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PIMCO.

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No dia 4 de Setembro de 2008, o senhor Bill Gross, publicou na sua newsletter profissional, uma declaração extraordinária. Afirma que a única maneira de evitar uma queda de proporções dramáticas e gigantescas nos mercados financeiros, seria o governo americano, isto é, os contribuintes americanos, intervirem nos mercados, comprando activos financeiros de empresas em estado de falência.

Bill Gross não é uma pessoa qualquer.

Bill Gross é um empreendedor. O senhor Gross é um apóstolo do livre funcionamento dos mercados, um adepto da livre fluidez do mercado e gere só o maior fundo de obrigações do mundo, um fundo que dá pelo nome de PIMCO.

É conhecido também pelo facto de uma das suas companhias ter criado o motor de busca Snap/ Snap search engine . Consiste, para quem o tem activado nas plataformas de blogs WordPress, ou noutras, naquela situação em que quando, colocamos o cursor em cima de uma ligação se abrir uma janela mostrando-nos parte do blog ou sitio onde está essa ligação.

Outra das suas companhias é responsável por investimentos e estudos na área da produção de energia “ecológica” e pela colocação de painéis solares na sede do Google – o Googleplex.

E no entanto, este capitalista profundo e acima de qualquer suspeita quis que o governo norte americano “nacionalizasse” dividas…

Sim senhor…

No dia 5 de Setembro de 2008, o Wall Street Journal ( o jornal “Bíblia” do capitalismo norte americano) publicou a notícia de que o comunismo era a nova forma de organização económica dos EUA.

Informa, nesse dia, que o governo norte americano decidira tomar conta, quer da gestão das duas companhias de consessão de crédito imobiliário, a Freddie Mac e a Fanny Mae, que estavam perto da insolvência total, quer também da gestão das companhias num processo comunista de nacionalização de empresas.

Pelo meio desta história existiram fugas de informação (que permitiram que algumas pessoas ou bancos ganhassem muito dinheiro) e as bolsas de valores, ainda antes da notícia do Wall Street Journal ter saído começaram repentinamente a subir. Transparência de mercado, acima de tudo…

Depois, quando os números verdadeiros das perdas da Fannie Mae e da Freddie Mac começaram a ser conhecidos e os contornos desta “negociata”, o mercado desceu, para, depois, entre ontem, segunda feira dia 8 de Setembro e hoje, mas especialmente ontem, os bancos de investimento terem suportado novamente a enorme subida nas acções, animados pela notícia de que o comunismo financeiro seria a nova filosofia económica em vigor nos Estados Unidos da América.

É evidente que este artigo enquadra-se no anti americanismo primário, dado que critica os norte americanos apontando factos realizados pelas entidades dos Estados Unidos, relativamente a economia – que é considerada como livre e devendo funcionar sem interferências do Estado – mas, apenas quando isso acontece noutros países ou áreas do mundo ou quando existem interesses económicos-financeiros de empresas norte americanas nessas áreas.

Quando as questões surgem nos Estados Unidos, aí a situação é resolvida com a aplicação de comunismo de Estado sobre a economia, e com “empreendedores” privados que gerem fundos de obrigações ( e tem muito a perder se certas empresas estourarem) a solicitarem a intervenção do Estado ( dos contribuintes norte americanos…) na “economia livre”.

Já o senhor Kyung bok cho, jornalista e analista da Bloomberg informa-nos amavelmente que o banco suíço que dá pelo nome de “Credit Suisse” está convencido que apesar da implementação do comunismo de mercado pelo Governo dos Estados Unidos, na sua economia, e com os correspondentes reflexos no resto do mundo e da subida estonteante do mercado de acções norte americano no dia 8 de Setembro de 2008, tal não impedirá quedas futuras e problemas subsequentes na economia a continuarem.

Sobre este assunto – a aplicação de práticas de comunismo económico na economia que se vangloria de ser a mais “livre do mundo”, os defensores do “mercado livre” tem estado silenciosos.

Se este tipo de solução “idêntica” á solução agora “inventada”, for aplicada, por exemplo em Portugal, para salvar empresas que estejam nas mesmas condições, imediatamente sairão para os jornais, as pessoas que tem a tarefa de convencer a opinião pública que é mau ( que é o terror) o Estado intervir na economia.

Estranhamente, parece ser só mau intervir na economia, na Europa, ou em Portugal, mas ser considerado “bom” nos Estados Unidos.

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