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FUNDAMENTALISMO DE MERCADO AO NÍVEL DOS COSTUMES – INGLATERRA
Fonte: The Telegraph, 22 Julho de 2009.
Em Inglaterra, o governo opta pelo fundamentalismo ao nível dos costumes.
Em economia de mercado apenas é permitida a disfuncionalidade familiar que permita o consumo.
Se der origem a comportamentos ainda mais fora da norma, que promovam disrupções então gastar-se-à dinheiro para prender de forma livre estas pessoas.
Dinamiza-se a economia gastando dinheiro com isto.
E diz-se a pessoas como se deve viver, de forma coerciva após se ter passado décadas a criar uma sociedade que diz que cada um pode fazer o que quiser…sem se importar com as consequências.
Adicionalmente chama-se a isto “democracia responsável…
No futuro, as piores famílias a serem consideradas como tal, serão aquelas que não consomem…
DEMOCRACIAS DISFUNCIONAIS NO OCIDENTE
Post do blog “o bico de gás” que aponta exactamente para o perigo que temos que enfrentar e para o qual ninguém parece estar interessado em querer ver: é “dentro” do Ocidente que os maiores perigos totalitários estão a ser cozinhados e não fora.
Tem dado “jeito” a muita gente no Ocidente e muitas carreiras académicas e jornalísticas se tem construído; o constante acto de afirmar-se que “só fora” do Ocidente é que há totalitarismo, enquanto que dentro do Ocidente, estamos no mar de rosas…
A PIRÂMIDE – ISMAIL KADARÉ
Autor: Ismail kadaré.
Editora: Dom Quixote.
Na wikipedia:
O livro foi escrito em Paris e Tirana (kadaré é albanês); entre 1988 e 1992. Reflecte a visão do autor, em relação ao que viveu, antes dessa época e ao que estava a viver nessa época.
Para todos os que o leram ou o lerem agora, podemos, se fizermos um esforço comparativo ver como aquela realidade descrita por Kadaré há 20 anos não está tão distante.
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Kadaré desejava, acima de tudo, contar uma história acerca do totalitarismo.
Contudo é mais (muito mais) do que só sobre totalitarismo.
É, também sobre o poder; e toda a simbologia associada a esse mesmo poder. E de como isso influencia o próprio totalitarismo e as formas que este reveste, de país para país.
kadaré, ao escrever, para se proteger da rigidez totalitária estúpida da Albânia comunista situou a acção do livro no antigo Egipto. (3000 anos antes portanto).
Criou o enredo da narrativa centrado num problema político/de regime: a construção de uma pirâmide – dedicada ao Faraó Keops – que seria, simultaneamente, o túmulo deste, após morte, e uma obra simbólica feita em vida do Faraó, cujo objectivo seria o de servir para demonstrar todo o seu poder sobre o povo egípcio e por extensão, do próprio império egípcio, para os vizinhos.
Do ponto de vista da leitura, o livro não é nada simples; a tradução não ajuda, e está cheio de metáforas e alusões subliminares ao regime comunista albanês (isto é, a uma forma peculiar de totalitarismo), mas não só. Podemos reconhecer os “tiques” de poder de qualquer regime ali explicados.
E também reflecte a influência a algum do ambiente pré queda do muro de Berlim (1989), de que o autor se apercebeu estando ainda a viver na Albânia (Kadaré saiu algum tempo antes da queda e pediu asilo político em França); mas o que é interessante verificar, por análise comparativa, da leitura do livro, é como todos os mecanismos de poder totalitários de uma ditadura obtusa, também podem, pelo menos alguns, ser replicados e encontrados numa qualquer simpática democracia ocidental.
Como Portugal. Caso se preste atenção, bem entendido. Caso se queira prestar atenção, bem entendido. E independentemente dos partidos ou forças políticas que estejam no poder.
É um “estado das coisas” que Kadaré mostra e nos convida a pensar sobre.
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A história começa com o Faraó Keops a anunciar, poucos meses depois de tomar posse, que não deseja mandar construir nenhuma pirâmide, tal como os seus antecessores tinham feito.
Esta declaração política perturba o equilíbrio.
