- «Instado a comentar – enquanto ex-ministro da Justiça e da Administração Interna – a recente polémica em torno das escutas telefónicas, António Costa foi peremptório: “Sempre entendi que as escutas devem ser de tal forma excepcionais que não deve haver escutas fora de processo-crime”. “Tenho visto no PS e no PSD muitas pessoas entendendo que se devia rever a Constituição para habilitar os serviços de informação a realizar escutas telefónicas. A minha opinião pessoal sempre foi contrária e não mudei de opinião nos últimos três meses”, sublinhou.» (SIC)
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VIGILÂNCIA ELECTRÓNICA. Dados pessoais e privacidade.
Tipo de post: descrição da sistematização da perseguição e estigmatização a utilizadores de Internet. Demonstração de como o conceito de cidadania está a ser atacado de forma subterrânea pelos que o deveriam defender. De como a ordem jurídica e as forças estatais de aplicação da força organizada estão a ser desvirtuadas para não aplicarem força organizada a combater o crime, mas sim a desvirtuarem o conceito de crime e de perseguição ao mesmo, promovendo os interesses de empresas privadas. De como se transforma a sua actuação de geral e universal, para especifica e dirigida a grupos de cidadãos em inferioridade técnica e de conhecimentos, para se poderem defender, quer do Estado, quer de corporações provadas e dos seus interesses.
Como se faz: criando uma ( s ) ferramenta, perigosa, que dissemina (m) um tipo de programa perigoso para os computadores de qualquer pessoa: o Spyware. Com características especificas. Ou perseguindo utilizadores-criadores de Bittorrents. Ou oferecendo ” benesses ” de vigilância ao FBI. Ou alterando constituições. Ou instilando notícias que veiculam o medo.
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Para ” proteger os direitos de autor “, existe nos Estados Unidos uma sinistra organização. Chama-se MPAA. É a nova inquisição dos tempos modernos, com tiques fundamentalistas, profundamente anti democrática e invasiva. Info online de 26 de Novembro de 2007:
” SÃO PAULO – A MPAA criou uma ferramenta para universidades suspeita de atuar como spyware.
A polêmica começou no início de novembro, quando a MPAA (Motion Picture Association of America), entidade que representa os estúdios de Hollywood, disponibilizou uma ferramenta para monitorar redes em universidades.
A MPAA avalia que as bibliotecas de faculdades americanas são centros de intenso tráfego de arquivos protegidos, em função da boa qualidade de conexão nas universidades e do anonimato de quem utiliza as máquinas.
Para restringir o que considera pirataria, a MPAA desenvolveu um toolkit em código aberto para instalar nos PCs de universidades americanas. A MPAA entrou em contato com 25 universidades dos Estados Unidos oferecendo o kit.
A ferramenta, diz a MPAA, monitora a quantidade de dados trafegada na rede e em cada PC usando programas de torrent e conexões P2P.
Segundo a MPAA, o aplicativo gera relatórios que não identificam qual usuário baixou qual conteúdo, mas dá para a TI das universidades informações para que ela monitore se seus PCs estão usando torrent demais e, assim, identifiquem possíveis usos irregulares de suas redes.
Uma das universidades convidadas a aderir à ferramenta, a University of Pennsylvania, na Filadélfia, analisou o código e considerou o aplicativo perigoso.
Segundo os especialistas da Pennsylvania, existem códigos que permitiram identificar que tipo de conteúdo está sendo baixado em cada PC e, mais grave, documentar quais foram os sites e conteúdos visitados pelos usuários. A MPAA nega que deseje espionar estudantes.
Felipe Zmoginski, do Plantão INFO”
Clicando na ligação da ferramenta ( toolkit MPAA) dá erro e “file not found”. A ” ferramenta” ao que parece foi retirada, ou não aceite pelas Universidades.
