night Crawler estava num estado lastimoso…
Até o empregado, Cerberus, o cão das três cabeças, comentou, com a sua cabeça do meio ( já nos conhece há muito tempo; é um pandego , este Cerberus…) que já no outro dia o NightCrawler o tinha chateado com os problemas dele com o constante afiar das unhas nas janelas e portas das vitimas que ele visita; de como gasta muito em manicure com isso e de como isso afecta a sua masculinidade monstra e bestialidade junto da Ordem dos Monstros do Inferno, aquando das assembleias gerais…
Até o PainKiller comentou que o caso parecia grave, mas que ele tinha a solução com um golpe rápido, enquanto que o Hellion, rugiu que queria umas coxinhas de humano regadas a sangue de Ogre já, para descontrair ou fazia um ataque alado rápido ao restaurante…
Mas existia outra razão que perturbava mais o NightCrawler: era o Humano Pedro Fontela com este texto.
E perguntava o NightCrawler o seguinte:
– E onde é que fica o sentido de responsabilidade e de pertença a uma comunidade que qualquer responsável político ou grupo de responsáveis políticos (a elite?!?!) deve ter e como é que isso se incentiva na população com esse modelo e “os modos de funcionamento da tal “comissão transitória” de no máximo 5 pessoas”.
– Ou, dito de outra maneira, como é que com o modelo que o Pedro Fontela propõe (que é passível de ser criticado como sendo “ditatorial…e autocrático) isso levará a que a elite deva sentir-se responsável pelo Pais e pela sua população, pondo o país à frente dos seus desígnios pessoais, se até agora, em 800 anos de pseudo história aos solavancos, nunca se sentiu assim e traiu – sempre que pôde – o povo do qual faz parte?
Onde está o elemento “confiança”?
Até o Painkiller, um bruto inexpressivo sem escrúpulos concordou com esta pergunta, e o Hellion rugiu que sim, enquanto trincava um fémur…regado a bagaço morno de sangue de Orc…
PODER, DEMOCRACIA, GERAÇÕES.
Na caixa de comentários do artigo “Recenseamento eleitoral automático”, o Daniel Marques escreveu o que está acima, sendo que o artigo era relacionado com a “novidade” de o recenseamento eleitoral passar a estar automatizado para fazer entrar automaticamente 300. 000 jovens nas listas eleitorais.
Veja-se o que está em baixo, discutido por membros da nossa “elite”, respectivamente Joaquim Aguiar, Politólogo e analista político de direita, Diogo Pires Aurélio, professor do IST e de direita profunda, Manuel Vilaverde Cabral , uma pessoa pseudo de esquerda, sociólogo, que pelas alturas deste livro tinha muito tempo de antena nas rádios e televisões, e foi director da Biblioteca nacional ( ultimamente virou de lado e apoia um presidencialismo forte e musculado) e José Tribolet, também de direita profunda.
São o tipo de pessoas que pertencem á geração que está retratada mais abaixo no texto que cito, e são pessoas das quais duvido que acreditem no sistema democrático. Uma delas proferiu o que está em baixo.
Em 1998, uma editora na altura recente chamada “Livros e leituras” lançou um livro que foi o resultado de um encontro entre 4 pessoas que se juntaram para discutir o conceito de poder e o conceito de saber.
O diálogo foi gravado e depois passado a livro.
O livro aborda muitas coisas e dois dos intervenientes( para não dizer 3 deles) são (na entrevista) claramente neoliberais económicos e defendem uma série de cosias que demoravam muito a explicar aqui.
Na parte de sociedade e demografia existem algumas coisas curiosas que passo a transcrever:
Página 68:
” Conhecemos, objectivamente, a demografia democrática da Europa e sabemos que há uma coligação fechada de duas gerações que nasceram nos anos 20 e nos anos 40, contra a geração que nasceu nos anos 70. Repares-e que a demografia da democracia nada tem a ver com esquerda ou direita. É uma variável rígida e que condiciona a agenda política da mudança.
A geração de 70 atravessa as dificuldades que se sabe:não consegue trabalho, não consegue ter casa, não consegue casar.
Mas à partida tem muito mais que nós tivemos:carro, Internet, biblioteca, país dispostos a tudo,etc. A geração de 70 tem mais do que nós tivemos, só não consegue reproduzir.
Página 70
As três gerações que se seguíram ao longo do século -dos anos 20, dos anos 40 e dos anos 70 – tem perspectivas radicalmente opostas em termos de política de financiamento, as duas primeiras jogam numa perspectiva de endividamento:os que vierem depois que paguem. A terceira inclina-se para uma óptica de fiscalidade, que supõe o máximo rigor nas contas.