Os vassalos, servidores, cortesãos, funcionários públicos, enfim toda a fauna social, fica intensamente perturbada com a notícia.
Para sublimarem a preocupação há que encontrar uma explicação. E a explicação é passar-se a julgar essa atitude do Faraó como sendo uma manobra politica do Faraó, mas apenas feita, para testar a lealdade de todos a si, o recém nomeado Faraó.
Paralelamente a este hipotético teste que a sociedade julga ver, o anuncio da “não construção” cria um terrível problema filosófico e metafísico: como iria o Faraó subir até ao céu depois de morto, e levar a sua alma e as bagagens correspondentes, se não existiria pirâmide, como veiculo sagrado de transporte, para o fazer?
E é a partir destes dois pontos que kadaré demonstra como a perturbação entre a fauna cortesã de uma sociedade pode ser lançada – pelo “poder”.
Tal estado das coisas leva a que o Sumo-sacerdote, o Magico-astrólogo e algumas outras figuras da burocracia do Estado se afadiguem a convencer o Faraó de que deve ser construída a pirâmide.
Em baixo uma pequena transcrição de como o Magico-astrólogo tenta criar as bases do convencimento e da influência no Faraó. O Mágico astrólogo, primeiro, identifica o problema, quando em acto de pensamento e reflexão para si próprio:
“…o bem-estar, ao mesmo tempo que tornava as pessoas mais independentes, mais livres de espírito …as tornava, de igual modo mais reticentes à autoridade em geral e nomeadamente ao poder do Faraó….”
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Percebendo que o seu poder poderia ser posto em causa por não querer mandar construir a Pirâmide e depois de ser persuadido pela fauna de cortesãos (pelos interesses), o Faraó procura criar uma solução em que sinta ter sido ele próprio a encontra-la, (para fazer assim uma auto demonstração de poder) e para tal envia o Mágico-astrólogo para o Sahara para que este encontre uma solução que satisfaça os desígnios do Faraó.
40 dias depois este retorna e afirma ao Faraó que: “era preciso eliminar o bem-estar”
Kadaré demonstra que, no exercício de poder, muitas vezes, não é o soberano/ o ditador/ o líder que de facto comanda, mas sim, julga que comanda, apenas influenciado por “sombras” de interesses que pairam à volta.
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Para eliminar o bem estar, surge a ideia de que é necessário fazer algo:
Mas o quê?
“Algo de fatigante, de destruidor para o corpo e o espírito e absolutamente inútil. Ou mais exactamente, uma obra de tal forma inútil para as pessoas que se tornasse indispensável ao Estado…!
O resultado:
“…o soberano e os seus ministros chegaram …. À ideia de um grande monumento funerário. De um grande túmulo.”
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Esta ideia fascinou sobremaneira o Faraó.
E dessa forma, o “novo” edifício principal do Egipto já não seria um templo, nem um palácio real, mas um túmulo. Progressivamente, o Egipto identificar-se-ia com este, e este com o Egipto. (o nacionalismo de mãos dadas com o poder…)
O Faraó fala – para simbolizar o facto de ter decidido tal – e diz:
“A pirâmide será construída. Será a mais alta de todas. A mais majestosa.”
É o “poder” simbólico do Faraó a manifestar-se.
E após o Faraó falar – uma metáfora do poder e do totalitarismo, aplicada de forma prática – surgem os éditos reais a notificar o povo da construção.
O povo alegre ?!?! por o dia finalmente ter chegado – o início da construção da pirâmide – tem esta manifestação:
– “As pessoas saem dos templos, aliviadas. Como somos felizes, diziam, por termos a nossa pirâmide.”
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No livro decorrem acções paralelas. São explicadas as descrições das decisões técnicas dos arquitectos, a inveja dos embaixadores estrangeiros, a abertura e construção de estradas, necessárias para transportar os enormes blocos de pedra, vindos de barco Nilo acima, a escolha das pedras, o deslocamento dos funcionários públicos para sítios remotos para supervisionarem os trabalhos…tudo se descreve, para mostrar um grande elefante totalitário em movimento.