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A invasão continua é o vírus chega ( chegou) à Europa. O governo alemão prevê conceber um projecto e gastar dinheiro para criar um spyware especial. Para que este, se possa introduzir nos computadores e detectar, via teclado dos mesmos, quais as frases e usos que os utilizadores mais fazem , quais os sites que mais acedem, o que fazem. Cito o Blog Quintus em 2 de Novembro de 2007:
” O “Spyware” alemão seria introduzido nestes computadores suspeitos através do envio de uma mensagem de correio electrónico com um anexo contendo o “Spyware” e parece ser muito idêntico na forma e nos objectivos ao já existente CIPAV do FBI…
… Este novo projecto é uma forma do governo de Merkel de contornar a decisão judicial de Fevereiro deste ano onde a Justiça alemã esclareceu que era ilegal a investigação à distãncia de um computador de um suspeito, mas agora… Que o Spyware se introduz e que passa a capturar dados localmente, formalmente já não existe uma “inspecção à distância”…
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Ainda na livre e democrática América da tarte de maça e do sonho americano, o FBI, criou um software chamado “Cipav”. No blog Quintus surge a situação descrita da seguinte maneira:
” … O Tribunal do Estado autorizou o FBI a usar esse tipo de software – geralmente usado por hackers, spammers e por cibercriminosos – já que “os utilizadores da Internet” não podiam esperar que certo tipo de dados sobre a sua presença na Internet pudessem permanecer anónimos”. O FBI terá enviado o “FBIware” para uma conta anónima na popular rede social MySpace, …”
O programa, descrito num tribunal de Washington por um agente do FBI descreve o produto como um “computer and internet address verifier” (CIPAV). Um artigo da Wired News (ver AQUI). As características do Spyware do FBI são confidenciais… Mas sabe-se que consegue recolher no computador infectado os seguintes dados:
- O endereço TCP/IP
- O MAC address de todas as placas de rede instaladas
- Uma lista dos portos abertos TCP e UDP
- Uma lista de todos os executáveis que estão a correr
- A versão do sistema operativo, assim como o seu número de série
- O Internet Browser e a sua versão
- O nome do utilizador logado e a sua empresa registada
- O último URL visitado
Todos estes dados são recolhidos pelo Spyware e enviados para um computador do FBI na Virginia.
O FBIware é perfeitamente legal (nos EUA) e está protegido por uma sentença do Tribunal de Apelos dos EUA segundo o qual este tipo de vigilância que não captura o conteúdo de comunicações pode ser usado sem mandato judicial, já que os utilizadores da Internet “não podem esperar razoavelmente manter secretos este tipo de dados”.
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Num passeio pela avenida da memória, já em 2001 tinham existido rumores ou mais que isso acerca da colaboração da Symantec – uma empresa que produz antivírus e produtos do mesmo estilo relativamente ao facto de, aparentemente ou supostamente, a Symantec ter produzido uma ferramenta que possibilitasse ( possibilitou … ) o FBI de ter acesso aos computadores pessoais que tivessem produtos da Symantec instalados. Tendo a ferramenta instalada a Symantec criaria uma programação que não a actualizaria (à ferramenta) de forma a “retirar ” essa ferramenta – esse Keylogger – deixando-o estar e parecendo fazer legitimamente parte dos programas ( instruções de programação) de antivírus. Cito uma fonte internacional:
“” Eric Chien, chief researcher at Symantec’s antivirus research lab, said
that provided a hypothetical keystroke logging tool was used only by the
FBI, then Symantec would avoid updating its antivirus tools to detect such
a Trojan. The security firm is yet to hear back from the FBI on its
enquiries about Magic Lantern but it already has a policy on the matter.
“If it was under the control of the FBI, with appropriate technical
safeguards in place to prevent possible misuse, and nobody else used it –
we wouldn’t detect it,” said Chien. “However we would detect modified
versions that might be used by hackers.””””
A Symantec negou sempre isto, mas não convenceu…
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Como o controlo sobre o que os utilizadores fazem não é suficiente ou pelo menos aparenta não ser suficiente, a justiça americana encarrega-se de “dar legitimidade” sob um outro ponto de vista. Um americano – com um sistema Linux – geria um site de bittorrents, que distribuiu uma cópia do filme Star Wars 3, foi condenado. A condenação obrigou-o a passar a usar Windows em vez de Linux. Noticia Info de Abril:
“”” SÃO PAULO – Administrador do site EliteTorrents só poderá usar micros com Windows, pois polícia irá monitorar suas atividades. Scott McCausland confessou que foi o responsável pela distribuição do filme “Star Wars III – A vingança dos Sith” dias antes da estréia do longa nos cinemas. Como punição, a polícia da Virgínia, nos Estados Unidos,
condenou McCausland a cinco meses de prisão e o uso obrigatório de um software de monitoramento online.
