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CENÁRIOS E TENDÊNCIAS PARA OS PRÓXIMOS 20 ANOS – 5
PARTE 5
A LISTAGEM COMPLETA DOS ARTIGOS ENCONTRA-SE NA PÁGINA DA BARRA LATERAL CHAMADA Z-CENÁRIOS
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SUPER TENDÊNCIAS PARA OS PRÓXIMOS 20 ANOS
MICRO ANÁLISE SOCIAL E ECONÓMICA.
Processo de longo termo analisando os processos em espectro largo e de grandes tendências, ao nível social, e económico a nível mundial.
1. Teoria da Globalização 2.0 – uma globalização intensificada de novo tipo.
Caracteriza-se por:
- Mudança do palco da globalização para a Ásia e tudo o que isso implica.
- Estratégias globais – de países ou empresas – feitas e desenhadas à medida para as regiões ou países onde irão ser aplicadas.
- Ideia da emergência de uma classe média global.
- Os capitais tornam-se globalizados.
Critica/Problemas:
– Com esta tendência a verificar-se tal seria assumir-se de facto, uma completa intensificação e ainda maior abertura dos países ocidentais á China/Ásia. Originando a completa assimilação da ideia de que a China/Ásia seriam as zonas/os produtores industriais do resto do planeta – uma perigosa dependência para o resto do mundo.
– Desenvolvimento de estratégias globais (na sua aplicação/execução) quer de países quer de empresas, visando criar dependências comerciais / políticas / militares, (para criarem novos estados clientes para si próprios) no lançamento e prossecução de projectos de cooperação/competição entre si.
Dois exemplos:
A) o projecto militar do caça de combate PAK desenvolvido entre a Índia – Rússia – Brasil.
B) as cooperações entre empresas de topo, mesmo que sejam concorrentes entre si – na feitura de estudos de mercado que analisam as reacções dos consumidores à publicidade e às marcas. As empresas pagam em conjunto os estudos e escolhem a metodologia que os orienta.
Mas depois, usam por sua própria conta e objectivos, os resultados – adicionalmente podem apenas optar por pagar uma parte do estudo, para a obtenção da informação que lhes interessa e sair do pagamento da parte que não lhes interessa.
São competidores que cooperam em áreas especificas de interesse mutuo. E competem em tudo o resto. Uma possível explicação para os aparentemente iguais produtos e técnicas de marketing que surgem que quase não se distinguem umas das outras.
– Ideia da emergência de uma classe média global derivada da padronização dos gostos a nível mundial. A publicidade e a velocidade das comunicações aliada a uma língua franca (o inglês) possibilitarão tal. Contudo, apenas será uma ideia conceptual benéfica para as empresas – o investimento que circula – precisamente por lhes permitir vender e organizar as suas economias de escala, quer na produção, quer no marketing, de uma forma unificada a nível global.
Ex:campanhas de publicidade “iguais”feitas a nível mundial.
Do ponto de vista da massificação da democracia, nada virá desta concepção. Existirá a possibilidade de esta ser ainda mais atacada por via da diluição das pequenas especificidades culturais ou usos locais precisamente por causa destes fenómenos.
Tendência de a classe média global apenas o ser considerada no protótipo de “consumidor” em qualquer parte do mundo, mas já não na parte cívica/democrata.
Ex: Uma adolescente malaia poderá usar Gant ou Ralph Lauren, mas a Malásia não deixará de ser uma ditadura muçulmana high tech; tal qual uma adolescente espanhola ou italiana, que também usarão as mesmas marcas, mas o regime apesar de tudo é mais democrático do que o malaio ou outro semelhante com a mesma religião ou não.
Tendência para o vencedor ser a “Corporação global” ou a marca Global, não o sistema de pensamento autónomo ou a democracia como sistema implantado em todo o mundo.
– A ideia de globalização de capitais mais definida. Já existe e deriva das progressivas eliminações de restrições à sua circulação. Existem aqui duas opções mundiais estratégicas.
- ou se globalizam mais fazendo mais estragos do que actualmente fazem;
- ou serão tenuemente restringidos.
Estamos no impasse do meio da balança pender para os dois lados – um dos dois lados. E qual será o lado.
