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LIVRO – O QUE RESTA DA ESQUERDA – NICK COHEN.
Livro: “O que resta da esquerda” do autor Nick Cohen, um jornalista inglês.
Editora aletheia – apresentação no sitio “Critica literária” – 2007.
A editora Aletheia é uma editora recente, lançada por Zita Seabra, ex-membro do pcp há uns anos atrás e actualmente membro do PSD. Explica-se desta forma pelo facto de ser a editora que é; a razão de ser das opções editoriais. Cita-se:
“Questionada sobre os critérios de edição, Zita Seabra afirmou que a Alêtheia quer publicar 120 livros por ano, seleccionados de acordo com opções culturais e comerciais.” Diário de Noticias – 08 – 10 – 2005
Mas então a editora não pode escolher editar o que quiser, ò reaccionário?
Claro que pode. Convém é que o faça com pés e cabeça e não cometa erros básicos como este, na ânsia política de publicar algo que representa um esforço comercial mas também uma opção cultural para dar alfinetadas, e fazer guerra ideológica sobre o BE, no PS ( numa parte) e no PCP que até as merece. Ou seja, não fazerem m*erda da grossa como está aqui em baixo.
A imagem em cima pertence à página 10 do livro. A imagem em baixo pertence à contra capa. É evidente que este erro não tem directamente a ver com o conteúdo, mas mostra bem uma série de coisas. Na página 10 temos um professor de inglês, na contra capa temos uma querida e atenciosa professora de Inglês.
Já agora: o livro tem a indicação das fontes feita pelo próprio autor, mas não tem índice remissivo.
Nada mau para um “livro político”…
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Este livro é muito difícil de comentar, porque é difícil escrever sobre um livro globalmente muito mau, mas que tem dentro dele partes muito boas.
Entre factos e criticas correctas que Cohen aponta á esquerda, surgem também numa mistura confusa pequenos truques rasteiros e muita desonestidade intelectual de Cohen relacionada com este assunto, bem como “ajustes de contas” sobre a forma de recados e remoques sobre as diferentes actividades de diferentes personalidades, inglesas e estrangeiras.
Uma das religiões que é mais arduamente defendida no livro é a religião do anti-anti-americanismo.
Isto é; quem criticar os americanos, mesmo que salte à vista desarmada que os EUA estão a cometer um qualquer erro ou asneira gigantescos, deverá, por sua vez, ser criticado ferozmente e ser apelidado de “anti americano” em tom absolutamente depreciativo.
Dois aspectos.
– Não só isto constitui uma isenção de critica aos norte americanos;
– Como é também assim constituída uma quase “excepção oficial”:
O resultado é simples.
Todos podem e devem ser criticados, menos os americanos, porque são os “combatentes da liberdade” e os combatentes da liberdade não são passíveis de serem criticados.
Adicionalmente:
Também é uma maneira de “isolar” pessoas que não sendo esquerdistas, nem de extrema direita, não apreciem as políticas norte americanas nem com molho de tomate em cima ou senhoras de seios volumosos a saírem de dentro de um bolo a amenizar a falta de aprovação dos actos norte americanos.
Somos todos obrigados a gostar de norte americanos e das suas políticas. É como um restaurante onde só se sirva bolo de bolacha e todos tem que gostar, gostem ou não.
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O problema do livro não está no conteúdo (opções) do livro, e no facto de “criticar” a esquerda. Mas sim nos truques rasteiros que Cohen – que se diz de esquerda – usa para o fazer e de como, na quase totalidade do livro cria um lógica intelectualmente desonesta ao serviço dos pontos de vista que pretende demonstrar e que, alguns, não são os da esquerda mas os da direita e da mais profunda. (Nesse aspecto o branqueamento de Paul Wolfowitz, de George Bush, de Tony Blair são notáveis…)
Nas páginas 78 a 90 da edição portuguesa isso nota-se bastante e na zona 88-91 faz a apologia de Paul Wolfowitz da seguinte maneira:
Página 91 ” Ouvimos Wolfowitz apresentar um apelo coerente á ajuda ao movimento democrático no Irão contra os sacerdotes. Era difícil não ficar impressionado com a seriedade dos seus objectivos”.
( Após a implementação do “movimento democrático no Irão” teremos evidentemente a implementação da democracia simplificada, assente no modelo económico neoliberal, mas disso, desses “efeitos”, Cohen não diz uma palavra…) *
E é mais irritante ainda porque para “contrabalançar” este elogio totalmente descabido às operações de propaganda do senhor Wolfowitz, o mentor do projecto PNAC, na página 92, imediatamente a seguir, Cohen critica as políticas norte americanas dos conservadores relacionadas com os soldados americanos; após as comissões de serviço no Iraque regressam a casa.
E percebem, que os ricos que detinham o poder durante o tempo em que estiveram fora, a combater pela América, alteraram as leis. Uma das alterações foram as ajudas a veteranos de guerra – tinham sido “retiradas” – os soldados não tinham qualquer tipo de ajuda para reestabelecerem a vida.
Foi a mesma administração da qual o senhor Wolfowitz fez parte que tomou estas decisões.