Ocorre que o tal software só tem versão para Windows, e McCausland não poderá usar
computadores sem a ferramenta da polícia instalada.
“O fato de ser monitorado não é o que me incomoda, o maior problema é que terei que reestruturar minha vida com um sistema operacional diferente e com programas diferentes, e isso vai me forçar a comprar programas”, disse o americano ao portal
TorrentFreak.
“Estou desempregado e ninguém vai querer me empregar depois de eu ter ficado com a ficha suja”, concluiu o condenado.”””
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O que é que usar um sistema operativo diferente tem a ver directamente com a condenação por transmitir uma cópia de uma filme? Qual é a proporcionalidade da pena -a que é que corresponde uma coisa à outra? Nada, mas ajustiça americana é constituida por bons cidadãos americanos que protegem o produto que é deles, isto é o sistema
operativo Windows. Mesmo que tal seja feito com a capa da “legitimidade da rule of law”.
Não só a privacidade está a começar a ser ameaçada, como começam a ser ameaçados os direitos de se usar o software que se queira usar. As pessoas ao que parece, concordam com isto. Como se pode ver através dos mapas da “Privacy International”, que podem ser encontrados AQUI .
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Na página onde se encontram estes mapas podemos ver uma classificação por países, onde o cantinho ridículo que dá pelo nome de Portugal aparece sempre a amarelo …… Em baixo através do post a seguir, percebe-se porquê …
No caminho tortuoso que decorre deste post, chegamos a 04 de Novembro de 2007, onde no Blog Esquerda Republicana:
PRIVACIDADE E NEGAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO: chips em automóveis.
Tipo: post sobre uma notícia, que passou relativamente despercebida, relativamente a uma intenção por parte do governo, em inserir chips em matriculas de automóveis.
Notícia de 25 – 08 – 2007.
O avanço para uma sociedade totalitária continua. Não deixa de ser irónico que seja um partido político que se auto denomina como sendo de “esquerda” a promovê-la. A adopção de chips; está a ser ponderada para as matrículas de forma a que cada automobilista tenha um identificador válido associado à sua matrícula sempre que passe por uma portagem, real ou virtual, ficando essa passagem registada. Tal medida é apresentada, para melhor ser
“vendida” , como “permitindo” resolver vários problemas, de entre os quais:
- Maior facilidade de controlo de um carro em excesso de velocidade;
- Contagem de tráfego nas SCUT`s;
- Acesso à Via Verde facilitado.
O Governo, na sua sábia sapiência, considera isto como uma boa alternativa para estradas onde não é permitida a instalação de portagens fixas. Passando a ser o pagamento feito da mesma forma como é efectuada pela Via Verde, através de pacotes de viagens pré-comprados ou através de pagamento posterior após compra desses mesmos pacotes ou passagem pelas estradas.
Lamentavelmente, na sociedade de tolos que temos as pessoas só vêm as vantagens disto e nunca as desvantagens. Normalmente são “tecnólogos”( o equivalente na área da tecnologia, aos sociólogos na área das “artes mais sociais – humanistas … ) os primeiros a entrarem na arena da persuasão e convencimento das pessoas de que isto é algo de maravilhoso.
Como o brilho da tecnologia ofusca as cabeças, e o cinzento metalizado dos computadores alvo de tuning aumenta a erecção dos “tecnólogos” à submissão aos gadjets electrónicos é / constitui o equivalente à submissão do sado masoquista ao chicote. Daí à necessidade de transportarem para o restante da sociedade aquilo que é para os tecnólogos um prazer, mas para o resto pode não o ser, dista só um pequeno passo.
Pequeno, mas de tendência totalitária.
Esta submissão aos gadjets electrónicos é porreira, mas implica que não se pense nela. Isso é bom para quem quer controlar; que existam imensos à solta a divagarem sobre as vantagens da tecnologia , mas não falem das desvantagens. Como tal, não se observa como isto, esta medida, é apenas mais uma forma semi disfarçada de controlar pessoas e empresas.
De como isto configura um principio de Estado totalitário disfarçado de suposta vantagem tecnológica para todos os cidadãos. O argumento principal é o seguinte: ” O governo” diz que.
Logo, faz-se o que o governo diz que.
