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Archive for Março 2009

CALL CENTERS IRÃO CONTACTAR PESSOAS ATÉ àS 22 HORAS

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O nosso magnânimo governo pensa em nós.

Alvissaras, senhor.

Decidiu inserir na sociedade portuguesa novos horários de atendimento feitos a partir de Call Centers.

Notícia jornal Público de 11 – 03 – 2009

call-centers-contactam-ate-as-22-horas

Chamou-lhes “novos limites à venda de serviços e produtos” (o argumento de venda é apresentado desta forma invertida) e decidiu – sempre a pensar no nosso bem – que os contactos apenas poderão ser feitos entre as 9 horas da manhã e as 22 horas da noite.

Parece que antes, existiam abusos e condutas impróprias.

Como tal legaliza-se o abuso e a conduta imprópria.

Eu, e a generalidade da população como eu, que não desejo ser contactado por Call centers, a hora nenhuma, sou assim prejudicado (e outras pessoas), porque uma lei feita para agradar aos interesses comerciais de empresas, passa a permitir-lhes que me chateiem a cabeça durante todo o dia e uma parte da noite.

E ainda se diz que isto são limites…

E ainda existem pérolas e fantásticas promoções que nos são dadas; senão veja-se:

“…Outro aspecto relevante para o consumidor é a proibição do consumidor esperar mais de 60 segundos após o atendimento da chamada e antes de chegar a um operador, uma vez que a partir desse momento é o consumidor que está a pagar a chamada.”

De facto isto é extremamente vantajoso.

Não desejando eu, logo desde o inicio, ser contactado pelo call center, sou agora obrigado a aturá-los desta maneira “legal” que é descrita acima. Que passou a  ser legalizada.

No artigo Publicidade – Lista Robinson, que eu publiquei há uns tempos era explicado que existe a possibilidade legal de uma pessoa se colocar numa lista de exclusão – declara que não quer ser contactada por marcas e serviços.

O nosso piramidal governo não obriga as empresas a aderirem todas a esta entidade que gere a lista – a Associação Portuguesa de marketing directo, nem obriga a que exista divulgação da existência da lista de exclusão.

Para que depois as pessoas possam LIVREMENTE optar estar excluídas de contactos ou não estarem excluídas de contactos.

Não. Mas claro que não.

É melhor uma situação em que quase ninguém sabe que a lista de exclusão/ lista Robinson existe.

Vem apenas “cozinhar” uma técnica própria de chicos espertos para legalizar os contactos telefónicos a pessoas que não os querem ter que aturar, pretendendo com isso fazer crer que está a proteger os consumidores e os cidadãos, estabelecendo “regras”.

Dar a hipótese de os cidadãos escolherem não ser contactados (isto é, serem informados disso, dessa opção) não aparece nesta nova legislação…

Devemos desconfiar de um governo – seja de que partido for – que acha que nós não devemos saber…

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31/03/2009 at 16:48

O CULTO DO ABUSO DE PODER EM PORTUGAL

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No dia 29 de Março de 2009, no blog Agua lisa 6, o autor, João Tunes, inseriu este post:

agua-lisa-6-abuso-de-poder

(1) concordo inteiramente com o conteúdo deste post do Agua Lisa 6.

(2) Concordo inteiramente com a expressão, contida na frase ” banalização do abuso de poder”.

Ø

No artigo “Exposição Darwin – Gulbenkian  13 de Fevereiro de 2009” já eu próprio tinha escrito o seguinte:

“…E como sempre em Portugal uma exposição que deveria começar a ser inaugurada às 7 horas da tarde começou perto das nove da noite.

Antes, pelas 4 horas da tarde, começou a existir um “beberete” , um lanche cocktail, um “get together” para que a fauna pseudo cultural pudesse aceder os faustos do império decadente.

Depois veio o rei mor deste espectáculo chacina.

O senhor Aníbal Cavaco silva, uma pessoa que de cultura nada tem, próximo da Opus dei, a organização anti Darwin por excelência, que conseguiu ocupar numa visita privada a exposição, conseguiu ocupar, escrevia, quase uma hora.

E o que era para começar à 7 da noite deu para eu percebesse, o porquê de não ter começado, quando sai do local as 8.15 da noite e vi a “comitiva a sair“. Iria começar quase perto das 9 da noite.

