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UNIVERSIDADE PRIVADA NOS ANOS 90 DO SÉCULO 20.
MANUAL PRÁTICO DE CORRUPÇÃO – LIÇÃO 1.
1.Numa Universidade privada de Lisboa no final dos anos 80, principio dos anos 90 ( não, não era a Universidade Independente…), num curso “técnico”, chamado “curso de gestão”, aconteciam coisas engraçadas.
Numa determinada parte do curso, a partir do 3º ano, existia a opção de escolher, quais as cadeiras a fazer, quais as cadeiras opcionais e, evidentemente, ter que fazer as que faziam parte do corpo do curso.
2. Numa determinada cadeira, os alunos eram poucos. A cadeira era, de algum modo, mais difícil que a média, e tal “status” desfavorável gerou que, mais ainda do que o comum, vários alunos “fugissem” dessa cadeira indo para outras teoricamente mais fáceis.
3. Dentro do contexto geral do curso, estas pequenas…anomalias…geravam a existência de alunos que começavam a sentir ser necessário ter um qualquer “incentivo” e “pressão” a descobrirem uma maneira “rápida e expedita” de fazer não só essa cadeira, como também, algumas das outras.
4. Esses incentivos, e pressões no sentido de formas rápidas e expeditas de “solucionar os problemas” criaram um forma peculiar de corrupção.
Manifestava-se essa corrupção pelo “estabelecimento” de relacionamentos privilegiados e preferenciais com alguns dos funcionários da secretária da referida Universidade Privada do centro de Lisboa.
5. Essas relações privadas e preferenciais por parte de alguns alunos (apenas uma casta elitista que conhecia o segredo de como fazer as coisas e estava na disposição para isso… ) levaram, curiosamente, a que alguns dos alunos possuidores desse conhecimento secreto de como fazer as coisas, obtivessem, geralmente com uma semana de avanço, os enunciados dos testes a realizar, quer os de Fevereiro, quer os de Junho, ou até mesmo – em situação de emergência – os de Setembro.
6. Consequentemente, alguns alunos ( por exemplo de uma turma de 40, 6 ou 7 dos alunos) já sabiam quais as respostas a dar às perguntas que eram feitas – com uma semana de antecedência – em algumas das cadeiras.
Tal passava-se porque os senhores professores deixavam os enunciados na secretária na semana anterior para que existisse …… “tempo” …… de serem fotocopiados.
7. Numa determinada sub turma à qual pertencia a tal “cadeira difícil” APENAS existiam 9 (nove) alunos inscritos.
8. Um desses alunos teve a “ideia luminosa” de pagar um suborno pela porta do cavalo e adquirir o “teste” a realizar. (Salvo erro foram 50 contos/ 250 euros)
Após aquisição de tão precioso bem, e, como…auto compensação…por dois fins de semana que já não dava para ir para a borga na 24 de Julho e Bairro Alto, devido a ter sido despojado de alguma quantia em dinheiro, e não tendo garantias de que, mesmo sabendo o teste e fazendo-o “bem”;
– não tendo garantias, escrevia eu;
– de que “esse movimento” lhe iria gerar uma nota “interessante”;
– devido ao comportamento “desfavorável” e “acintoso” ,”prepotente” e de quem apenas queria criar dificuldades para provar que era um competente pequenino tiranete; exibido pelo professor da referida cadeira;
– este aluno que ofertou o suborno a alguns funcionários da secretária, e para recuperar as perdas propôs aos outros 8 colegas restantes um “negócio”.
Proveitoso, para ….. todas as partes.
9. O “negócio” consistia em “cobrar ” uma “quantia” a cada um dos 8, (Salvo erro 10 contos a cada um) em troca do enunciado do teste, para dessa forma tão tipicamente capitalista liberal; recuperar” o investimento…… inicial……
10. Dos 8 restantes, 7 aceitaram a proposta e pagaram a quantia pretendida pela obtenção do enunciado do teste.
11. Um único aluno, o “otário” desta história, não aceitou. ( Quem ler até ao fim percebe porque é que eu não acredito nem por um instante em Portugal e considero isto é um dos tugúrios mais nojentos e corruptos que existem…)
12. No dia do teste apresentaram-se 9 alunos para o fazer, dos quais, 8 conheciam o enunciado previamente e um não conhecia.
13. O professor em questão – um mestre pedagógico da maior qualidade ( que merecia levar um tiro…) – passou 3 ou 4, logo na correcção de nota escrita e levou os restantes a exame oral.
14. Aqui o enredo adensa-se.
O aluno que não quis comprar o teste, antes do mesmo falou com o professor dizendo-lhe que sabia que os colegas dele já conheciam o enunciado e perguntou: “como é que é” ?
– O mestre pedagógico, disse-lhe que não se preocupasse que depois tudo seria resolvido a contento.
– O aluno que tinha alertado o professor após publicação de notas ficou “espantado” por terem, mesmo assim, sido passados de ano – logo nas pautas – alguns colegas. Parecia-lhe “incompreensível” a situação….
– Este aluno que tinha alertado o professor para a anomalia perguntando “como é que é”? foi a exame oral (surpresa….) e foi (surpresa, outra vez … ) chumbado ( e humilhado forte e feio) na oral. Todos os outros 8 passaram. Todos os que tinham “comprado” o teste e todos os que tinham sido metidos na “oral”.
15. O professor da cadeira, este emérito mestre pedagógico, mesmo depois de saber de toda a situação, manteve todas as notas na mesma. Ou seja passou todos, e “atacou” quem não quis “alinhar” com o “esquema” chumbando-o na cadeira.
16. Dessa forma, ao “isolar” este aluno, fazia com que nenhum dos outros 8 se sentisse “inclinado” a dizer a verdade e admitir que tinha participado na fraude.
Ao mesmo tempo, criava o cerco à volta do único que não tinha aceite pagar um suborno.
Qualquer protesto deste era assim e desta forma …… desvalorizado …… insinuando-se desta maneira venenosamente indirecta, que esta pessoa levantava “acusações falsas” apenas e só, por ter chumbado à cadeira.
NOTAS:
(A). O aluno que não quis pagar o suborno não era eu, nem eu era algum dos outros 8.
(B). Isto eram algumas das muitas situações que se passavam na referida universidade privada de Lisboa cujo reitor era o senhor Luis Arouca, ex- reitor da U. Independente.
(C).Foi para isto que se quis criar o ensino privado em Portugal?