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PODER, DEMOCRACIA, GERAÇÕES.
Na caixa de comentários do artigo “Recenseamento eleitoral automático”, o Daniel Marques escreveu o que está acima, sendo que o artigo era relacionado com a “novidade” de o recenseamento eleitoral passar a estar automatizado para fazer entrar automaticamente 300. 000 jovens nas listas eleitorais.
Veja-se o que está em baixo, discutido por membros da nossa “elite”, respectivamente Joaquim Aguiar, Politólogo e analista político de direita, Diogo Pires Aurélio, professor do IST e de direita profunda, Manuel Vilaverde Cabral , uma pessoa pseudo de esquerda, sociólogo, que pelas alturas deste livro tinha muito tempo de antena nas rádios e televisões, e foi director da Biblioteca nacional ( ultimamente virou de lado e apoia um presidencialismo forte e musculado) e José Tribolet, também de direita profunda.
São o tipo de pessoas que pertencem á geração que está retratada mais abaixo no texto que cito, e são pessoas das quais duvido que acreditem no sistema democrático. Uma delas proferiu o que está em baixo.
Em 1998, uma editora na altura recente chamada “Livros e leituras” lançou um livro que foi o resultado de um encontro entre 4 pessoas que se juntaram para discutir o conceito de poder e o conceito de saber.
O diálogo foi gravado e depois passado a livro.
O livro aborda muitas coisas e dois dos intervenientes( para não dizer 3 deles) são (na entrevista) claramente neoliberais económicos e defendem uma série de cosias que demoravam muito a explicar aqui.
Na parte de sociedade e demografia existem algumas coisas curiosas que passo a transcrever:
Página 68:
” Conhecemos, objectivamente, a demografia democrática da Europa e sabemos que há uma coligação fechada de duas gerações que nasceram nos anos 20 e nos anos 40, contra a geração que nasceu nos anos 70. Repares-e que a demografia da democracia nada tem a ver com esquerda ou direita. É uma variável rígida e que condiciona a agenda política da mudança.
A geração de 70 atravessa as dificuldades que se sabe:não consegue trabalho, não consegue ter casa, não consegue casar.
Mas à partida tem muito mais que nós tivemos:carro, Internet, biblioteca, país dispostos a tudo,etc. A geração de 70 tem mais do que nós tivemos, só não consegue reproduzir.
Página 70
As três gerações que se seguíram ao longo do século -dos anos 20, dos anos 40 e dos anos 70 – tem perspectivas radicalmente opostas em termos de política de financiamento, as duas primeiras jogam numa perspectiva de endividamento:os que vierem depois que paguem. A terceira inclina-se para uma óptica de fiscalidade, que supõe o máximo rigor nas contas.
Mas o grave é que a geração do rigor é, justamente, a que menos hipóteses tem de influenciar resultados eleitorais. Porque numericamente é minoritária. Porque inclui toda uma faixa de juventude que não perfez ainda os 18 anos de idade.
Donde, quando sentem ameaçadas as suas prerrogativas, as duas primeiras gerações tem motivação para votar e direito de o fazer; para uma boa parte da terceira pode haver a motivação, mas não há o direito.”
Quem afirma isto é o senhor Joaquim Aguiar, um conselheiro e eminência parda, de direita pura e desde sempre grande apoiante de Cavaco Silva.
As duas primeiras gerações criaram “isto” e é por isso que, como o Daniel põe a questão lá em cima, este país não foi feito para os jovens.
É apenas uma questão de demografia eleitoral. Mas como as coisas estão a descambar totalmente, os guardiões do sistema político, necessitam DESESPERADAMENTE que os “jovens” votem e se interessem pelo sistema.
O que está em cima também ajuda a explicar a política completamente louca de imigração que este país tem vindo a adoptar.