O livro todo tem exemplificações deste tipo – estes truques rasteiros; o “dar uma no cravo, outra na ferradura”…
Outra coisa altamente irritante é o seguinte:
Partes em que as nacionalidades dos mais variados intervenientes são colocadas antes do nome ( o Irlandês “X” , o Escocês “Y”,etc) mas curiosamente Tony Blair, George Bush e Wolfowitz, nunca são designados por “o americano ” Bush, o “Inglês” Blair…
A associação de ideias é óbvia visando lançar uma “sombra” sobre as nacionalidades dos intervenientes. Que seriam pessoas “anti poder” e anti Grã-Bretanha, ou anti países anglo-saxónicos, ou “anti conceito de liberdade existente nos países anglo saxónicos” ( a única, a verdadeira, a legítima…)
Há uma parte em relação a Eric Hobsbawm, um excelente historiador, mas marxista, que é sintomática. Hobsbawn é citado a dar uma opinião política, mas é apresentado como sendo “o Historiador “Marxista” Eric Hobsbawm.
A opinião citada de Hobsbawm é política, não marxista, nem de “historiador”, mas as palavras ” Historiador Marxista” aparecem no meio daquilo. Todas as pessoas que ele não gosta ou tem interesse em denegrir (justamente ou injustamente, não interessa) desta forma “subtil” são rotuladas depreciativamente. Já Tony Blair é apenas “Tony Blair….ou Bush é apenas George Bush…
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Contudo, o livro tem duas partes muito boas:
– a História pessoal de Kanan Makiya, um refugiado iraquiano que em 1981, sob o pseudónimo de Samir Al Khalil, publicou um manuscrito ( com risco da própria vida ), chamado “a República do medo” onde descrevia a vida horrível, o terror completo, no Iraque debaixo do regime de Saddam Hussein.
– Outra parte muito boa, é a descrição da Guerra da Jugoslávia e subsequente fragmentação. E como a política inglesa da altura ( liderada pelo partido conservador de Jonh Major – a direita que não presta…) agiu em relação ao Balkans, bloqueando toda e qualquer intervenção da União Europeia.
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( Cohen nesta parte não faz qualquer elogio a franceses e alemães relacionada com o desejo destes intervirem na ex-Jugoslávia. Noutras partes do livro está sempre a dar alfinetadas à “Bruxelas”, à França, à Europa… (justas ou não, mas é este o tipo de lógica deste livro, de parcialidade…)
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Estas duas partes são muito boas porque Nick Cohen conhece pessoalmente Kanan Makiya e escreve umas boas 130 páginas sobre a história pessoal de Makyia, da sua família e do Iraque.
Também conhece pessoalmente no que à Guerra da Jugoslávia diz respeito, o senhor Marko atila Hoare, especialista nesta área, e que escreve no Blog Greater Surbiton.
E também ao conjunto de tipos (entre os quais M. A Hoare) que escrevem sobre o fim das tiranias e quejandos no Harry´s Place
Percebe-se isto claramente no livro – que as melhores partes vem daqui – destas pessoas. O resto de Cohen são ajustes de contas, (Galloway, Gerry Healy e Ken Livingstone, ex- mayor de Londres) (Note-se que Galloway e Healy são do mais detestável que há…) demagogia, anti europeísmo, personificado, especialmente nos sentimentos anti França, Espanha e Europa ( Bruxelas).
( Chomsky e Michael Moore são também arrasados…embora por razões diferentes e no caso de Chomsky bem arrasado…)
Também é interessante notar – notei duas vezes pelo menos ( existem mais, mas estava distraído) – que Nick Cohen cita pessoas e influências sem as citar. Uma série da BBC de 2007 que rebenta argumentativamente com a direita neoconservadora e com a “esquerda Blairista”, bem como um certo filosofo de origem eslovena estão entre os “não citados”… (Mas há lá mais…) (Também faço o mesmo, cito o que ele cita sem citar…)
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O núcleo central de questões que Cohen é coloca é o seguinte:
– Existe o mal absoluto e o mal absoluto era o Iraque de Saddam Hussein.
– O mal absoluto deve ser combatido.
– O Iraque de Saddam Hussein, ultrapassou qualquer tirania mais abjecta.
– A esquerda política (no livro designada por liberal, derivado da palavra inglesa “liberals” que será traduzível por pessoas de esquerda), que desde sempre combateu as tiranias não tem outra opção:
tem que ser a favor da deposição de uma tirania- agora e nos dias de hoje – tal e qual o foi no passado.
(A comparação com as circunstâncias do passado é desonesta.)
Esta é basicamente a mensagem – o núcleo deste livro.
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Tese central do livro: Cohen coloca quem o lê perante um dilema filosófico e político de resposta impossível para qualquer adepto da esquerda ( e mesmo de direita). Para qualquer cidadão…para o meu gato até…
O dilema é: se não formos contra a tirania do Iraque, seremos obviamente anti democráticos, ou pessoas de extrema esquerda , ou pessoas de extrema direita, nunca seremos “democratas”.
A questão é colocada de uma forma definitiva.
De um lado os defensores da liberdade contra a tirania, e do outro quem não é – imediatamente identificável – contra o derrube das tiranias – quer dizer, desta tirania do Iraque…
Depois Cohen avança e põe outra questão de outra maneira: “o que é que leva a esquerda” liberal (como ele a designa) a adoptar o programa político da extrema direita ou da extrema esquerda?
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Esta forma de raciocínio é do pior que se pode encontrar. “Obriga” a que um cidadão, seja de esquerda ou não seja, tenha obrigatoriamente que declarar o seu apoio à invasão do Iraque de 2003, porque, caso não o faça, é apelidado como estando a fazer o jogo da extrema direita ou o jogo da extrema esquerda (ou o jogo do extremo centro…)
As pessoas ficam assim colocadas numa posição em que estão a ser chantageadas – é colocado em causa o seu apego à democracia…
(Isto lembra-me também o Macartismo, quando actores e escritores de filmes em Hollywood dos anos 50 tinham que comparecer numa comissão do Senado americano, para declararem que não eram comunistas nem tinham alguma vez pertencido ao partido comunista. Caso afirmassem que não queriam responder a essas perguntas eram imediatamente colocados sob suspeita e vistos como comunistas e os estúdios deixavam de os contratar. A alternativa era violentarem a sua consciência ou passarem fome… ou traírem terceiros ou desconfiarem de tudo e todos e agirem sempre assim).
