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A ARMADILHA DA GLOBALIZAÇÃO. LIVRO.
O livro chama-se “A armadilha da globalização – assalto à democracia e ao bem estar social”.
Editora Terramar
Autores: Hans Peter Martin e Harald schumann. De Schumann Encontram-se páginas em alemão. De Peter Martin encontram-se várias como Esta:
De Martin está também disponível online uma boa entrevista em inglês
Em 1998, um jornalista austríaco (H. P. Martin) e um alemão (H. Schumann), escreveram em conjunto um livro chamado a “Armadilha da globalização”. Sub titulo: o assalto à democracia e ao bem estar social.
O livro, em todos os seus aspectos é aterrador, precisamente porque é convincente. ( Nos dias de hoje em alguns aspectos já está datado, mas mesmo assim é válido)
Descreve-se de forma precisa, quais é que são as decisões, e as ideias de decisões a tomar que estavam a ser discutidas naquela altura, pelos gestores de topo e políticos do mundo. O que se chama(va) “globalização” e como era visto em 1997/1998.
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Página 10:
√…”na nossa empresa, cada um pode trabalhar tanto quanto queira…” … os governos e as regras por estes impostas ao mundo do trabalho perderam todo o significado…”contratamos os nossos empregados por computador, eles trabalham por computador e são despedidos por computador“.
√ Algures no diálogo do texto, David Packard, o co-fundador da Hewlett Packard (produção de impressoras e computadores) faz uma pergunta a Jonh Cage da Sun Mcrosystems:
” …– de quantos empregados necessitas verdadeiramente, John? – “ Seis, talvez oito, responde secamente Cage. Sem eles estávamos tramados…” – E quantas pessoas trabalham actualmente para a Sun systems? Gage responde:- …” Dezasseis mil. Tirando uma pequena minoria são reservas de racionalização.”
√ Não se ouve o mais pequeno murmúrio na sala: para os presentes, a ideia de existirem legiões de desempregados potenciais ainda insuspeitos é algo de obvio. Nenhum destes gestores de carreiras, que auferem chorudos salários, provenientes dos sectores e dos países de futuro, acredita ainda que se possa vir a encontrar, nos antigos países e em todos os sectores, um numero suficiente de empregos novos e correctamente remunerados nos mercados em crescimento, com o seu grande consumo de tecnologia.-no próximo século, para manter a actividade da economia mundial, dois décimos da população activa serão suficientes….- Mas e os restantes? Será possível imaginar que 80% das pessoas que desejam trabalhar não vão encontrar emprego?
– Não há duvida que os 80% restantes vão ter problemas consideráveis, afirma o autor norte-americano Jeremy Rifkin que escreveu o livro “The end of work…”
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A Sun Mycrosistems é a maior empresa do respectivo sector de actividade na área de produtos informáticos ao nível de redes, servidores de computador, quer pequenos, para entrada de gama, quer gigantes, e a tudo isto acresce os respectivos códigos informáticos para servidores, a um ponto tal que esta empresa tem capacidade comercial, técnica e financeira para se bater contra a Microsoft.
Na quota de mercado dos servidores de computador a Sun conseguiu sempre vedar o controlo do mercado à Microsoft. E incentivou e incentiva projectos gratuitos nas ares onde pode atingir a Microsoft, como por exemplo, o Open Office.
É uma empresa de informática pesada, na pratica funcionando com um sistema operativo próprio na área de redes e servidores chamado – linguagem JAVA – que serve para abrir programas específicos que dela necessitam. É uma linguagem de código aberto – quem tem conhecimentos da linguagem pode programar nela.
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√ Surge definido no livro o conceito de Tittytainment. Em baixo do lado esquerdo, temos (uma) a versão portuguesa de tetas e entretenimento.
”: também a expressão tittytainment, proposta pelo velho rezingão que é Zbigniew brezinsky e fez carreira…… Segundo brezinsky, tittytainment é uma combinação das palavras entertainment e titts (entretenimento e tetas), um termo de calão para designar os seios.
Mas Brezinsky não está tanto a pensar no sexo, mas antes no leite que escorre dos seios de uma mãe que amamenta.
Segundo ele, uma sábia mistura de divertimento estupidificante (Exemplo: Floribela, Morangos com açúcar) e de alimentação suficiente permitiria manter de bom humor a população frustrada do planeta.””