Assim é-nos dado a observar o simbolismo de toda uma burocracia a movimentar-se ao serviço de uma fachada de poder totalitário.
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Também existem os pormenores cómicos e irónicos: os boatos e as conspirações que dão origem a afastamento sucessivos de responsáveis pela construção, as manobras da policia secreta…
Ou quando se passa à construção propriamente dita, onde todas as pedras são numeradas e tem um nome atribuído.
A meio da construção keops exige ser colocado mais acima (o seu túmulo) no interior da pirâmide:
“Mais alto – disse ele com voz abafada – ainda estou muito abaixo.”
“Compreendo, majestade – respondeu o arquitecto – chefe”.
“- Quero ficar no centro – declarou keops”
“-Compreendo, Majestade.”
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Kadaré ironiza profundamente sobre o “aspecto humano” dos ditadores, por intermédio de interposta personagem – o Faraó Keops. Este, a determinada altura sente melancolia e tristeza por saber aproximar-se o fim da construção e reflecte “humanamente” sobre isso:
“As vezes arrependia-se de ter martirizado o Egipto daquela maneira!…
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Tudo isto também misturado com os problemas com os linguistas do reino e com os filhos de Keops, bem como uma, de várias conversas alucinantes, de Keops com o Magico-Supremo:
“o seu corpo conhecerá um fim, a sua alma nunca! ”
Mais uma metáfora para o poder e para o facto de os líderes políticos, passado algum tempo de estarem rodeados de pessoas que lhes dizem apenas sub-verdades agradáveis, se tornam completamente autistas para com a realidade, e são sempre bajulados com promessas de intemporalidade da sua obra…
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Também existem crónicas, brilhantemente macabras, acerca da construção usando as pedras numeradas:
“Centésima nonagésima segunda pedra. Da pedreira de Abousir. Nada de especial”.
Ou:
Antepenúltimo degrau, da nona à quinta pedra, segundo o relatório do gabinete de controlo.
“…a sétima pedra …a pedra negra, a má…as causas do deslize permanecem misteriosas …mas ao nível do nono degrau, a queda acelerou. Foi para lá do décimo segundo que começou a esborrachar as pessoas…ao todo 90 mortos, sem contar com os feridos.
Ou:
“Sexta pedra…ainda que tivesse feito vitimas, parecia um anjo comparada com a anterior. Por isso chamaram-na de pedra boa.”
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Também existe a descrição “vista de fora”. Frustrado pelo facto de ter siso enviado para um local que não queria, e devidamente pressionado incentivado pela sua sexualmente activa mulher, o Embaixador da Suméria consola-se através de um devaneio sexual analítico:
“Ela acariciou-lhe a barriga, depois o sexo. Reparava que, cada vez que enviava para a sua capital um relatório no seguimento do qual aumentava a esperança de ser nomeado ministro dos negócios estrangeiros, o sexo dela se molhava”.
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Após conclusão da “obra do regime” , o Faraó procura “interrogar-se” e “saber” qual o “sentido” metafísico da construção. Kadaré ironiza com as tentativas de auto justificação que todos os protótipos totalitários demonstram após acções deste tipo.
Procurando “saber” interroga o Mágico acerca da pirâmide. E o Mágico responde:
— “Se construíste o maior túmulo do mundo é porque a tua vida é suposta ser a mais longa que se já se conheceu À face da terra. Nenhuma outra sepultura este poderia albergar.
– Eu sofro – disse Keops.
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Após a obra concluída, os ladrões de túmulos roubam a pirâmide; um dos filhos do faraó é morto pelo irmão, para no futuro reinar e poder ter também a nova grande honra de construir mais uma Pirâmide, e os historiadores querem exumar o corpo do irmão morto, mas tal não lhes é permitido.
(Metáfora do poder totalitário ou democrático que se auto preserva de “olhares estranhos”…)
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É um livro algo datado, sobre totalitarismo e poder, e visando acima de tudo cravar estacas e acertar contas no comunismo albanês.
Contudo, quem resistir à leitura verá que é apropriado para reflectir sobre os tempos que correm, os tempos do medo diferente, … e onde a subversão da democracia é uma constante, tentando-se, sub-repticíamente, impor regras aparentemente democráticas (mas que não o são…) com uma regularidade constante.