( No cinema a história é contada num filme de 2005 – Good Night and Good luck – que mostra o conjunto de reportagens feitas pelo jornalista Ed Murrow acerca do Macartismo e de como isso contribuiu para derrubar as ideias de “caça às bruxas” na América dos anos 50)
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A tese acessória deriva da tese central e é a seguinte:
É preferível viver numa “sociedade liberal” do que numa tirania semelhante à iraquiana. Isto é verdade e não se discute. Mas…
Por isso quem vive numa democracia, não pode apoiar manifestações ou protestos que visem impedir o derrube de um regime fascista, porque entre o fascismo e a democracia, o fascismo não se apoia. ( É claro que esta lógica leva inevitavelmente a que outras manifestações contra outros problemas sejam também rotuladas como proto fascismo…por exemplo…)
Mais uma vez colocadas as coisas assim, a desonestidade é evidente, precisamente porque não se pode comparar o incomparável, e porque esta forma de comparação apenas serve de justificação – isto é para que todos nós achemos ser aceitável – que uma “democracia liberal” funcione mal (seja corrupta, injusta, etc), ou que “ditaduras suaves” sejam toleradas.
Vistas as coisas assim, tudo isto legitima e torna aceitável o rebaixamento dos padrões democráticos de uma qualquer sociedade democrática – liberal.
Isto é, desde que os padrões de vida e de democracia de uma “sociedade liberal” sejam mais elevados do que os padrões de uma ditadura ( e são sempre ), isso autoriza a que os organizadores de uma sociedade liberal/democrática possam descer os padrões até níveis bastante baixos, mas sempre a um nível acima do das sociedades totalitárias.
E a legitimidade democrática – segundo este padrão falso – é assim criada.
Por exemplo, segundo esta lógica, é aceitável a prática da tortura em Guantanámo, porque é feita por uma sociedade “liberal” , e esta sociedade liberal, supostamente, possui mecanismos de correcção e parte de uma plataforma moral superior.
Por oposição a uma ditadura sanguinária que faça exactamente o mesmo que se faça em Guantánamo.
Portanto, de um lado temos algo de mau, e do outro temos algo de muito mau.
Como a classificação “algo de mau” é melhor do que a classificação de “algo de muito mau”, parece Cohen opinar, é legitimo aceitar isto assim.
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Sobre Capitalismo, tirania dos mercados e corporações, manipulação de Estados e influência sobre organizações internacionais e da forma como estas condicionam o poder político e a democracia, nada se diz no livro de Cohen, nem se relaciona a esquerda ou a direita com estes contextos.
Nem como os interesses económicos destas mesmas corporações estão a começar a ameaçar e a destruir os sistemas políticos democráticos nos quais Nick Cohen pode livremente escrever livros sobre o fim de tiranias…geograficamente distantes.
* Também é de notar que o facto do petróleo e a posição geo estratégica do Iraque não serem mencionadas por Cohen, nem nunca ter mencionado a possibilidade de uma invasão … sei lá… do Zimbabue, onde um ditador sanguinário existe. O Zimbabue é longe, vale zero geoestrategicamente, e não tem petróleo, só gazelas…
Mas mais perto, temos também a Bielorússia.
– No blog “Esquerda- Republicana” existe um post dedicado a Nick Cohen com uma citação em Inglês onde ele está dar na cabeça de muçulmanos e no multiculturalismo
– No blog “menino rabino” existe a transcrição de uma entrevista de Cohen feita a Teresa de Sousa no Jornal Público em 2005
– No blog Agua lisa 6 existe uma recensão sobre o livro diferente desta feita aqui,onde o objecto da mesma é mais colocado sobre as cacetadas que Cohen dá sobre a extrema esquerda.
– No blog “Mare liberum “existe um conjunto de citações do livro” (que infelizmente só chegam à página 80), que demonstram mais ou menos o estilo global do livro.
O livro é perfeito para atacar ideais de esquerda (os verdadeiros) e para lançar a confusão na cabeça de quem o lê (pelo menos da maior parte das pessoas).
Notas finais:
A) o livro deve, apesar de tudo, ser lido;
B) O livro parece muito bom; não o é; sob qualquer ponto de vista que se queira escolher (excepto pelas duas partes que expliquei mais acima)
C) Era um livro que me gerava enormes expectativas, e que é uma desilusão completa no que interessava perceber…
C) Agradecimentos à Sabine por me ter enviado há um ano notícia acerca deste livro.
TONY BLAIR.3.
Continuação do artigo Tony Blair 1. e 2.
Hoje: Parte 3/3
No primeiro artigo falou-se de:
- Introdução feita com base num ensaio critico da Revista Marianne, nº 467 -Abril de 2006.
- Ponto 1 descritivo do livro de Phillipe Auclair sobre a visão conservadora de Tatcher e em que isso estava relacionado com o Blairismo.
- A ilusão do Blairismo e as comparações com a França, no ponto 2.
- O desemprego, os funcionários, públicos e a manipulação de estatísticas, no ponto 3.
