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NAOMI WOLF. 10 Passos para o Totalitarismo. E Portugal?
Em Setembro de 2007, Naomi Wolf, escritora americana, feminista, lançou um livro. Chama-se “The End of América, Letter of warning to a Young patriot”.

No livro Wolf descreve os 10 simples passos para se fazer um país caminhar para uma ditadura.
O livro faz uma comparação com situações passadas e que estão bem documentadas em termos académicos e históricos. O livro analisa a situação nos EUA e analisa a situação a que a Administração Bush – que está, felizmente, de saída – tem criado no país, e por acréscimo no resto do mundo.
E questiona até que ponto não estará já a América transformada numa ditadura ou pelo menos a, para ela caminhar; enquanto os cidadãos americanos se entusiasmam com o concurso televisivo “American Idol” ou com as compras pela Internet … pensando em como pagar a casa, dado que, estão cheios de dividas… ou como resolver o atoleiro em que o Iraque se transformou.
Em Abril de 2007, publicou, no entanto, o jornal inglês The guardian” um ensaio da própria em que ela explica detalhadamente ( para um ensaio publicado num jornal) os 10 passos.
Em mapa eles estão explicados e traduzidos com base na descrição do artigo do “The Guardian”. No ensaio para o The Guardian (o livro viria a sair em 5 de Dezembro de 2007) Wolf explica todos os métodos seguidos pela administração americana para implementar algo que começa a parecer-se com uma forma sofisticada de fascismo.
1.
O primeiro passo foi dado logo após o 11 de Setembro de 2001 – atentado às torres gémeas. 6 semanas depois era aprovada uma legislação chamada “Patriot Act” . Legislação não debatida, não discutida, apenas aprovada às pressas. Objectivo:restringir as liberdades civis, porque “América was under Attack”.
A legislação em questão não tem fim definido para terminar.
O objectivo é criar muito medo na população apresentando o inimigo ainda maior e mais perigoso do que ele é.
2.
Depois de se ter criado medo, é necessário criar um Gulag. Uma prisão – sistema prisional aterrador e kafkiano, onde não esteja incluída a lei e o processo penal devidamente definidos. Um sistema legal sem lei, fora da lei, onde os detidos não tem direitos e assim, como não existe lei, poderá existir e existe tortura e toda a espécie de atropelos que se possam conceber, precisamente porque …… não existe nenhuma lei a enquadrar, proibindo ou permitindo esses atropelos. O nome do local é Guantánamo Bay. Naomi wolf estabelece paralelos com a história. Inicialmente os cidadãos aprovam as prisões secretas, mas depois de aprovadas, estas começam a servir para encarcerar lideres políticos da oposição, religiosos, activistas civis, adeptos de novas tecnologias não aceites, adeptos de cultos religiosos ou sociais marginais, etc…
3.
Para criar este tipo de situação é necessário ter “pessoas do nosso lado”. Uma milícia, uma casta de intimidadores – logo, é necessário criá-las. Após o 11 de Setembro, a administração americana, fez outsourcing ( foi contratar fora) de inúmeras empresas de segurança – em áreas que, tradicionalmente, era o exército norte americano que as mantinha e fazia. O método além disso tinha a ver com contratos de biliões em “Segurança”. Paul Bremer, o primeiro “governador do Iraque” após deposição de Saddam tinha sob as suas ordens firmas de paramilitares privados. Na América passou-se a mesma coisa: após o furacão Katrina, a “Defense Homeland contratou seguranças privados para estabelecerem um perímetro à volta da cidade de Nova Orleans.
4.
Estabelecer um sistema interno de segurança – desde 2005 que todos os cidadãos americanos tem o seu telefone, emails e transacções de dinheiro internacionais sob escrutínio.
5.
A quinta medida que se faz relaciona-se com a quarta – importunar e perturbar pela infiltração, grupos de cidadãos, associações, etc. Activistas vêem as suas contas investigadas com zelo pelo IRS, classificação de manifestações sem violência; de pacifismo ou protesto, como sendo incidentes suspeitos de incitar ao terrorismo e criação de bases de dados cheias de informação acerca de grupos de activistas.