1500 pessoas aglomeravam-se como se fossem saldos, uma qualquer black friday do corte inglês, para entrar numa porta pequenina, à vez, para irem ver a exposição, que era vista em 5, talvez 10 minutos e saiam para  a rua por uma outra porta da Gulbenkian.

E quando eram 9 e 5 minutos da noite perante o vislumbre de 200, talvez 300 pessoas ainda em espera para entrarem para a exposição, uma das pessoas que mais destoava daquele ambiente (isto é, eu) saiu nos seus ténis cinzentos  e de casaco verde camuflado, para a rua, para ir apanhar o autocarro mais mais próximo (que horror, que proletário…) e ir para casa.

É verdade. Não vi exposição nenhuma e estive à espera dela…quase duas horas inteiras.”

Ø

ANÚNCIO DA ANTENA 1

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Transcrição integral de um artigo de Eduardo da Cintra Torres no Jornal de negócios, 26 de Março de 2009, analisando e criticando o anúncio da Antena Um, em que um automobilista “fala” com a directora da Antena Um, Eduarda Maio, onde esta diz que as greves são contra o automobilista (cidadão) e contra o governo.
É uma amostra do estado onde isto está a chegar.
O artigo de Eduardo Cintra Torres diz tudo e termina com a expressão “… É uma lição sobre o ponto a que pode chegar, numa democracia, a propaganda e a “engenharia das almas” do tipo fascista.”

Os sublinhados a negrito são meus.
Ø

O anúncio da RTP à principal rádio do Estado, a Antena 1, tinha uma mensagem claramente política, sendo absolutamente evidente o seu ponto de partida contra manifestações antigoverno.
O anúncio da RTP à principal rádio do Estado, a Antena 1, tinha uma mensagem claramente política, sendo absolutamente evidente o seu ponto de partida contra manifestações antigoverno. Está tudo tão errado neste caso que é difícil resumir todos os erros. O horror começa na agência publicitária BBDO.Para criar um anúncio de promoção da rádio de “proximidade”, inventou um diálogo entre um imaginário ouvinte, o “Rui”, com uma nada imaginária Eduarda (Maio), subdirectora de Informação da Antena 1 e uma das principais vozes desta estação do Estado na qualidade de “jornalista”.
O anúncio é político.
O “Rui” está no carro, no meio do trânsito; Maio diz que a emissão passará dentro em pouco para o debate da tarde no parlamento.

A cena passa-se às 11h23, o que torna o anúncio errado em termos da sua própria realidade (não tem havido manifestações de manhã). Maio dirige-se ao “Rui” dizendo-lhe para não seguir por certa rua, cortada por causa duma manifestação.

O “Rui” não sabia. Subentenda-se: ele é o cidadão que não liga a “politiquices”, só quer ir trabalhar (enfim, às 11 e meia da manhã), é para quem o governo trabalha, enquanto a manifestação está “contra” o Rui, contra quem trabalha. O “Rui” pergunta: “E desta vez é contra quê?” Nota-se no texto um a priori contrário a manifestações de oposição ao poder instalado, pois não sendo obrigatório que as manifestações sejam “contra”, o texto posto na boca do “Rui” e de Maio aponta para aí.Isto é, autores e intérpretes assumem uma posição contra as manifestações e, por arrasto, a favor do governo, o alvo das manifestações “contra”. Mais grave é a resposta de Maio: “pelos vistos é contra si”. Acrescentando depois: “contra quem quer chegar a horas”. Isto é, a jornalista Eduarda Maio, subdirectora de Informação da Antena 1, declara que manifestações contra o governo são contra os cidadãos. O texto em off também é incrível, dado que, depois deste diálogo opinativo, fala dele como indicador de que a Antena 1 dá a “actualidade” informativa.
A gravidade deste anúncio é enorme, residindo em especial no facto de o anunciante ser uma estação pública, paga pelos contribuintes e dependendo do governo. O anúncio é não só anticonstitucional no seu teor contra as manifestações, como disseram os provedores da rádio e TV da RTP, como, pior ainda, é a favor do governo.
O anúncio é protagonizado por uma jornalista que é, para cúmulo, uma das responsáveis da estação. É gravíssimo que Eduarda Maio tenha dado voz a este anúncio, aceitando o seu teor. A sua desculpa posterior (limitou-se “à leitura em estúdio de alguns textos”!) é vergonhosa.