Como este é o argumento da inevitabilidade, da preparação para algo inevitável, este argumento, por si só, não é suficientemente poderoso. Há que vende-lo e marketizá-lo depois.
Então num sol resplandecente, surgem dois argumentos de venda: ( 1 ) a “maior facilidade” e ( 2 ) “apanhar os malandros que andam em excesso de velocidade”.
Porque o governo diz que.
Questionar criticamente a tecnologia e os efeitos sociais e democráticos que ela traz; ponderar o bem e o mal que ela traz, não acontece em Portugal. É mais giro ( porreiro, pá) fazer aquilo que em inglês se designa por “tinkering”- brincar com ela como se fosse – sempre – uma coisa inofensiva.
««« Relativamente à privacidade dos cidadãos;
««« ao facto disto ser um claro abuso;
««« de ser uma clara tentativa de controlo político e social e de condicionamento dos cidadãos, precisamente porque passa a ser possível determinar em bases de dados mais trabalhadas onde está o carro do cidadão, isto é, o cidadão, e onde foi ou não foi,na sua vida privada/profissional; nada disso sugere criticas ao pessoal da tecnologia.
««« O conceito democrático de “liberdade de movimentos”é fortemente atacado. Conceito esse que serviu para legitimar por exemplo, a guerra ideológica- política contra o comunismo na URSS, e satélites – onde ele não existia, mas que – agora – já não é questionado; antes abandonado desta forma suave e despercebida.
««« O espaço público, como local de convívio dos cidadãos é também atacado. Deixa de ser possível estar “anónimo na multidão”.
Mas, para os tecnólogos, o aparelhozinho tecnológico chamado chip será mais uma técnica nova e excitante com a qual se pode brincar conceptualmente e pessoalmente. E que as leis que virão a ser hipoteticamente aprovadas; de suposto controlo desta informação; dos perigos desta informação estar à solta, que façam o resto – os políticos que façam o resto.
Sugiro para “irmos na onda” que o governo implante chips no membro sexual dos meninos logo à nascença.
Anos mais tarde poderá fazer-se com eficácia a contagem de esperma. Ou o número de “relacionamentos sexuais indevidos ” praticados. Até se poderão vir a fazer estatísticas.
Ou ” para prevenir a promiscuidade” e assim “agradar” à Igreja católica.
Já agora.
Isto é preocupante tendo em conta que temos um governo que já pode vigiar pessoas, sem recurso a mandato passados pelo juiz,vigiar e barrar telecomunicações, e bloquear emissão de rádio ou outras telecomunicações apenas porque sim. O pretexto invocado é o terrorismo. (É o terrorismo, como podia ser um pacote de yogurts ou a gripe das aves. Interessa é inventar uma treta qualquer.)
Acresce a isto que as mensagens de email e telefone dos portugueses – de todos os portugueses – vão ser guardadas durante um ano. Se é que existe realmente qualquer fundamentação exactamente concreta para isto. A conversa do costume para fundamentar estas coisas é a do terrorismo. É claro que é comum e sabido que 11 milhões de portugueses são, de facto terroristas, especialmente aqueles que não gostam do governo e nele não votam. Qualquer governo tem esta ideia, seja qual for a sua cor política.
Podemos notar – se não estivermos distraídos – que é tão interessante, por exemplo, saber-se, da parte de um membro de um governo que o queira saber, que um cidadão disse ao telefone, ou escreveu num email que não vota neste governo? E supondo que esse cidadão, está nesse momento histórico em que afirmou que não gosta do governo, a negociar contratos com o Estado ou com empresas privadas a ele ligadas?
Ninguém vê o perigo disto? Ninguém acha isto estranho? Ninguém acha que não irá existir “contágio” relativamente a esta forma de proceder, contágio esse aplicável aos mais insignificantes actos da nossa vida?
Portanto, parece que está em preparação o programa totalitário 2.0 chamado ” vamos ter chips nos nossos carros para velarem pela nossa segurança”.
Que bom. Sinto-me tão feliz.
Só existe um problema.
De facto sinto-me menos seguro com todos estes controlos e não mais seguro. Deve ser um defeito exclusivo meu, concerteza…
Mas, no fundo, não há problema. Os tipos das tecnologias – essas aves de arribação que são os tecnólogos até nos fazemos o favor de assegurar que tecnicamente isto são só vantagens.