6.
Começar a praticar detenções arbitrárias e pôr pessoas inócuas em lista e classificados de “perigos potenciais”. Exemplo. Em 2004, a autoridade americana para a segurança dos transportes aéreos tinha uma lista de “potenciais perigos”. Um deles era o senador Edward Kennedy, porque tinha criticado Bush, mas também cidadãos comuns e normais… Manifestantes contra a guerra: potenciais terroristas. Pessoas que apoiam a constituição: potenciais terroristas.
7.
Atacar indivíduos ou classes especificas. Como: ameaçando-os de perderem o emprego se não andarem na linha. Funcionários públicos, artistas, académicos. Questionar e punir funcionários públicos que não demonstrem ter “suficiente lealdade”:
8.
Controlar a imprensa. Um blogger de São Francisco foi preso durante um ano por se ter recusado a tirar um vídeo do seu blog. As detenções de jornalistas atingiram numero recorde. Jornalistas que escreveram livros a criticar Bush começaram a ser ameaçados. No Iraque, os jornalistas, quer sejam da Al Jazeera, quer da BBC são ameaçados de serem alvo de fogo, por parte de tropas americanas, ou já foram sobre eles disparados tiros.
9.
Estigmatizar e criminalizar a dissidência, chamando-a de “traição”. Em 2006 o congresso aprovou uma lei chamada “Military comissions act”. Dá ao presidente americano o poder de dizer que um determinado americano é um “combatente inimigo” e tem o poder de definir o que combatente inimigo significa ( ou seja, é a opinião de um homem, não um critério legal que define o que é “inimigo). Um cidadão americano inocente, pode ser acusado, apenas porque o presidente americano assim o quer. O estatuto de “combatente inimigo” está a levar a que existam pressões para que, mesmo inocente, o americano nestas circunstancias, não tenha direito a julgamento.
10.
Eliminar a lei ( rule of law) . Na actual legislação americana, o presidente tem – de facto – a possibilidade de mandar os militares fazerem trabalho de polícia. Ou seja, a declarar a lei marcial por pequenos pormenores e estende-la a todos o país apenas por assuntos que de facto não caiem dentro do que é a lei marcial.
Em Portugal podemos observar o seguinte:
O segundo quadro deve ser visto em comparação com o primeiro obviamente.

Deve também ser visto em comparação e tendo em conta a incompetência e a estupidez dos actuais aprendizes de ditadores auto intitulados como sendo de esquerda política, coisa que não são.
1- O terrorismo e os sindicatos são os inimigos que servem para tudo legitimar.
2. O sistema prisional é uma bandalheira. Existe lei formal apenas. Na pratica parece um manicómio em auto gestão.
3. Como aqui não há dinheiro para contratar soldados da fortuna faz-se a táctica interna de intimidação. Usar a necessidade de fiscalização de serviços e produtos como arma política ou para fazer favores económicos. Exemplo: A ASAE não põe os pés num hipermercado em obras pelo menos durante 6 meses. Depois fecha-o 4 dias a uma semana da abertura… Mas chateia o “Btuga”. Ou os feirantes de um sitio qualquer…
4. Gravação de emails e telefones sem mandato.
5. Com a desculpa que não há dinheiro, corta-se as pernas a diversas associações, limitam-se direitos de deficientes, de estudantes, etc, e alterou-se a forma de um contribuinte se poder relacionar com o Estado quando apresenta reclamação – se bem me recordo, salvo erro, passa a ser o contribuinte a ter que provar, não o Estado e as suas contas passam imediatamente a não estarem sujeitas a sigilo bancário. Isto é claramente uma medida pré dissuasora de um contribuinte poder apresentar uma reclamação.
6.Começar a praticar detenções arbitrárias ainda não começou – mas a nova lei de imprensa no que toca a ter que revelar fontes e não poder publicar relatos de escutas telefónicas vai por esse caminho, no sentido de precipitar a prisão de alguém…
7. Atacar indivíduos ou classes especificas. Enfermeiros, médicos, funcionários públicos, desempregados, pensionistas, pessoas com baixa médica, legitima ou ilegítima, todos já foram atacados.

Capa DN de 25 de Março de 2006.
8. Controlar a imprensa. Aqui faz-se através das agências de comunicação que controlam o fluxo de informação que sai para fora ou encharcam o dia com noticias que abafem algo desfavorável ao actual governo. Pelo meio existe, também, a massiva propaganda. Para quem tem dúvidas sugiro visita ao site do ministério da saúde. A propaganda é incrível dentro daquilo. Em contrapartida, números de telefone de contacto, emails, moradas são quase inexistentes.
9. Em Portugal os que são “contra as reformas ” ( mais quais reformas; onde estão elas?) são estigmatizados e atacados. Hostilizados. Que o digam os professores ( e também os que dizem piadas pessoais sobre primeiros ministros) e são suspensos disciplinarmente ou os bloggers que escrevem sobre a licenciatura do primeiro ministro e são processados. Todos forças de bloqueio contra o santificado progresso do grande líder e dos seus seguidores.
10. Em Portugal a regra 10 conjuga-se com a 4 – alteração dos códigos penais, lei de imprensa,etc. Pequenos passos, com pequenas situações que levam para que a lei seja inexistente, na prática. Que se auto anule. Que seja construída de forma a que um artigo anule a disposição de outro.