O anúncio é eticamente inaceitável para qualquer jornalista e, em especial, duma estação pública. O reclame foi visto e aprovado pelos responsáveis da rádio e da TV, ninguém levantou qualquer problema ao conteúdo do anúncio, pelo contrário, todos aprovaram um anúncio claramente político, contra manifestações e de tom favorável ao governo.

É inacreditável e inaceitável o comportamento da BBDO, de Eduarda Maio, da direcção de Informação, da direcção de Programas da RDP, da RTP no conjunto. Marina Ramos, ex-jornalista e agora porta-voz da RTP, limitou-se a dizer que o anúncio promovia um género de programas e que foi aprovado. Parece que estamos numa ditadura, em que as pessoas fingem que não pensam, engolem, e apresentam-se como não responsáveis pelos seus actos.

Só depois de os provedores, Paquete de Oliveira e Adelino Gomes, proferirem um comentário devastador para o anúncio, a Administração da RTP o mandou retirar de antena.
Segundo li, Eduarda Maio ainda veio acusar o Público de “manipulação” (!) por ter ilustrado uma notícia sobre o caso com uma foto do lançamento do seu livro panegírico de inesquecível título, “O Menino de Ouro do PS”.Como se fosse possível dissociar a Eduarda Maio que é responsável numa estação do Estado (e do Governo) da Eduarda Maio que faz um anúncio contra os adversários do governo e da Eduarda Maio que fez um livro de pura propaganda do chefe do governo.O mais grave de tudo? Isto ter sido possível num regime democrático e ter como protagonistas jornalistas, ex-jornalistas, publicitários que deveriam ser cuidadosos e dirigentes empresariais que costumam ter cuidado com as matérias políticas.

E foi possível devido ao ambiente de sufoco das liberdades, de acção continuada e extensíssima de uma central de propaganda do governo, e à cumplicidade, anestesia, medo ou complacência da classe jornalística nos media dos Estado.

Só após quatro anos de um governo inimigo da imprensa livre e fautor da mais massiva propaganda do pós 25 de Abril, um anúncio destes pôde chegar à TV do Estado. Uma coisa assim não acontecia desde 1975.

É uma lição sobre o ponto a que pode chegar, numa democracia, a propaganda e a “engenharia das almas” do tipo fascista.

ESPANHA, PORTUGAL E O TGV

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No dia 24 de Setembro de 2008 inseri um artigo chamado “satélite espanhol vigia a costa portuguesa” onde era mostrada e comentada uma notícia do Diário de notícias segundo a qual Madrid estaria a montar um serviço de vigilância da costa portuguesa, com um comando central nas ilhas canárias e um comando secundário em Lisboa.

O governo português, poltrão e alheado de quaisquer valores pelo quais se deva reger, neste tipo de assuntos, assim como noutros, não comentou a questão na altura.

No artigo anteriormente mencionado mencionei vários exemplos de como o governo português (o Estado português) recusa ceder soberania (tropas portuguesas em missões internacionais, juntas com tropas italianas, por exemplo, mas não espanholas) e se comporta geralmente.

No entanto algo está a mudar e são ténues os sinais mas existem. O embaixador espanhol em Portugal fala como se fosse um regente nomeado. Notícia Diário de notícias de 22 de Janeiro de 2009.

espanha-ameaca-estrategica-tgv

Alguns excertos:

vamos relançar ou acelerar os investimentos públicos em infra-estruturas, investimentos que são estratégicos: a ligação de alta velocidade ou do TGV entre Madrid e Lisboa, Porto e Vigo, para 2013 e 2015, no caso de Lisboa-Porto, e depois a ligação Aveiro-Salamanca e Sevilha-Huelva-Faro”.

Define a política naval de Espanha e de Portugal:

“O porto natural de Espanha devia ser Lisboa e não Valência.”

Define a política de transportes e de energia  portuguesa:

Vamos duplicar a interconexão eléctrica e vamos relançar o MIBEL. Neste momento Portugal está a comprar 20% da electricidade em Espanha.”

E explica que se para Espanha o TGV é sinónimo de coesão e territorialidade, com uma ligação do TGV feita e em funcionamento, essa coesão e territorialidade seria feita entre “Espanha e Portugal…

“Para muitos espanhóis, o TGV é sinónimo de coesão territorial e de prosperidade. Neste momento temos 13 cidades ligadas pelo TGV. Todas as capitais de província espanholas querem o TGV. É uma mudança histórica.”

