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O PSD E PEDRO PASSOS COELHO: VAIADOS EM GOUVEIA NO DIA 19 DE FEVEREIRO DE 2012

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Não foi uma receção muito calorosa a de Passos Coelho, à chegada a Gouveia para uma visita a uma feira regional. O primeiro-ministro foi vaiado e insultado por dezenas de populares. Pedro Passos Coelho ainda tentou o diálogo, mas sem sucesso, acabando por ser retirado do local pelos seguranças. Logo a seguir Passos Coelho falou aos jornalistas, salientando que tem de estar preparado para este tipo de situações.

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Notícia da comunicação social, dia 19 de Fevereiro de 2012

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PSP reforçou protecção do primeiro- -ministro com mais uma equipa. Já são 15 os homens que protegem Passos

A previsão de maior contestação social às medidas do governo, maiores riscos de tumultos e aumento das ameaças à integridade física de Pedro Passos Coelho levaram a PSP a reforçar, há cerca de um mês, o Corpo de Segurança Pessoal que acompanha o primeiro-ministro. Passos, que antes teria 10 ou 11 seguranças, tem agora mais uma equipa a assegurar a sua protecção. Ao todo, são já 15 os elementos da PSP que seguem os passos do primeiro-ministro, avançou fonte daquela força de segurança ao i.

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Notícia da comunicação social, dia 20 de Fevereiro de 2012.

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Wikipedia : Caudilho

A SUPREMACIA DO PENSAMENTO UNICO

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Vivemos numa época extraordinária.

É uma época onde existe o “medo”, como sentimento difundido por todo o lado e sobre todas as pessoas. E existe o “cinismo” como sentimento que acompanha o medo. Ambos são algumas das novas religiões que existem por aí, e as pessoas fazem turnos nas suas vidas, para alternadamente, sentirem medo uns dias e cinismo noutros.

Se por acaso algumas pessoas estiverem despertas para esta realidade, e decidirem criticar a pobreza espiritual, material e intelectual que uma vida vivida alternadamente em turnos de medo e cinismo lhes provoca, quer a si mesmos, quer a outros, imediatamente aparecerá alguém que lhes dirá que isso é bom e que isso é ser democrata e viver em democracia.

Também nos é passada a mensagem:

  • Que o medo e o cinismo em democracia são diferentes do medo e do cinismo em ditadura.
  • Que “ver inimigos por todo o lado” (e ter medo deles e ser cínico em relação à situação) é bom.
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Quem isto faz está a promover (conscientemente ou inconscientemente), uma boa maneira de deixar passar em claro os verdadeiros inimigos da democracia.

Nas sociedades de tradição democrática, o fenómeno é ainda mais desenvolvido e “sofisticado”. Manifesta-se através de um “sentimento no ar”, “difuso”, “que se entranha suavemente”,mas entranha-se nas sociedades e na vida dentro delas.

É uma chantagem permanente que se manifesta nas formas do medo e do cinismo que condiciona a livre escolha dos cidadãos.

Que se manifesta em dizer: “ou “isto” ou o caos”. (Pouco importa que isto já esteja a ser o caos, claro…)

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Politicamente tal é o que todos os políticos (e por trás o poder económico…) em Portugal fazem. A mensagem é: nós não somos o caos, os outros é que são o caos.

Em Portugal um exemplo prático foi, por exemplo, o “não” referendo ao tratado europeu.

O principal argumento contra a realização de um referendo seria a de que “não existem alternativas”. A alternativa seria “o caos”. (Teoria que exclui, obviamente, o facto de isto já estar próximo do caos…)

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Aplicada esta lógica à sociedade, dai retira-se que quando uma pessoa critica algo, será (a causa efeito é esta) imediatamente rotulado de extremista e “contra a democracia”.

Logicamente, vem aí o seguinte passo.

Esta lógica é levada ao extremo, e ninguém poderá criticar o que quer que seja. E a partir daí estabelece-se uma supremacia indiscutida de um pensamento único.

Que aqueles que o defendem apelidam de “democracia”.

