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O DISCURSO CORRUPTO SOBRE A POBREZA E A RIQUEZA.
NO dia 18 de Dezembro de 2007 publiquei um excerto do blog esquerda-Republicana escrito por Filipe Castro (vive nos EUA), chamado “Escolas privadas, corrupção e acesso ao poder” :
Cito:
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“””A qualidade do ensino, por si só, não é determinante para o sucesso dos estudantes na vida profissional. Por exemplo, uma coisa importante nas escolas privadas são os amigos. A possibilidade de controlar com quem é que os nossos filhos se dão é uma vantagem importantíssima na educação deles.
Nos anos do Cavaquismo, um amigo meu, a trabalhar numa empresa financeira qualquer, perguntou a um banqueiro amigo do pai porque é que o banco dele tenha deixado sair um determinado gestor (que segundo o meu amigo era extraordinariamente competente e tinha acabado de começar a trabalhar na empresa dele). O banqueiro respondeu que o gestor em questão “era de baixa extracção”.
O meu amigo riu-se e perguntou se ainda fazia sentido nos anos oitenta ser-se snob no mundo dos negócios. O banqueiro respondeu-lhe que havia pessoas que eram de confiança – “dos nossos” – e pessoas que não eram de confiança.
Por exemplo – dizia o banqueiro – a seguir ao 25 de Abril, uma data de trabalhadores de longa data tinham-se identificado com a revolução e não hesitaram em atacar os interesses do banco e das empresas da família dele. Lugares de responsabilidade deviam ser dados a “pessoas de confiança, com os mesmos valores que nós.””””
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No dia 29 de Novembro transcrevi 3 artigos para o post “Projecto totalitário. Liberdade.Distopia.”,- o de cima e dois outros. De um dos outros do blog Lergosum” cito uma parte:
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À medida que avança, o projecto vai ganhando contornos nítidos. No topo, os Senhores: uma aristocracia de empresários e políticos. Imediatamente abaixo virão os escudeiros: a aristocracia menor dos gestores e dos jornalistas.
Tudo o resto está destinado a ser plebe…
Como poderemos defender-nos? No ancien régime houve corporações que usaram como arma os conhecimentos técnicos de que dispunham e de que os Senhores necessitavam. Fizeram segredo dos seus saberes e organizaram-se em associações clandestinas, as quais com o tempo tempo vieram a dar origem às maçonarias. Receio bem que de futuro venha a ser esta a nossa única opção, se não conseguirmos agora derrotar a oligarquia.
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No dia 13 de Fevereiro de 2008, publiquei o primeiro de uma série de 4 artigos intitulado, “Bibliotecas, empréstimo pago. Não. 1º “, onde citava uma parte de Aldous Huxley:
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Secundo – um conhecimento cientifico e perfeito das diferenças humanas que permita aos dirigentes governamentais destinar a todo o individuo determinado o seu lugar conveniente na hierarquia social e económica – as cunhas redondas nos buracos quadrados (expressão metafórica inglesa que designa um individuo que está num lugar que não lhe é próprio.
(Nota do Dissidente-x, tradutor/violador dos direitos de autor deste texto….) possuem tendência para ter ideias perigosas acerca do sistema social e para contaminar os outros com o seu descontentamento.
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Transcreve-se :
Bruce Charlton, um investigador académico britânico, considera que a “distribuição desigual” de classes sociais em universidades de renome incide num “processo natural” de diferenças no QI.
A diminuta percentagem de estudantes de classes sociais média-baixa em conceituadas universidades tem por base um “processo natural” de diferenças substanciais no QI. Quem o defende é Bruce Charlton, um investigador académico britânico, que lançou a polémica durante uma entrevista esta semana à revista especializada em educação “The Times Higher Education”.
Segundo Charlton, “o governo do Reino Unido, gastou tempo e esforço em declarar que universidades, em particular Oxford e Cambridge, estão a excluir injustamente pessoas de classes sociais mais baixas privilegiando as de classes sociais mais elevadas”.
Para o professor de psiquiatria evolutiva na Universidade de Newcastle, o debate apresentou uma falha ao excluir um factor importante do padrão verificado: “o de o QI ser significativamente maior em pessoas de classes altas”.
Charlton considera que a “distribuição desigual observada em universidades de renome” não está relacionada com preconceito no processo de admissão dos alunos. Ao invés, defende que tal acontece em resultado “natural do mérito”.
As afirmações publicadas no artigo desencadearam duras críticas no sector da educação do Reino Unido.
A União Educacional de Estudantes (em inglês National Union of Students – NUS) emitiu um comunicado para classificar os argumentos de “equivocados, irresponsáveis e insultuosos”. “Claro que a desigualdade social define a vida das pessoas, muito antes delas entrarem na universidade, no entanto, o sector educacional não se pode absolver da sua responsabilidade em assegurar que estudantes de todos os grupos sociais têm as mesmas oportunidades para desenvolverem o seu potencial, afirmou a presidente Gemma Tumelty.
Também o ministro do Ensino Superior, Bill Rammel, reagiu às afirmações de Charlton considerando que nelas estará implícita a ideia de que “cada um de nós deve saber qual é o seu lugar”.
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Notícia Expresso 24 Maio de 2008.
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Este é o tipo de discurso destinado a “convencer pessoas” que os ricos apenas o são porque lá chegaram por mérito, e assim, dessa forma. legitimar a pobreza como conceito aceitável na sociedade e – ao mesmo tempo – culpabilizar os pobres por o serem -são inferiores.
Entre isto e as teorias nazis de raças inferiores não há diferença nenhuma excepto que o senhor Charlton está-se também a referir a brancos ingleses de classe média, por exemplo.
Também consiste em possibilitar ao senhor Charlton, a legitimação académica para subir na carreira, ou através de subsídios que lhe serão concedidos ou através favores que lhe serão feitos.
É uma forma sofisticada de corrupção praticada por quem tem dinheiro para atacar o conceito de igualdade e de democracia numa sociedade.
O alvo actual é o sistema de ensino acessível a todas as pessoas.
Pensem.