Já quando se fala de regionalização em Portugal, o embaixador retira-se do assunto dizendo que:

José Sócrates apresentou há dias a sua moção ao congresso do PS onde defende um referendo à regionalização. O que pensa da ideia, dada a experiência da Espanha como estado de autonomias?

Esta é uma decisão que compete aos portugueses.”

Percebe-se porquê.

Se se quer “juntar ” Espanha a Portugal não interessa que Portugal se divida em regiões, aumentando a confusão e a dificuldade do processo político de “anexação” económica-pacifica de Portugal – Espanha.

Nota: se o TGV é tão bom, segundo nos diz o embaixador espanhol, porque é que Madrid não recebe os fundos europeus para o construir, faz isso efectivamente, e depois fica a gerir a linha e o serviço?

Se calhar, mas só se calhar, é porque é bom o TGV, mas para Espanha e desde que exista linha até Portugal, mas que a linha portuguesa seja paga por Portugal, mas servindo estrategicamente Espanha.

Até por este simples pormenor se verifica que o TGV não interessa.

Written by dissidentex

29/03/2009 at 15:41

OS ECONOMISTAS DO REGIME CONTINUAM A CONDICIONAR AS PESSOAS

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No dia 17 de Março de 2009, saiu uma notícia curiosa no Jornal de negócios, mas também na generalidade da imprensa derivada de uma entrevista feita a um dos economistas do regime, visando condicionar a população – destruir a classe média, a quem esta mensagem se destina – inteirinha.

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Estas “ideias” expressas na entrevista do economista do regime; um mero avençado de outros interesses – que os salários dos portugueses terão que diminuir a “bem ou a mal” – encaixa numa (1) estratégia de destruição da capacidade de defesa económica e de (2) condicionamento da vida em sociedade para a quase totalidade da população portuguesa.

Esta estratégia, que será usada constantemente pela e na comunicação social “normal”  será a de persuadir os portugueses que deverão aceitar ser todos (menos uma minoria especialmente seleccionada) extremamente pobres(em todos os aspectos).

E como tal, daí derivam menos direitos políticos e sociais. Menos autonomia cívica e política.

Esta estratégia visa criar uma sociedade completamente assente no medo como forma de relacionamento das pessoas entre si – mesmo dentro da sua esfera familiar.

Algumas entidades na sociedade portuguesa posicionam-se dentro dessa mesma sociedade com uma atitude “hostil”, para com o resto da população.

Vêem a quase generalidade da população como sendo “sua propriedade”; um rebanho pelo qual tem e nutrem o maior dos desprezos, e ou apoiam directamente o discurso dos economistas do regime, ou estão por detrás desse mesmo discurso.

Estas noticias são apenas a consequência de a maior parte das pessoas nem sequer perceber o conceito de “atitude hostil” que estas entidades demonstram na forma como se posicionam dentro da sociedade portuguesa.

E o posicionamento não significa movimento. Por vezes quando estão quietos e parados, estão também a subverter, tal qual como quando fazem movimentações.

A ESCOLHA DO PROVEDOR DE JUSTIÇA

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O blog “Activismo de sofá” decidiu fazer um post sobre as estranhas actividades circenses, florais e silvestres relacionadas com a escolha dessa figura inútil que é o Provedor de Justiça – um ornamento democrático ineficaz e inútil, despesista e gastador que nos faz fingir perante olhos de terceiros que até somos uma “República normal”…cheia de preocupações pelos direitos dos cidadãos quando contactam com a “administração”…

E fez o post que mostro a seguir chamado “E Mota Amaral para Provedor de justiça?”

(O cargo em questão está à espera de ser ocupado há oito meses; o senhor que ainda é Provedor fez o favor de estar à espera que os madraços parlamentares resolvessem o assunto)

activismo-de-sofa-mota-amaral-para-provedor

Ø

Jorge Miranda, o nome que o PS avançou para ser Provedor ou que lança para o ser é constitucionalista, membro do PSD.

O PSD não aceitou este nome.

Ø

Agora ao que parece, já está a zunir outro nome com outro som, o de Mota Amaral para Provedor de Justiça.

Mota Amaral é deputado, foi chefe dos Açores, e é do PSD.

Ø

Agora reorientemos este post para o cinema e avancemos numa estranha e maravilhosa viagem ao filme de ficção cientifica e terror que dá pelo nome de “PREDATOR”.

