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CRISE FINANCEIRA AMERICANA – A MOEDA.
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A lista completa de artigos relacionados com este assunto pode ser encontrada na página da barra lateral ” Z – Crise financeira norte americana”
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Ver: Crise financeira americana:as razões
Um Estado nação aplica impostos sobre a sua população.
Um Estado império aplica impostos sobre os outros Estados.
A habilidade dos Estados Império para aplicar impostos assenta numa economia mais forte. Dessa economia mais forte deriva a existência de umas forças armadas mais poderosas.
Dessa forma, pacificamente ou militarmente os Estados Império aplicam os impostos sobre os outros.
Relativamente ao actual Estado Império:
A data em que os EUA se assumiram – plenamente– como um Império foi o dia 15 de Agosto de 1971. Nesse dia existiu o “corte” entre o valor da moeda dólar e a indexação da mesma ao valor do ouro.
Quando os credores dos EUA, nesse dia, exigiram o pagamento das dívidas que os EUA (o Tesouro americano) tinham com o estrangeiro; e exigiu o pagamento já não em dólares, mas em ouro, os EUA falharam os pagamentos. Quando os falharam declararam-se um império, porque tinham retirado de grande parte do mundo bens e serviços mas não tinham qualquer intenção nem a capacidade de conseguir e querer pagar esses bens e serviços.
Os credores não podiam reaver o que tinham fornecido, nem declarar guerra para reaverem os bens que tinham fornecido. O país em falência continuou a viver de crédito e de inflação até aos dias de hoje, sendo isso pago pelos credores mundiais.
Na prática, e partir daí os EUA passaram a impor ao mundo um “imposto inflação”.
O mundo passou a comprar bens usando dólares que estavam sempre a ser cotados a um valor (mais) alto, mas o seu valor real e verdadeiro era sempre mais baixo.
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Os EUA pela primeira vez na história das Nações Impérios aplicaram de forma indirecta, impostos sobre o resto do mundo, não pela obrigação de pagamento de impostos por parte do resto do mundo, mas sim pela disseminação e distribuição da moeda americana pelo resto do mundo – a moeda americana usada como meio de troca para a compra de serviços e mercadorias ( Exemplo:petróleo).
O objectivo deste imposto é o de fazer com que os próprios EUA adquiram as mercadorias e serviços que consomem e mais tarde quando tiverem que consumar o pagamento – feito em dólares – seja já menor (o dólar foi desvalorizando…) e o pagamento seja – quando medido em bens – menor.
É a diferença entre o valor do dólar entre a compra inicial e a desvalorização do mesmo na altura do pagamento que é o “imposto” cobrado pelo Império nação EUA ao resto do mundo.
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Vamos partir de um princípio que é o de definir o valor da moeda de um país, neste caso os EUA.
E vamos assumir que o actual valor da moeda americana, mesmo com as recentes descidas do dólar consiste a 90%, não no valor real da moeda (o que efectivamente o dólar vale), mas sim que esse valor que o dólar tem é “apoiado” pela existência das forças armadas dos EUA.
Isto pode-se afirmar porque os EUA valem por 27% da economia mundial, mas a moeda deles ainda é a mais usada como moeda de troca nas transacções internacionais.
Mas mesmo uma economia que vale por 27% do que se produz no mundo, não pode ter o peso monetário que tem em termos de valor da moeda.
Recorda-se que:
Apenas o tem, porque, no inicio dos anos 70, conseguiu convencer o resto do mundo, que este resto do mundo deveria aceitar comprar produtos e matérias primas, não usando a sua própria moeda para o fazer, mas sim a moeda americana.
O que é que acontece quando se aumenta o número de moeda em circulação:
Quando se aumenta o número de moeda em circulação isso significa que há mais dinheiro para gastar, e isso significa que existirá num futuro próximo inflação (a subida continuada e regular dos preços).
Para sustentar esta procura de dólares americanos pelos outros países, foi necessário emitir moeda. Mas a inflação que deveria corresponder a essa “moeda em excesso”, foi “transportada” para fora dos EUA.