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Os verdadeiros extremistas (defensores do nazismo, por exemplo) riem-se até às lágrimas por esta magnifica oportunidade que lhes está a ser dada…

A marginalidade próxima da delinquência onde estão transforma-se, em vitimização, o que lhes dá imediatamente a possibilidade de adquirir apoiantes…

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E é através desta “técnica” baseada em medo e cinismo + chantagem psicológica exercida sobre as pessoas ameaçando-as de lhes chamar “radicais” que se inviabiliza qualquer mudança no sistema político administrativo português.

E esta não mudança, por sua vez, cria a corrupção, especialmente nos lugares e posições onde estão as pessoas que mais defendem este actual sistema.

Existe medo difuso de se contestar “isto” precisamente porque “isto” é uma porcaria corrupta.

As pessoas tem medo de ser (ainda mais) apanhadas no meio da lama corrupta que as cerca. As pessoas estão condicionadas por esta lógica e “como não se sentem radicais ou extremistas, (especificamente porque não o são!) acham não ser capazes de tomar posições contra – precisamente com medo de poderem vir a ser acusados de serem “extremistas” ou radicais”:

A pessoa “não radical” ou não extremista” fica assim condicionada psicologicamente dentro do sistema social em que vivemos. Logo fica “inferiorizada” quando quer exercer os seus direitos políticos.

Quer mudanças, mas não as pode exigir. Uma panela de pressão com pernas sempre de tampa fechada, à espera de autorização de alguém para ser aberta…

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Estas pessoas são sistematicamente apelidados de extremistas, porque falam de coisas das quais a sociedade não quer ouvir falar, porque a sociedade – algumas pessoas dentro da sociedade – ganham com isto, com esta “não mudança”.

Com este silêncio…

No estado actual das coisas, alguém que diga que é contra a corrupção é – arrisca-se a ser – rotulado de “extremista”. Ou “negativista”.

Ou quem fale de coisas às quais os principais forças políticas »moderadas» (no caso português, todas…) não querem falar, porque é contrário aos seus interesses.
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Os verdadeiros radicais, ou as pessoas desonestas são assim colocadas numa posição em que são toleradas.
Servem um objectivo: fazer com que as forças políticas »moderadas» possam aparecer como moderadas perante a comunidade internacional, e perante a própria população do país.
E para que alguém pareça ser moderado é necessário que existam (pessoas apelidadas de) “radicais” para a comparação minimamente fazer sentido.

Assim se garante que o sistema não (nunca) muda alienando qualquer dissidência dentro do mesmo. Se existir discurso dissidente (não confundir com o nome deste blog) dir-se-á que é “fascismo ou manifestações anti-democracia” a quem não aceita o estado a que isto chegou.

Esses são aqueles que não aceitam viver sob a chantagem baseada na seguinte lógica: ou esta falsificação de democracia ou o caos.

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Já as pessoas e os grupos de interesses que efectivamente trabalham para minar a democracia a partir de dentro são sempre tolerados pacificamente.

É como uma receita de cozinha. Receita essa que necessita da existência dessas pessoas – o ingrediente “mágico” – que permite a quem defende a supremacia do pensamento único dizer que não existe pensamento único, até porque os cidadãos podem pensar de maneira diferente…
É aquela frase celebre (descontando a cristandade da mesma e não fazendo a apologia de religiosidades…) “o maior truque do Diabo foi fazer as pessoas acreditarem que ele não existia”.

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Todo este “jogo” é brutalmente perigoso também pelo seguinte:

O cidadão tem tendência a perder este jogo.

– Perde se as coisas se mantiverem como estão.

– Perde se as forças anti democraticas escaparem ao ainda tenue controlo que sobre elas existe e virem a mesa de jogo definitivamente transformando isto de ditadura não oficial a ditadura real.

E assim estamos a entrar em zonas cada vez mais sombrias.

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A solução: não aceitar, especialmente dentro da nossa própria cabeça, que este sistema seja aceitável, por ser o menor de todos os males.

Aceitar algo por ser o menor de todos os males é estar a pelar ao pior de nós próprios e não ao melhor.

Aceitar a supremacia do pensamento único é estar a exigir o pior e dizer que é o melhor.

A VIDA DOS OUTROS. FILME.