Paul Anderson, o realizador quis que fosse feita uma capa “especial” para o filme.

Nessa capa existia uma expressão de promoção do filme que dizia” whoever wins, we lose”, pondo os dois monstros a olhar um para o outro com ar feroz.

Tradução: “Ganhe quem ganhar, nós perdemos”.

Consta que Anderson estava, metaforicamente, a referir-se à campanha eleitoral de 2004, nos EUA,entre George Bush e Jonh Kerry.

Ø

Jorge Miranda é membro da sociedade secreta Opus Dei.

Mota Amaral é membro da sociedade secreta Opus Dei.

Ø

Ganhe quem ganhar, nós perdemos.

Written by dissidentex

26/03/2009 at 0:41

O FUTURO À ESQUERDA

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O partido socialista continua a cuspir para a frente e para o ar, esperando não apanhar com o cuspo que atirou.

O exemplo vem dum “texto” ?!?! completamente absurdo publicado no jornal de propaganda própria “Acção socialista” e republicado no blog PS do Lumiar – um blog neutral…

Ideologicamente o PS é um partido completamente falido, sem ideias, sem ideais, um catavento  político completo onde se muda de opinião consoante a loja ou hipermercado ideológico onde se encontrou a mais recente opinião à venda.

Só existem duas coisas consistentes no programa político do PS

(1) Chegar ao poder e manter-se lá o mais tempo que for possível;

(2) Dar graças a Deus por não serem do partido comunista.

Adicionalmente quando alguém os critica por terem este programa político imediatamente se desencadeia a técnica da “divida de gratidão” que consiste no facto de todos nós, portugueses, devermos estar eternamente agradecidos pelo facto do PS ter ajudado a fazer o alarido inconsequente de 1974 e de em 1975/76 ter existido uma manifestação na Fonte Luminosa que originou o fim político do PCP.

Como tal, de cada vez que alguém comete actos de corrupção ou toma medidas evidentemente erradas e é o PS a estar no governo é-nos nessa altura (assim como em outras…) pedido que fechemos os olhos, porque nós devemos estar eternamente agradecidos …

Já dei para este peditório.

O PS também pratica a técnica do engano próprio, isto é, falar para os apaniguados.vendendo os “amanhãs que cantam”  Os fieis adeptos que nunca contestarão nada que se diga acerca do seu “querido partido”.

Para isso era necessário que pensassem pela sua própria cabeça…

Ø

A técnica usada para o fazer é a mesma que os membros do partido comunista usam.

O discurso, retirados os componentes próprios inerentes a cada partido, tem a mesma tipologia do partido comunista.

É o manifesto destino do PS: evoluir para ser um partido comunista “moderno” com a diferença que se chamam PS e que dizem falar em nome da esquerda democrática,embora ao mesmo tempo pratiquem neoliberalismo económico quando governam…

Confusos? Eles também…

Ø

O texto que vou citar abaixo e que é uma pérola de lugares comuns, de discurso redondo, e ultrapassado, de discurso messiânico semelhante aos discursos dos partidos e lideres de esquerda há 90 anos atrás, onde a expressão “amanhãs que cantam” era usada, aqui a expressão “amanhãs que cantam” é substituída por “a resposta está na esquerda” e a esquerda somos nós.

Atente-se numa parte:

“…É óbvio que o futuro está na esquerda, ou seja, no socialismo democrático. Mais precisamente, entre nós no PS….”

Presunção e caldos de galinha cada um toma a que quer, mas a esta altura do campeonato ainda estão aqui……penso que demonstra bem o sarcófago ideológico a cheirar a bafio e a inconsequência política que daqui emana… (tradução: não vêem um boi do que se está a passar; estão completamente ultrapassados pelos acontecimentos…mas julgam que estão na vanguarda…)

Texto em baixo.