Nota final: O livro será, possivelmente, difícil de adquirir, dado que foi publicado pela dom Quixote em 1994.
Contudo está acessível em bilbiotecas públicas.
VIOLÊNCIA POLICIAL NA DAMAIA – 12 – 02- 2009
No dia 12 de Fevereiro de 2009, entre as 10.30 e as 11 horas, na Damaia, na Rua Vieira Lusitano, junto a uma rotunda ridícula, com uma oliveira no meio, aconteceu uma coisa extraordinária.
Ao que parece, dois pretos, mas bem vestidos e com um carro de alta cilindrada, foram interceptados nessa rotunda, por uma viatura da polícia.
Ao que parece, a viatura policial vinha em busca dos já referidos, porque terão, na Damaia de baixo ou noutro lugar qualquer, atropelado alguém e em seguida ausentaram-se do local.
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O problema é o que se passou a seguir.
Os membros da forças policiais que vinham em perseguição, mandaram ou conseguiram mandar parar o carro e fazer sair os ocupantes. Ao mesmo tempo chegou outro carro da polícia, com mais 4 polícias, e alguns deles começaram “imediatamente” a bater num dos ocupantes do carro.
Este, por sua vez, virou-se a um deles e mandou um murro no mesmo o que gerou mais pancada dos policias nessa pessoa, que – entretanto – já estava caída no chão.
Depois chegaram mais policias (a esquadra fica a 150 metros deste local, se tanto ) e já tínhamos uns 15 policias ali. E finalmente após os dois perigosos meliantes terem sido dominados, dado que estavam em superioridade numérica contra uns 15 polícias (2 contra 15 é superioridade numérica dos 2…como se sabe) ainda apareceu mais uma carrinha daquelas de transporte de presos ou policias mas que tem uns 14 lugares, cheia de mais policias, para tratar desta “ocorrência”.
Umas 30 criaturas policiais para dominarem e subtraírem ao convívio social, duas pessoas…
É claro que, em Tribunal, estas pessoas ganharam hipótese de se safarem, uma vez que a “detenção” não foi “limpa”…
Tudo isto sucedeu em pleno dia, com umas 100 ou mais pessoas a assistir entre as quais crianças e entre as quais a minha mãe que me contou o que viu e o que se passou.
Estando espantada pela forma como isto estava a ser resolvido ali á frente dos olhos de todos e dos dela, exclamou para quem a ouvisse que achava muito bem que prendessem as pessoas se tinham feito mesmo aquilo que tinham feito, mas que não existia:
A) necessidade de se estar a bater em pessoas durante largo tempo e com as pessoas caídas no chão e a ficarem cheias de sangue;
B) e muito menos aquele “aparato” todo em que se juntaram mais de 20 ou 30 polícias para prenderem duas pessoas. (ficando o transito condicionado durante quase uma hora)
E aí surge aquilo em que este país se está a tornar. Outra pessoa que ouviu concordou e uma terceira pessoa, começou a mandar vir – violentamente – com a minha mãe, com umas expressões do tipo “a senhora é como eles”, deviam era levar mais, etc, e segundo as palavras da minha mãe quase a espumar da boca da forma como falava.
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A nota mais “totalitária” disto é o facto de mais de 100 pessoas estarem a assistir a “isto” e nenhum protesto, antes aprovação, ou no mínimo” indiferença”.
E como é óbvio, isto não aconteceu, não existiram “câmaras de filmar” a veicular este assunto…
Por acaso eram pretos os que foram atacados, queria saber se com brancos reagiriam os transeuntes da mesma maneira – suspeito que sim.
Este é o “magnifico ambiente” que temos em Portugal.
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Um ambiente de claro atraso totalitário, de claro atraso na implementação do processo totalitário, que não nos honra nesta busca constante por sermos como sociedade cada vez mais totalitários (é evidente que estou a ser irónico e amargo…)
Portanto olhemos para um paradigma da modernidade totalitária, reciclada. A Itália.