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Em 2006, foi feito um filme alemão chamado Das leben der anderen/A vida dos outros. Apenas conhecido em Portugal em 2007. É um excelente filmeA VIDA DOS OUTROS - 1 sobre totalitarismo, sobre uma sociedade totalitária. Não uma sociedade totalitária qualquer, mas sim a da RDA, já no período do final da mesma, nos anos 80 do século 20.

O filme pode e deve ser interpretado como uma critica ao socialismo real (também conhecido como comunismo…), mas deverá ser também interpretado com uma outra análise dupla. Quer ao (1) poder como conceito e ao uso que dele se faz e de como são facilmente corrompidas as pessoas em lugares de poder, e, noutra análise, no (2) lançamento de pistas hipotéticas para se perceber como se deve – em sociedade – tentar conter mesmo esse totalitarismo.

A história é muito interessante pelos problemas que coloca. Antes da queda do muro de Berlim a polícia secreta alemã fazia escutas sobre os seus cidadãos. Quais os pretextos para tal?

Quase nenhuns ou em alternativa pretextos inventados apenas movidos pelo desejo de uma qualquer pessoa dentro do sistema e não da lei vigente na terra e aplicável a todos.

Só por aqui está espelhado a completa corrupção do sistema comunista. No caso do alemão, de forma ainda mais especial, uma vez que este era a fina flor do comunismo de inspiração soviética; ou seja ainda “funcionava” melhor (dentro da lógica distorcida e retorcida de se considerar que uma sociedade comunista totalitária funciona melhor que outra sociedade comunista totalitária) que o que lhe deu origem, a URSS.

Um agente da polícia secreta – da Stasi – ao conduzir uma escuta sobre um escritor alemão e sobre a sua namorada, actriz de cinema, fica obcecado com isso, com “a vida dos outros”, sendo que os outros poderiam também ser metaforicamente considerados como “a população”.

Um escritor de talento, em ambas as Alemanhas, Georg Dreyman, e perfeito crente da sociedade onde vivia e estava, namora com Christa Maria Sealand (CMS), a melhor actriz do teatro alemão.

A VIDA DOS OUTROS - 5

CMS, representa, numa explicação que se queira adoptar, metafóricamente, o pior de nós; a ansiedade excessiva que nos controla os nosso actos, a cedência aos nossos piores instintos quando pressionados, a tendência para a deslealdade e a traição aos outros e a nós próprios.

CMS, tem ainda outro problema, que é, diga-se de passagem, um problema duplo em termos comparativos com a sociedade portuguesa. O (1) de existirem pessoas que não conseguem determinar qual é o seu real valor quer profissional, quer pessoal, porque a sociedade está assim estruturada, e (2) isso são características inerentes a sociedades totalitárias.

No filme, CMS, não sabe e não tem a noção do real talento que tem, e por isso tem imenso medo. Como tem medo, e precisamente pela dimensão do medo que tem, não quer perder a posição que tem naquela sociedade, e “vende-se” ao ministro Bruno Hempf, o prototipo do político asqueroso e totalitário; pensando que, pelo facto de aceitar fazer sexo com o ministro e devido ao “Poder” que este tem, isso lhe garantirá não ser removida para a prateleira do teatro. (Ou pior…)

A VIDA DOS OUTROS - 5

No meio disto, o capitão Anton Grubitz quer ser promovido. Com o apoio do Ministro Bruno Hempf e dos restantes círculos políticos dá ao agente da Stasi, seu ex -colega de escola, o agente Gerd Wiesler, a tarefa de montar uma específica operação de escutas electrónicas visando confirmar a traição (hipotética) do dramaturgo Dreyman.

Isto é o objectivo “oficial” , o objectivo oficioso é também a lógica distorcida aquele sistema e os desejos pessoais , a prepotência, o nepotismo e a corrupção do ministro Bruno Hempf que quer ter para si para usar à vontade CMS, a acrtiz estrela do teatro alemão.

A história é simples ao nível do argumento e linear. Observando de um nível pessoal, como drama, é um triangulo amoroso. (Ministro Hempf, Actriz CMS, Dramaturgo Dreyman.