Ø

A resposta está na esquerda

É óbvio que o futuro está na esquerda, ou seja, no socialismo democrático. Mais precisamente, entre nós no PS.
O comunismo e o neoliberalismo são o verso e o reverso da mesma concepção.
Fundamentam-se na visão materialista do ser humano. O comunismo, ao negar a liberdade individual exacerbou a economia e o neoliberalismo fez o contrário, com os mesmos resultados. Ambos com a mesma lógica.
No comunismo, negando-se o mercado e planificando-se a economia.
No neoliberalismo endeusando-se o mercado e rejeitando-se a planificação. Hoje sabem-se os resultados.
O comunismo, roído por contradições miseráveis implodiu. O neoliberalismo acossado por desfazamentos gerados pelo próprio mercado, faliu. Um fez cair um muro da divisão. Outro fez cair-nos o tecto da união.
Ambos pretenderam fazer-nos acreditar que a garrafa estava meio-cheia. Ou meio vazia.
O que é verdade é que jamais poderia estar cheia.
Há óbvias consequências dos falhanços em que devemos seriamente meditar.
A primeira delas é que, como se viu, os números não têm alma.
Já nos haviam dito isso por outra forma ao invocarem que as pessoas não são números.
O resultado da falência do neoliberalismo estava nos próprios números se os quiséssemos ler para além das estatísticas.
É que à data do inicio desta crise, que é estrutural, logo profunda e duradoura, os activos bancários que diariamente nos iam sendo atirados, representavam nada mais nada menos de que 3,5 vezes todo o PIB mundial.
A euforia da engenharia financeira e o endeusamento do mercado em que vivíamos, com a direita a marcar o tom da ganância parecia imparável.
De tal forma que alguns dirigentes que se reclamavam do socialismo democrático, na Europa, com Blair á cabeça, renderam-se aos novos ventos da moda.
Sem cuidar de verem que como qualquer moda aquela também seria passageira. Porque sem consistência para ficar.
A pouco e pouco assistimos á ausência da Internacional Socialista até parecer ter ficado mesmo sem voz.
O que não é nada positivo. E não é porque, como salta á vista desarmada, o futuro, aquele que conjuga a defesa da liberdade individual com a economia e ambas com o mercado regulado pelo Estado, também este prestador de serviços, onde a justa repartição de riqueza, a igualdade de oportunidades, o acesso á justiça e á saúde, a defesa da paz, da segurança e a transparência sejam uma realidade, está no socialismo democrático.
Sucede que este futuro depende de nós e o resultado do combate a travar não está decidido.
A direita, como se vê, consciente disso mesmo exige hoje com um mão aquilo que negava ontem com a outra.
Basta vê-la em azáfama constante a reclamar a intervenção do Estado a cada passo, quando ontem defendia o princípio de que a menos Estado correspondia melhor Estado.
A direita é como os gatos, tem sete fôlegos.
Que não haja ilusão sobre isso.
É óbvio que o futuro está na esquerda, ou seja, no socialismo democrático. Mais precisamente, entre nós no PS.
Parece haver poucas dúvidas na sociedade sobre isso.
É preciso que essas duvidas se convertam em certezas.
Como sempre defendi, este objectivo depende do aprofundamento que fizermos do nosso ideário, em prol da defesa das causas do socialismo democrático.
Estas são razões bastantes para ter sido primeiro subscritor de uma Moção Sectorial que apresentei ao Congresso, chamando a atenção que a revisão dos nossos Estatutos não é uma questão meramente administrativa nem deve nunca ser vista como tal.
A revisão dos Estatutos é uma questão que está na essência do aprofundamento do quadro do nosso ideário para que os militantes tenham orgulho em pertencem ao PS e não serem apenas filiados nele.
Tanto mais que os partidos são os pilares da democracia e o fortalecimento desta depender, em muito do reforço e da credibilização dos partidos. Daí ao dever do PS contribuir para este objectivo, como partido estruturante da democracia portuguesa.
Os partidos não se confundem com movimentos de cidadãos, necessariamente conjunturais e inorgânicos por natureza.
É pelo reforço dos partidos que se reconstrói o futuro porque os novos desafios do mundo de hoje exigem novas respostas que são ideológicas. E obviamente de esquerda.
Vitor Ramalho – Acção Socialista

Algumas breves notas:

É preciso de facto ter descaramento e acima de tudo procurar enganar as pessoas querendo convencer que o neoliberalismo económico morreu e que agora apenas existe um vencedor em campo: esta coisa pseudo esquerdóide mas completamente permeada de liberalismo económico e político que é a “esquerda democrática”.

Agora observe-se uma parte do artigo do senhor Ramalho, sublinhados a negrito meus:

“…O que não é nada positivo. E não é porque, como salta á vista desarmada, o futuro, aquele que conjuga a defesa da liberdade individual com a economia e ambas com o mercado regulado pelo Estado, também este prestador de serviços, onde a justa repartição de riqueza, a igualdade de oportunidades, o acesso á justiça e á saúde, a defesa da paz, da segurança e a transparência sejam uma realidade, está no socialismo democrático….”
Ø

Agora leia-se uma parte do que escrevi ontem no artigo“Crise financeira: as teorias mainstream que a explicam?!”

