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A SUPREMACIA DO PENSAMENTO UNICO

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Vivemos numa época extraordinária.

É uma época onde existe o “medo”, como sentimento difundido por todo o lado e sobre todas as pessoas. E existe o “cinismo” como sentimento que acompanha o medo. Ambos são algumas das novas religiões que existem por aí, e as pessoas fazem turnos nas suas vidas, para alternadamente, sentirem medo uns dias e cinismo noutros.

Se por acaso algumas pessoas estiverem despertas para esta realidade, e decidirem criticar a pobreza espiritual, material e intelectual que uma vida vivida alternadamente em turnos de medo e cinismo lhes provoca, quer a si mesmos, quer a outros, imediatamente aparecerá alguém que lhes dirá que isso é bom e que isso é ser democrata e viver em democracia.

Também nos é passada a mensagem:

  • Que o medo e o cinismo em democracia são diferentes do medo e do cinismo em ditadura.
  • Que “ver inimigos por todo o lado” (e ter medo deles e ser cínico em relação à situação) é bom.
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Quem isto faz está a promover (conscientemente ou inconscientemente), uma boa maneira de deixar passar em claro os verdadeiros inimigos da democracia.

Nas sociedades de tradição democrática, o fenómeno é ainda mais desenvolvido e “sofisticado”. Manifesta-se através de um “sentimento no ar”, “difuso”, “que se entranha suavemente”,mas entranha-se nas sociedades e na vida dentro delas.

É uma chantagem permanente que se manifesta nas formas do medo e do cinismo que condiciona a livre escolha dos cidadãos.

Que se manifesta em dizer: “ou “isto” ou o caos”. (Pouco importa que isto já esteja a ser o caos, claro…)

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Politicamente tal é o que todos os políticos (e por trás o poder económico…) em Portugal fazem. A mensagem é: nós não somos o caos, os outros é que são o caos.

Em Portugal um exemplo prático foi, por exemplo, o “não” referendo ao tratado europeu.

O principal argumento contra a realização de um referendo seria a de que “não existem alternativas”. A alternativa seria “o caos”. (Teoria que exclui, obviamente, o facto de isto já estar próximo do caos…)

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Aplicada esta lógica à sociedade, dai retira-se que quando uma pessoa critica algo, será (a causa efeito é esta) imediatamente rotulado de extremista e “contra a democracia”.

Logicamente, vem aí o seguinte passo.

Esta lógica é levada ao extremo, e ninguém poderá criticar o que quer que seja. E a partir daí estabelece-se uma supremacia indiscutida de um pensamento único.

Que aqueles que o defendem apelidam de “democracia”.

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Os verdadeiros extremistas (defensores do nazismo, por exemplo) riem-se até às lágrimas por esta magnifica oportunidade que lhes está a ser dada…

A marginalidade próxima da delinquência onde estão transforma-se, em vitimização, o que lhes dá imediatamente a possibilidade de adquirir apoiantes…

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E é através desta “técnica” baseada em medo e cinismo + chantagem psicológica exercida sobre as pessoas ameaçando-as de lhes chamar “radicais” que se inviabiliza qualquer mudança no sistema político administrativo português.

E esta não mudança, por sua vez, cria a corrupção, especialmente nos lugares e posições onde estão as pessoas que mais defendem este actual sistema.

Existe medo difuso de se contestar “isto” precisamente porque “isto” é uma porcaria corrupta.

As pessoas tem medo de ser (ainda mais) apanhadas no meio da lama corrupta que as cerca. As pessoas estão condicionadas por esta lógica e “como não se sentem radicais ou extremistas, (especificamente porque não o são!) acham não ser capazes de tomar posições contra – precisamente com medo de poderem vir a ser acusados de serem “extremistas” ou radicais”:

A pessoa “não radical” ou não extremista” fica assim condicionada psicologicamente dentro do sistema social em que vivemos. Logo fica “inferiorizada” quando quer exercer os seus direitos políticos.

Quer mudanças, mas não as pode exigir. Uma panela de pressão com pernas sempre de tampa fechada, à espera de autorização de alguém para ser aberta…

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Estas pessoas são sistematicamente apelidados de extremistas, porque falam de coisas das quais a sociedade não quer ouvir falar, porque a sociedade – algumas pessoas dentro da sociedade – ganham com isto, com esta “não mudança”.

Com este silêncio…

No estado actual das coisas, alguém que diga que é contra a corrupção é – arrisca-se a ser – rotulado de “extremista”. Ou “negativista”.

Ou quem fale de coisas às quais os principais forças políticas »moderadas» (no caso português, todas…) não querem falar, porque é contrário aos seus interesses.
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Os verdadeiros radicais, ou as pessoas desonestas são assim colocadas numa posição em que são toleradas.
Servem um objectivo: fazer com que as forças políticas »moderadas» possam aparecer como moderadas perante a comunidade internacional, e perante a própria população do país.
E para que alguém pareça ser moderado é necessário que existam (pessoas apelidadas de) “radicais” para a comparação minimamente fazer sentido.

Assim se garante que o sistema não (nunca) muda alienando qualquer dissidência dentro do mesmo. Se existir discurso dissidente (não confundir com o nome deste blog) dir-se-á que é “fascismo ou manifestações anti-democracia” a quem não aceita o estado a que isto chegou.

Esses são aqueles que não aceitam viver sob a chantagem baseada na seguinte lógica: ou esta falsificação de democracia ou o caos.

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Já as pessoas e os grupos de interesses que efectivamente trabalham para minar a democracia a partir de dentro são sempre tolerados pacificamente.

É como uma receita de cozinha. Receita essa que necessita da existência dessas pessoas – o ingrediente “mágico” – que permite a quem defende a supremacia do pensamento único dizer que não existe pensamento único, até porque os cidadãos podem pensar de maneira diferente…
É aquela frase celebre (descontando a cristandade da mesma e não fazendo a apologia de religiosidades…) “o maior truque do Diabo foi fazer as pessoas acreditarem que ele não existia”.

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Todo este “jogo” é brutalmente perigoso também pelo seguinte:

O cidadão tem tendência a perder este jogo.

– Perde se as coisas se mantiverem como estão.

– Perde se as forças anti democraticas escaparem ao ainda tenue controlo que sobre elas existe e virem a mesa de jogo definitivamente transformando isto de ditadura não oficial a ditadura real.

E assim estamos a entrar em zonas cada vez mais sombrias.

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A solução: não aceitar, especialmente dentro da nossa própria cabeça, que este sistema seja aceitável, por ser o menor de todos os males.

Aceitar algo por ser o menor de todos os males é estar a pelar ao pior de nós próprios e não ao melhor.

Aceitar a supremacia do pensamento único é estar a exigir o pior e dizer que é o melhor.

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