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OS POLÍTICOS E A VENDA DE PESADELOS
Antigamente, os políticos prometiam aos seus eleitores, nas campanhas eleitorais que faziam, que iriam fazer alcançar um qualquer sonho que julgassem que os eleitores quereriam, caso votassem neles.
A mensagem política era, neste sentido, “positiva” prometendo ideais ou ideias de felicidade colectiva e harmonia da sociedade a serem alcançadas se os eleitores votassem nesse político ou no partido político por trás.
Depois, lentamente mas com segurança, a grande aliança entre o poder económico e o poder político começou a diluir esta ideia, esta forma de fazer política, a política.
O poder económico começou a criticar as promessas irrealistas dos políticos (aquilo que o poder económico apelidava de promessas irrealistas) e os políticos, por sua vez, começaram a acomodar estas exigências dos membros do poder económico e a aceitarem o crescente poder do mesmo.
E lentamente mas com segurança, os políticos passaram a ser apenas olhados e a verem-se a si mesmos como “gerentes sofisticados” de uma sociedade e de um sistema. Os “gestores de empresas” eleitos através do voto universal.
E lentamente mas com segurança, começaram a deixar de ter credibilidade. E lentamente mas com segurança, esta atitude minou a democracia como conceito e fez as pessoas perguntar: para quê eleger “gestores”, se a democracia pressupõe que se votem em“políticos”?
E lentamente mas com segurança, muitas pessoas perceberam a razão de ser da expressão “Gato por lebre”
Era a tecnocracia – uma sociedade de “técnicos” – a tomar conta da parte política dos sistemas de organização da sociedade.
E lentamente mas com absoluta insegurança, sem terem já capacidade de prometerem sonhos e o alcançar desses mesmos sonhos, os políticos viram-se numa encruzilhada de problemas. Não conseguíam convencer as pessoas a aderirem a qualquer causa ou situação que requeresse apoio e suporte.
E então a partir do dia 11 de Setembro de 2001aterrou-lhes em cima o gatilho do medo que fez disparar a nova situação que tanto os alegra.
Agora e desde essa data os políticos já não prometem sonhos. Deixaram mesmo de o fazer!
Agora rapidamente e para nossa insegurança, prometem libertar-nos de pesadelos; pesadelos esses que são tão maus e tão horrorosos que nós não os podemos ver nem compreender.
Agora os políticos querem que sintamos medo, mas um medo que é ainda mais desproporcionado e maior do que realmente é e existe.
Só assim estas criaturas medíocres, que se renderam ao poder económico e à tecnocracia podem existir e fingir que são alguma coisa.
Jornal Expresso, dia 07 de Outubro de 2007
TRADUÇÃO:
“Protege-los-ei do pesadelo horrível que é a crise financeira mundial, à qual nós somos alheios, e garantirei que o Estado (e o Estado sou eu, julgo eu e tenho a certeza) vai apoiar toda gente, as vossas poupanças estão seguras.
Todos estão em crise, no mundo inteiro, mas eu protege-los -ei, e o Estado (Eu) não deixará de fazer o que puder, contra este pesadelo que vocês não conseguem ver nem compreender, mas nós (isto é eu, o Primeiro Ministro) conseguimos ver e compreender e protegê-los.
Os pesadelos que vocês não vem nem compreendem vem de fora, são estranhos e inquietantes, satânicos e maus, mas eu orientarei a economia portuguesa para matar os pesadelos que vêm de fora.
Confiem em mim. Sou o vosso pai, caço pesadelos logo pela manhã e como-os ao pequeno almoço barrados com manteiga.
PORTUGAL. TRAIÇÃO E MISTIFICAÇÃO NACIONAL.
- Micro ensaio inaugural .
- 416 palavras.
Como povo, somos vitimas de uma mistificação nacional.
Foi “decidido” internacionalmente; com a ajuda do sentimento de inferioridade, desejo de agradar, recompensas em bens materiais e prestígio, e temor reverencial dos políticos portugueses – da actual classe política – que deveria Portugal aceitar ser pobre, ser um país de “serviços”, um país de turismo, um país de mão de obra apenas qualificada para esses sectores.
Os políticos portugueses – aquilo a que se chama “a elite”, decidiu trair.
Trair é o nome do jogo.
Para trair com eficácia é necessário desmantelar todas as áreas que impliquem investimento de dinheiro formando pessoas extremamente qualificadas em áreas que não estas acima descritas.
Pelo meio, alguns dos sectores destas áreas a transformar serão, nalguns casulos e nichos específicos, retirados da concorrência internacional e “oferecidos” aos privados portugueses para que estes continuem a produzir mau serviço, mas com lucros altos garantidos e quotas de mercado asseguradas.
Uma falsa concorrência.
Esta estratégia pressupõe – logo à cabeça – que 2 milhões de portugueses serão considerados “dispensáveis”, e que mais 6 milhões sejam extremamente pobres mesmo vivendo em Portugal.
1,5 milhões viverá extremamente bem e dirá que a culpa dos pobres serem pobres é dos próprios. Que a culpa é apenas deles. 3,5 milhões de outros portugueses viverão num novo patamar de classe média, pobres mas que lutarão para manter esse estatuto de pobreza disfarçada. Assim se garante um país assimétrico de 12 milhões de pessoas – a meta a atingir.
É por isso que o ano passado – 2006 – saíram 100 mil pessoas deste tugúrio e ninguém se importou minimamente com isso.Há imigrantes para importar em quantidade suficiente e a política de aquisição de nacionalidade portuguesa é legalmente generosa.
Quando isto estoirar o mesmo grupo de adeptos de 1580, mas actuantes no inicio do século 21, que agora defende “isto” e defende privatizações e liberalização da economia, mudará radicalmente de discurso e passará a defender as preocupações – muitas – com “o social” e a solidariedade e os pobres e desvalidos, fazendo apelos à unidade de todos os portugueses para – todos juntos – lutarem por um Portugal melhor……
Entretanto o caos é lançado para fora da lâmpada onde está. E não restará pedra sobre pedra de uma organização social “normal”..
Pelo meio temos a paisagem exótica.
Temos os sindicatos e os partidos políticos das margens, bem como os movimentos estilo “Compromisso Portugal”.
Representam aquilo que Eça de Queiroz dizia que os monges e os frades representavam no século 19.
Dão colorido à paisagem.
Um tom pitoresco.