Esquecem-se – lamentavelmente – de dizer quais as desvantagens.
Esquecem-se – lamentavelmente – de informar o que irá ser feito de toda esta informação e de onde irá parar toda esta informação.
Que será inevitavelmente cruzada e comparada e analisada. Depois, quando um cidadão quiser reagir contra o Estado ou contra privados ligados ao Estado, seguindo a lógica do exemplo hipotético citado mais acima, o cidadão já está pré condicionado para fazer isso. Porque, informação pessoal e profissional desse mesmo cidadão, que deveria ser privada, está, afinal, semi pública ou totalmente pública, ou em poder de pessoas ou instituições com as quais esse cidadão tem (ou pode vir a ter) um conflito.
Nota final: Para identificarem os judeus que deveriam ser identificados precisamente porque eram judeus, os nazis, obrigaram-nos a usar uma estrela amarela de pano cosida ao fato, sempre que saiam de casa.
Era o chip tecnológico à época e os fatos eram os carros.
O pretexto: o combate ao terrorismo e aos sabotadores da grande pátria alemã, que buscava o seu “Lebensraum”- o seu espaço vital, começando a usar, militarmente, no dia 1 de Setembro de 1939 bombardeiros Stuka, sobre as cidades da Polónia, para o obter.
Também era um regime fundado na crença absoluta na tecnologia.
LEI DE SEGURANÇA INTERNA
Tipo: post recuperado e reescrito datado de 25 de Setembro de 2007
Fonte original: notícia Diário de noticias.
Sobre: vigilância electrónica patrocinada por um suposto governo de esquerda.
A criação: de um ordenamento jurídico que vai contra os interesses dos cidadãos, dando mais um pequeno corte na liberdade e na democracia.
O pretexto: a luta contra o terrorismo. O terrorismo é um senhor que tem as costas muito largas.
Estas costas terroristas são quase tão grandes como invocar o perigo do PCP.
A outra grande mistificação com que nos andam a enganar há pelo menos duas dezenas de
anos para justificar coisas injustificáveis, incompetências várias, um incapacidade completa de ser capaz de governar sem fazer asneiras em série e nepotismos vários.
Como se vai fazer: parece que vai sair uma “nova reforma”. Chamada “Lei de segurança interna” . Já me sinto mais inseguro, para ser sincero…
Prevêem-se várias coisas. Sem ter que dar conhecimento prévio a um juiz ou magistrado do ministério público a PJ, GNR E PSP poderão:
- vigiar pessoas com recurso a câmaras de vigilância;
- barrar telecomunicações;
- Bloquear emissões de rádios ou telecomunicações.
Na noticia do DN que eu cito a mistificação que dela emana é, além disso, total na forma como a noticia é dada. Desde logo o “DN teve acesso”. Tradução: deram uma cópia desta borrada totalitária ao DN.
Também se afirma que o barramento de telecomunicações pode ser essencial no combate ao terrorismo. Esta ganha o prémio de estupidez mor. Acima de tudo é fazer de todos nós estúpidos ao pretender convencer-nos que os terroristas alegremente e descontraidamente, telefonam uns aos outros às claras e sem disfarçarem que são terroristas.
- Não, o objectivo é outro, por exemplo, e visa, quando for necessário, barrar comunicações a certas pessoas ou empresas para favorecer outras pessoas ou empresas.
- Ou para conhecer certos pormenores da vida privada de certas pessoas com as quais, depois, se possa persuadir a aceitarem fazer uma coisa em detrimento de outra coisa. Acresce-se a isto, que os emails e telefonemas irão ser gravados durante um ano, como já se ouviu repetidas vezes. Se irão todos serem gravados e durante um ano guardados; para que é que é necessário “barrar serviços”?
- Parece … que é para … impedir detonação de explosivos … é a singela observação …
Se se está a escutar e a analisar actividades “terroristas” e ” os próprios terroristas” em Portugal, em principio sabe-se da localização dos mesmos, logo não é necessário barrar-lhes as comunicações.
Parece ser mais simples ir ao sitio onde estão e prende-los.
Aqui entramos, seguindo a noticia do DN, no futurismo e na ficção cientifica inventiva e construtiva.
Paralelamente goza-se descaradamente com a inteligência da pessoas: Será porque ” os terroristas” irão usar telefones ( o meio de ataque … ) para accionar engenhos explosivos.