Não porque quem a promove esteja genuinamente preocupado com o país, mas sim está preocupado com:
a) a sua própria segurança material e dos seus familiares;
B) com os votos da sua clientela;
C) com a estabilidade política desta República podre e corrupta.
A conversa do senhor Aguiar em várias partes… então… é espantosa. A geração tem montes de coisas mas não consegue produzir.Pois não. O que leva à pergunta: qual é o interesse de se terem coisas que não se podem usar?
No sítio marketing de busca, o António Dias faz uma pergunta filosófica absolutamente pertinente logo no incio do sitio, referindo-se á nobre arte do SEO:
“Se o seu website existir na internet e ninguém o encontrar, o site existe mesmo? Tem a certeza?”
O que me leva á pergunta:
Se à partida tiver mais do que nós tivemos:carro, internet, biblioteca, país dispostos a tudo,etc, sua geração existe mesmo ? Tem a certeza? Consegue reproduzir?
Alguém encontra esta geração? (Pergunto porque também faço parte dela)
O que é mais espantoso nisto é que o senhor Aguiar fez parte do grupo de conselheiros dos 10 anos de Governo do senhor Cavaco Silva onde a “mudança para melhor” aconteceu e sempre para pior.
O Daniel Marques faz a pergunta: querem que os jovens se metam onde?
Neste momento já não são só os jovens. O “ideal” seria que os consumidores existissem para pagar impostos e consumir mas tivessem morridos metade delas no que toca aos problemas exposto quer no comentário do Daniel Marques, quer no que eu cito.
Quem quiser tirar conclusões – o excerto do livro que cito é de 1998 – acerca da falta de estratégia e da política de saltos em frente sem se saber bem onde se vai aterrar dos sucessivos governos democráticos que as tire.
Nota: isto não significa que eu apoie um regime ditatorial, mas penso que o que está acima deixa ver o muito que está mal e o porquê de as coisas em Portugal serem o que são. É uma questão eleitoral exclusivamente motivada pela ganancia de uma parte de uma geração, que não só prejudica os seus pares etários, como prejudica as gerações seguintes.
Para disfarçar, fala de reformas e mudanças. Mas nunca são as mudanças das políticas acima, nem de estratégia de poder e de organização do país.
É também por isso que é preciso trazer 300.000 jovens para a sociedade via recenseamento eleitoral. Primeiro foram “afastados” , agora são re-atraídos porque o sistema está a rebentar e a ideia de coesão nacional perdeu-se para certos estratos da população.
CENÁRIOS E TENDÊNCIAS PARA OS PRÓXIMOS 20 ANOS.
PARTE 1
A LISTAGEM COMPLETA DOS ARTIGOS ENCONTRA-SE NA PÁGINA DA BARRA LATERAL CHAMADA Z-CENÁRIOS
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SUPER TENDÊNCIAS PARA OS PRÓXIMOS 20 ANOS
MICRO ANÁLISE SOCIAL E ECONÓMICA.
Processo de longo termo analisando os processos em espectro largo e de grandes tendências, ao nível social, e económico a nível mundial.
A intensidade do impacto e o que causa transformações multi dimensionais nas sociedades.
1. Mudanças demográficas → novos estádios de individualização.
- No ocidente (excepção ao EUA) população envelhecida.
- No resto do mundo, populações cada vez mais jovens e maiores.
- Tendência a aumento de populações migrantes.
Problemas:
- No ocidente, pressão sobre as populações mais velhas consideradas como um fardo.
- Custos de saúde aumentados.
- Xenofobia resultante das “soluções” preconizadas pelas elites desorientadas, que prevem aumento de imigração.
- Custos com segurança e militares com tendência a aumentarem, micro conflitos políticos e diplomáticos com os estados do terceiro mundo.