Positivo:
– A ideia de emergência de uma classe média global, se essa emergência servir para desenvolver a criação de um poder planetário nas mãos desta classe.
– ideia de emergência de uma classe média global que consiga comunicar entre si, de forma a, globalmente, conseguir exercer o seu poder.
2. Economia baseada no conhecimento – a formação continua das pessoas ao longo da vida.
- Ideia de que “apenas” a educação e aprendizagem serão a base da nova economia.
- A inovação constante de produtos e serviços é que serão a chave da futura competitividade.
- Surgimento de uma nova classe – uma elite global reduzida baseada no conhecimento que tem- a classe criativa.
Problemas:
A) Geração de uma tremenda pressão social e económica no Ocidente e nos países de nível semelhante ao Ocidente (Ex:Japão). Partes da população, pela adopção plena desta tendência serão excluídas do mercado de trabalho e serão socialmente excluídas da sociedade. Um efeito colateral e perturbador que ataca a democracia como conceito e sistema de organização social, mas não só. Um sistema totalitário terá o mesmo problema, confrontado com idêntica situação.
B) Geração de uma pressão tremenda sobre os recursos educativos/de conhecimento de um país. Qualquer país – um numero cada vez maior de países – estará a competir com outros países igualmente fortes nessas áreas de conhecimento. A tendência será para que pequenos países( Ex: Portugal) “percam”/possam perder duplamente:
B1) ou não acompanham por si só, na área tecnológica respectiva em que se especializaram os países que os ameaçam ultrapassar por falta de escala/tamanho e capacidade de formar recursos humanos de forma sistemática e consecutiva – o país conseguir sempre formar geração após geração novos e melhores recursos humanos;
B2) Ou são afastados “administrativamente” de certas áreas tecnológicas mediante a aceitação de limitações comerciais ao desenvolvimento de certas industrias/serviços.
C) Se a inovação e os produtos são a chave da nova competitividade só quem possui uma população com altos níveis de especialização e constante formação de topo ao alongo das gerações, é que consegue “competir”. Quem não está nestas c0ndições “afasta” do bem estar e da possibilidade de competir partes importantes (90%) da sua população.
Os efeitos sobre a democracia serão devastadores nessas áreas-países.
D) A emergência de uma nova classe- a elite do conhecimento global – pode vir a ser a maior ameaça à liberdade e à democracia que alguma vez condicionou a raça humana.
Apêndice D) Problemas.
Dada a natureza do actual conhecimento de topo, prático mas também (deste que aqui se define – tenta definir) – altamente tecnológico e “simbólico” baseando-se em abstracções conceptuais e teóricas de nível elevado que saltam fora dos tradicionais campos da Filosofia e da política (embora também a ela venham buscar elementos e teoria ), a capacidade deste tipo de conhecimento “correr livre” e tornar-se demagógico e totalitário é infinita.
Elementos agravantes: de ser muito difícil de contrariar devido à enorme diferença de força intelectual, entre o que está ao dispor desta nova elite e da sua rapidez – facilidade de agir em rede – e o resto da população( local ou mundial), muita da qual nem ideia tem destas concepções, nem destes movimentos.
A palavra “conhecimento” deve ser aplicada em duplo sentido: conhecimento = informação.
Aqui, conceptualmente, não se consegue sequer afirmar qual é o “poder” simbólico da nova emergente classe/elite global.
Se as suas potencialidades para a instauração de um mundo controlado arbitrariamente derivam mais do conhecimento avançado que tem, ou se esse conhecimento é antes informação trabalhada a um nível conceptual superior que lhes permite atingir supremacia.
Questão: Esta nova “emergência” de uma nova classe/elite chamada de “nova elite global classe criativa” é -o (se-lo-à) porque é dotada de conhecimento ou porque é dotada de informação de nível superior e sabe trabalhá-la?
Os “choques” entre o que esta classe observará como sendo “arcaísmos” e “velhas forma de pensar” dos actuais sistemas e o que ela defende e propõe serão elevados. Existirá assimetria entre as ideias de um lado e de outro:resta saber para onde cai a parte mais pequena da assimetria.
Continua