” Impassíveis, os gestores debatem as dosagens aconselháveis e perguntam-se como poderá o afortunado quinto da população ocupar o resto supérfluo dos habitantes do globo.
A crescente pressão da concorrência não permitirá às empresas que participem desse esforço social. Portanto, outras instancias deverão ocupar-se dos desempregados.
√ Os participantes no colóquio contam com um outro sector para dar sentido à existência e garantir a integração: o voluntariado a favor da colectividade, a participação nas actividades desportivas mediante a atribuição de uma remuneração modesta, o que ajudaria milhões de cidadãos a serem conscientes do seu próprio valor», opina o professor Roy.
(Nota lateral: é pelo que está acima descrito que sou completamente contra o voluntariado)
Os patrões dos grupos industriais estão à espera de que, a breve prazo, nos países industrializados sejam postas pessoas a varrer as ruas por um salário praticamente nulo ou que haja quem aceite um emprego de criado a troco de um miserável alojamento. Página 10/11
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Página 19.
“Os derrotados tem voz e hão-de servir-se dela. ”
Há cada vez mais eleitores a tomarem à letra as fórmulas dos advogados da mundialização. Não é entre nós que há que procurar responsáveis, a culpa é toda da concorrência estrangeira: eis o que se apregoa aos cidadãos de um telejornal em cada dois – frases pronunciadas exactamente por aqueles que se espera que defendam os interesses da população.
Entre este argumento – economicamente falso – e uma franca hostilidade contra tudo o que é estrangeiro medeia um passo, que rapidamente foi dado. Desde há muito tempo que milhões de cidadãos, das classes médias, desestabilizados, procuram a salvação na xenofobia, no separatismo, no afastamento relativamente ao mercado mundial. Os excluídos respondem com a exclusão.
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Faça-se a comparação com o discurso que tem estado a ser sistematicamente propagandeado em Portugal de há 10 anos para cá.
Quem está a ler isto irá fazer parte dos 80% que irão ser excluídos ou não?
Quem está a ler isto, analise o discurso do actual partido socialista (…frases pronunciadas exactamente por aqueles que se espera que defendam os interesses da população) no governo quando se diz que a culpa a culpa do fecho de uma fábrica é da concorrência estrangeira (Globalização).
Ou na tradição portuguesa, relacionada com os sindicatos que resolvam não aceitar baixas insuportáveis de ordenados dos seus filiados?
Quem está a ler isto deve fazer o esforço de reparar na especificidade do caso português. As coisas não acontecem por acaso.
Existiu uma recente feira de emprego tecnológico e científico. Mas…não houve porque em mais de 100 empresas contactadas por quem organizou o evento só duas responderam ao convite.
É claro que amanhã (um amanhã sem data marcada…) a culpa será assacada aos funcionários públicos porque (pretexto) não aceitam ir para o quadro de excedentes(por exemplo).
A sociedade de excluídos através destes sinais subtis (as empresas não querem cientistas ou candidatos a cientistas mas sim empregados de mesa) está aí.
Todos estamos a ajudar isto simplesmente pelo facto de fecharmos os olhos e julgarmos que, individualmente, nos vamos safar.
Com percentagens em jogo, segundo a lógica do conceito apresentado no livro a “Armadilha da Globalização”; de 80% – 20% não fico tranquilo nem por mim nem por todos os outros, quer os que “ganham”, quer os que “perdem” .
A única percentagem aceitável é 100% de êxito. Não divisões de 80-20%.
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Após ter sido aplicado como argumento de venda ideológico e económico, o conceito segundo o qual, o desenvolvimento tecnológico, a valorização da competição e da livre iniciativa, apoiadas no primado da lei, iriam resultar e levar a humanidade para novos patamares, “isto” é o que temos.
O actual capitalismo está a gerar nem emprego nem desenvolvimento económico, só crescimento económico-financeiro. Pela primeira vez na história do capitalismo ele é incapaz de gerar emprego.
Então para que serve o capitalismo? Para que serve um sistema cujos principais objectivos estão a falhar? ?
Todos os países que importaram o modelo de capitalismo americano – chamado também de globalização – na parte económica e social, estão a ter inúmeros problemas.
Essa importação cria danos sociais e económicos tremendos às populações ou países que adoptaram isto.