Paralelamente, o individualismo das populações ocidentais – agora acompanhado pela procura dele por parte das populações dos países do terceiro mundo, irão gerar gerar um tipo de individualismo global
A tendência será para menos relações sérias e estruturadas, assentes em valores como a lealdade, a segurança, a honra – o numero destas na vida de uma pessoa será menor – sendo substituidas por muitas e muitos relacionamentos “soltos” e rápidos como comida rápida pronta a largar e a usar de novo algures.
Os efeitos na psicologia colectiva serão tremendos. As pessoas serão mais superficiais e menos “profundas” na maior parte dos seus relacionamentos. O mesmo nas empresas onde a força de trabalho será incentivada a não ter lealdade.
Pessoas de meia idade serão excluidas – consideradas consumidores desejáveis, mas não cidadãos desejáveis.
O mercado transformar-se-á de um mercado de massas, com produção em massa, para um mercado personalizado, um micro mercado, cada vez mais ajustado ao hedonismo e individualismo globais. Problemas adicionais serão a cada vez maior confusão e falta de pontos de orientação do consumidor/cidadão, cada vez mais “isolado” num mundo que lhe diz que o que ele adquire é pessoal e intransmissível, mas a que a solidão do “consumidor” aparece sempre, porque este está isolado.
Teorias da auto suficiência do cidadão/consumidor ( produção da própria energia, por exemplo…)
2 – Objectivos de saude → qualidade de vida.
- Crescente tendência especialmente no Ocidente para que as pessoas sejam incentivadas a ter mais cuidado com a sua saúde,
- Obtém-se com uma indução para o aumento da responsabilidade pessoal, quer nestas áreas, quer noutras áreas.
- Objectivo: minorar os gastos de saude, e passar para o lado dos cidadãos a responsabilidade por isso, legitimando uma cultura de individualismo nesta área.
- Saúde e qualidade de vida cada vez mais tecnologizadas, aumentando os custos pela aquisição das mesmas e separando os cidadãos que podem pagar dos que não podem pagar.
- Tendência para a criação de novas forma de comida – comida bio modificada.
É necessário criar estas lógicas antes. Crises de comida – produção e distribuição – ocorrerão, antes que a solução da bio modificada se apresente como uma alternativa viável.
Os mercados serão de convergência nesta àrea. A saúde dará a mão à produção de comida, para se criarem produtos ( “novas formas de comida”, medicamentos, aplicações laboratoriais, cosméticas) derivadas destes sectores.
Sectores caros em preço de aquisição para o cidadão – largas maiorias deles não o poderão pagar e serão excluidos, embora, ao mesmo tempo a exclusão tenha a forma de individualismo e comportamentos pessoais (cidadãos convencidos que não obtém algo, mas que essa ” não obtenção ” é um acto de individualismo, por si mesmo escolhido como uma “tendência” e não uma criação externa e exterior aos mesmos feita por quem incentiva as próximas tendências.
Continua.
Este país não foi feito para jovens. Não há sequer oferta nem espaços adequados. Uns amigos meus estrangeiros, que passaram uns meses em Portugal, tiveram dificuldades em encontrar algo tão simples como espaços adequados para andar de skate e patins em linha. Algo tão simples como isto e que no país de origem estão habituados a praticar em espaços adequados. Depois as pessoas queixam-se que os jovens andam de skate nos passeios, etc. Isto tem uma definição: exclusão social!
Em Sintra, há uns tempos, o presidente de junta já falecido, lembrou-se de instalar rampas para skates e patins em linha num jardim. Quem caiu em cima foram os idosos a reclamar. Ora, com um terreno livre do outro lado da estrada, o que custava arranjar aquele espaço para desportos radicais? Em vez disso vê-se os comerciantes a reclamar dos skates passarem pelas portas dos seus estabelecimentos. Querem que os jovens se metam onde? Em casa a jogar playstation para não incomodar ninguém?
Se eu quiser fazer ponto de cruz, ouvir o relato de futebol em onda média ou jogar dominó, não me faltam espaços adequados, inclusivamente mesas já com tabuleiros de xadrez e damas.