O resto do planeta, “sustenta” o alto nível de vida norte americano e a economia americana assente no extremo consumo.
Para manter este estado das coisas serão as forças militares americanas que irão fazer (fazem-no efectivamente) o papel de garantia real desta realidade. São elas que fazem com que o dólar valha 90% mais do que na realidade vale.
Quando (isto é, depois de se ter) se tem um sistema de satélites preparado para a guerra, apoiado pelas melhores forças militares é assim possível que o vice presidente Cheney publicamente tenha dito que “os deficit´s não interessam”
Dessa forma, o financiamento da divida americana, do deficit americano, através da exportação da inflação, que é depois transformada em títulos do tesouro norte americanos a serem vendidos internacionalmente e comprados quer por particulares, quer por países, para sustentar o continuo aumento de despesas dos EUA, muito para cima do que podem fazer; já não é um sistema financeiro de dívida.
Está transformado num sistema global de taxação. É assim que os EUA são um império, mas a forma como imperializam o seu domínio não é (por enquanto) através da força bruta declarada, mas desta maneira
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Detalhadamente o método é o seguinte.
Os bancos centrais e os fundos financeiros soberanos, compram dólares ou obrigações do tesouro norte americanas.
Existem duas ordens de razões para que os países e as instituições financeiras comprem dólares e obrigações do tesouro norte americanas.
E pergunta-se?
Então não podem parar de comprar?
Não. (Pelo menos por enquanto, não estão a parar)
(1) A primeira razão é para continuarem a comprar obrigações do tesouro e dólares é para garantir que o actual valor do que possuem não perca valor rapidamente, caso não comprem os bens americanos. A opção é esta.
É melhor fazerem isto e irem perdendo valor “devagar”, com uma aterragem controlada do que perderem abruptamente o valor do que compraram.
(2) A segunda razão é porque são forçados a fazê-lo. Existem acordos de comércio, interdependências que são feitos para que as coisas sucedam desta forma, e como tal, porque tem uma “arma financeira apontada à cabeça”
Acaso decidirem “não comprar” estes bens, os políticos/ países/ respectiva população rapidamente serão sujeitos a uma vasta variedade de demonstrações de força física e financeira da qual resultará implacavelmente a perda da qualidade de vida ou da vida ela própria.
É exactamente por estas razões que a procura por moeda americana e por títulos do tesouro americanos continua, “normal” mesmo com o seu valor real e verdadeiro a cair, também devido à recente crise financeira.
O sistema está baseado na força e no poder de um dos jogadores. Poder cadente…
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Contrariamente aos impérios do passado, o sistema não cobra a sua taxa às províncias do sistema ( o resto do mundo) através do rendimento que estas produzem, mas sim através da balança de pagamentos. E não existem “contas corrente”nem livros de balanços a assentar onde entra o dinheiro e onde sai
Os legisladores nacionais (do resto do mundo) não tem que fazer aprovar leis para certificar esta situação.
Portanto importa perguntar como se faz e onde se faz?
A enorme vantagem para os EUA, para algumas pessoas dos EUA, é que este sistema de taxação global pode ser implementado globalmente pela “porta do cavalo”, sem que o cidadão global se aperceba. As pessoas não se apercebem que estão a pagar uma taxa para os EUA.
É um sistema invisível excepto para as pessoas financeiramente mais sofisticadas. (E não é o meu caso)
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Recorda-se de novo quê:
O valor do dólar e por inerência, da economia americana está relacionado com a força militar norte americana e com a capacidade de projectar poder ; é suportado por isso.
Se existirem ameaças sérias a este poder (esta crisezinha ainda não é isso) poderá surgir a ideia de os EUA combaterem sozinhos esta mesma crise (apenas com a Grâ-Bretanha a ajudar).
As pessoas que comandam a economia americana (e não é o Presidente) irão decidir se vale a pena mexerem os cordelinhos para continuar a suportar o valor mundial do dólar (isto é, o resto do mundo a suportar) ou não.
O valor do dólar (e por inerência, o nível de vida norte americano) é suportado politicamente, através destes esquemas.