No segundo artigo falou-se de:
- Análise feita por outros a Tony Blair e ao “perfume Blairista”- ponto 4.
- Na contabilidade pública criativa de Blair e Gordon Brown e de como as contas públicas inglesas são uma completa fraude – ponto 5.
- De notas laterais exemplificativas relativamente ao que se fez em Portugal
- De como as empresas privadas portuguesas e os interesses privados neo liberais estão à espreita.
PONTO 6.
Matemática e contas a esta trapalhada blairista toda.
Com todos estes malabarismos a Revista Marianne faz as contas a extensão da divida britânica:”644 + 1000 + 145 +30 =1819 milliards d´éuros”.
O correspondente ainda se diverte a gozar (a França é um paradigma de sabedoria em face destes resultados…) com os “declinológos franceses”.
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Nota lateral 1:
Os “declinológos” franceses são uma espécie intelectual que proclama que a França está a beira do desastre e que os franceses irão todos arder no inferno, porque a França tem uma divida publica de “1180 milliards de euros”.
Para se ter uma noção do que é um declinológo português que tem ganho muito dinheiro usufruindo dessa condição e do facto de ser membro da Opus Dei é favor ir até AQUI.
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A Grã-Bretanha, o novo paraíso de esquerda neoliberal na terra (e no mar e no ar, e na galáxia…) tem (tinha em 2006) uma divida de “1819 milliards de euros”.
Resta acrescentar que as estatísticas apresentadas pela revista e seu correspondente, são oficiais; do governo inglês e respectivas instituições que ainda por cima, as subvaloriza, e as martela a seu belo prazer. O correspondente menciona a consultora “watson wyatt.”para justificar dados e cita um estudo desta, recente( em 2006).
Os 30 milhões da conta em cima são (eram em 2006) o passivo da “network rail” a companhia de gestão privada dos caminhos-de-ferro, e os 145 milhões lá em cima são das famosas parcerias publico privadas entre o Estado inglês e os glutões privados.
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É o mesmo tipo de pulhice que se pretende fazer (já se faz) em Portugal na área da saúde, com as PP- parcerias Público-Privadas…nos hospitais…
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Comentando as contas Blairistas escreve o correspondente:
“Le Royaume uni vit dans un sorte d´amnésie du presente, qui peut passer pour de l´optimisme, mais ne est lé plus souvent qué une manifestation d´ignorance.
Tradução a martelo: ” O Reino Unido vive numa espécie de amnésia do presente, que pode passar por ser optimismo, mas que nada mais é do que uma manifestação de ignorância…
PONTO 7.
Ainda sobre o desemprego e forma como este é contabilizado e outras estatísticas:
Mais estatísticas aterrorizadoras: em Janeiro de 2006 existiam em Inglaterra 1.530.000 desempregados.
E também existiam 2.7 milhões de desempregados “não desempregados”.
Os tais que não entram nas estatísticas.
Não entram porque tem um certificado médico (fabricado administrativamente) a dizer que não são desempregados mas sim doentes ou incapazes de trabalhar. Em 1981 o número dos incapazes de trabalhar era de 600 mil.
Comparação em relação a dois países da Europa e vou citar:” au total, 2.7 millions de malades …en proportion deux fois et demie plus qu´en alemagne; quatre fois plus qu´en italie.
Tradução a martelo: no total, 2.7 milhões de doentes, em proporção duas vezes e meia mais que na Alemanha; quatro vezes mais que na Itália.
O correspondente nota que o “número de “malades” impossibilitados de trabalhar por certidão médica administrativa (fabricada) é maior nas zonas onde existiu desindustrialização e onde esta foi mais brutal. Bacias mineiras do País de Gales, Glasgow, arredores de Liverpool.
O correspondente faz as contas = 1.130 (milhões) malades e handicapés + 1530 (milhões) desempregados identificados como tal = 2660 000 (milhões) de desempregados.
Percentagem: 8.8 por cento de desempregados de população em idade de trabalhar.
O Eldorado neoliberal socialista de esquerda moderna, o refulgente altar para onde a esquerda portuguesa olha embevecida e com luxúria não conta com menos desempregados que outros países em situação semelhante de suposto declínio.
Foram é transferidos para uma categoria economicamente e socialmente mais aceitável.
O número de pessoas desempregadas, dos 25 anos aos 54 anos – idade de trabalho, em Inglaterra é de 8,6 %.
A média dos outros países da união europeia é (era) de 7.8 %, e DEPOIS do seu alargamento a 25 países, NÃO a 15 países.
Nunca o número de inactivos do sexo masculino foi tão elevado na Inglaterra desde 1971.
Brilhantes resultados da esquerda blairista…
Citação de um analista da Bloomberg ( uma casa de análise financeira norte americana, cujo proprietário é o actual Presidente da câmara de Nova York) ), transcrito na Marianne – Mathew Lymn ao propósito do desemprego: (le chômage) … est affaire de sémantique. Tradução: “O desemprego é uma questão de semântica…”
Mais: comparações com percentagens de riqueza:
- 1986 – Tatcher: 1 % da população detia 18% da riqueza.
- 2002 – Blair – ultimo ano estatístico publicado – 1% detinha 23% da riqueza.
Em percentagens de aquisição de casas: passa-se a mesma tendência.
25 00 Mortos de frio por ano.
Uma criança em 5 (20%) come menos de 3 refeições por dia.
O correspondente questiona, a propósito de um discurso de Blair em 1999 onde afirmava umas coisas bonitas acerca da erradicação da pobreza numa geração; a quantos anos corresponde uma geração para o primeiro-ministro inglês…
Mais: seis milhões que não têm roupa conveniente para se aquecerem no Inverno.