Excelente filme este. Tom Cruise e Matt Damon ponham os olhos nisto…
Como todos sabem, os terroristas que enviaram dois aviões contra as torres gémeas
usaram este método: accionaram os aviões por telefone.
Os que mandaram um barco carregado de explosivos contra o Destroyer U.S.S.COLE no Golfo pérsico nos anos 90 também … ( estou a ser irónico claro…)
Outra possibilidade mais perigosa desta “Lei de segurança interna” é a capacidade de, na nova lei, as forças de polícia poderem instalar microfones e aparelhos de escuta sem terem autorização judicial para tal.
Apenas porque tiveram um percepção extra sensorial. Em qualquer sitio, em qualquer lado em que achem que devam instalar apenas porque acham que devem instalar. Porque sim.
Assim de repente, vem-me à ideia a casa do sr José Manuel, democrata e opositor político do governo, mas que poderá ser – convenientemente – classificado como “potencial terrorista”; para efeitos de legitimação a que lhe ponham escutas em casa ou nos sítios onde se move.
Grandes democratas de esquerda; este PS.
Para daqui a uns tempos teremos, pelo andar da carruagem, uma nova lei de segurança: quem não for militante do PS será considerado terrorista. Motivo: o combate ao terrorismo.
DADOS PESSOAIS E PRIVACIDADE
Ligação do artigo de opinião do DN e transcrição integral do artigo de Baptista Bastos no dia 19 de Dezembro de 2007
A instrução do medo
Os portugueses estão a ser espreitados por todos os sítios, lugares e ângulos, e esta estrutura muito moderna, eficaz e internacional de “segurança” parece torná-los extremamente felizes e, até, levemente excitados. O olho electrónico quase se tornou numa expressão artística: possui todos os moldes, formas, cores e tamanhos. Nos bancos, nos elevadores, nos hospitais, nos bairros mais elegantes, nos corredores dos hotéis, nas repartições, nos Correios, à esquina, no cairel dos edifícios, nas auto-estradas e nas ruas, de dia e à noite, com aviso e sem aviso – lá está ele. Quem sabe se a vigília incide sobre os amores clandestinos, como no belíssimo poema de Daniel Filipe? Asseguram-me que, em breve, estará nos cemitérios. Não por causa dos habitantes; sim para dissuadir quem ouse profanar o pétreo sono dos mortos.
O olho incisivo, inclemente, gélido, implacável, informa, não se sabe bem a quem, daquilo que, modestamente, estamos a fazer. As nossas minudências quotidianas: contemplar os movimentos do andar de certas mulheres, observar os livros expostos em montras, recalcitrar contra a vida infame, são decifradas como sujeito de intriga e apreensão públicas. E “ninguém sabe quantas câmaras nos andam a filmar todos os dias”, diz o Expresso num bem organizado texto de Filipe Santos Costa.
José Magalhães tranquiliza-nos: “Isto não é o advento do Robocop.” O sossego das almas dura pouco. O secretário de Estado adverte: “Estamos a caminho de uma sociedade onde a videovigilância é utilizada por cada vez mais entidades.” Está aqui muito bem fixado o que nos espera. O lirismo das ruas, a épica das noites molhadas em balcões de bares, a frenética agitação triangular entre o Bairro Alto, 24 de Julho e Docas deixam, ou já deixaram, de ser o poema que se procura para se transformar numa perpétua homenagem ao império da desconfiança.
A sociedade, num futuro muito próximo, reduzirá o seu já limitado espaço de liberdade a uma instância insistentemente policiada. Não haverá sociedade como intervenção cultural, relação com o contrário, subdivisão de grupos de interesses, coexistência de sinalizações alternativas. Ser continuamente vigiado liquida o fundamento das instituições democráticas, o qual oscila entre o tratamento igualitário e o tratamento diferenciado. Impossível escapar ao reconhecimento de que caminhamos para uma nova e diferente ditadura, dissimulada em leis de “segurança”, de “ordem” e de “autoridade”. Não há lugar para o exercício das “referências”, porque se deixou de admitir a alteridade. Uma das características sociais reside no direito do indivíduo a não ser “massa”, e a recusar a rigidez identitária que a vigilância (pelo medo que lhe subjaz) sugere, impõe e inculca.
Não sorria. Está a ser filmado.|