(1) Nos círculos demo- liberais – social democratas (em Portugal o Partido Socialista, aparentemente, está nesta área…) uma sub teoria alternativa para explicar isto surge, e argumenta que os centros de poder – um qualquer governo ou uma qualquer zona económica financeira de um dado país (os EUA, por exemplo) foram “corrompidos” ao nível das mais altas esferas, por uma avassaladora teoria económica que seria uma deturpada ideologia baseada no  mercado livre selvagem ou no laissez faire.

(2) Uma outra sub teoria alternativa que se apoia nesta anterior – nos EUA, surge e deriva da extrema direita como ideia intelectual; afirma que o problema era a ideologia por detrás do conceito laissez faire (tradução: não existiria regulação) enquanto que o que era necessário era “pensamento de mercado livre” (tradução: deve existir alguma regulação nos mercados).

Nota: é espantoso como, em Portugal,  o discurso do PS, relativamente a este assunto está próximo do que será o discurso médio da direita mais à direita nos EUA, que defende “alguma regulação”…

Postas a coisas nestes termos, imediatamente somos levados a pensar que o problema é apenas um de:

– Que tipo de regulação aplicar;

– Quanta regulação aplicar;

– Como aplicar e em que áreas;

E depois partimos contentes com estas pseudo soluções encontradas, para mais problemas…

Ø

Para se corrigir os desfasamentos gerados pelos mercado tem que se tomar medidas que efectivamente corrijam os desfasamentos gerados pelos mercado.

Afirmar – como solução – que o futuro está na esquerda democrática (ou na Lua ou em Marte…), não corrige os desfasamentos do mercado – é apenas uma afirmação gratuita. Retórica. Propaganda. Conversa. Apelos à emoção.

E quatro anos depois continuam sem perceber nada.

Tenho pena deles.

PS: Desejo que ganhem as eleições e com maioria absoluta. Após ganharem terão que resolver problemas, mas aí as pessoas perceberão – de facto – que este partido não existe para resolver problemas.

CRISE FINANCEIRA AMERICANA – AS TEORIAS “MAINSTREAM”QUE A EXPLICAM?!

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Ø

A lista completa de artigos relacionados com este assunto pode ser encontrada na página da barra lateral ” Z – Crise financeira norte americana”

Ø

As teorias que explicam a actual crise são muito definidas e são apresentadas como sendo muito definitivas.

Tem como características principais (1) a ocultação do caminho a seguir e o (2) propósito de desviar as pessoas do caminho a seguir, caso não se caia, previamente, na armadilha da ocultação.

(1) A ocultação deriva do facto de não se questionar – com a aplicação destas teorias explicativas – a análise e a escolha de quais os modelos económicos (mas dentro do capitalismo, como sistema…) que se podem e devem escolher ou ter a possibilidade de o conseguir fazer.

Um exemplo de “ocultação” será sempre aquele em que se colocam “as coisas” de quem faz criticas, como sendo uma escolha que se quererá implementar, (a existirem eventuais  mudanças) entre capitalismo e marxismo.

(2) o desvio do caminho a seguir significa que se defende que não deverão existir nenhumas mudanças em relação ao que está: que será apenas uma questão de “expurgar” de dentro do sistema os maus elementos e criar novas práticas de funcionamento, mais reguladas e assentes na lei.

Um exemplo de “desvio do caminho a seguir” será aquele em que se colocam as coisas como sendo apenas um problema de regulação dos mercados, regulação essa que falhou, sendo portanto, de novo necessário, regular…ainda mais e melhor…

Ø

Como tal, o discurso médio (falso e mainstream)  que está a ser criado e desenvolvido pelos principais agentes da propaganda (orientados para a manutenção do statuos quo) e que visa explicar as causas da actual crise baseia-se no facto de tudo isto ter acontecido porque existiu um “acidente” dos mercados.

E as razões para esse “acidente” dos mercados foi o facto de  (1) existirem maus pilotos a a comandar a nau “mercado” ou (2) existirem pessoas corruptas e gananciosas que produziram inúmeras decisões irresponsáveis  – uns quantos intervenientes dentro do mesmo, que “perderam o norte” e se desviaram das boas práticas do mercado, levando ao “acidente”.