Dois milhões que não têm aquecimento no Inverno.
Também existem comparações com os ordenados de gestores: que desde 1993 não cessaram de subir astronomicamente mais os “fringe benefits”.
Dá um exemplo fantástico de um gestor do grupo PDG arcádia – gigante da distribuição inglesa que se atribuiu a si mesmo um dividendo de “1.75 milliard de éuros en octobre 2005”, mas o rendimento de exploração da companhia não representava senão um terço desse mesmo valor… e sobre o qual o tesouro britânico não cobrou nada.
O Sr. Phillip Green (ex-Ceo) tomou a precaução de fazer proprietário do grupo a sua esposa que tem o estatuto de residente monegasca, logo escapou ao imposto sobre o rendimento…
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Entrada wikipédia sobre Green:
Tax avoidance
Worker rights
Arcadia has made almost no effort to make or demonstrate progress on paying many workers, both overseas and in the United Kingdom, more than a derisory wage and allowing them basic worker rights
Penso que é desnecessário traduzir.
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Escolas: 13 por cento dos adolescentes britânicos até aos 16 anos abandona a escola, 40% até aos 18 anos. Com blair o número subiu mais 2.7% para quem abandonou o sistema de ensino.
A maior parte das pessoas de 18 anos tem um nível inferior escolar ao que é a norma para quem tem 11 anos. Este défice de saber é acentuado com a idade.
PONTO 8.
A privatização das escolas ao serviço das empresas.
O correspondente também explica o “esquema” que o habilidoso senhor Mike Tomlinson – o chefe das escolas – engendrou.
Propõe que, a todos os estabelecimentos do ensino secundário, deveria ser oferecida a possibilidade de se tornarem “independentes ” e saírem do sistema oficial de ensino.
Para lá disso seriam “os directores” (os novos) que teriam o orçamento ao seus dispor (sem constrangimentos) para gerir estes estabelecimentos como quisessem e estes poderiam fazer a escala de salários dos professores e restante pessoal consoante a produtividade e a qualidade.
Sem que se saiba qual seria a efectiva qualidade a avaliar.
A jogada seria complementada com a escolha de alunos em função da sua “especialização” ou seja, na prática, de acordo com os fornecedores privados que tomariam conta destas escolas independentes, ou seja de acordo com as ideias de empresas privadas e não de acordo com um modelo geral de ensino.
Traduzindo: seriam as grandes empresas a gerir o ensino, mas não como escolas e empresas de educação, mas sim como futuros recipientes de fornecimento de mão-de-obra barata e somente com especializações próprias para essas mesmas empresas.
Seria por exemplo a Sonae lá do sítio a gerir escolas ou o Banco Espírito Santo ou a Portugal Telecom a gerirem escolas mas de acordo com as especificações requeridas somente por estas empresas.
Penso que se percebe a fraude totalitária que aqui está…
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Adenda: verificar ainda este artigo do Ricardo Alves, no blog esquerda republicana acerca de mais uma estupidez intensa do blairismo: a criação de escolas confessionais.
Escolas só frequentadas por hindus, ou só por muçulmanos, ou só por cristãos e de como isso gera fundamentalismo disfarçado de liberdade de ensino.
TONY BLAIR.2.
Continuação do artigo Tony Blair 1.
Hoje: Parte 2/3
No primeiro artigo falou-se de:
- Introdução feita com base num ensaio critico da Revista Marianne, nº 467 -Abril de 2006.
- Ponto 1 descritivo do livro de Phillipe Auclair sobre a visão conservadora de Tatcher e em que isso estava relacionado com o Blairismo.
- A ilusão do Blairismo e as comparações com a França, no ponto 2.
- O desemprego, os funcionários, públicos e a manipulação de estatísticas, no ponto 3.
PONTO 4.
Analise feita por outros a Blair no artigo.
O correspondente da Marianne serve-se de uma citação do filósofo Jamie White (Creio que um neo con, atenção…) – transcrição: «cês mots n´ont aucune signification. Ou, à tout le moins, pas de signification assez claire pour communiquer une information.Mais ils ont un parfum.
Tradução a martelo: “As suas palavras não têm nenhum significado.
Ou, de todas as formas, nenhum significado que seja claro para comunicar uma informação. Mas tem um perfume…”
O correspondente dá 3 exemplos de 3 palavras com “perfume Blairista”. (Em Portugal isto chamou-se, em tempos, «Deus, pátria, família»).
- «objectivos»,
- «progresso»,
- «modernização».
Também Gordon brown é descascado: “Blair et Brown, ou Luis Xiii et Richelieu, chacun entouré de sa coeur, de ses Pére joseph ,dês ses ou dês hommes du Cardinal.”
Tradução a martelo: Blair e Brown, Luis 13 e Richelieu, cada um rodeado da sua corte, dos seus “Pai Joseph”, dos seus mosqueteiros do Rei ou dos homens do Cardeal.
O correspondente da Marianne explica o porquê desta aura.
O (1) excedente orçamental deixado pelos conservadores em 1997 (quando saíram do poder) conjugado com (2) a venda das licenças aos operadores de telemóveis 3G em 2000 (mais “36,2 milliards d`éuros au trésor publique en 2002”) deixaram o blairismo com toneladas de dinheiro suficiente para implementar o seu projecto.