Olhemos duas vezes…
Em Itália, país desenvolvido, a coisa já é mais moderna.
Já existe a “acção directa” das pessoas, em vez da polícia, e o Estado italiano – mais avançado – dedica-se á parte burocrática-administrativa.
As fontes da imagem são:
Devaneios desintéricos AQUI e AQUI.
Mas devemos ter esperança.
Mais uns 4 anos de partido socialista e “novas oportunidades totalitárias” por aí á solta… e chegaremos lá.
PARTIDO DA NOVA LIBERDADE
E em segundo lugar porque quem já percebeu a realidade em que vivemos está profundamente angustiado com a saída que se irá encontrar para sair deste pântano em que nos meteram… Retirado DAQUI
Notícia Correio da manhã AQUI
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A notícia acima – do Correio da manha – mostra mais uma vez, conjugada com a frase acima citada, aquilo quenos continua a querer ser dado. Neo liberalismo económico e político disfarçado de justicialismo e de reposição da verdade e da honra, patriotismo disfarçado de nacionalismo mas do pior que o nacionalismo tem.
O discurso é um misto de neo conservador, cristão no pior sentido do termo (mas isso não é dito abertamente), anti imigrantes porque sim, anti Europa porque sim.
Onde antes existia a palavra “nova” junto com democracia, a mesma democracia velha que permitia que alguém criasse um partido político e lhe chamasse “Nova democracia”, existe agora uma ruptura com esse conceito e passa a existir a “nova liberdade” embora o partido novo se chame apenas de Partido da Liberdade”.
É apenas agora de “Uma nova direita”, embora não uma nova liberdade.
Uns joguinhos de palavras para baralhar a malta e para esconder aquilo que se quer. Um partido profundamente xenófobo, apenas porque sim, encostado ao sacristianismo e ao salazarismo, como conceitos, com laivos residuais de nazismo e misturando o neoliberalismo com tudo isto.( Embora no discurso não pareça…)
E chamandoa isto “Nova direita”…
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Pegando no pequeno pedaço de texto lá em cima citado… São estes “dejectos” que os “magníficos democratas” pós 25 de Abril conseguiram criar e que o pequeno excerto citado apelida de “pantano”.
É precisamente pelo facto de estarmos num pântano de consequências imprevisíveis, que dentro do pantano começa a existir a evolução de pequenas espécies, sub infra, que despejam para fora a sua conversa.
E perante isto, os ” magníficos democratas” não tem qualquer ideia concreta de como lidarem com estes fenómenos, com estes grupelhos de extrema direita disfarçados de libertários.
Porquê?
Porque os” magníficos democratas” precisam comod e pão para a boca que estes grupelhos existam.
Todo o bom herói requer a existência de um bom vilão.
E todos os radicais precisam da existência de ainda mais alguém que aparente ser mais radical e anti sistema e anti democracia do que os próprios.
E como os “magníficos democratas” conduziram isto a um beco pantanoso sem saída e quase sem democracia, agora pretendem enganar-nos.
Como?
Deixando florescer grupelhos deste tipo. Já há para aí uns 4 ou 5 recentes e mais aparecerão.
Eu não estou profundamente angustiado. Estou a amarinhar pelas paredes e com um ressentimento de proporções cósmicas.
Para que fique em acta.
MANUELA FERREIRA LEITE E A APOLOGIA DA DITADURA
«Eu não acredito em reformas quando se está em democracia, quando não se está em democracia, é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se; e até não sei, se a certa altura, não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então, venha a democracia», afirmou a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite.
Tradução: Eu não acredito na democracia, porque é impossível obrigar as pessoas a aderirem a algo injusto, por sua livre e espontânea vontade. Só quando se está em ditadura é que a conversa é outra; podemos obrigar as pessoas pela força, dizendo como é que as coisas são e obrigando a fazer . Devíamos instaurar a ditadura durante tempo suficiente para que consigamos torná-la algo de definitivo, prometendo, no entanto que será apenas para o bem de todos por um tempo limitado e até pôr as coisas na ordem. As pessoas já se esqueceram de 1926.