Ø

Por este tipo de “razões explicativas”, os problemas de mercado actuais – de economia, apenas são explicados, (quando se fala da América) derivados somente das acções de Alan Greenspan, da Reserva federal americana, da falta de regulação feita pelos reguladores, e das agências de rating, dos bancos comerciais,etc.

Nota: em Portugal a teoria é mais deliciosa: a crise é “internacional” e nós (isto é, os governantes portugueses) nada tem a ver com isto. Os defeitos são internacionais e por via disso, quem governa cá, pode produzir o seu próprio discurso mainstream explicando que nada pode fazer para resolver problemas cá, porque a crise é internacional…

Ø

Todas estas razões (Greenspan, agências de rating,etc…) são verdadeiras e concorrem para os problemas mas são também um sub produto de outros questões que ninguém quer  mencionar, quando observamos os actores do  discurso “mainstream”.

Os outros problemas são a proposição e a posterior efectivação de uma alteração do capitalismo – do seu modelo e das definições de como este passou a operar e a ser praticado especialmente à partir dos anos 90.

E foi esse constante “evoluir” deste novo mecanismo de organização do capitalismo mundial que gerou os resultados que temos agora.

E o que temos agora é um “mecanismo” novo de modelo de mercado.

Baseado num numa organização da sociedade destinada a obter o engrandecimento total do poder financeiro, e numa constante (no caso dos EUA) ajuda e apoio mutuo entre as entidades reguladoras americanas e o poder financeiro.

Ø

Uma das técnicas que possibilitaram que este “novo mecanismo” se afirmasse e implantasse foi  a “afirmação da legitimidade” .

Os principais intervenientes basearam as suas ideias e aplicaram-nas pela força, apoiados no facto de afirmarem que quando falavam e o seu discurso fluía para “as massas” o estarem a fazer  armados com um conceito totalmente abstracto que é o facto de “estarem a propor e a falar dotados da “legitimidade do mercado”. (Sendo que era a ideologia do livre mercado ou do laissez faire era o que estava por detrás como legitimação…)

Esta ideologia pressupõe como conceito e ideia que o “mercado” será uma entidade abstracto onde  compradores e vendedores se reúnem acertando um preço pelos produtos que vendem e compram. E que são muitos vendodores e muitos compradores, regulando-se lá a si mesmos.

Na realidade, os principais interesses financeiros norte americanos, que depois se estenderam a outros países, nunca o praticaram.

A tendência para cartelização e para “acordos” e fusões entre bancos começou a ser cada vez maior, reduzindo-se o numero de actores no mercado.

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(1) Nos círculos demo- liberais – social democratas (em Portugal o Partido Socialista, aparentemente, está nesta área…) uma sub teoria alternativa para explicar isto surge, e argumenta que os centros de poder – um qualquer governo ou uma qualquer zona económica financeira de um dado país (os EUA, por exemplo) foram “corrompidos” ao nível das mais altas esferas, por uma avassaladora teoria económica que seria uma deturpada ideologia baseada no  mercado livre selvagem ou no laissez faire.

(2) Uma outra sub teoria alternativa que se apoia nesta anterior – nos EUA, surge e deriva da extrema direita como ideia intelectual; afirma que o problema era a ideologia por detrás do conceito laissez faire (tradução: não existiria regulação) enquanto que o que era necessário era “pensamento de mercado livre” (tradução: deve existir alguma regulação nos mercados).

Nota: é espantoso como, em Portugal,  o discurso do PS, relativamente a este assunto está próximo do que será o discurso médio da direita mais à direita nos EUA, que defende “alguma regulação”…

Postas a coisas nestes termos, imediatamente somos levados a pensar que o problema é apenas um de:

– Que tipo de regulação aplicar;

– Quanta regulação aplicar;

– Como aplicar e em que áreas;

E depois partimos contentes com estas pseudo soluções encontradas, para mais problemas…

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O problema não está nos (1) métodos a usar nem nos (2) modos de regulação.

A questão está em saber se se quer um sistema económico em que (A) existe um sistema de concessão de crédito que o concede visando aumentar capacidade do sector produtivo e dos particulares para investirem e produzirem ou se se quer um sistema económico em que (B) existe um sistema bancário – financeiro organizado para subordinar e fazer depender todos os outros sistemas dele, visando criar uma expansão total do capital através do capital.