A tudo isto juntou-se uma (3) forte taxa de crescimento (motivado pela saída dos conservadores do poder e (4) pelo efeito psicológico que isso gerou na economia e sociedade) mais a (5) introdução de “stealth taxes (impostos ocultos) aceites sem grande protesto por uma opinião pública que (6) gozava, inebriada, a prosperidade momentânea.
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( Qualquer semelhança com Portugal é outra coincidência; nos anos do Guterrismo, por exemplo, onde isto se passou mediante injecções massivas de consumo e de favorecimento ao consumo no sistema económico, que os bancos comerciais muito agradeceram… (1)(3)(4)(6))
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( nos tempos actuais, com a eliminação de benefícios em certificados de aforro, por exemplo, ou aumentos da Contribuição autárquica mesmo mudando-lhe o nome para “IMI” (imposto municipal sobre imóveis) formas disfarçadas de Impostos ocultos/ Stealth taxes…(5))
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A opinião pública, por via dessa prosperidade ocasional não se rebelou contra os “stealth taxes”. Tudo isto permitiu a Gordon Brown cumprir a sua regra de ouro pessoal de não exceder a divida publica 40% do PIB…).
A surpresa surge, como nota o correspondente, para aqueles que pensam que a Grã-Bretanha seria um pais neoliberal em sentido estrito do termo: demonstra que entre 1997 e 2002, a maioria dos países europeus (os tais que não valem nada e a Grã-Bretanha é que é boa), reduziram – de facto – a sua carga fiscal.
Na Inglaterra essa mesma carga fiscal subiu 1,6%. Tudo isto apoiado, e também suportado, na pratica, por mais admissões de funcionários públicos.
Bem como, por um aumento colossal do défice do orçamento” zero” em 1998, – “ 15 millards d`éuros fin de 2002, trois fois plus un an plus tard”.”
Isto apesar da “mêlange tout personnel d`optimisme …… Dans ses discours de présentation du budget aux communes – de Gordon Brown… – Mistura muito pessoal de optimismo durante o discurso de apresentação do orçamento na câmara dos comuns.
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(Qualquer semelhança com as apresentações do orçamento português, por exemplo, nos últimos 3 anos é coincidência – basta dizer que o último orçamento é feito com cálculos de compra de petróleo a 70 dólares o barril, quando este é efectivamente comprado a mais de 100 dólares o barril… preço de 100 dólares que vai manter-se…ou até ter tendência a subir…(2)(4))
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Tudo isto – re-acrescento – porque Gordon Brown estabeleceu uma regra pessoal que consistia em que o défice do tesouro inglês não excedesse 40% do PIB – ou seja o endividamento do estado não excederia este valor. Mas o valor é – 3 vezes maior após 2002 – ou seja “45 miliiards d`éuros, contra 15 milliards d`éuros fin de 2002, trois fois pluns un an plus tard”…
Ou seja, segundo a lógica das contas da Marianne: 120% do PIB, não 40%.
PONTO 5.
“Martelar” as contas públicas. A contabilidade pública criativa.
No artigo critico da Marianne demonstra-se que, como táctica governativa, existiu sub estimação de receitas e despesas feita pelo então chanceler do tesouro – o Sr. Gordon Brown (actual PM inglês).
Este, desde 2001, subvalorizou sempre a quantidade de dinheiro necessária para pôr de lado visando chegar ao tal valor de 40% do PIB ( conforme explicado no primeiro post) e para manter as receitas e despesas dentro daqueles valores.
O correspondente conclui que nenhuma grande nação industrializada se aproxima deste valor sequer (Não se aproxima porque não “usou” este esquema…).
Cita-se: “… la france, par example, qui accusait un endettement de 1167 miliards déuros en octobre 2005, s`ést donné pour objectif de descendre en dessous de 60% du pib d`íci à 2010”.
Tradução a martelo: “A França, por exemplo, que tem um endividamento de 1167 mil milhões de euros em Outubro de 2005, tem como objectivo fazer descer este valor para menos de 60% do PIB desde hoje até 2010…”
O correspondente da Marianne conclui que toda a Europa pode invejar o Reino Unido (ironia) e gostaria de trocar de lugar, mas essa aparência de prosperidade não se deve às suas finanças públicas embora o pareça.
Isto porque o Sr. Gordon Brown, com o assentimento do gabinete nacional de estatísticas inglês, criou uma maneira de fazer o truque de prestidigitação.
Como? Alterando a maneira de fazer estatísticas para que, de forma efectiva, não fosse possível calcular quantos funcionários públicos teriam entrado no sistema.
Contudo, devido a estas manobras todas de criatividade contabilística, e ao crescimento de funcionários públicos desde 1997 até 2005 isto custa os olhos da cara ao Tesouro inglês, embora esteja “disfarçado”.
Pergunta-se, então, de onde virá o dinheiro para cobrir esta diferença em falta?
Simples.
Das pensões a serem pagas a quem se retirar/reformar do mercado de emprego – ou seja o equivalente a uma descapitalização da segurança social.
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Como a que se pretende efectuar em Portugal, ao sugerir , embora usando outras duas técnicas, que (1) existam pessoas que deixem de descontar para a segurança social pública, ou (2) pretendendo indexar o dinheiro da segurança social a fundos de pensões cotados em bolsa para … “gerar mais receitas… e “profissionalizar a gestão…”
Ninguém diz de onde virá o dinheiro (para quem ficar por não ter alternativas) se existirem massivas saídas do sistema por parte de contribuintes, ou se um fundo de pensões explodir numa bancarrota bolsista…
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Ou seja, o Sr. G. brown “…Est Celui de l`argent que devra prouver l`ètat por prouver lês retraites dês functionaires…” … et que on´a« oublié» de mettre de cotée.