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Cito agora alguém (Pedro Fontela) – cheio de boas intenções – mas que (na minha modesta opinião) não percebeu como é que o seu próprio discurso “sério” é e pode ser “ocupado” precisamente pelo grupo de gente representado pela senhora Manuela Ferreira Leite, e sucedâneos do mesmo estilo e que o seu próprio discurso é efectivamente contra pessoas.como MFL que também praticam este tipo de conversa, mas com intenções autocráticas.
“…Um poder que dissolvesse temporariamente todos os outros (ou que pelo menos permitisse a sua substituição enquanto são reorganizados segundo outros moldes)..”
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Fontela: já nos anos 90 isto se passava. Estas pessoas sempre trabalharam contra a democracia. Quem fizesse há 20 anos, numa qualquer conversa “normal”; um discurso “sério” falando contra corrupção e contra, por exemplo, figurinhas semelhantes à senhora Ferreira Leite, corria o risco de ver esse mesmo discurso “devolvido” como se fosse um espelho.
E devolvido como um espelho no qual pessoas notoriamente incompetentes ou corruptas, faziam o mesmo e exacto discurso contra a corrupção, e a favor da “ordem” para assim se “mascararem melhor” dentro deste regime podre – que pactua; sempre pactuou desde há 34 anos, pelo menos, com isto..
Este é o discurso “modernizado” e “enhanced/ intensificado” de Salazar e do Salazarismo sob novas roupagens….
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Outro dos problemas de quem faz este tipo de discurso, mas em “sério”, está no facto se se estar a expor sem absoluta necessidade nenhuma.
Está no facto de se estar a correr o risco de se ser comparado a anti democráticos ou totalitários (e eles pululam por aí) como esta senhora e o gang que a acompanha.
Esta senhora, faz parte de um grupo de pessoas, que pertencem a vários partidos e seitas, que deveria, pura e simplesmente levar um pontapé no traseiro e ser-lhe retirada a nacionalidade e posta a correr daqui para fora.
Esta senhora gosta muito de cartas de Tarot.(Perceba quem quiser…)
É uma pessoa autoritária – notoriamente incompetente – basta ver o “trabalho dela como, respectivamente, Ministra da educação e Ministra das finanças e além disso é politicamente do mais estúpido que há.
É também pelo facto de a sua “formação” política ser a formação política da ditadura (isto é, feita nela), mas no caso dela ser apenas um sucedâneo, um placebo falhado, que ainda intensifica mais a sua incompetência.
Agora apenas teve um “lapsus linguae” e disse directamente o que era, sob a forma (pretensamente) de ironia: que é a favor do desmantelamento da democracia como sistema, mesmo a democracia portuguesa, que de democracia tem muito pouco…
Ainda outro dos problemas é o seguinte: uma pessoa fascinar-se ou influenciar-se pelas “impressões”de intelectuais portugueses do século 19, ou do 20 que preconizam soluções duras do tipo do descrito acima, apenas dá alegrias aos Ferreiras Leite deste país.
E apesar de Portugal ser uma choldra, este país fez-se de pessoas a sério e não de Ferreiras Leite e sucedâneos do mesmo estilo – que sempre tiveram acesso á comunicação social para veicularem as suas “ideias”….
Do ponto de vista pessoal não se ganha nada com este tipo de coisas.
Há 20 anos atrás a retaliação feita sobre quem criticasse o regime, especialmente em certos sítios, era o ataque declarado a essa pessoa, prejudicando-a onde quer que fosse.
Actualmente o regime e as pessoas “instaladas” dentro dele, já não precisam de fazer retaliação. São “pós-retaliação”.
Apenas contam que o “criticador” acabe por sair do país (ou viva esquecido) e esperam uma ou duas dezenas de anos para – quando esperam – voltar a contactá-lo oferecendo-lhe uma cargo ou posição para “ajudar” a pátria mãe (isto é; a choldra…em que isto foi transformado).
Caso não esperem que o ” criticador ” saia e não volte, isso também é aquilo que desejam. É uma “Win/Win situation… Imagem: We Have Kaos in the garden, numa manipulação de imagem e de palavras irónicas e satíricas extremamente acertada.