O realizador do filme insere a política, como um dos elementos motivadores do triangulo, mas querendo com isso mostrar outras coisas. A censura inerente ao regime e a intensa corrupção burocrática do mesmo.

Dreyman, o dramaturgo tem sucesso, mesmo que publique na Alemanha do oeste, a antiga RFA. Namora com CMS, a melhor actriz. Apoia o sistema. Tanto êxito” burguês gera “inveja” e gera proeminência que não pode ser tolerada pelo regime e gera cobiça do ministro Hempf.

Este apoiado nos desejos de subida de carreira do capitão Grubitz ordena escutas na casa de Dreyman. Grubitz, chama Wiesler, o melhor agente para este montar a operação. Wiesler vai até ao sótão do prédio de Dreyman, instala lá o equipamento embora previamente os microfones de escuta tenham sido colocados dentro dos interruptores da casa de Dreyman, e começa a escutar em busca de “conversas comprometedoras” de Dreyman com dramaturgos, artistas, o que fosse, que eram suspeitos ou estavam na lista negra do regime.

Wiesler, o exemplo do polícia dos serviços secretos – eficiente, frio, insensível começa aos poucos e poucos a transformar-se ao escutar a “vida dos outros”.

A VIDA DOS OUTROS - 3Duas cenas ilustram esta transformação. (1) Wiesler é-nos apresentado estando a dar cursos de formação, não do fundo social europeu :mrgreen: mas de futuros agentes da Stasi.

Está numa sala com alunos e explica-lhes porque é que no filme que lhes está a mostrar, onde se vê um opositor ao regime a ser interrogado este está a mentir. Através de técnicas de interrogação duras.

Um dos alunos interrompe-o e diz algo como” mas isso não é muito duro?”. Sem se perturbar, Wiesler vai explicar que não, mas ao mesmo tempo que o faz, marca uma cruz no nome do aluno, no papel que tinha à sua frente, e onde estavam os nomes de todos os alunos. Era uma má classificação para esse aluno.

A cena de interrogatório é objectivamente de uma violência psicológica tremenda sobre o interrogado.

(2) Quando se dirige com a sua equipa da Stasi a casa do Dreyman, para instalar os microfones, a vizinha da frente de Dreyman, nota a agitação. Prudentemente,olha pelo óculo da porta, não abrindo a porta. Wiesler dada a sua eficácia e sensibilidade para este tipo de coisas, percebe o facto e toca á porta.
A senhora abre e Wiesler imediatamente lhe diz para estar calada e não mencionar a ninguém o que acabou de ver, tratando a senhora pelo nome dela, e insinuando de uma forma terrível, que a filha dela poderá ter problemas no acesso à Universidade de medicina, caso desobedeça aquela ordem.

Este é o protótipo do funcionário burocrático Cyborg, destituído de sentimentos e apenas eficácia. Wiesler está convencido que Dreyman é um subversivo em relação ao Estado e que mais tarde ou mais cedo o apanhará nas escutas.

Á medida que vai escutando Wiesler altera-se e começa a perceber o drama da vida de Dreyman e toda a lógica de corrupção em que está metido. Percebe que Dreyman é alguém genuinamente “bom”, e não subversivo, e que são apenas os interesses políticos de topo do ministro Hempf e as maquinações do seu ex-colega de Escola Grubitz que estão a criar uma situação para que Dreyman seja “eliminado” não fisicamente mas moralmente e psicologicamente.

A dada altura, Wiesler fascina-se com o que ouve, querendo escutar mais; começa a adulterar relatórios sobre as conversas de Dreyman omitindo pormenores que sabia que poderiam ser considerados como desfavoráveis para este, mesmo sendo coisas inócuas, e no final safa de problemas Dreyman, e prejudica-se a si próprio.