Tradução: Ou seja, o sr Brown “esqueceu-se” de pôr de lado o dinheiro para “repor” esta orgia financeira e descapitalizou as receitas/descontos dos futuros(e antigos) pensionistas e pôs em risco o pagamento de reformas.
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Nota lateral 1:
É um processo em tudo semelhante a, por exemplo, um banco privado (Millenium BCP) comprometer-se a criar um fundo de pensões dos seus funcionários. Após vários anos satisfeito com o fundo, (porque o que tinha de descontar (por de lado) para ele era menor do que os encargos com pensões que tinha com ele) decide não pôr de lado o dinheiro para o prover.
Quando, de repente descobre que existe uma falta enorme, ( devido à política de correr para fora do banco com empregados de idade superior a 45 anos ) e que isso baixará as futuras remunerações dos seus accionistas, propõe ao Estado Português que os seus funcionários passem a “descontar para segurança social pública”, em vez de o fazerem para o “Fundo de pensões do Millenium BCP”.
Dessa forma, o banco comercial deixa de ter de pagar e de repor valores para o seu fundo de pensões dos seus empregados.
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Como aliás estava explicado numa noticia do jornal Público de 10 de Novembro de 2005, assinada pela Jornalista Cristina Ferreira onde o BCP propunha ao Estado que a segurança social absorvesse o fundo de pensões do BCP e dos seus 4 mil trabalhadores. ( isto é, sustentasse o deficit que o banco não proveu a tempo…)
TONY BLAIR.1.
PARTE 1/3
INTRODUÇÃO.
Em 2006, a revista francesa Marianne, edição em papel, fez uma ensaio/análise critica, ao reinado de Tony Blair, que viria a terminar em 2007.
O número da revista com este ensaio era o 467 (01 a 07 de Abril 2006) e feito a propósito do livro de Phillipe Auclair, da Editora Fayard, 262 páginas, 19 euros de preço, chamado “Le Royaume Enchanté de Tony Blair”.
Os resultados são devastadores, de tão maus são em relação à pobreza da governação da “esquerda (terceira via) Blairista”.
Mais: a revista fornece números comparativos entre a França ( apelidada de estatizada…) e a Inglaterra Blairista (apelidada de “Liberal de esquerda”) onde esta perde em toda a linha.
Em Portugal acha-se (ainda) que Blair é a quinta essência do perfume.
Parece pois, ser útil voltar a lembrar (até para comparar com a “actual esquerda moderna portuguesa”…cheia de sociólogos e outras aves de arribação do mesmo estilo…) que o Blairismo é e foi apenas um desastre neoliberal emanado da direita profunda.
Pior ainda, aquela maneira tortuosa e cheia de esquemas e sorrisos de plástico de fazer as coisas fica associada e de que forma negativa, à ideia de esquerda na sociedade.
PONTO 1.
Isto é um resumo feito a partir do ensaio de análise critica feito pela Revista Marianne do livro de Phillipe Auclair (Auclair foi correspondente da BBC em Londres tendo lá vivido muitos anos; saiu da BBC para ser o correspondente da revista Marianne para o Reino Unido) .
Citação inicial do livro de Auclair…reveladora.
” Même dans ses pires moments M.tatcher avait aou moins le mérite de ne pás avancer masquée”.
Tradução a martelo feita por um pobre Dissidente x- sem grandes conhecimentos de francês: “ mesmo nos seus piores momentos a senhora Tatcher tinha ao menos o mérito de não avançar usando uma mascara”.
Segundo a Revista Marianne, o livro começa, pela caracterização de M. Tatcher sobre o que é “interesse geral”.
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Tatcher considerava o conceito de interesse geral numa sociedade “ uma invenção marxista”.
- Tatcher considerava que a Europa era ” uma conjura anti grã-Bretanha”.
- Já os desempregados eram ” uns parasitas que vivem à conta da classe média”.
Este era o “tom” do tatcherismo e da direita neo liberal/conservadora inglesa, que retirou a sua inspiração dos anos Reagan ( 1980-88) nos EUA.
O livro analisa tudo isto nas suas mais variadas vertentes explicando como o clube de fans francês de Tony Blair – a esquerda mole e frouxa tipo “esquerda moderna”, os “neo liberais” franceses e o medef (a organização patronal francesa) viviam todos em êxtase com o Blairismo.
A expedição punitiva desastrosa no Iraque, por exemplo, nunca abalou, junto desta gente, a reputação de Blair que era visto como um visionário. (5 anos após o começo da Guerra do Iraque, “a visão está aí…”)
Os dados de análise da revista compilados a partir do livro, mais as estatísticas oficiais permitem tirar a exacta fotografia negativa do Blairismo.
O livro de Auclair afirma (e prova) que o Blairismo é (apenas foi) política da simulação e estatísticas manipuladas. (isso é provado com números oficiais ingleses).
Analisava ainda Gordon Brown, o homem que queria ser chefe no lugar do chefe e que estava à espreita (à data em que o livro foi escrito), aguardando que o “Estilo Blair” se desvanecesse na floresta de enganos e decepção que, no fundo, é aquilo que o “Estilo Blair” é.
Em Portugal temos neste momento e ao retardador o “Estilo Sócrates” que é uma cópia e mal feita, do estilo Blair + recalcamentos do Guterrismo + pseudo afirmação de liderança poderosa pela demonstração de uma agressividade extrema + cópia mal amanhada do betonismo Cavaquista + uma adenda.