Mas o grave é que a geração do rigor é, justamente, a que menos hipóteses tem de influenciar resultados eleitorais. Porque numericamente é minoritária. Porque inclui toda uma faixa de juventude que não perfez ainda os 18 anos de idade.
Donde, quando sentem ameaçadas as suas prerrogativas, as duas primeiras gerações tem motivação para votar e direito de o fazer; para uma boa parte da terceira pode haver a motivação, mas não há o direito.”
Quem afirma isto é o senhor Joaquim Aguiar, um conselheiro e eminência parda, de direita pura e desde sempre grande apoiante de Cavaco Silva.
As duas primeiras gerações criaram “isto” e é por isso que, como o Daniel põe a questão lá em cima, este país não foi feito para os jovens.
É apenas uma questão de demografia eleitoral. Mas como as coisas estão a descambar totalmente, os guardiões do sistema político, necessitam DESESPERADAMENTE que os “jovens” votem e se interessem pelo sistema.
O que está em cima também ajuda a explicar a política completamente louca de imigração que este país tem vindo a adoptar.
Não porque quem a promove esteja genuinamente preocupado com o país, mas sim está preocupado com:
a) a sua própria segurança material e dos seus familiares;
B) com os votos da sua clientela;
C) com a estabilidade política desta República podre e corrupta.
A conversa do senhor Aguiar em várias partes… então… é espantosa. A geração tem montes de coisas mas não consegue produzir.Pois não. O que leva à pergunta: qual é o interesse de se terem coisas que não se podem usar?
No sítio marketing de busca, o António Dias faz uma pergunta filosófica absolutamente pertinente logo no incio do sitio, referindo-se á nobre arte do SEO:
“Se o seu website existir na internet e ninguém o encontrar, o site existe mesmo? Tem a certeza?”
O que me leva á pergunta:
Se à partida tiver mais do que nós tivemos:carro, internet, biblioteca, país dispostos a tudo,etc, sua geração existe mesmo ? Tem a certeza? Consegue reproduzir?
Alguém encontra esta geração? (Pergunto porque também faço parte dela)
O que é mais espantoso nisto é que o senhor Aguiar fez parte do grupo de conselheiros dos 10 anos de Governo do senhor Cavaco Silva onde a “mudança para melhor” aconteceu e sempre para pior.
O Daniel Marques faz a pergunta: querem que os jovens se metam onde?
Neste momento já não são só os jovens. O “ideal” seria que os consumidores existissem para pagar impostos e consumir mas tivessem morridos metade delas no que toca aos problemas exposto quer no comentário do Daniel Marques, quer no que eu cito.
Quem quiser tirar conclusões – o excerto do livro que cito é de 1998 – acerca da falta de estratégia e da política de saltos em frente sem se saber bem onde se vai aterrar dos sucessivos governos democráticos que as tire.
Nota: isto não significa que eu apoie um regime ditatorial, mas penso que o que está acima deixa ver o muito que está mal e o porquê de as coisas em Portugal serem o que são. É uma questão eleitoral exclusivamente motivada pela ganancia de uma parte de uma geração, que não só prejudica os seus pares etários, como prejudica as gerações seguintes.
Para disfarçar, fala de reformas e mudanças. Mas nunca são as mudanças das políticas acima, nem de estratégia de poder e de organização do país.
É também por isso que é preciso trazer 300.000 jovens para a sociedade via recenseamento eleitoral. Primeiro foram “afastados” , agora são re-atraídos porque o sistema está a rebentar e a ideia de coesão nacional perdeu-se para certos estratos da população.
Este país não foi feito para jovens. Não há sequer oferta nem espaços adequados. Uns amigos meus estrangeiros, que passaram uns meses em Portugal, tiveram dificuldades em encontrar algo tão simples como espaços adequados para andar de skate e patins em linha. Algo tão simples como isto e que no país de origem estão habituados a praticar em espaços adequados. Depois as pessoas queixam-se que os jovens andam de skate nos passeios, etc. Isto tem uma definição: exclusão social!
Em Sintra, há uns tempos, o presidente de junta já falecido, lembrou-se de instalar rampas para skates e patins em linha num jardim. Quem caiu em cima foram os idosos a reclamar. Ora, com um terreno livre do outro lado da estrada, o que custava arranjar aquele espaço para desportos radicais? Em vez disso vê-se os comerciantes a reclamar dos skates passarem pelas portas dos seus estabelecimentos. Querem que os jovens se metam onde? Em casa a jogar playstation para não incomodar ninguém?
Se eu quiser fazer ponto de cruz, ouvir o relato de futebol em onda média ou jogar dominó, não me faltam espaços adequados, inclusivamente mesas já com tabuleiros de xadrez e damas.