Dreyman, que era um genuíno apoiante do regime, a dada altura e devido ao evoluir da situação e de várias histórias paralelas no filme:

– um amigo de Dreyman, o encenador de teatro Jerska, suicida-se, porque estava há uma série de anos na lista negra sendo impedido de trabalhar;

– um outro dramaturgo chamado Paul Hauser, em completa dissidência com o regime e cheio de impaciência pelo que se está a passar sempre que se encontra com Dreyman, pica-lhe o juízo moendo-lhe a cabeça e incitando-o a não desculpabilizar e a não colaborar com “aquilo”

(Qualquer semelhança com o que se está a passar em Portugal actualmente é pura coincidência…)

– o facto de ter percebido que CMS, a sua namorada andava a dormir com o ministro Hempf. A repressão política, artística, social era usada de modo instrumental para adquirir os favores sexuais dos artistas- é isto que se percebe.

Dreyman, descobre e explica-lhe que ela não tem de fazer “aquilo” porque ela tem talento e não preicsa de o fazer. CMS, cruelmente e com completa frustração à flor da pele conjugada com ansiedade responde que “também dormes com eles todos os dias”. Ela confronta-o -em resposta- com a infidelidade física dela (forçada ou não é para decidir quem vê o filme…) replicando que ele também se vende moralmente…

Como esta é a descrição de umaA VIDA DOS OUTROS - 2 sociedade onde existe vigilância; essa mesma vigilância que se aplica sobre a quase totalidade dos cidadãos de formas difusas, origina vários fenómenos.

A chantagem e as ameaças directas ou veladas sobre os cidadãos. Daqui até à delação e aos sentimentos de que, ” denunciar o outro” é bom, vai apenas um passo…

A delação, (também conhecida por denúncia) ao ser desta forma aceite, passa a ser mais um bem: assegura (A) Ou a sobrevivência, (B) ou a manutenção do estatuto político, ou (C) serve de moeda de troca.

Dreyman, decide fazer alguma coisa, (é a gota que enche o copo e o transborda, após ter percebido que CMS se vendia ao ministro…) quando o seu grande amigo, o encenador Jerska se suicida. Dreyman, decide denunciar o sistema RDA. Escreve um artigo a ser publicado no Ocidente, no Der Spiegel alemão, onde explica a técnica do suícidio na Alemanha de Leste.

Menciona no artigo que o departamento estatístico alemão de leste tudo sabe, de todas as estatísticas, mas não publica as de suicídio, e mais ainda, desde 1977, que as publicou pela ultima vez. A palavra suicídio é banida – impronunciável e impublicável – passando o assassínio a ter a designação oficial de “auto assassinato”.

Isto desencadeia uma perseguição das autoridades para saberem quem é que escreveu o artigo e as suspeitas recaem sobre Dreyman, mas não são provadas. CMS, mediante coacção e intimidação acaba por implicar Dreyman – o seu namorado – em troca de o seu estatuto se manter inalterado.

A Stasi surge , através do capitão Grubitz e da sua equipa em casa de Dreyman, para apreender a máquina de escrever indetectável que Dreyman usou para escrever o artigo e que estava escondida num determinado sitio da casa de Dreyman.

Delatada por CMS.

A Stasi não encontra a máquina, porque Wiesler, o agente da Stasi que escutava as conversas, apagou o rasto de provas e retirou a máquina do lugar.

Na sequência disto CMS acaba por morrer atropelada num acidente, ao sair da STASI e após ter vendido a alma, e ido até à casa de Dreyman, deixando quer Dreyman, quer o próprio Wiesler inconsoláveis, e fazendo o capitão Grubitz perceber que Wiesler tinha manipulado a informação das escutas e protegido Dreyman.

Que Wiesler tinha protegido a “vida dos outros”.

Este, pelas circunstâncias tinha sido levado a proteger aqueles que lhe cabia vigiar e tinha-se “humanizado”.

Nota: Podemos aqui fazer uma critica reflexiva alternativa. E afirmar que esta lógica pode ser vista como uma tentativa de suavizar o agente da Stasi, que apenas foi “metido na engrenagem da maquina” e que era tão inocente quanto as vitimas que aterrorizava. Que a culpa era do “sistema”,n ão das pessoas. Bom, as pessoas fazem parte do sistema…

O que leva à questão de se perceber que só a denúncia de sistema totalitários, de que tipo forem deve ser um imperativo ético e que a resistencia e a recusa de colaboração com o sistema são armas.