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Adenda: Desde 29 de Março de 2008, passamos a ter, também, José Sócrates, antes Cyborg, agora humano…
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O livro ( artigo da Marianne) mencionava àquela data e apesar da barragem de propaganda pró Blair na Inglaterra e na Europa, que, pelo menos metade do eleitorado, estava já a exigir que Blair fosse embora.
Ironizava-se no livro de Auclair, dizendo que os apoiantes franceses, caso ele se fosse embora do cargo, estariam em vias de lhe oferecer asilo político em França…
PONTO 2.
O correspondente da Marianne propriamente dito e o texto da revista.
Começo por duas citações do correspondente + 2 traduções minhas a martelo: “les prosélites francais du blairisme sont de une naiveté desarmante, au fond” – os prosélitos franceses do blairismo são dotados de uma ingenuidade desarmante, no intimo… (acrescento eu: e os portugueses da esquerda moderna e do ” inexistente liberalismo de esquerda” também…)
“Ils ne s´arretent qu´a quelques chiffres, et encore, sans les interroger, comme si l´on pouvait juger un filme et visionnant son générique”. Pour cês transis de tony blair, le royaume uni n´est pás un object d´étude ou de reflexion, mais de désir; on ne analise pás, on transfere…” – eles apenas olham para alguns dados, sem se interrogarem, como é possível avaliar um filme somente visionando o seu genérico … no transe Blairista o Reino Unido não é um objecto de estudo ou reflexão, mas de desejo; nós não analisamos, nós transferimos ( o objecto de desejo Reino Unido…)
O correspondente conclui que se calhar os franceses ainda se vão rir bastante (entre muitas outras coisas) por Paris não ter ganho os Jogos Olímpicos a realizar em 2012.
Devido aos problemas económicos de criação de receitas para sustentar (posteriormente) tão megalómano empreendimento. ( É o velho princípio de “quem vier atrás que feche a porta…)
Parte para uma analise demolidora – com números – da economia e sociedade inglesa blairista em contraposição à supostamente medíocre (ironia) sociedade francesa.
As justificações para isto (à data 2006) aparecem porque a Inglaterra é apresentada num bonito embrulho com – resultados estatísticos fantásticos – bem como, ainda por cima, “roubaram” aos franceses a realização dos jogos olímpicos em Paris, sendo estes atribuídos à Londres.
PONTO 3.
Desemprego, funcionários públicos e estatísticas.
Começa o correspondente da Marianne, desde logo, pela baixa taxa de desemprego inglesa. É baixa porque esconde uma taxa paralela de não empregados (mas não definidos como tal), compensados (estatisticamente) como sendo desempregados de longa duração, que não são considerados para as estatísticas.
Também existe outro logro no Blairismo: o de que existe uma redução do numero de funcionários públicos.
Percebe-se, no entanto é que existem mais 600 mil nos dias de hoje ( isto é, 2006) – do que antes da entrada de Blair em funções. E paralelamente a isto existe (ao mesmo tempo) uma massiva subcontratação ( em Portugal temos o mesmo fenómeno da subcontratação…) a empresas privadas de tarefas que eram realizados (antes de Blair) só por funcionários públicos.
E que eram mais baratas feitos no “sector público”. Tudo isto acontece ao mesmo tempo que, os serviços públicos ingleses, especialmente o serviço de saúde estão de rastos.
Toda esta pseudo prosperidade esconde, também, um endividamento publico colectivo colossal (entre outras coisas, concessões a privados dão este resultado…), ao ponto de começar a criar o espectro de uma crise no sistema financeiro e social inglês.
Também ao mesmo tempo que tudo isto se passa, o sistema blairista ataca as liberdades civis em Inglaterra.
O correspondente oferece exemplos:
- o projecto de carta de identidade biométrica, tendo como desculpa (argumento) conveniente o terrorismo;
- a interdição de greves de solidariedade;
- a suspensão do direito de ser julgado pelos seus pares, etc.
Tudo consequências directas da metodologia blairista. Isto acontece no país da Magna Carta e do Bill of rights…
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Qualquer semelhança com o “socratismo neoliberal socialista- esquerda moderna perlimpimpim” e o seu cartão de identidade único, bem como a hostilidade a apoiantes de Manuel alegre na altura da campanha eleitoral é pura coincidência…ou o incentivo à denuncia ou o sistema de queixas electrónicas de “conteúdos” ou a tentativa de avaliar a predisposição dos cidadãos a deixarem que lhes insiram chips em automóveis, ou mandar gravar telefonemas e emails de toda agente para combater o terrorismo etc, são mera coincidência…
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Continua.
TONY BLAIR. Petição contra.
O senhor do lado esquerdo da fotografia chama-se Tony Blair.
Foi até há pouco tempo primeiro ministro inglês.
Foi até há pouco tempo um dos responsáveis por muitas asneiras entre as quais a Guerra do Iraque.
Agora está desempregado e ganha a vida a dar conferências bem pagas em Universidades e sítios do mesmo género.
Agora alguém quer fazer de Tony Blair Presidente da comissão Europeia – para substituir essa grande nódoa chamada Durão Barroso. Mais nódoas não.
Como tal existe uma petição online para se assinar e manifestar o desagrado por alguém vir a ser recompensado com um cargo que paga 25 mil euros por mês fora despesas.
Não se deve recompensar pessoas destas.
- O texto em Português da petição pode ser encontrado AQUI.
- A página de entrada para assinar a petição (em Inglês) pode ser encontrada AQUI