Ali,no filme, a “redenção” do agente da Stasi decorre da “comparação” que este faz entre o comportamento dos seus chefes – um comportamento abjecto e asqueroso – e a visão dos valores mais puros que ele ia escutando e percebendo ao escutar as suas vítimas. (A dada altura, entra dentro da casa de Dreyman, quando este não está, para lhe roubar um livro de poemas de Berthold Brecht para “assimilar” esse mesmo comportamento das suas vitimas, como se, através do acto do roubo do bem( livro) do outro (Dreyman) e da leitura do mesmo; Wiesler, o agente da Stasi, se pudesse “purificar”.

É um acto de desespero simbólico pessoal dele.

√ DIÁLOGO EM INGLÊS DEFININDO A TIPOLOGIA DOS ARTISTAS SUBVERSIVOS – manual de uso da Stasi ( O NÚMERO 4) E OS MÉTODOS A USAR.

Did you know that there are just five types of artists?

Your guy, Dreyman, is a Type 4, a “hysterical anthropocentrist.” Can’t bear being alone, always talking, needing friends. That type should never be brought to trial. They thrive on that. Temporary detention is the best way to deal with them. Complete isolation and no set release date. No human contact the whole time, not even with the guards. Good treatment, no harassment, no abuse, no scandals, nothing they could write about later. After 10 months, we release.

Suddenly, that guy won’t cause us any more trouble. Know what the best part is? Most type 4s we’ve processed in this way never write anything again. Or paint anything, or whatever artists do. And that without any use of force. Just like that. Kind of like a present.

Derivado do que ali está em cima, em inglês – que “muitos dos artistas de tipo 4 que a Stasi processava desta maneira nunca mais escreveriam, o mesmo acontece à personagem Dreyman. Cheio de desgosto e remorsos pelo facto de CMS ter morrido e nunca tendo tido a certeza de que teria sido ela que o teria traído entregando -o à Stasi, mas ao mesmo tempo não querendo acreditar nisso, Dreyman, não escreve,

Cai o Muro de Berlim em Novembro de 1989,e após a queda, Dreyman estánum teatro a ver ser representada a sua peça – peça essa que tinha sido uma das que ele tinha escrito especificamente para CMS e que esta tinha representado.

Dreyman não aguenta a memória da antiga namorada e si para a entrada da sala do teatro. Está lá também, o ex-ministro Bruno hempf. Trocam palavras e Dreyman pergunta a Hempf porque é que ele nunca foi vigiado.

Hempf, diz-lhe que está enganado e que ele foi severamente vigiado. Dreyman acaba afastando-se profundamente chocado e agastado com as pessoas de um regime que apoiou.

Mas isso traz-lhe a curiosidade de saber como foi vigiado. Vai ao museu da memória e pede o seu processo.

A VIDA DOS OUTROS - 4 Fica espantado com o enorme tamanho do mesmo, e começa a ler. Fica logo espantado com o tamanho do seu processo. E começa a perceber que CMS foi a delatora que o traiu; que os relatórios das escutas sobre ele não diziam o que se tinha efectivamente passado, que as escutas tinham sido ordenadas pelo ministro Hempf e que uma misteriosa personagem com o nome de código ” HGW XX/7 ” era o responsável por não lhe ter acontecido nada.

Pede para ver quem era HGW XX/7 e reconhece Wiesler. Este caído em desgraça após o caso Dreyman trabalhava na secção da Stasi destinada a abrir a correspondência de todos os alemães. Após a queda do muro de Berlim era carteiro.

Dreyman, que nada tinha escrito até aí, começa a escrever, e escreve um livro chamado “Sonata a um homem bom” – o nome de um livro que o seu amigo Jerska, o encenador que se tinha suicidado, ou auto assassinado para usar a terminologia RDA, lhe tinha oferecido. No prefácio do livro, nos agradecimentos está “Para HGW XX/ 7 , um homem bom” .

É a essa frase que se refere o que está la em cima em inglês ” do you like it gift wrapped? No, it is for me”.

É Wiesler / HGW XX /7 a adquirir o livro de Dreyman, o novo romance que este tinha finalmente conseguído escrever.

A VIDA DOS OUTROS - 6